ESTENDER A MÃO E MANIFESTAR COMPAIXÃO
Na sequência dos outros domingos, a Palavra de
Deus hoje, mostra mais uma vez a compaixão e a misericórdia de Deus. A leitura
mostra o jeito recomendado pela cultura da época como tratar os leprosos, cuja
pessoa portadora era considerada impura. Ontem como hoje, facilmente a imagem
de Deus é apresentada como justificativa para criar a inventar situações de
rejeição e de exclusão. Entretanto é preciso entender a mensagem desta leitura
como uma preparação para a novidade que Jesus irá apresentar no Evangelho. Ao contrário
da discriminação e indiferença, Deus abre as portas e possibilidades para
integrar todas as pessoas.
São Paulo faz um convite aos
cristãos de corinto partindo do seu próprio testemunho: “Fazei como eu, que procuro agradar a
todos, em tudo, não buscando o que é vantajoso para mim mesmo, mas
o que é vantajoso para todos, a fim de que sejam salvos”.
Paulo também segue o exemplo de Cristo que fez de sua vida um dom de amor pela
causa do Reino. Os cristãos de todos os
tempos precisam se convencer que toda a sua vida tem uma única finalidade: Promover
o bem de todos, mesmo que isso exija abrir mão de alguma vantagem ou direito
particular tendo sempre como referência Jesus Cristo que sendo Deus assumiu a
condição humana.
No Evangelho temos mais uma narrativa carregada
de compaixão e como das outras vezes Jesus repete as mesmas atitudes:
Aproxima-se, estende a mão, cura, reintegra, e revela o rosto misericordioso de
Deus. Na pessoa de Jesus é Deus mesmo quem desce ao encontro dos seus filhos,
seus gestos, atitudes e palavras manifestam a compaixão que livra a pessoa do
sofrimento e abre as portas para que seja integrada a comunidade: “Então Jesus o mandou logo embora, falando com
firmeza: Não contes nada disso a ninguém! Vai, mostra-te ao sacerdote e
oferece, pela tua purificação, o que Moisés ordenou, como prova para eles".
Toda a narrativa de Marcos apresenta amor, bondade,
ternura, características do Deus a quem Jesus obedece vindo ao encontro dos
desesperançados Jesus restabelece a comunhão que os preceitos legalistas dos
fariseus tinham rompido. Diferente dos chefes das sinagogas que criam barreiras
e muros, Jesus estabelece laços de comunhão e pontes que dão acesso. A ação de
Jesus encoraja o leproso a infringir a lei da separação e se aproxima de Jesus
e das pessoas que o cercavam. Ele está decidido a mudar a sua triste situação,
custe o que custar! Ele não procura apenas a cura da lepra, mas o seu direito
de pertença à comunidade.
Nossas comunidades e Igrejas continuam a se
defrontar com o fantasma da “lepra” disfarçada de muitas maneiras que
desrespeitam a dignidade da pessoa. Como cristãos somos desafiados a construir
solidariedade capaz de romper a ‘lepra’ que impede a participação e a comunhão.
Dentre elas inclusive normas religiosas que rotulam e selecionam as pessoas
entre boas e más, santas e pecadoras. Em resumo, todos somos chamados a nos
deixar envolver pela compaixão do Mestre, aproximar-se e estender a mão.
Que nossa ação confirme a oração que fizemos no
salmo:
Sois,
Senhor, para mim, alegria e refúgio.
Feliz o
homem que foi perdoado *
e cuja falta já foi encoberta!
Feliz o
homem a quem o Senhor †
não olha mais como sendo culpado, *
e em cuja alma não há falsidade!