sexta-feira, 10 de junho de 2022

HOMILIA PARA O DIA 19 DE JUNHO DE 2022 - 12º DOMINGO COMUM - ANO C

 

O CRISTO DE DEUS

 

O Papa Francisco na noite que foi escolhido Bispo de Roma, inclinou-se diante da multidão reunida na praça São Pedro e pediu que rezassem por Ele. Frequentemente termina seus discursos repetindo sempre: “Rezem por mim! ”.

Também nós, muitas vezes até de modo mecânico dizemos: “Reze por mim! ”, ou “vou rezar por você”, “Conte com minha prece” e assim por diante.

Essa prática, não resta dúvida que se fundamenta na vida e na pessoa do próprio Jesus. No Evangelho de Hoje, mais uma vez, Lucas coloca Jesus em oração antes de clarear para os seus discípulos a sua verdadeira identidade e as implicações dessa sua condição.

Pedro respondeu em nome de todos e assumiu para toda a comunidade dos discípulos as implicações da resposta que significou segui-lo até a entrega da própria vida. Obviamente que também para nós reconhecer Jesus como nosso Salvador impacta de modo determinante a nossa vida, que pode ser expresso nas palavras: “Carregar a cruz de cada dia”.

Jesus faz, entre os doze, uma espécie de pesquisa de opinião com o objetivo de ajudar os discípulos entenderem, de maneira madura, a sua identidade e missão que consistia em restabelecer a esperança alimentada por gerações entre o povo de Israel. Essa tarefa Jesus não vai realizar ao modo dos poderosos do seu tempo, pelo contrário, sua arma e trono é a cruz e sua estratégia é a renúncia de si mesmo e de todas as honrarias e prestígios.

Em nossas comunidades proclamamos com convicção que aceitamos Jesus como nosso salvador, mas muitas vezes perdemos tempos e gastamos energias em disputas por prestigio, honras, postos elevados, títulos, coordenações. Facilmente deixamos de lado a dimensão do serviço proposta por Jesus e usamos as tarefas e funções para autopromoção criando conflitos, rivalidades e mal-estar. A primeira leitura fala de um profeta anônimo: “Ao que eles feriram de morte, hão de chorá-lo, como se chora a perda de um filho único, e hão de sentir por ele a dor que se sente pela morte de um primogênito. Naquele dia, haverá um grande pranto em Jerusalém” com o qual os primeiros cristãos identificaram como sendo a pessoa de Jesus cuja fidelidade à missão recebida do Pai o levou até o sacrifício da própria vida.

São Paulo escreve aos Gálatas afirmando a nova condição de batizados: “O que vale não é mais ser judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um só, em Jesus Cristo”.

Nós nos declaramos fiéis e comprometidos com Jesus e sua causa, aceitamos o batismo e os demais sacramentos da Igreja, frequentamos as celebrações e praticamos diversas formas de piedade popular, fazemos romarias, jejuns e longas orações, mas nem sempre temos a coragem de “carregar a cruz de cada dia”.

Na condição de novas criaturas somos livres e identificados com Cristo e temos as mesmas responsabilidades que se expressam nas palavras “sinal de Jesus Cristo, Sacerdote, Profeta e Pastor”. Em outras palavras ser no meio do mundo o “bom perfume de Jesus”.

Peçamos a graça de compreender que a Palavra de Deus deste domingo nos convida a fazer uma correção no modo como entendemos os serviços e ministérios na Igreja e nas comunidades. Que verdadeiramente a palavra “servir” que usamos para nossas atividades sejam no sentido de “tomar a cruz de cada dia e caminhar atrás de Jesus”.

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