sábado, 9 de maio de 2015

HOMILIA PARA O DIA 10 DE MAIO DE 2015

            QUE O VOSSO FRUTO PERMANEÇA

Atos 10, 25- 48; Salmo 98, 1Jo4, 7-10; João 15, 9-17
6º domingo da páscoa

A expressão que é o cerne da liturgia deste domingo é anterior ao cristianismo. Os sábios gregos sabiam mais sobre o amor do que toda a humanidade. Eles diferenciavam muito bem entre o amor dos pais pelos filhos, amor entre os amigos, afeto entre pessoas que vivam sob um mesmo teto, amor caridoso pela humanidade, amor possessivo, amor erótico, amor jocoso, mas o que eles mais admiravam era o amor entre amigos. Somente a “mania” de amar, que hoje nós chamamos de paixão, era considerada pelos gregos como uma punição dos deuses. A filosofia grega teve em alta consideração um tipo de afeto que até hoje costuma ser incondicional, isso é, ama sem pedir nada em troca e ama independente da situação de quem é amado, talvez seja até uma questão biológica, trata-se do amor materno.

É esta a forma de amor que as leituras apresentam como sendo o amor de Deus. Noutro texto da Sagrada Escritura se lê: “ainda que uma mãe esqueça de amar o seu filho, Deus jamais se esquecerá do seu amor”.  É deste jeito que Pedro manifesta o amor de Deus pelos estrangeiros: “Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença”. E João, autor da carta cujo texto é proclamado na segunda leitura diz: Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho”.  Por sua vez a palavra de Jesus não poderia ser mais clara, alias ela é repetida em todo o evangelho de João. Não se trata de amar algo invisível e distante, mas de amar a pessoa que está perto. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. Eu vos disse isto, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena. Este é o meu andamento:amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”.

O mundo contemporâneo pede que as relações de amor verdadeiro sejam mais claras, pede que a própria religião deixe de ser uma prática individualista, que o amor proporcione o diálogo e aceitação das diferenças. Por mil razões hoje as pessoas dizem que amam, muitas vezes motivadas por interesses econômicos, políticos, sociais, utilitaristas e por aí afora.

Em Jesus Cristo, Deus manifestou um amor universal, tão extraordinário que venceu a própria morte, se os cristãos aprendessem a força deste jeito de amar certamente o mundo seria muito diferente. O Papa Francisco recomenda como primeira motivação para viver o cristianismo a capacidade de amar como Jesus amou.


Professar a fé na pessoa e na palavra de Jesus implica fazer uma ponte entre aquilo que se acredita e o modo como se ama. A celebração comunitária da Eucaristia é uma forma extraordinária de compreender essa verdade.  A doação e o carinho expresso no dom a maternidade é um jeito concreto de experimentar e recordar o amor de Deus presente no meio do mundo. 

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