sexta-feira, 28 de setembro de 2018

HOMILIA PARA O DIA 30 DE SETEMBRO DE 2018 - 26º COMUM - ANO B


SENHOR, SALVAI O VOSSO POVO DO ORGULHO

Dentre os fatos que chamam a atenção do mundo inteiro nesta semana, merece ser citada Conferência das Nações Unidas, na qual líderes do mundo inteiro discutem sobre o futuro do planeta e das relações internacionais e promoção da dignidade humana. É consenso geral dos participantes e um desafio a ser perseguido por todas as pessoas e todas as instituições: “Trabalhar em conjunto, substituir a confrontação pela cooperação”.  O Papa Francisco, embora não estando participando da Conferência da ONU, também manifestou sua preocupação com as relações internacionais e com a dignidade humana por meio de uma declaração nas redes sociais: “Rezemos para que no mundo prevaleçam os programas de desenvolvimento e não aqueles para os armamentos”.
Este sentimento que cada vez mais ganha espaço e vai se tornando aceito até mesmo pelas mentalidades mais radicais e algumas vezes identificadas com a violência, a intransigência e a intolerância ajuda entender a Palavra de Deus sugerida para este domingo.
O livro dos Números que é uma coleção de fatos e situações pelas quais passou o povo de Deus entre a saída do Egito e seu estabelecimento na Terra Prometida, ajuda a entender como o Espírito de Deus sopra onde quer e como quer. Deus não limita sua presença por meio de alguns iluminados que ditam regras e normas segundo seus interesses. Acreditar em Deus significa perceber seus gestos proféticos acontecendo até mesmo onde muitas vezes parece impossível. Em lugar de excluir alguns e se julgar melhores e mais perfeitos, Moisés responde: “Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta,
e que o Senhor lhe concedesse o seu espírito!” No projeto de Deus não tem lugar para fanatismo, intolerância, preconceito, condenações, julgamentos apressados. Todos são convidados a reconhecer a presença de Deus em gestos de amor, paz, justiça, solidariedade e partilha.
São Tiago na segunda leitura faz a mesma advertência com outras palavras. Não é uma atitude cristã se achar mais importante e melhor do que os demais. Acumular bens e posses enquanto grandes parcelas da população vivem à miséria e vítimas da exclusão. O cristão é chamado ao respeito e a comunhão.
No evangelho os discípulos ainda mantêm a lógica da competição que Jesus já havia reprovado no texto do último domingo. Ainda estavam preocupados sobre quem é o maior. Estão preocupados com seus interesses mesquinhos e egoístas querem se sentir os donos do mundo e salvadores da pátria: “vimos uma pessoa expulsar demônios em teu nome, mas nós o proibimos porque não conosco”.   Aceitar Jesus e seu projeto implica em não ter atitude de fanáticos e intolerantes. A construção de uma sociedade nova e responsável não se faz com violência em relação aos outros, mas é preciso cortar nos próprios limites e defeitos. “Se o seu olho pecar, arranca-o.…”
Não permitamos que o período pré-eleitoral destrua amizades, construa muros em lugar de pontes. Pelo contrário peçamos a graça de ter a vida renovada na Eucaristia e na vida de Jesus Cristo. Aproveitemos estes dias para aprender que é “imperativo trabalhar em conjunto”, porque separados a gente perde e juntos a gente encontra. O momento é de substituir a confrontação pela comunhão.


quinta-feira, 20 de setembro de 2018

HOMILIA PARA O DIA 23 DE SETEMBRO DE 2018 - 25º COMUM - ANO B


CONFIAR-SE NAS MÃOS DO SENHOR QUE SUSTENTA TODA A VIDA

Em diversos lugares na sociedade é possível perceber como as pessoas sentem a presença de Deus em suas vidas. Um dos locais em que o sofrimento humano ganha contornos extraordinários são os espaços públicos reservados para os cuidados com a saúde e a promoção da dignidade humana. Nos centros de saúde, Unidades de pronto atendimento, hospitais é mais claramente percebível o sofrimento que Cristo anuncia estar sujeito com o consequente pedido para que os seus seguidores não se considerem uns melhores que os outros, nem mais perfeitos, nem tampouco merecedores de tratamento diferenciado. Abraçando uma criança coloca a condição ideal para todos os que desejam aproximar-se dele a quem reconhecem como Messias e Mestre.
O apóstolo Tiago fala ao coração das primeiras comunidades apontando onde se encontra a origem de todos os males: “Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más.  De onde vêm as guerras? De onde vêm as brigas entre vós? Não vêm, justamente, das paixões que estão em conflito dentro de vós?  Cobiçais, mas não conseguis ter. Matais e cultivais inveja, mas não conseguis êxito. Brigais e fazeis guerra, mas não conseguis possuir”. Ao mesmo tempo apresenta a alternativa para que estas não aconteçam: “Por outra parte, a sabedoria que vem do alto
é, antes de tudo, pura, depois pacífica, modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem fingimento. O fruto da justiça é semeado na paz, para aqueles que promovem a paz”.
A proposta apresentada por Tiago é a confirmação do pedido feito por Jesus no evangelho: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!' Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio deles, e abraçando-a disse: 'Quem acolher em meu nome uma destas crianças, é a mim que estará acolhendo.
E quem me acolher, está acolhendo, não a mim, mas àquele que me enviou”.
Por mais que o sofrimento pareça desumano e traiçoeiro, aquele que confia em Deus e aceita sua “sabedoria” será capaz de produzir bons frutos sem parcialidade e sem fingimentos.
Que nossa participação nesta liturgia seja proveitosa para a nossa vida como se reza na oração pós comunhão: “Ó Deus, auxiliai sempre os que alimentais com o vosso sacramento para que possamos colher os frutos da redenção na liturgia e na vida”.

sábado, 15 de setembro de 2018

HOMILIA PARA O DIA 16 DE SETEMBRO DE 2018 - 24º COMUM ANO B

O SENHOR É JUSTIÇA E BONDADE

O cristianismo é uma religião diferente de todas as outras grandes religiões. Naquelas os fiéis seguem uma ideia, um livro, uma doutrina. No Cristianismo todas essas coisas existem, mas o seu fundamento é o seguimento da pessoa de Jesus Cristo. Reconhecer quem Ele é, sua missão no mundo e por extensão a missão de todos os que lhe seguem muda completamente a relação das pessoas entre si e com a doutrina que Ele trouxe.
A pergunta de Jesus e a resposta dada por Pedro representam a síntese de todas as preocupações do povo judeu em relação ao seu futuro e a sua aceitação a Deus e ao seu projeto. “E vocês, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: 'Tu és o Messias”. Reconhecendo que Jesus não é mais um dos grandes pregadores do seu tempo Pedro só não percebe a relação da pessoa dele com as palavras dos profetas. Jesus aceita a confissão de fé de Pedro e dos seus companheiros, mas lhe diz com outras palavras o que o profeta tinha anunciado: “Em seguida, começou a ensiná-los, dizendo que o Filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei; devia ser morto, e ressuscitar depois de três dias”.
As palavras de Jesus não são outra coisa senão a atualização da primeira leitura: “Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba: não desviei o rosto de bofetões e cusparadas.   Mas, o Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado”.
Logo se uma pessoa aceita que Jesus é o Messias, aceita também o desfecho desta condição e se propõe a segui-lo com todas as suas forças e com toda as suas exigências e consequências: Meus irmãos, que adianta alguém dizer que tem fé, quando não a põe em prática? A fé seria então capaz de salvá-lo? Imaginai que um irmão ou uma irmã não têm o que vestir e que lhes falta a comida de cada dia; se então alguém de vós lhes disser: 'Ide em paz, aquecei-vos', e: 'Comei à vontade', sem lhes dar o necessário para o corpo, que adiantará isso? Assim também a fé: se não se traduz em obras, por si só está morta”.
Resumindo, declarar que Jesus é o Messias implica aceitar a cruz que essa missão traz consigo. O mesmo se pode aplicar em relação ao cotidiano de cada pessoa, trata-se de aceitar a cruz e os sofrimentos comprometendo-se com a qualidade da vida.
Rezar com os irmãos como viemos fazer aqui implica compreender as palavras que se canta: 
Bem-vindos à mesa do Pai, onde o Filho se faz fraternal refeição / 
É Cristo a forte comida, o Pão que dá vida com amor-comunhão. 
Vinde, ó irmãos, adorar, vinde adorar o Senhor / 
A Eucaristia nos faz Igreja, comunidade de amor. 
No longo caminho que temos, o Pão que comemos nos sustentará /
 É Cristo o Pão repartido, que o povo sofrido vem alimentar. 
Há gente morrendo de fome, sofrendo e sem nome, sem terra e sem lar / 
Não é a vontade de Deus, pois Jesus, Filho seu, quis por nós se doar”. 

Então, Que a nossa fé seja sustentada por nossas obras e que a afirmação que Jesus é 
Messias coloque todos no caminho de aceitar a cruz e comprometer-se com todas as pessoas.