EIS O TEMPO FAVORÁVEL, EIS O DIA DA SALVAÇÃO
Quando falamos em penitência e arrependimento
facilmente associamos aos conceitos de tristeza e depressão. Porém na quaresma
a penitência, o arrependimento, o jejum, a esmola e a oração são um caminho de
alegria, ao mesmo tempo que nos levam a reconhecer nossa condição de pecadores
nos apontam para o amor e a misericórdia de Deus.
Deus nos educa e nos tira das escravidões que a
vida nos prepara e nesse processo sussurra ao nosso coração palavras de amor.
Aproveitemos o tempo da quaresma como a grande oportunidade para reconhecer o
Senhor nosso, que assim como libertou o povo da escravidão do Egito, nos
liberte também das inúmeras servidões e prisões que vamos, sem nos dar conta,
construindo ao longo da vida.
Na primeira leitura o profeta convida o povo
para realizar um processo de conversão interior, de reencontrar Deus e sua
misericórdia. São Paulo se apresenta aos coríntios como embaixador e faz uma
exortação: “Em nome de Cristo, nós vos
suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus”. O tempo pede que
transformemos nossa relação com Deus e naturalmente nossa relação com todas as
pessoas.
No Evangelho Jesus faz um alerta em relação às
verdadeiras motivações que nos levam a dar esmola, a orar e jejuar. Se estas
atitudes tiverem objetivo de buscar glória e aplausos não servem para nada
antes viram uma comédia disfarçada de piedade. Mas, se praticamos a penitência
e buscamos a reconciliação com um coração arrependido como rezamos no salmo:
Dai-me de novo a alegria de ser salvo *
e confirmai-me com espírito generoso!
Abri meus lábios, ó Senhor, para cantar, *
e minha boca anunciará vosso louvor!
Também perceberemos o grito de tantas pessoas que
chega aos céus e que toca nossos corações e nossos ouvidos com a Campanha da
Fraternidade e a Carta do Papa Francisco: Todos somos irmãos! E quando falamos
todos, não falamos daqueles que são nossos amigos e que pensam como nós. A
amizade social que o Papa Francisco nos desafia a construir implica na prática
de um amor aberto, sensível, compassivo. Fratelli Tutti não dá espaço para a
seleção mesquinha, fechada e egoísta. A quaresma e a Campanha da Fraternidade
deste ano devem abrir o nosso coração para todas as pessoas, também para
aquelas com quem temos diferenças e que de fato são diferentes. Não tenhamos
medo de voltar para Deus e de nos deixar reconciliar, não para ser visto e elogiado,
mas para construir um caminho de sinodalidade no qual caibam todos e todos se respeitem
como irmãos!
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