VAI
E NÃO PEQUES MAIS
Não
é raro que a gente se encontre refém dos nossos próprios erros e
comportamentos. Com relativa frequência não se tem a quem perdoar e nem
tampouco a quem pedir perdão porque se é vítima da própria armadilha. Numa
linguagem popular esta situação costuma ser traduzida por ditados populares: “A
língua é o chicote da bunda...”; “Cuspiu para o alto e lhe caiu na cara..”
“Bebeu do próprio veneno...”
Pois
era esta a situação do povo de Israel no tempo do profeta Isaías. Estavam de
novo exilados e tinham consciência do seu próprio erro e dos seus pecados. O
Profeta aproveita pare lhes apresentar uma proposta extraordinária: “Eis o que diz
o Senhor: «Não vos lembreis mais dos acontecimentos passados, não presteis
atenção às coisas antigas. Olhai: vou realizar uma coisa nova, que já começa a
aparecer; não a vedes? Vou abrir um caminho no deserto, fazer brotar rios na
terra árida”. Deus, a quem o profeta
revela por meio da sua pregação, é libertador e acompanha a caminhada do seu
povo para a liberdade. O Deus que acompanhou o povo de Israel é o mesmo que se
faz presente no dia a dia das comunidades contemporâneas e cujo objetivo é
levar para a “terra prometida onde a vida nova é abundante”.
Paulo escreve aos filipenses estando já na prisão e aguardando
a sua execução. De lá escreve de maneira afetuosa fazendo um convite a
libertar-se de tudo o que impede o reconhecimento e a identificação com Cristo.
No Evangelho, mais uma vez, lá estão os fariseus e doutores
da lei querendo deixar Jesus em “saia justa”. Apresentam-lhe um fato que é
abominável. Trata-se de um pecado público e que não pode ser tolerado.
Entretanto eles não estão apresentando o caso como uma alternativa de solução
para um tipo de pecado muito corriqueiro naqueles tempos. A intenção é ver se
Jesus tem ousadia de desafiar a lei.
Na mesma proporção que eles tentam colocar Jesus a prova ele
mais uma vez “sai pela tangente”. Não desafia a lei, nem tampouco compromete a
misericórdia de Deus da qual ele é o rosto humano. E nesta situação o evangelho
é claro: “Jesus inclinou-Se e começou a
escrever com o dedo no chão. Como persistiam em interrogá-lo, ergueu-Se e
disse-lhes: «Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra».
Inclinou-Se novamente e continuou a escrever no chão”
Quando colocado o problema diante de Jesus ele não minimiza,
nem relativiza a dimensão do pecado. Ele sabe que esta não é uma atitude
aceitável, Por outro lado ele também se recusa a aplicar uma lei que mata em
nome de Deus. Silenciando diante dos acusadores Jesus cria um suspense que
incomoda a todos e por fim realiza o desmonte dos acusadores: “quem de vós estiver sem pecado, atire a
primeira pedra”.
À medida que todos os acusadores se dão conta das próprias
fragilidades Jesus coloca em prática a missão para a qual foi enviado. Dá um
voto de confiança na mulher fazendo a recomendação que faria para cada um de
nós: “Vai você também e não repita a
mesma coisa”.
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