sábado, 17 de outubro de 2009

ÉTICA E MORAL III

ÉTICA E MORAL
(sequencia do texto três peneiras de Sócrates)

Feita esta introdução é necessário situar a questão da moral no contexto da consciência crítica e sob uma ótica mais ampla do que ela própria.
Tratar de ética em qualquer área do comportamento humano, é correr o risco de reduzi-la a normas e condutas morais, muitas casuísticas e reducionistas. Vamos tratar da questão a partir daquilo que fundamenta toda a problemática da ética no conjunto das relações humanas. A fundamentação da disciplina tem suas raízes na filosofia mãe de todos os questionamentos e procura de soluções.
Longe da filosofia a ética se torna temerosa e sem perspectiva correndo o risco de se perder no emaranhado das outras disciplinas. A filosofia nos ajuda a superar uma visão reducionista e imediatista da ética que acaba sendo até mercantilista por que reduzida a receitas comportamentais e de satisfação do mercado.
De uma coisa todos estamos absolutamente certos: não existe ética na empresa, na contabilidade, na política, nos negócios, no marketing, no trabalho, na Igreja, na família sem ética pessoal. Deste modo, falar de ética é falar da pessoa humana, que é o maior valor em qualquer relação.
Mas quem é o ser humano? Ou o que é o ser humano? O homem sendo igualmente um ser social é o que concretiza as relações. As relações se dão no homem, com ele e como ele. Por isso tratamos deste ‘ser social’ com um olhar filosófico. Para isso partimos do princípio Aristotélico: ‘A filosofia é a ciência das últimas causas’. Então nossa pergunta aqui não é aquela fundamental que todos nos fazemos: ‘Quem é o homem?’ senão ‘Quem é o ser humano na sua relação com?
Ao longo da história muitas respostas foram dadas para esta pergunta, a qual continua não satisfeita.
1.0 – Quem é o ser humano?
Bíblia – Imagem e semelhança de Deus!
Aristóteles – Animal racional; um ser social na sua própria natureza!
Protágoras – É o centro de todas as coisas!
Plotino – (205 AC Egito) – É um ser situado entre os deuses e as feras!
Escoto (Irlandes 800) – É a oficina de todas as criaturas!
Pascal - É um caniço pensante e que é além de si mesmo!
Lametre – É uma máquina!
Malreaux (escritor francês + 1976) – É um ser que sonha ser Deus!
Heidegger (Alemão + 976) – É pastor de si mesmo!
Sartre ( Filósofo francês, existencialista e materialista) – É para si mesmo tudo, mas tudo é absurdo e paixão inútil!
Goethe (Filósofo alemão do século XIX) – Quanto mais se sente homem, mais é semelhante aos deuses!
Kant – (Escocês, idealista, 1680) – É um cidadão de dois mundos!
Nietzsche (Existencialista alemão) – É um cabo entre o animal e o super homem, um campo sobre o abismo!
Hobbes – O homem nasce hostil à sociedade, é lobo do próprio homem!
Rosseau – É bom por natureza, mas a sociedade o corrompe!
Marx – Conjunto de relações sociais e econômicas. É uma construção histórica entre as forças produtivas.
2.0 - A pessoa e a outra pessoa
Na relação com o outro, o ser humano encontra-se consigo mesmo. O ‘tu’ favorece o conhecimento do ‘eu’. É muito comum quando alguém acha que é o único, insubstituível num determinado setor e aparece outro que faz a mesma tarefa. Abre-se no primeiro um fosso de questionamentos que o leva a detectar suas forças e fraquezas. Esta relação pode ser chamada de embrião de um novo ser. A preferência de estar com alguém indica a formação de uma terceira realidade. Ele passa a existir como outro.
Normalmente na companhia de outro o rendimento é diferente. Vai depender sempre da capacidade de trabalhar em equipe. Cada grupo de seres forma uma nova realidade. Colocar pessoas para trabalhar é uma decisão ética. Não se trata de um ato burocrático ou mecânico como se estivesse empilhando mesas e cadeiras. Exige conhecer a capacidade de integração que cada indivíduo traz consigo.
O ser humano tem necessidades fundamentais e uma delas é de segurança a qual ela busca também nas relações. Mesmo nas rusgas e mesquinharias do cotidiano o que está como pano de fundo é a segurança. Os enfrentamentos são buscas para construir o ser social.
O ‘frente a frente’ entre indivíduos cria uma relação de inter-subjetividade que pode criar laços de amizade com afetividade intensa que se tornam promotores da eficácia no ambiente de trabalho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário