O SENHOR É AMIGO DA VIDA
Não é raro que as pessoas tenham
atitudes de soberba e prepotência em relação a si mesmas e até com às demais
pessoas com quem se relaciona. Muitas vezes nós mesmos nos damos conta que
nossas atitudes não correspondem ao bem que gostaríamos de realizar. E quando
isso acontece, independentemente de qualquer doutrina ou religião é a própria
consciência quem acusa e provoca transformações e novas atitudes que facilitem
uma melhor compreensão da vida. São situações como estas que estão contempladas
na Palavra de Deus sugerida para a leitura desse domingo.
O Livro da Sabedoria convida os
judeus de outrora a retomarem os ensinamentos e doutrinas que aprenderam dos
seus antepassados e sobretudo a perceber que Deus é a única e verdadeira fonte
de onde vem toda a sabedoria e felicidade: “Senhor,
o mundo inteiro, diante de ti, é como um grão de areia na balança, uma gota de
orvalho da manhã que cai sobre a terra. Entretanto, de todos tens
compaixão, porque tudo podes. Fechas os olhos aos pecados dos homens, para que
se arrependam”
Não é difícil para entender três
coisas que nos levam reconhecer o jeito de ser de Deus. Ele ama indistintamente,
se preocupa, corrige, perdoa e convida para voltar ao bom caminho. A lógica de
Deus é fundamentada no perdão e tem origem na sua grandeza.
No Evangelho, mais uma vez Jesus
se confronta com os justos, ou que se acham melhores que os outros e com o
pecado e o pecador. Zaqueu, que acaba sendo o personagem central do encontro
desse domingo tem todos os adjetivos e qualidades de uma pessoa que não merecia
a confiança dos judeus perfeitos de outrora: “Jesus tinha entrado em Jericó e estava atravessando a cidade. Havia
ali um homem chamado Zaqueu, que era chefe dos cobradores de impostos e muito
rico”. Além disso tinha baixa estatura e facilmente se aproveitava
da sua condição para explorar os outros se beneficiando da sua profissão para
acumular ainda mais riqueza. Apesar disso tudo Zaqueu não se conformava com a
sua condição e ouvindo falar de Jesus sentiu-se provocado pelas informações que
recebia: “Zaqueu procurava ver quem era
Jesus, mas não conseguia, por causa da multidão, pois era muito baixo. Então
ele correu à frente e subiu numa figueira para ver Jesus, que devia passar por
ali”.
No contexto da caminhada, os
seguidores esperavam que Jesus aproveitasse da ocasião para desqualificar ainda
mais esse corrupto e aproveitador. Mas Jesus surpreende a todos, e agindo com a
lógica de Deus declara: “Zaqueu, desce
depressa! Hoje eu devo ficar na tua casa”. Aqueles que se
julgavam puros começaram a questionar, mais uma vez a atitude de Jesus: “Ao ver isso, todos começaram a murmurar,
dizendo: “Ele foi hospedar-se na casa de um pecador!”
O desfecho desse encontro não
poderia terminar de outra maneira: “Senhor,
eu dou a metade dos meus bens aos pobres, e se defraudei alguém, vou devolver
quatro vezes mais”. A atitude de Zaqueu não só desmascara a falsa
pureza de alguns como supera em muito tudo o que previa a lei judaica.
Da parte de Jesus se confirma a
prática de Deus: “Hoje a salvação entrou
nesta casa, porque também este homem é um filho de Abraão. Com
efeito, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido”.
Dá para entender, ou precisa
desenhar, como costumamos dizer! A lógica de Deus é da acolhida, do perdão, da
misericórdia e da conversão. Esta é a boa nova de Deus que também nós somos
convidados a vivenciar e ser testemunha que Deus ama e acolhe a todos, isso não
significa mascarar o pecado nem tampouco pactuar com o que aquilo que está
errado.
Isso também Paulo ensina na sua
carta aos tessalonicenses. Paulo desautoriza os fanáticos e fundamentalistas e
deixa claro que Deus é protagonista quando se refere a salvação e a qualidade de
vida das pessoas e que todos podemos dar o melhor de nós para que “O nome de nosso Senhor Jesus Cristo será
glorificado em vós, e vós nele, em virtude da graça do nosso Deus e do Senhor
Jesus Cristo”.
Afinal é isso que rezamos no salmo: “ Misericórdia e piedade é o Senhor,/ ele é amor, é paciência, é
compaixão./ O Senhor é muito bom para com todos,/ sua ternura abraça toda
criatura”.