quarta-feira, 17 de abril de 2019

HOMILIA PARA A SEXTA FEIRA DA PAIXÃO - 19 DE ABRIL DE 2019 - ANO C


O GRÃO DE TRIGO PRECISA MORRER

Não são poucas as dificuldades humanas diante da certeza da morte. Embora se tenha clareza que a morte é certa e que em algum momento todos haverão de experimentar essa realidade ela é sempre sofrida, dolorida e sem explicação plausível.  
Mas é também certo que a morte de uma pessoa em idade avançada, ou depois de uma longa enfermidade ou mesmo se bastante jovem, mas que deixa como legado ensinamentos que podem ser assimilados e servem de exemplo para os que tomam conhecimento do fato, tem-se a impressão que dor é diminuída ou pelo menos amenizada.
Certamente esse é o sentimento dos cristãos nesta solene celebração da Sexta-feira da Paixão. O Crucificado que desde cedo foi identificado com o Cordeiro manso levado ao matadouro do qual fala a primeira leitura: “Ei-lo, o meu Servo será bem-sucedido; sua ascensão será ao mais alto grau. Assim como muitos ficaram pasmados ao vê-lo - tão desfigurado ele estava que não parecia ser um homem ou ter aspecto humano -do mesmo modo ele espalhará sua fama entre os povos”. Ou o sacerdote descrito na carta aos hebreus: “Temos um sumo sacerdote eminente, que entrou no céu, Jesus, o Filho de Deus.
Por isso, permaneçamos firmes na fé que professamos. Com efeito, temos um sumo sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado”. As duas figuras é o mesmo que João descreve sendo condenado e sepultado entre dois jardins, sinais de que a morte não tem a última palavra, mas como num jardim bem irrigado é a semente que cai na terra, morre e germina para produzir muitos frutos.
Reunidos nesta celebração da paixão os cristãos não fazem outra coisa senão ter certeza que a dor e a desilusão da morte vislumbram os mistérios da grandeza de Deus que convida para ações cotidianas por meio das quais o mundo escuro das cruzes e das dores possa brilhar como sol fecundo de amor e paz. Por isso celebramos a paixão do Senhor cantando sem medo: “Vitória tu reinarás, ó Cruz tu nos salvarás

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