quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

HOMILIA PARA O DIA 11 DE FEVEREIRO DE 2024 - 6º DOMINGO COMUM - ANO B

 

ESTENDER A MÃO E MANIFESTAR COMPAIXÃO

Na sequência dos outros domingos, a Palavra de Deus hoje, mostra mais uma vez a compaixão e a misericórdia de Deus. A leitura mostra o jeito recomendado pela cultura da época como tratar os leprosos, cuja pessoa portadora era considerada impura. Ontem como hoje, facilmente a imagem de Deus é apresentada como justificativa para criar a inventar situações de rejeição e de exclusão. Entretanto é preciso entender a mensagem desta leitura como uma preparação para a novidade que Jesus irá apresentar no Evangelho. Ao contrário da discriminação e indiferença, Deus abre as portas e possibilidades para integrar todas as pessoas.

São Paulo faz um convite aos cristãos de corinto partindo do seu próprio testemunho: “Fazei como eu, que procuro agradar a todos, em tudo, não buscando o que é vantajoso para mim mesmo, mas o que é vantajoso para todos, a fim de que sejam salvos”. Paulo também segue o exemplo de Cristo que fez de sua vida um dom de amor pela causa do Reino.  Os cristãos de todos os tempos precisam se convencer que toda a sua vida tem uma única finalidade: Promover o bem de todos, mesmo que isso exija abrir mão de alguma vantagem ou direito particular tendo sempre como referência Jesus Cristo que sendo Deus assumiu a condição humana.

No Evangelho temos mais uma narrativa carregada de compaixão e como das outras vezes Jesus repete as mesmas atitudes: Aproxima-se, estende a mão, cura, reintegra, e revela o rosto misericordioso de Deus. Na pessoa de Jesus é Deus mesmo quem desce ao encontro dos seus filhos, seus gestos, atitudes e palavras manifestam a compaixão que livra a pessoa do sofrimento e abre as portas para que seja integrada a comunidade: “Então Jesus o mandou logo embora, falando com firmeza: Não contes nada disso a ninguém! Vai, mostra-te ao sacerdote e oferece, pela tua purificação, o que Moisés ordenou, como prova para eles".

Toda a narrativa de Marcos apresenta amor, bondade, ternura, características do Deus a quem Jesus obedece vindo ao encontro dos desesperançados Jesus restabelece a comunhão que os preceitos legalistas dos fariseus tinham rompido. Diferente dos chefes das sinagogas que criam barreiras e muros, Jesus estabelece laços de comunhão e pontes que dão acesso. A ação de Jesus encoraja o leproso a infringir a lei da separação e se aproxima de Jesus e das pessoas que o cercavam. Ele está decidido a mudar a sua triste situação, custe o que custar! Ele não procura apenas a cura da lepra, mas o seu direito de pertença à comunidade.

Nossas comunidades e Igrejas continuam a se defrontar com o fantasma da “lepra” disfarçada de muitas maneiras que desrespeitam a dignidade da pessoa. Como cristãos somos desafiados a construir solidariedade capaz de romper a ‘lepra’ que impede a participação e a comunhão. Dentre elas inclusive normas religiosas que rotulam e selecionam as pessoas entre boas e más, santas e pecadoras. Em resumo, todos somos chamados a nos deixar envolver pela compaixão do Mestre, aproximar-se e estender a mão.

Que nossa ação confirme a oração que fizemos no salmo:

Sois, Senhor, para mim, alegria e refúgio.

Feliz o homem que foi perdoado *
e cuja falta já foi encoberta!

Feliz o homem a quem o Senhor †
não olha mais como sendo culpado, *
e em cuja alma não há falsidade!

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

HOMILIA PARA O DIA 04 DE FEVEREIRO DE 2024 - 5º DOMINGO COMUM - ANO B

 

RECONHECER JESUS IMPLICA SE COLOCAR

 A SERVIÇO DAS PESSOAS

Dentre as muitas perguntas que intrigam o nosso cotidiano, uma delas diz respeito ao sofrimento e a morte. Não raro continuamos fazendo as mesmas perguntas e atribuindo a Deus a origem de tudo o que nos causa dor e que nem sempre conseguimos explicar. As leituras proclamadas neste domingo não dão uma resposta sobre as razões do sofrimento, mas apontam alternativas para quem quer ultrapassar essa situação absolutamente humana e que faz parte da vida de todos.

O texto do livro de Jó desmascara a falsa ideia de um deus vingativo e que negocia favores de acordo com o comportamento humano. O autor do livro tem uma certeza: Deus é a única esperança e certeza que não estamos sozinhos quando o sofrimento bate à nossa porta. Deus está muito além de toda lógica humana, ele ama indistintamente e aos humanos cabe reconhecer a pequenez e a incapacidade de compreender a onipotência divina. O grito de Jó é a expressão de alguém que sabe que só em Deus pode encontrar esperança e razão para viver. Dê a vida quantas voltas der, Deus está sempre nos conduzindo para a felicidade!

Aos coríntios Paulo esclarece que o amor é o princípio fundamental para guiar todos os passos. Ele mesmo se fez um servidor do Evangelho e o fez vivendo no amor e pelo amor: “Pregar o evangelho não é para mim motivo de glória. Por causa do evangelho eu faço tudo, para ter parte nele”.

No Evangelho, Marcos coloca Jesus indo ao encontro daqueles que estão prostrados pelo sofrimento. Primeiro ele dá a mão à sogra de Pedro, na escuridão em que estava imersa a população da redondeza Ele vai ao encontro e cura muitas pessoas. É importante lembrar que no contexto de outrora todos os sofrimentos e doenças eram considerados resultados dos pecados e da força maligna sobre as pessoas.

É necessário destacar três ações descritas no evangelho: Jesus se aproxima, toma pela mão e a pessoa se coloca a servir.

Como seguidores de Jesus cada pessoa é convidada a ir com Ele como os três discípulos; como eles continuar a ação de Jesus: aproximar-se e tomar pela mão! Na porta de nossas casas uma multidão continua mergulhada na escuridão e sem esperança, só quem está com Jesus é capaz de lhes apontar a luz que lhes permiti caminhar e fazê-los repetir a atitude da sogra e Pedro: Levantar-se e se pôr a servir!

Ser discípulo de Jesus na atualidade implica viver a sinodalidade que nos pede o Papa Francisco. Isso é, caminhar juntos e facilitar para que todos caminhem juntos! Para isso precisamos aprender com Jesus a ter um diálogo íntimo e profundo com Deus por meio da Oração que nos coloca também no serviço. Jesus nos ensina a correta medida entre ficar sozinho com o Pai e sair para caminhar junto com aqueles que sofrem! Que de fato aprendamos o que rezamos no salmo: “ele conforta os corações despedaçados, ele enfaixa suas feridas e as cura”.

 

 

 

 

 

 

sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

HOMILIA PARA O DIA 28 DE JANEIRO DE 2024 - 4º DOMINGO COMUM - ANO B

 

OUVIR HOJE E PARA SEMPRE A VOZ DE DEUS!

 

Dentre os critérios usados na atualidade pelos especialistas em recursos humanos quando se trata da contratação de pessoal para as diversas áreas de atuação um deles diz respeito às relações interpessoais e a capacidade de lidar com as situações de risco, conflito e crise. A Palavra de Deus neste domingo trata exatamente desta capacidade de encontrar soluções para situações em que as pessoas agem sob pressão.

O livro do deuteronômio trata das infidelidades do povo em relação aos acordos feitos com Deus, neste caso o autor relata a disposição d’Ele para garantir o bem-estar de todos: “O Senhor teu Deus fará surgir para ti, da tua nação e do meio de teus irmãos, um profeta como eu. Farei surgir para eles, do meio de seus irmãos, um profeta semelhante a ti. Porei em sua boca as minhas palavras e ele lhes comunicará tudo o que eu lhe mandar”. Moisés é apresentado como o modelo perfeito porque ele não age segundo a sua vontade e nem fala as suas palavras, mas age com precisão de acordo com a vontade daquele que lhe enviou. Tal como Moisés Deus continua ao longo da história chamando e enviando pessoas, também cada um de nós recebe uma tarefa e uma responsabilidade, cabe se perguntar em que medida estou agindo para cumprir a tarefa que recebi. Faço cumprindo a missão o que foi acordado, ou procuro me colocar como superior e dono da missão em lugar de chamado e enviado.

A carta aos coríntios é mais uma vez um convite que Paulo faz para a comunidade no sentido de repensar suas prioridades e responsabilidades. O apóstolo não tem a intenção de supervalorizar alguma situação em desfavor da outra, mas deixa claro que todas as realidades do cotidiano não podem ser um empecilho para se colocar a serviço dos irmãos e de Deus: “Eu gostaria que estivésseis livres de preocupações” e na sequência relata uma série de ações cotidianas que podem dificultar o cumprimento da missão, e conclui: “Digo isto para o vosso próprio bem e não para vos armar um laço. O que eu desejo é levar-vos ao que é melhor, permanecendo junto ao Senhor, sem outras preocupações”. O convite não é para viver a missão e a espiritualidade desencarnada do mundo, mas aberta ao amor, à partilha, à ternura e ao acolhimento.

Jesus aparece mais uma vez nos escritos de Marcos como aquele que recebeu de Deus Pai uma tarefa, uma responsabilidade e uma missão e ele cumpre com esmero renovando e transformando a situação das pessoas prisioneiras do pecado, do egoísmo e da própria morte em gente livre. O jeito de Jesus agir causa admiração em todos os que lhe encontram. Ele é diferente suas palavras e ações revelam o conhecimento que tem de Deus Pai as palavras e ações de Jesus tem a marca de Deus e da sua condição de filho: “Jesus entrou na sinagoga e começou a ensinar. Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade. E todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: O que é isto? Um ensinamento novo dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem! E a fama de Jesus logo se espalhou por toda a parte”. Também nós, como Moisés e os outros chamados continuamos sendo desafiados a agir e a falar como cúmplices de Deus no processo de tornar as pessoas mais livres e felizes. É isto que rezamos na primeira prece da Missa: “Concedei-nos Senhor, amar todas as pessoas com verdadeira caridade”.  

 

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

HOMILIA PARA O DIA 21 DE JANEIRO DE 2024 - 3º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B

 

TODAS AS VERDADES DESSE MUNDO PASSAM

 

Embora tenhamos consciência da finitude de todos os nossos projetos e da nossa própria vida, frequentemente no comportamos como se fôssemos eternos. A Palavra de Deus que ouvimos neste domingo procura mostrar atitudes mais adequadas para alguém que reconhece as próprias limitações e fragilidades.

Jonas enviado para anunciar uma mensagem de conversão aos habitantes da cidade de Nínive deixa claro que Deus ama todos e que espera sempre atitudes de arrependimento e de conversão. Jonas, chamado, enviado e supostamente entendendo os planos de Deus não havia compreendido a lógica da misericórdia e do perdão. Deus ama sempre a todos, embora não concorde com o pecado espera a conversão do pecador. A vida se torna mais fácil quando compreendemos a lógica de Deus: independente dos nossos fracassos, Deus nunca nos considera descartáveis.

São Paulo recorda aos cristãos de Corinto que as preocupações com as realidades terrenas precisam ser consideradas como de fato elas são: passageiras, efêmeras, transitórias e breves. Precisamos sim, nos preocupar com tudo o que diz respeito ao cotidiano dessa vida, mas não absolutizar:  Eu digo, irmãos: o tempo está abreviado. Pois a figura deste mundo passa”. O convite que Paulo faz aos seus conterrâneos é extensivo a todos na atualidade a nossa marcha pela história deve apontar para os valores eternos. Em outro texto Paulo deixa claro: “Se vivemos é para o Senhor que Vivemos, se morremos é para o Senhor que morremos. Porque a figura deste mundo passa”. Então a primeira preocupação é com a brevidade da nossa existência e com as escolhas que fazemos neste tempo.

O texto do Evangelho deste domingo relata o início da pregação de Jesus. Quando João Batista é silenciado a força, Jesus ocupa o seu lugar e começa fazendo uma afirmação que confirma a brevidade da existência humana: “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho”. O tempo a que Jesus se refere resume a esperança da comunidade de outrora como também os anseios contemporâneos. Todos almejamos um mundo novo onde as coisas boas sejam maiores e mais evidentes do que o sofrimento a dor e a própria morte. E para que esse tempo aconteça também a nós Jesus faz a mesma interpelação: “convertam-se e acreditem no Evangelho”. Acreditar não significa compreender um conjunto de leis e verdades, antes, implica aceitar a acolher no coração a proposta de Jesus. O modelo de pessoas que aceitam a proposta é a comunidade formada pelos primeiros discípulos: “Simão e André, deixando imediatamente as redes, seguiram a Jesus. Tiago e João, deixaram seu pai Zebedeu na barca com os empregados, e partiram, seguindo Jesus”. A missão que Jesus confiou aos discípulos continua mais atual do que nunca à margem das águas revoltas da vida estão muitas pessoas mergulhadas em infinitas formas de sofrimento e dor e Jesus conta conosco para aliviar suas dores e lhes levar esperança humanizando suas vidas.

O convite que Jesus nos faz fundamente as recomendações de Paulo e que o Papa Francisco nos recorda com outras palavras: A mensagem de Jesus convida-nos a ter uma atitude equilibrada com relação aos bens terrenos; a sermos acolhedores e humildes para com todos; a conhecer-nos e a realizar-nos no encontro e no serviço aos outros. O tempo em que podemos acolher a redenção é breve: é a duração de nossa vida neste mundo. É breve!”

Que a oração de todos nos acorde para ver, sentir, ter compaixão e cuidar!

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

HOMILIA PARA O DIA 14 DE JANEIRO DE 2024 - 2º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B

 

EIS AQUELE QUE TIRA O PECADO DO MUNDO!

Mal iniciamos o ano, e naturalmente iniciamos com uma série de perguntas, desafios e propostas. Tal como os conterrâneos de Jesus também nós estamos curiosos diante de tantas situações que se apresentam para serem resolvidas ao longo do ano. Outrora eles queriam conhecer o Messias, agora nós queremos reconhecer e temos desejo de encontra-lo. Ontem como hoje ele nos interpela com uma pergunta direta: “o que procuram? ” E não basta responder a partir das nossas necessidades imediatas, pelo contrário, o que procuramos são soluções duradouras.

Resta-nos reconhecer o chamado que Deus faz como aconteceu com Samuel no texto da primeira leitura e responder com sinceridade: “Fala Senhor, que o teu servo escuta”. Antes de reconhecer a voz de Deus, Samuel recorreu três vezes a Eli, isso significa perceber Deus que nos chama como uma ação que precisa da colaboração daqueles que estão conosco na caminhada cotidiana.

A mesma resposta pode ser dada de outra maneira com as palavras de São Paulo na carta aos coríntios: “Quem adere ao Senhor torna-se com ele um só espírito, de fato, fostes comprados, e por preço muito alto. Então, glorificai a Deus com o vosso corpo”. Isso significa tudo aquilo que é expressão de egoísmo, de procura desenfreada dos próprios interesses, de realização descontrolada dos próprios caprichos, de comportamentos que usam e instrumentalizam o outro, está em absoluta contradição com essa vida nova de Deus que é relação, entrega mútua, compromisso sério, amor verdadeiro.

Quando João Batista mostra Jesus aos seus amigos ele não faz uma descrição biográfica, mas apresenta uma característica fundamental: “Eis o cordeiro de Deus” Os discípulos de João se encantam mais pela descrição do que pelo personagem. Seguindo-o a distância observam as suas atitudes até serem desafiados a segui-lo. “Venham e vejam, disse Jesus”! Eles foram e ficaram com ele. A atitude de André e do outro anônimo discípulo pode ser uma meta para cada pessoa ao longo deste ano: Ir e ficar com Jesus, que se dá a conhecer na Eucaristia, mas também em todas as pessoas com quem convivemos. Ver onde mora o Mestre implica ultrapassar as próprias certezas e os limites da nossa própria existência. Na verdade, continuamos fazendo as mesmas perguntas de outrora e Jesus nos responde com o mesmo desafio!

 

 

 

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

HOMILIA PARA O DIA 07 DE JANEIRO DE 2024 - DOMINGO DA EPIFANIA - ANO B

 

A LUZ BRILHA PARA TODOS

Dentre as condições indispensáveis para a segurança das pessoas em distintas condições, uma delas é a existência de luminosidade. É quase imprescindível para qualquer passo que se queira dar procurar uma réstea de luz que facilite a locomoção.

O tempo do Natal se conclui com a festa da Epifania ou manifestação do Senhor, que agora se confirma como a luz que nunca se apaga. Não é preciso muitas palavras para associar o brilho da iluminação natalina com a imagem de Deus que se fazendo criança assume também a condição de luz para todos os povos.

Depois de um ano com distintas e grandes dificuldades que foram causas de pessimismo e sofrimento eis que surge uma luz nova reascendendo a esperança, em lugar da tristeza e dos sofrimentos causados pelas guerras, pela violência, pelas catástrofes naturais, o Natal nos convida a levantar os olhos desviando o foco dos becos da vida e perceber a luz de Deus que ilumina o mapa por onde devemos andar, não tenhamos medo Ele nunca desistirá de guiar nossos passos na insegura trajetória cotidiana.

Tal como os magos, estrangeiros, cada pessoa é desafiada a vencer a escuridão e deixar-se guiar pela estrela. As distintas nacionalidades dos magos significam também a extensão da salvação que Deus concede para todos os povos. Os magos representam a inclusão e a sinodalidade que Deus faz com todos por meio de Jesus Cristo.

A revelação que Deus faz aos magos é a que se dá no coração de cada pessoa e que todos podemos também encontrar em todas as criaturas que caminham conosco, sobretudo no nos indefesos representados no recém-nascido de Belém.

Enquanto Herodes procura para matar, Deus procura para salvar. Não tenhamos medo a vida terá mais cor se em vez de olhar rasteiro e materialista tivermos a capacidade de enxergar os sinais de Deus, em lugar de dar ouvidos aos pedidos de Herodes formos capazes de ouvir os sinais de Deus presentes em todas as criaturas. Se formos capazes de ler os acontecimentos da história à luz de Deus certamente a vida terá mais sentido então sim podemos rezar com o salmista:

Nos seus dias a justiça florirá*
e grande paz, até que a lua perca o brilho!

De mar a mar estenderá o seu domínio,*
e desde o rio até os confins de toda a terra!

 

 

 

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

homilia para o dia 01 de janeiro de 2024 - Dia mundial da paz - ano B

 

SANTA MÃE DE DEUS TEM PIEDADE DE NÓS

Começar um novo ano é sempre vislumbrar novas perspectivas e renovar as esperanças e utopias.  No início do ano cível retomamos nossos projetos e restabelecemos metas a serem alcançadas. O início do ano deixa para trás a saudade, as desilusões e até as festas. Por sua vez a liturgia da Igreja nos convida a recordar a figura de Maria como Mãe de Deus e com ela rezar pela paz no mundo.

O Papa Francisco na mensagem para o Dia Mundial da Paz, celebrado neste primeiro dia do ano, faz um convite a todas as pessoas responsáveis pelas Novas Tecnologias de Informação e comunicação a utilizar os recursos da Inteligência Artificial para promover o desenvolvimento integral, para produzir inovações importantes na agricultura, na instrução, na cultura, na melhoria da qualidade de vida das nações inteiras no crescimento da fraternidade e da amizade social. Francisco é incisivo ao tratar da Inteligência Artificial como instrumento para a construção da paz quando afirma: “Em última análise, a forma como a utilizamos para incluir os últimos, isto é, os irmãos e irmãs mais frágeis e necessitados, é a medida reveladora da nossa humanidade”.

O evangelho desta celebração narra uma cena bem familiar. Passada e euforia e o medo com o nascimento da criança, ela agora começa a requerer cuidados particulares. A notícia que ganhou o mundo também traz preocupações e incertezas. No imaginário popular se diz que as mães têm um “ sétimo céu”, isso é, as mães sabem das coisas muito antes que elas aconteçam.  Pois esse é o retrato de Maria no texto que acabamos de ler: “Maria guardava e meditava todas essas coisas no seu coração”.

São Paulo, confirma o que já era uma certeza: Deus se faz humano, nasce num período histórico e determinado. Da carta aos gálatas ouvimos: “quando se completou o tempo previsto, Deus enviou seu filho nascido de uma mulher”. Este gesto de Deus não foi em vão, pelo contrário enviou seu Filho sujeito a lei, para aqueles que estavam sujeitos à lei, a fim de libertá-los de toda escravidão.  A carta garante que em Jesus Cristo todos recebemos a verdadeira e definitiva condição de “filhos adotivos”.

Filhos no filho, recebemos toda bênção completando assim o que lemos no livro dos números: “que o Senhor os abençoe e guarde, que o Senhor os trate com bondade e misericórdia, que o Senhor olhe para vocês com amor e lhes dê paz”.

Na pessoa de Jesus tudo isso é realidade de modo definitivo e esta condição tem a participação de Maria a quem os evangelhos chamam de mãe.

De um tal modo nossa confiança na Mãe de Deus e nossa nos põe da estrada de um novo tempo o qual desejamos que seja de paz, de fecundidade, de bem-estar, de alegria profunda.

Começamos o ano nos reunindo como irmãos, ouvindo a Palavra e nos alimentado da Eucaristia e rezamos com o salmista: Que as nações vos glorifiquem ó Senhor!

 

 

HOMILIA PARA O DIA 31 DE DEZEMBRO DE 2023 - DOMINGO DA SAGRADA FAMÍLIA - ANO B

 

COMO É BOM TER FAMÍLIA...

Não são necessários grandes estudos para compreender a importância das relações familiares. Desde muito tempo o ser humano tem certeza que nasceu para se relacionar com o outro e que é na dinâmica relacional que ele se completa. Dito em outras palavras o ser humano nasce pronto, mas não completo, ele só se completa na relação com o outro. A relação mais elementar do ser humano é a família. A constituição brasileira de 1988 descreve a família como “a base da sociedade e afirma que esta relação merece a proteção do estado”. Dentre os sentimentos mais nobres que o natal permite cultivar está o espírito de família, não sem razão a Igreja coloca o primeiro domingo depois do Natal a memória da Sagrada Família de Nazaré. As orações e a Palavra de Deus escolhida para este domingo são a confirmação do que é o sentimento humano também na atualidade.

O livro do Eclesiástico fala de uma verdade que toca profundamente a realidade das relações familiares: “Deus honra o pai nos filhos e confirma, sobre eles, a autoridade da mãe. Quem honra o seu pai, alcança o perdão dos pecados; evita cometê-los e será ouvido na oração quotidiana. Quem respeita a sua mãe é como alguém que ajunta tesouros”. Dentre os medos da sociedade moderna, um deles está totalmente relacionado com esta afirmação, isto é, onde falta o respeito e o perdão, abre-se lugar para todo tipo de pecado, de discórdia e naturalmente nenhum tesouro se acumula ali. Numa proporção maior o Salmo faz perceber que as vivências na família precisam e podem ser estendidas na relação com Deus, por isso mesmo se reza: “Feliz és tu se temes o Senhor e trilhas seus caminhos! Do trabalho de tuas mãos hás de viver, serás feliz, tudo irá bem!”.

São Paulo escreve aos Colossenses e faz um convite que precisa ser estendido às famílias contemporâneas: “Vós sois amados por Deus, sois os seus santos eleitos. Por isso, revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se um tiver queixa contra o outro. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai vós também”. Naturalmente que ninguém precisa se iludir pensando que esta situação pode ser vivida em todas as famílias e que nenhum sofrimento, tristeza ou provação vá se abater mesmo em quem confia no Senhor.

O relato do evangelho é um convite à coragem, no caso da família de Nazaré por conta das ameaças contra a vida que o sistema impunha naquela ocasião.

Também nós somos conduzidos pelo retrato de uma família exemplar. Entre os traços que merecem evidência, destacam-se a solidariedade entre os membros e a confiança nos caminhos da vida, interpretados à luz da proposta divina. Mesmo diante de todas as adversidades enfrentadas pela família de Nazaré, a comunhão e a solidariedade entre eles asseguraram soluções razoáveis, impedindo que o desânimo se instalasse. Pelo contrário, mantiveram a união e fortaleceram a responsabilidade com a defesa da vida, enxergando todas as alternativas como guiadas pela mão de Deus: “O Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse... Quando Herodes morreu, o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José, no Egito... Por isso, depois de receber um aviso em sonho”. Nesta celebração da Sagrada Família, roguemos também por clareza e compreensão da mão de Deus estendida em todas as dificuldades que a vida inevitavelmente nos apresenta.


HOMILIA PARA A MISSA DA NOITE DE NATAL - ANO B

 

EU LHES ANUNCIO UMA GRANDE ALEGRIA!

Depois de quatro semanas de preparação e expectativa estamos reunidos para celebrar a extraordinária história de amor que Deus quis viver com suas criaturas. Na fragilidade de uma criança Deus manifesta sua força salvadora, acolhe e abraça cada pessoa. A conclusão do tempo de preparação se manifesta nas festividades desta noite sagrada. A alegria se irradia em infinitas formas e para os cristãos se revela na Palavra de Deus proclamada na liturgia.

O profeta Isaias faz uma comparação do dia de Deus: “O povo que caminhava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam na sombra da morte, uma luz começou a brilhar. Multiplicastes a alegria deles, aumentastes o seu contentamento. Eles se regozijam em vossa presença, como os que se alegram na época da colheita. Pois um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado. Ele terá o poder sobre seus ombros e será chamado 'Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz”. A chegada desse menino vai inaugurar um novo tempo totalmente diferente de tudo o que já se experimentou ao longo do tempo.

São Paulo orienta os cristãos indicando caminhos e alternativas para quem conheceu Jesus Cristo e a graça que nele Deus manifestou para a humanidade: “Ele nos ensina a renunciar à impiedade e aos desejos mundanos, para vivermos, no tempo presente, com temperança, justiça e piedade". Essas atitudes diárias representam a forma mais autêntica de acolher a salvação que vem de Deus.

O relato do nascimento de Jesus, conforme registrado por Lucas, destaca que ocorreu em um momento específico da história e em um local preciso. Não se trata de uma lenda ou fábula criada para uma conclusão estética. Nesse evento, Deus encontra as pessoas com Sua ternura e amor. A simplicidade dos acontecimentos em Belém nos convida a contemplar o amor de Deus, que se preocupa com a felicidade humana.

No presépio simples, percebemos que a força de Deus não necessita de autoridade, prepotência, armas ou salões grandiosos. Deus se revela na simplicidade e na ternura: "Não tenhais medo, pois vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu um Salvador, que é Cristo, o Senhor. Eis o sinal: encontrareis um Menino envolto em panos e deitado numa manjedoura" O nascimento de Jesus é a realização de todas as promessas que foram feitas pelos profetas, Ele nasceu, mostrando-nos um novo caminho para cultivar a harmonia, viver e restaurar o que está desfeito, vindo das periferias".

Deus entra em nossa história e nos pede uma única coisa: que nossa vida e atuação expresse um compromisso de transformação de tudo aquilo que está de acordo com a criação sonhada por Deus.

Em resumo a Liturgia da Palavra e a Eucaristia nos apontam para uma estreita relação entre a fé que celebramos a e fé que somos chamados a viver. Certamente a melhor lição do natal é colocar a nossa vida em perfeita sintonia com o evangelho e este como direção para o nosso dia.

Por isso, entoai ao Senhor Deus um cântico novo!

 

 

 

 

HOMILIA PARA O DIA 24 DE DEZEMBRO DE 2023 - 4º DOMINGO DO ADVENTO - ANO B

 

A ELE GLÓRIA, PELOS SÉCULOS DOS SÉCULOS!

A busca por modelos que sirvam de inspiração para determinadas atitudes e estilo de vida faz parte de todas as culturas ao longo do tempo. A Palavra de Deus que proclamamos no tempo do advento nos apresenta a figura de Maria como modelo para o cotidiano dos cristãos.

Neste domingo, a narrativa da notícia que ela foi escolhida para ser a mãe do Filho de Deus é a realização de uma promessa que as comunidades aguardaram por séculos. Maria, apresentada como a escolhida por Deus aceita que o Espírito Santo transforme sua vida para muito além do que o raciocínio humano pode compreender. A aceitação de Maria tem tudo a ver com a afirmação: “Para Deus, nada é impossível”.

O fato de escolher colaboradores humanos e frágeis em nada diminui a grandeza de Deus que tudo pode, simplesmente reforça o que todos almejamos: Ser colaboradores com a obra de Divina aceitando ser conduzidos pelo mesmo espírito que acompanhou os nossos pais na fé. Tudo o que acontece em Maria, não é outra coisa senão a confirmação do que afirmaram os profetas ao longo do tempo.

O texto de Samuel confirma que Deus nunca desisti da humanidade, mesmo quando as pessoas criam mecanismos de violência, de exploração e de pouco respeito nas relações interpessoais, Deus continua afirmando: “Quando chegar o fim dos teus dias e repousares com teus pais, então, suscitarei, depois de ti, um filho teu, e confirmarei a sua realeza. Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. Tua casa e teu reino serão estáveis para sempre diante de mim, e teu trono será firme para sempre".

A carta aos Romanos mostra como Deus estende sua misericórdia a todos os povos de modo que a humanidade inteira se constitua numa única e mesma família. Ninguém melhor do que Jesus mostrou com gestos, atitudes e palavras a extensão do seu amor e do seu comprometimento com a valorização e o cuidado da vida em todas as suas formas. A preparação para o natal consiste em acolher Jesus, compreender seu jeito de viver e se comprometer com ele para a construção de um novo céu e de uma nova terra.

Quando o anjo afirma para Maria: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus”. Confirma que Deus caminha par e par com aqueles que Ele escolhe, apesar das fragilidades humanas. A promessa confirma a presença de Deus que sempre caminhou com seu povo e isso é a manifestação do seu amor e da sua solicitude. Esta confiança serve de sustento para todos os nossos passos e nos faz perceber a vida com as cores da alegria e da esperança.  Que tenhamos a coragem de reconhecer Deus e dar nosso sim para que todas as pessoas também experimentem a presença de Deus em suas vidas. Então sim podemos rezar com o salmista: “Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor! Ó Senhor, vós sois meu Pai, sois meu Deus, sois meu Rochedo onde encontro a salvação”.

 

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

HOMILIA PARA O DIA 17 DE DEZEMBRO DE 2023 - TERCEIRO DOMINGO DO ADVENTO - ANO B

 

ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS!

A claridade da aurora é sempre o anuncio de um novo dia e que na sequência de seu brilho desponta o esplendoroso sol matinal nos despertando e colocando-nos a caminho sempre com novo entusiasmo e disposição para todas as exigências que mais um dia se impõe. A aurora não é o sol, apenas anuncia sua chegada. Esse anúncio faz todas as criaturas vibrar de alegria.

Tal como a aurora é para o dia, o advento é para os cristãos. A Palavra de Deus proclamada em cada um dos quatro domingos é o anúncio de um tempo novo que aponta para o Sol da justiça que nos veio visitar. Na primeira leitura desse domingo o profeta se apresenta como enviado por Deus com uma tarefa muito precisa: Curar os corações feridos, proclamar o ano da Graça do Senhor.

Na segunda leitura, Paulo escreve aos tessalonicenses e explica com clareza qual deve ser a atitude de quem espera a vinda do Senhor: “Estai sempre alegres! Rezai sem cessar. Dai graças em todas as circunstâncias, porque essa é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo”. O cristão é sempre uma pessoa livre e consciente na presença de Deus que caminha ao seu lado e nesta condição olha para o horizonte da vida onde está a eterna felicidade. Caminhando entre luzes e trevas, alegrias, tristezas, provações e esperança o cristão não pode perder de vista que a meta final é o encontro com o Senhor.

O Evangelho apresenta a pessoa de João Batista como a aurora daquele que virá. Ele é categórico diante dos questionamentos dos fariseus e dos seus amigos. Perguntado sobre sua identidade e missão, ele responde com 4 solenes “não”. Confirma apenas: “Eu sou a voz que grita no deserto” parafraseando podemos dizer: “Eu sou a aurora daquele que virá”. Aquele que o Pai enviou trará uma vida definitiva e de liberdade para todos. João não tem medo de afirmar que ele é apenas a testemunha dos fatos que irão acontecer. O foco de toda a conversa entre João e os seus interlocutores é sempre Deus. É Ele que escolhe, chama e envia. João foi chamado para dar testemunho da luz e por isso mesmo ele não aceita que lhe atribuam nenhuma função que o coloque no centro da questão.

Tal como João cada um de nós tem a missão de se reconhecer como o profeta da primeira leitura e como João no Evangelho: Dar testemunho da luz e colocar no centro de nossas preocupações aquele que é verdadeiramente o centro: Jesus Cristo o filho de Deus!

 

 

 

 

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

HOMILIA PARA O DIA 10 DE DEZEMBRO DE 2023 - 2º DOMINGO DO ADVENTO - ANO B

 

PREPARAR NA ESPERANÇA A CHEGADA DO SENHOR

Dentre as críticas corriqueiras que se atribui a uma determinada pessoa uma delas diz respeito a falta de humildade e de simplicidade. Neste tempo de advento as três leituras deste domingo apresentam os personagens principais colocando-se na condição de simples anunciadores de um tempo novo cujo sujeito principal é sempre outra pessoa muito mais importante e que eles se consideram apenas seus fiéis seguidores.

No Evangelho, Marcos acentua o que já tinha sido dito pelo profeta na primeira leitura: “Eis que envio meu mensageiro à tua frente, para preparar o teu caminho”. Quem agora faz acontecer a profecia é João Batista cuja voz grita no deserto. Vestindo-se com simplicidade e alimentando-se com austeridade não chama a atenção sobre a sua pessoa, mas declara com convicção: “não sou digno de me abaixar para desamarrar as correias de suas sandálias”. O convite que João dirigiu aos seus contemporâneos é o mesmo que se dirige aos cristãos do século XXI e consiste em acolher o messias, cuja presença gera uma vida nova fundamentada na dinâmica do amor. Para que isso aconteça uma atitude imprescindível é a conversão, em outras palavras mudança de vida e mentalidade.

Como caminho para a conversão João Batista indica uma sugestão: “Ele apareceu no deserto proclamando um batismo de penitência para remissão dos pecados”. Em resumo para reconhecer a presença de Jesus implica mostrar sinais de santidade, de purificação.

A comunidade de outrora foi convidada por João Batista para retornar a experiência do deserto, caminho percorrido por seus antepassados, só assim passariam da mentalidade de escravos para uma nação de gente livre capaz de confiar plenamente num Deus que cumpre as suas promessas.

As palavras do Evangelho são uma atualização das profecias da primeira leitura. Conversão significa deixar para traz o comodismo, o egoísmo, a autossuficiência e confrontar-se com os desafios de Deus que é fiel. O profeta fala ao coração dos seus conterrâneos e sugere uma relação de amor entre eles e Deus: “Como um pastor, ele apascenta o rebanho, reúne, com a força dos braços, os cordeiros e carrega-os ao colo; ele mesmo tange as ovelhas-mães".

A realidade de outrora não se diferencia do nosso cotidiano. Sentimo-nos impotentes, frustrados e ameaçados por distintas formas de violência, guerras e terrorismo que mancham de sangue e colocam a margem da convivência e da história milhares de pessoas. As palavras do profeta são uma recordação que Deus é eternamente fiel às suas promessas e não ficará alheio aos sofrimentos contemporâneos se nos deixarmos guiar Ele nos conduzirá para a vida verdadeira.

O autor da segunda leitura aponta para a segunda vinda de Cristo, nos convoca a vigilância e ao empenho decidido na transformação de todas as relações que não dignificam as pessoas. Todos somos chamados a trabalhar porque: “O que nós esperamos, de acordo com a sua promessa, são novos céus e uma nova terra, onde habitará a justiça. Caríssimos, vivendo nesta esperança, esforçai-vos para que ele vos encontre numa vida pura e sem mancha e em paz”.

A guisa de conclusão: Preparar o natal significa sair de si mesmo, descentralizar-se e colocar no centro Jesus Cristo, a fim de que Ele cresça e eu diminua como declarou João Batista.

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

HOMILIA PARA O DIA 08 DE DEZEMBRO DE 2023 - SOLENIDADE DA IMACULADA CONCEIÇÃO - ANO B

 ESCUTAR, PARTILHAR E VIVER

Poucas situações humanas são mais constrangedoras do que tentar dar explicações para uma atitude inexplicável. No longo relato da primeira leitura ouvimos o fato de um homem literalmente “pego de calças curtas” ou como se diz de outra forma “com a boca na botija”. Adão e Eva  que tiveram todas as oportunidades para se dar bem na vida, resolveram andar por outros caminhos recusando as propostas de vida com dignidade que lhe foram oferecidas por Deus.

A narrativa do Gênesis que ouvimos na primeira leitura não tem por objetivo contar uma história de fatos reais, mas ensinar uma lição de alguém que se julgou suficientemente sábio e autossuficiente, capaz de viver sem dar satisfação de nada a ninguém. Esta sua autorreferencialidade ou levou a um emaranhado de situações para as quais precisou inventar uma justificativa sempre injustificável. O resultado não poderia ser outro: “Viver à margem de Deus leva, inevitavelmente, a trilhar caminhos de sofrimento, de destruição, de infelicidade”.

Ao contrário, aceitar caminhar guiados por Deus nos  faz membros da sua família, como ouvimos na segunda leitura na qualidade de filhos cujo resultado é ser merecedor de um amor e cuidado gratuito, incondicional e radical: “Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele nos abençoou com toda a bênção do seu Espírito em virtude de nossa união com Cristo, no céu. Em Cristo, ele nos escolheu, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor”.

E a pessoa que melhor soube viver e caminhar na sombra da casa de Deus foi Maria a Mãe de Jesus Ela acolheu confiante os planos divinos a seu respeito: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!"

Enquanto Adão e Eva rejeitaram caminhar com Deus, Maria deu o seu sim. Na primeira situação a humanidade caminhou para o sofrimento e a morte, Em Maria todos caminhamos para a vida plena. Em resumo: Apesar da fragilidade de Maria e da insignificância do vilarejo de Nazaré nela Deus se faz presente de forma definitiva para a salvação de todos. Maria ensina para cada pessoa que a disponibilidade é uma atitude decisiva quando se trata de escolher o caminho por onde trilhamos a vida.

Este é o sentido da celebração da Imaculada Conceição de Maria, todos chamados a nos abandonar em Deus. É isto que também rezamos na oração desse dia: “Ó Deus pela Imaculada Conceição da Virgem Maria preparastes para o vosso Filho uma digna habitação e a preservastes de toda mancha de pecado em previsão da morte salvadora de Cristo; concedei-nos chegar até vós purificados também de toda culpa por sua materna intercessão”.

Que Maria nos ensine e ajude acolher os planos de Deus para nós e para o mundo!



terça-feira, 28 de novembro de 2023

HOMILIA PARA O DIA 03 DE DEZEMBRO DE 2023 - PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO - ANO B

 

Ó Pastor de Israel, vinde logo nos trazer a salvação!

Nada mais certo do que as dores de parto para uma mulher grávida. Com todos os recursos que um bom acompanhamento pré-natal exige a pessoa grávida vive meses de expectativa e de alegre esperança de que algo muito bom vai acontecer. Pois este é o sentido do advento que se inicia neste domingo e que a Palavra de Deus nos ensina como se preparar para a chegada do messias.

O profeta Isaias descreve a condição de um povo que fez de conta ter esquecido e não precisar de Deus, uma nação que não vivia os compromissos assumidos tendo endurecido a cabeça e o coração. De algum modo o retrato descrito pelo profeta se assemelha com o comportamento da sociedade contemporânea: “Senhor, tu és nosso Pai, nosso redentor; eterno é o teu nome. Como nos deixaste andar longe de teus caminhos e endureceste nossos corações”.

A palavra do profeta é um convite a reconhecer nossa incapacidade de superar as dificuldades e nos sugere confiar inteiramente em Deus que é amor, justiça e perdão e que está sempre disposto a nos oferecer de modo incondicional sua ajuda e proteção: “Nunca se ouviu dizer nem chegou aos ouvidos de ninguém, jamais olhos viram que um Deus, exceto tu, tenha feito tanto pelos que nele esperam. Vens ao encontro de quem pratica a justiça com alegria, de quem se lembra de ti em teus caminhos”.

Para a comunidade de Corinto, Paulo esclarece que Deus os cumulou de dons e carismas preparando-os para o grande dia em que todos viverão o encontro definitivo com Jesus Cristo: “Para vós, graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Dou graças a Deus sempre a vosso respeito, por causa da graça que Deus vos concedeu em Cristo Jesus: Nele fostes enriquecidos em tudo, Assim, não tendes falta de nenhum dom, vós que aguardais a revelação do Senhor nosso, Jesus Cristo”.

O texto de Marcos descreve de modo resumido a parábola dos talentos, e não precisa muito esforço para compreender que o dono da casa a que se refere trata-se de Jesus. Ele confia aos seus seguidores distintos talentos aqueles que os recebem não podem ficar de braços cruzados, pelo contrário, cada um a seu modo recebeu uma missão que foi confiada por Jesus, o Dono, da casa, e que independentemente das circunstâncias todos devem fazer concretizar na perspectiva da esperança: “Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento. É como um homem que, ao partir para o estrangeiro, deixou sua casa sob a responsabilidade de seus empregados, distribuindo a cada um sua tarefa. E mandou o porteiro ficar vigiando”.

Com funções diferentes todos os que receberam talentos devem ajudar-se solidariamente a discernir e fazer frutificar os valores que lhes foram confiados, isso significa comprometer-se diariamente com coragem e perseverança sendo testemunhas da paz, do amor, do perdão, da fraternidade.

Como as dores do parto para a mulher grávida, uma coisa é certa: O Senhor virá, nossa existência não é uma aventura ao encontro do nada, trata-se de uma certeza infalível e estar vigilantes significa não se furtar de nenhuma das responsabilidades que Deus nos confiou isso significa empenhar-se decididamente contra a tudo o que impede a felicidade de qualquer pessoa que caminha ao nosso lado: “O que vos digo, digo a todos: Vigiai!"

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

HOMILIA PARA O DIA 26 DE NOVEMBRO DE 2023 - SOLENIDADE DE CRISTO REI - ANO A

 VINDE BENDITOS DE MEU PAI

Em tempos de Black Friday o que conta é levar vantagem, fazer um bom negócio, comprar e vender muito e todas essas situações revelam a situação de uma pessoa feliz e realizada. Pois a Palavra de Deus deste domingo nos sugere olhar de outra maneira as relações interpessoais e com o mundo.

O profeta Ezequiel é reconhecido por ser um homem realista, falando com o povo exilado e espoliado de todos os seus bens, da sua cultura, da sua terra e vivendo em cidades estranhas e no meio de pessoas estranhas ele não tem medo de denunciar os culpados por essa situação. Ezequiel reafirma que ao contrário dos pastores do povo que descuidaram das suas responsabilidades Deus é um pastor preocupado e capaz de cuidar com carinho do seu povo que é o seu rebanho. O profeta desfaz uma falsa esperança e transmite ao povo que Deus não os abandonou: “Assim diz o Senhor Deus: "Vede! Eu mesmo vou procurar minhas ovelhas e tomar conta delas. Como o pastor toma conta do rebanho, de dia, quando se encontra no meio das ovelhas dispersas, assim vou cuidar de minhas ovelhas e vou resgatá-las de todos os lugares em que foram dispersadas num dia de nuvens e escuridão. Eu mesmo vou apascentar as minhas ovelhas e fazê-las repousar”.

Paulo escreva aos coríntios e lhes deixa claro que eles fazem parte do rebanho reunido e cuidado por Deus e que todo tem como destino e meta final o Reino de Deus, lugar e condição onde não haverá sofrimento, tristeza, morte, naquele lugar e tempo todas as dificuldades serão vencidas pela força e poder de Cristo Salvador.

O Evangelho apresenta o critério fundamental para fazer parte da nova criação, no Reino que foi preparado. Sustentados pela força das orações, da piedade e das práticas devocionais todos serão julgados pelo amor partilhado sobretudo com os mais pobres e desamparados: “Tive fome, estava com sede, nu, doente, preso” não se trata de méritos por que são melhores ou piores, justos ou injustos, mas pelo fato de serem os mais necessitados.

No Reino de Deus não tem lugar para o egoísta, o autorreferencial, aquele que pensa somente em si mesmo, o que fazemos ou deixamos de fazer aos mais frágeis é o que conta para estar entre as ovelhas ou os cabritos.

Rezar é muito necessário, mas por si mesmos não nos garantem a participação no Reino de Deus Pai, as celebrações e adorações fazem nos aproximar de Deus na medida que praticamos as mesmas obras de Jesus.
A vigilância na espera do Reino consiste em viver a solidariedade e o cuidado com as pessoas e com toda a obra da criação.

 



sexta-feira, 17 de novembro de 2023

HOMILIA PARA O DIA 19 DE NOVEMBRO DE 2023 - 33º DOMINGO COMUM - ANO A - DIA MUNDIAL DOS POBRES

 

VIRTUDE É NÃO ENTERRAR OS TALENTOS

Parafraseando são João Bosco podemos dizer que: A vida é o talento que Deus nos confiou, o bom uso que dela fazemos é o reconhecimento por aquilo que recebemos.

A parábola do Evangelho neste domingo sugere que ser discípulo de Jesus consiste em não ficar confiando no Senhor esperando sua manifestação gloriosa enquanto estamos de braços cruzados. Pelo contrário, fazer os talentos produzir implica estar profundamente envolvido em todas as coisas e atividades do mundo.

Não existem motivos que justifiquem a preguiça, a rotina, o medo, a acomodação, pelo contrário, cada um a seu modo é desafiado a fazer frutificar aquilo que recebeu. Na lógica de Deus ninguém fica de fora quando se trata de receber dons e talentos. Numa leitura simplória podemos pensar que aquele que recebeu um talento fosse discriminado e que pouco ou nada tinha que fazer. Pelo contrário: Um talento equivale a três mil dias de trabalho, ou seja, pouco mais de oito anos. Tempo suficiente para não ficar indiferente deixando perder as oportunidades ao longo do tempo.

A parábola completa o que São Paulo tinha falado aos tessalonicenses: “Portanto, não durmamos, como os outros, mas sejamos vigilantes e sóbrios”. A hora de Deus ninguém sabe, portanto, a maneira correta de aguardar a sua vida será em atitude de vigilância e coerência. Afinal de contas o batismo nos fez diferentes e o horizonte de nossa vida tem outras dimensões na comparação com aqueles que não foram batizados.

A nossa existência está sustentada na esperança, que não decepciona! Nossa vida tem como baliza a vida e os ensinamentos de Jesus e isso nos faz confiantes e torna nossa vida mais bela e significativa.

Esta diferença o autor do livro da sabedoria escreveu no contexto da sociedade patriarcal de outrora colocando valores na figura da mulher que só um homem sábio também percebe. Não precisamos muito esforço para perceber que o texto da primeira leitura pode ser aplicado a todas as pessoas do nosso tempo.

Mulheres e homens que conduzem suas vidas na generosidade, no trabalho, no compromisso são aqueles que fazem seu talento produzir. O texto de hoje pode ser reescrito assim: “Uma pessoa forte, quem a encontrará? Ela vale muito mais do que as joias”. Isso significa dizer que não enterra nem esconde seu talento.

É nesse contexto que o Papa Francisco nos convida para celebrar nesse domingo o Dia mundial dos pobres e que para a reflexão Francisco escreveu a partir do livro de Tobias que foi um marido fiel, um pai carinhoso, um homem justo e apesar disso foi perseguido e deportado, sofreu e foi injustamente perseguido. Colocado a prova experimentou a pobreza e todo tipo de sofrimento, mas no final da vida deixa um conselho para seu filho: “Nunca afaste seu olhar de um pobre”

Peçamos nós também a coragem e a conversão do coração para não nos fazermos indiferentes diante do sofrimento alheio. Não deixemos que nosso talento seja enterrado!

terça-feira, 7 de novembro de 2023

HOMILIA PARA O DIA 12 DE NOVEMBRO DE 2023 - 32º DOMINGO COMUM - ANO A

 NO SENHOR ESTÁ O NOSSO SOCORRO!

O poeta Guimarães Rosa, em um dos seus escritos usou uma metáfora para falar dos desafios cotidianos e escreveu: “Viver (...) é muito perigoso. (...) Porque aprender-a-viver é que é o viver, mesmo. (...) Travessia perigosa, mas é a da vida” A parábola das dez virgens do Evangelho nos coloca diante da realidade e dos desafios que a vida nos impõe e tanto o comportamento das prudentes quanto das imprudentes nos ajuda compreender a urgência de viver sempre alerta. Mateus usa a festa de casamento, uma das principais celebrações do mundo judaico do seu tempo, e coloca no contexto da festa um grito no meio da noite. Esse fato que era ao mesmo tempo predito veio num momento imprevisível. Se quiséssemos falar de um grito durante nossas noites podemos mencionar quantas vezes a vida parece estar tranquila, e do nada nos sobrevêm vendaval, enchentes, doenças, pandemias, tristezas, acidentes e até a morte.

Na mesma condição das virgens insensatas, muitas vezes nos encontramos eufóricos e distraídos com tanta coisa que acontece ao nosso redor e nem percebemos que a travessia do cotidiano exige foco naquilo que é principal porque somente dessa maneira será possível continuar a travessia. A única luz que nunca se apagará de nossa vida é a centelha divina manter sempre o “azeite necessário” consiste em reforçar sempre os laços de comunhão com as pessoas de maneira que sempre irmanados uns com os outros não percamos a confiança em Deus. Dois mil anos depois dos cristãos da comunidade de Mateus nós continuamos percorrendo os mesmos caminhos de alegrias e tristezas, de vibração e de compromisso, ao mesmo tempo carregamos os medos da vida que se fazem conhecer no comodismo, na falta de empenho, no descuido com a nossa vida e a de todos e isso nos faz esquecer o que é importante e facilmente esquecemos os valores do reino representados, no “azeite de reserva para a espera do noivo”. O encontro definitivo com Deus, que certamente acontecerá e para o qual não precisamos contar o tempo, mas precisamos estar sempre preparados deve ser o horizonte da nossa vida.

A carta aos tessalonicenses é dirigida também ao nosso tempo. Cristo virá para concluir a história do mundo e desse momento ninguém ficará excluído, os que já morreram serão chamados por primeiro e um por um até chegar a nossa vez: “Irmãos: não queremos deixar-vos na incerteza a respeito dos mortos, para que não fiqueis tristes como os outros, que não têm esperança. Se Jesus morreu e ressuscitou — e esta é nossa fé — de modo semelhante Deus trará de volta, com Cristo, os que através dele entraram no sono da morte. Isto vos declaramos, segundo a palavra do Senhor: nós que formos deixados com vida para a vinda do Senhor não levaremos vantagem em relação aos que morreram”. Não pensemos em vantagem, desvantagem, medo ou segurança. A vida não é um drama absurdo, pelo contrário em meio aos transtornos da vida caminhamos confiantes na direção do mundo novo e da nova criação.

Peçamos a graça de reconhecer a sabedoria que vem de Deus e que aponta para felicidade e a vida definitiva, como escreveu o autor do livro da sabedoria: “A Sabedoria é resplandecente e sempre viçosa. Ela é facilmente contemplada por aqueles que a amam, e é encontrada por aqueles que a procuram. Ela até se antecipa, dando-se a conhecer aos que a desejam. Quem por ela madruga não se cansará, pois a encontrará sentada à sua porta”. A sabedoria de Deus é o azeite que não pode faltar em nossa lamparina!





quinta-feira, 2 de novembro de 2023

HOMILIA PARA O DIA 05 DE NOVEMBRO DE 2023 - SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS - ANO A

 

ALEGREM-SE E EXUTEM!

Se tem uma coisa que alegra um pai e uma mãe é poder dizer que os filhos são ‘a cara do pai’, que tem os traços de fisionomia da mãe e assim por diante. E não precisa muito esforço para descobrir traços comuns no semblante de uma mesma família. E até quem não tem laços biológicos comuns, mas partilha a vida juntos acabam por se parecer até fisicamente.

Pois ora, nós cristãos acreditamos que fazemos parte da mesma e única família de Deus e partilhamos do mesmo destino, isso significa dizer compartilhamos da mesma felicidade e trazemos em nós os traços da santidade que marcaram a história da Igreja e do mundo pelo testemunho de “uma multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas, e que ninguém podia contar. Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro; trajavam vestes brancas e traziam palmas na mão”

A primeira leitura retrata a situação das primeiras comunidades cristãs que experimentaram dias sombrios e de muito sofrimento e perseguição, mas nem por isso perderam a esperança: “Todos proclamavam com voz forte: A salvação pertence ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro. E adoravam a Deus, dizendo: Amém. O louvor, a glória e a sabedoria, a ação de graças, a honra, o poder e a força”.

São João escreve: “Caríssimos, vede que grande presente de amor o Pai nos deu:
de sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos
”. O texto é uma mensagem de esperança, é uma resposta lógica: Deus nos fez seus filhos e filhas, não nos abandonará em nenhuma hipótese. A nossa convivência com os santos e santas nos fará semelhantes a eles nos traços e no semblante.

Uma visão equivocada de santidade nos impõe traços de tristeza, entretanto, o Evangelho faz um convite estupendo: não tenham medo de enfrentar as adversidades da vida o olhar amoroso de Deus lhes servirá de alegria e consolo: “Bem-aventurados os pobres em espírito, Bem-aventurados os aflitos, Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus".

Francisco usa a expressão “Santidade ao pé da porta” para nos apresentar modelos e condições para alcançar a santidade: “Gosto de ver a santidade nos pais e mães e família que criam os filhos com amor, gosto de ver a santidade no trabalhador que se esforça para trazer o pão para a família, gosto de ver a santidade nos doentes e idosos que ainda sabem sorrir”. Este modelo de santidade é o mesmo descrito por São João Paulo II: “A santidade de muitas pessoas acontece pela conversão ao Evangelho, muitos deles não foram proclamados oficialmente pela Igreja, mas no seu dia a dia deram testemunho da fidelidade a Cristo”

Para alcançar a santidade muitas vezes precisamos caminhar contra a corrente e isto foi o que disse Jesus outrora e que chega aos nossos ouvidos: “Sois do mundo, e ao mesmo tempo não sois do mundo… Vós não sois do mundo do cada um para si, do consumo, da violência, da vingança, do comprometimento… E face a este mundo deveis dizer: não estou de acordo! Sereis felizes, porque fareis ver onde está a verdadeira felicidade. Chamar-vos-ão santos”.

Em outras palavras o perfil de santidade vai sendo construído a cada dia quando fazemos pequenos gestos, imitando a multidão de testemunhas que lavou suas vestes no sangue do Cordeiro: “Bem-aventurados os mansos, Bem-aventurados os misericordiosos, Bem-aventurados os que promovem a paz, Alegrai-vos e exultai”!

Buscar a santidade consiste em ser pessoas ativas e corajosas, apaixonadas pelo Evangelho se tivermos essa coragem nosso semblante será semelhante ao de tantas pessoas reconhecidas como rezamos na oração eucarística: “que souberam amar Cristo e seus irmãos”.

É assim a geração dos que procuram o Senhor!