ESCOLHAS
E PROMOÇÕES COM SEUS ÔNUS E BÔNUS
No
auge das disputas eleitorais para os cargos de governadores e Presidente da República
notam-se situações que fazem rir para não chorar. Diante de candidatos cujos
nomes nem apareciam nas pesquisas eleitorais, do fracasso de grandes figurões
da política, surgem os amigos da última hora, os companheiros e apoiadores de
projetos de renovação. Gente que até ontem eram parceiros inseparáveis agora se
engalfinham disputando novos lugares no cenário. Todos prometem fazer milagres
e dar um basta em velhos problemas que em épocas eleitorais se potencializam.
Jesus
viveu há pouco mais de dois mil anos, veio com um projeto e uma proposta
extraordinária para renovar as relações entre as pessoas. Seus amigos nem
sempre tiveram clareza da proposta e do alcance das mudanças que a pessoa de
Jesus trouxe para a humanidade. Por mais que convivessem com o mestre e
diariamente pudessem ouvir seus ensinamentos eles ainda pensavam em “levar
vantagem” e garantir sua fatia quando o “novo governo fosse instalado”. Na conversa de hoje com os discípulos Jesus
desmascara o oportunismo que borbulhava nas conversas de bastidores.
Primeiro
são os dois irmãos: “Tiago e João, filhos de Zebedeu, foram a Jesus e lhe disseram: 'Mestre, queremos que faças por nós o que
vamos pedir'. Ele perguntou: 'O que quereis que eu vos faça?' Eles
responderam: 'Deixa-nos sentar um à tua direita e
outro à tua esquerda, quando estiveres na tua glória!” A proposta dos dois é tão imoral que outro
evangelista diz que foi a mãe deles quem fez o meio de campo. Jesus dá uma
resposta que deixaria envergonhado qualquer cidadão sério e de boa índole: “Vós não
sabeis o que pedem” e aproveita para desestimular
os outros que também estavam na espreita de uma fatia: “Vós sabeis que os chefes das nações as
oprimem e os grandes as tiranizam. Mas, entre vós, não deve ser assim: quem quiser ser grande,
seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos. Porque o Filho
do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como
resgate para muitos”.
A resposta de Jesus faz
entender o que já tinha dito o profeta Isaias na primeira leitura: “Meu Servo, o justo, fará justos inúmeros homens, fará
cumprir com êxito a vontade do Senhor”. Em
outras palavras no projeto de Jesus não tem lugar para conchavos, padrinhos,
correligionários, “amigos da última hora”.
E sobre a identidade deste servo tem-se a resposta na carta
dos Hebreus: “Com
efeito, temos um sumo sacerdote capaz de se
compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com
exceção do pecado. Aproximemo-nos então, com toda a
confiança e permaneçamos firmes na fé que professamos”.
O projeto de Deus revelado em Jesus Cristo não é uma proposta
de vantagem e favores para alguns ou alguma categoria de pessoas. A escolha de
Deus é por um projeto de serviço, de comunhão. Os verdadeiros discípulos de
Jesus não são os que aproveitam as oportunidades para levar vantagem, mas
aqueles que abraçam a causa aceitando como ele dar a vida para que todos tenham
vida.
Neste tempo de tantas promessas e tantas ameaças, não nos
deixemos enganar por salvadores da pátria com soluções simples e milagrosas uma
vez mais, rezemos com o salmista de hoje: “Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, pois, em vós, nós
esperamos! No Senhor nós esperamos
confiantes, porque ele é nosso auxílio e proteção!
Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, da mesma forma que em vós nós esperamos”