CHAMADOS A TESTEMUNHAR
A
COMPAIXÃO DO SENHOR
Dentre
as coisas bonitas que a vida nos oferece uma delas é poder contar com a ajuda e
companhia de pessoas que nos amam e com quem podemos partilhar nossas
preocupações, dores, sofrimentos, alegrias, esperança e assim por diante.
Construir a solidariedade é uma das formas mais extraordinárias que se pode
cultivar nas relações interpessoais.
Pois
a Palavra de Deus na liturgia desse domingo mostra exatamente essa realidade,
porém é Deus mesmo quem caminha e dá
segurança ao povo ao longo da história. Na construção de relações solidárias
Deus se faz sentir através de pessoas que ouvem e interpretam as suas
disposições para caminhar dando segurança para todos. Isso fica claro na pessoa
de Moisés, de Paulo, e da comunidade dos discípulos enviados por Jesus.
Na
primeira leitura fica clara a iniciativa de Deus fazendo de Moisés um seu intermediário
com a tarefa de fazer uma nação inteira como sinal da sua presença para todos
os povos: “Moisés, então, subiu ao
encontro de Deus. O Senhor chamou-o do alto da montanha, e disse:
"Assim deverás falar à casa de Jacó e anunciar aos filhos de Israel,
como vos levei sobre asas de águia, portanto, se ouvirdes a minha voz
e guardardes a minha aliança, sereis para mim a porção escolhida dentre
todos os povos”. A proposta de Deus consiste em garantir libertação
definitiva ao povo de Israel. Se depender da vontade de Deus, os israelitas nunca
mais experimentarão a escravidão e a opressão que haviam sofrido os seus
antepassados.
Na
carta aos Romanos Paulo deixa claro que a salvação de todos não é mérito de uns
ou de outros, nem tampouco se destina a alguma categoria especial de pessoas.
Os discípulos são os primeiros enviados para mostrar ao mundo o incondicional
amor de Deus pela humanidade. O amor de Deus tem dimensões espantosas: “Quando éramos ainda fracos, Cristo
morreu pelos ímpios, Pois bem, a prova de que Deus nos ama é que Cristo
morreu por nós, quando éramos ainda pecadores. Muito mais agora, que já estamos
justificados pelo sangue de Cristo, seremos salvos da ira por ele. Quando
éramos inimigos de Deus, fomos reconciliados com ele pela morte do seu Filho; quanto
mais agora, estando já reconciliados”. Só um amor sem reservas é capaz de entregar o seu próprio Filho como
prova da sua preocupação e cuidado para com todos.
No Evangelho Mateus apresenta Jesus com olhar
compassivo e preocupado com a condição dos seus conterrâneos: “Vendo Jesus as multidões,
compadeceu-se delas, porque estavam cansadas e abatidas, como
ovelhas que não têm pastor. Jesus chamou os doze discípulos e deu-lhes poder para
expulsarem os espíritos maus e para curarem todo tipo de doença e
enfermidade. Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel! Em
vosso caminho, anunciai: 'O Reino dos Céus está próximo'. Curai os doentes,
ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios”.
As palavras de Jesus aos discípulos têm tudo a ver
com as insistentes recomendações que nos faz o Papa Francisco no que se refere
a prática pastoral da Igreja e dos ministros na atualidade: “Compaixão e misericórdia. E se a compaixão é a linguagem de Deus, muitas vezes a
indiferença é a linguagem humana. Quantas vezes olhamos para o outro lado… E
assim fechamos a porta para a compaixão” alerta o Papa.
A compaixão nos convida ao compromisso, ao anuncio
do Reino de Deus, nossa missão como cristãos consiste em continuar a missão de
Jesus, doando gratuitamente aquilo que recebemos na mesma condição: “De graça recebestes, de graça deveis
dar”.
Peçamos a graça de compreender a dimensão da compaixão e da preocupação de Deus
com a humanidade sendo capazes de transformar a nossa vida em serviço de
cuidado e preocupação com a vida digna para todos, com o acolhimento e com a
alegria do Evangelho. A missão dos seguidores de Jesus, em todos os tempos,
consiste em lutar contra tudo o que compromete a qualidade da vida e a felicidade
das pessoas. Afinal de contas, rezamos no salmo: “Nós somos o povo e o rebanho do Senhor”.