QUE O VOSSO FRUTO PERMANEÇA
Atos 10, 25- 48; Salmo 98,
1Jo4, 7-10; João 15, 9-17
6º domingo da páscoa
A expressão que é o cerne
da liturgia deste domingo é anterior ao cristianismo. Os sábios gregos sabiam
mais sobre o amor do que toda a humanidade. Eles diferenciavam muito bem entre
o amor dos pais pelos filhos, amor entre os amigos, afeto entre pessoas que
vivam sob um mesmo teto, amor caridoso pela humanidade, amor possessivo, amor
erótico, amor jocoso, mas o que eles mais admiravam era o amor entre amigos.
Somente a “mania” de amar, que hoje nós chamamos de paixão, era considerada
pelos gregos como uma punição dos deuses. A filosofia grega teve em alta consideração
um tipo de afeto que até hoje costuma ser incondicional, isso é, ama sem pedir
nada em troca e ama independente da situação de quem é amado, talvez seja até
uma questão biológica, trata-se do amor materno.
É esta a forma de amor que
as leituras apresentam como sendo o amor de Deus. Noutro texto da Sagrada
Escritura se lê: “ainda que uma mãe esqueça de amar o seu filho, Deus jamais se
esquecerá do seu amor”. É deste jeito
que Pedro manifesta o amor de Deus pelos estrangeiros: “Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer
que seja a nação a que pertença”. E João, autor da carta cujo texto é
proclamado na segunda leitura diz: “Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus,
mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho”. Por sua vez a palavra de Jesus não poderia
ser mais clara, alias ela é repetida em todo o evangelho de João. Não se trata
de amar algo invisível e distante, mas de amar a pessoa que está perto. “Se guardardes os meus mandamentos,
permanecereis
no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu
amor. Eu vos
disse isto, para
que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena. Este é o meu andamento:amai-vos
uns aos outros, assim como eu vos amei”.
O mundo contemporâneo pede que as relações de amor verdadeiro
sejam mais claras, pede que a própria religião deixe de ser uma prática
individualista, que o amor proporcione o diálogo e aceitação das diferenças.
Por mil razões hoje as pessoas dizem que amam, muitas vezes motivadas por
interesses econômicos, políticos, sociais, utilitaristas e por aí afora.
Em Jesus Cristo, Deus manifestou um amor universal, tão
extraordinário que venceu a própria morte, se os cristãos aprendessem a força
deste jeito de amar certamente o mundo seria muito diferente. O Papa Francisco
recomenda como primeira motivação para viver o cristianismo a capacidade de amar
como Jesus amou.
Professar a fé na pessoa e na palavra de Jesus implica fazer
uma ponte entre aquilo que se acredita e o modo como se ama. A celebração
comunitária da Eucaristia é uma forma extraordinária de compreender essa
verdade. A doação e o carinho expresso
no dom a maternidade é um jeito concreto de experimentar e recordar o amor de
Deus presente no meio do mundo.
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