AS PEDRAS NUNCA FALARÃO
Uma das atitudes bonitas e que merece ser
valorizada nas pessoas é o sentimento de compaixão. E mesmo o coração mãos duro
e insensível mostra-se compadecido e despedaçado diante do sofrimento alheio. A
fome que assola regiões inteiras, a violência física e moral que muitas pessoas
são vítimas, o abandono de crianças e idosos, o descaso com a coisa pública e
uma lista infinita de situações dolorosas fazem qualquer coração experimentar a
compaixão e a solidariedade. Este sentimento foi sendo desenvolvido nos cristãos
durante a caminhada da quaresma chegando ao Domingo de Ramos. Nesta celebração
a liturgia faz memória da solene e vitoriosa entrada de Jesus aclamado como Rei
em Jerusalém e na sequência mostra a traição dos seus companheiros
condenando-o injustamente.
Na celebração de Ramos
resplandece o convite para contemplar o amor de Deus que desceu e experimentou
toda a fragilidade humana. Deixou-se humilhar para desta condição elevar a
humanidade dispersa. A liturgia faz perceber que nenhuma ação humana é mais
significativa que doar-se para promover a qualidade da vida.
O profeta anônimo da primeira
leitura não se recusa a testemunhar o amor de Deus para todos, a figura desta
pessoa mais tarde foi identificada com Jesus Cristo que fez a mesma coisa.
São Paulo escreve aos
filipenses e também apresenta a pessoa de Jesus como o modelo a ser imitado
quando se trata de viver a compaixão, a humildade, a obediência e a entrega da
própria vida por uma causa muito maior.
As duas comparações das
leituras têm como base exatamente o que aconteceu com Jesus. Revivendo o
mistério da sua paixão e morte pode-se perceber o dom supremo de sua vida feita
serviço pela libertação de todos. Na cruz Ele revela o extraordinário amor de
Deus que nada guarda para si.
Diante da humilhação pela qual
passa o Filho de Deus, as pedras se calaram, porque até os incrédulos
proclamaram: “verdadeiramente esse homem era o Filho de Deus”.
Que as celebrações da semana
santa renovem em todos e particularmente nos cristãos o compromisso e a
compaixão diante do sofrimento de todos. Que a oração, o jejum e a esmola façam
de todos apaixonados pela vida num compromisso com as políticas públicas que
favoreçam o direito e a justiça em todos os lugares.
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