EU CREIO NUM MUNDO NOVO...
Expressões do tipo: “Em cima do muro”; “andar
no escuro”; “cair para trás” e uma série de outras deste gênero são usadas em
nosso cotidiano para indicar medo e insegurança em relação às responsabilidades
e atividades que precisamos desenvolver. Pois o Evangelho deste domingo começa
descrevendo algumas situações desta natureza pelas quais estavam passando os
discípulos de Jesus logo após a sua trágica morte. O evangelho começa dizendo: “Ao anoitecer
daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus,
as portas do lugar onde os discípulos se encontravam...” Mais do que estar nestas condições, as expressões
indicam que os discípulos estavam perdidos e desiludidos em relação a tudo o
que acreditavam e ao futuro da sua condição de seguidores de Jesus de Nazaré.
Porém a continuidade do
Evangelho e as outras leituras nos apresentam uma comunidade de gente que
renasce das cinzas e à sombra da Cruz ganha coragem para recomeçar todos os
seus projetos. As aparições de Jesus e a maneira como elas se realizam apontam
com clareza que Jesus, agora ressuscitado, continua sendo o centro da comunidade.
Reunidos os discípulos recebem a missão e a força para colocar em prática: “Jesus
entrou e pondo-se no meio deles, disse: "A paz esteja convosco".
Como o
Pai me enviou, também eu vos envio. Recebei o Espírito Santo. A quem
perdoardes os pecados eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles
lhes serão retidos".
Enquanto estamos sozinhos somos um agrupamento de pessoas medrosas e sem rumo,
mas à medida que reconhecemos Jesus nos tornamos fortes e corajosos diante das
adversidades e medos que o mundo nos impõe.
A
consequência deste reencontro com Jesus está descrita na primeira leitura. Os
Atos dos Apóstolos fazem uma fotografia da comunidade cristã nascida em torno
da pessoa de Jesus e fiel em algumas pequenas, mas significativas ações: “Eram perseverantes em
ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna na fração
do pão e nas orações. Todos os que abraçavam a fé viviam unidos e
colocavam tudo em comum; frequentavam o Templo, partiam o pão
pelas casas e, unidos, tomavam a refeição com alegria e simplicidade de
coração. Louvavam a Deus e eram estimados por todo o povo”. Também nós cristãos do século XXI somos
convidados a reconhecer Jesus Cristo e a partir dele estabelecer um estilo
diferente de vida sustentado nas mesmas práticas das primeiras comunidades.
Na
mesma linha Pedro, na segunda leitura, fala aos cristãos do seu tempo: “Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus
Cristo. Em sua grande misericórdia, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os
mortos, ele nos fez nascer de novo, para uma esperança viva, para uma herança
incorruptível, que não se mancha nem murcha”. O Apóstolo reconhece todas as
provações e sofrimentos aos quais a comunidade está sujeita, mas deixa bem
claro que: “Graças à fé, e pelo poder de
Deus, vós fostes guardados para a salvação que deve manifestar-se nos últimos
tempos. Isto é motivo de alegria para vós, embora seja necessário que agora
fiqueis por algum tempo aflitos, por causa de várias provações”.
Não
tenhamos medo, nem sejamos fracos como Tomé, não queiramos ir sozinho ao encontro
de Jesus, antes na comunidade e junto com todos proclamemos: “Meu Senhor e meu
Deus”! E rezemos com o Salmista:
Dai
graças ao Senhor,
porque
Ele é bom;
eterna é
a sua misericórdia!