quarta-feira, 14 de julho de 2021

HOMILIA PARA O DIA 18 DE JULHO DE 2021 - 16º COMUM - ANO B

 

ANDAR NA PRESENÇA DO SENHOR

Não bastasse os riscos e perigos que as circunstâncias nos oferecem, são também incontáveis as situações nas quais nos vemos totalmente desamparados e traídos em nossa confiança. São amigos e familiares que causam desilusão e desnorteiam nossas relações; são colegas de trabalho e superiores nas nossas relações profissionais que agem praticando a política de levar vantagem; com muita frequência líderes religiosos a quem damos crédito como se fossem mensageiros do Deus vivo e de repente nos vemos enganados por eles; isso para não falar nas maracutaias de muitos políticos de todos os tempos e em quase todas as instâncias de poder. Todos de alguma forma deixam a desejar quando se trata da “pedagogia do cuidado”.

Pois ora, qualquer semelhança com o povo no tempo do profeta Jeremias não é mera coincidência. Os pastores de outrora perderam, dispersaram, maltrataram as ovelhas que não lhes pertencia. Em vez de agir como pastores não passaram de aventureiros que levaram em conta mais os interesses próprios dando margens a jogadas políticas. O profeta começa dando uma sentença: Ai dos pastores que deixam perder-se e dispersar-se o rebanho de minha  pastagem, diz o Senhor! Vós dispersastes o meu rebanho, e o afugentastes e não cuidastes dele”.

No evangelho que é a continuação do último domingo Jesus reúne os discípulos depois de uma primeira atividade missionária para a qual eles tinham sido enviados a anunciar para expulsar demônios e curar doentes. Para a reunião de balanço o Evangelho Jesus lhes disse: 'Vinde sozinhos para um lugar deserto, e descansai um pouco”. Não parece se tratar de um lugar geográfico, mas de estar na proximidade do mestre, ou seja, a missão precisa ser desenvolvida tendo sempre como referência a pessoa e a doutrina de Jesus. Próximos de Jesus eles recebem, mais uma vez o testemunho do  seu coração compassivo em relação ao seu rebanho: “Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas”.

A missão dos discípulos e, portanto, também a nossa, não pode ser diferente daquela de Jesus. Reunir-se frequentemente em torno d’Ele, dialogar com Ele escutar os seus ensinamentos e confrontar a sua doutrina com a nossa ação de cotidiana. Longe de Jesus facilmente estaremos sujeitos a apresentar soluções parciais e que geram dependência e escravidão. Muitas vezes até somos funcionários eficientes, mas que continuamos a oferecer soluções pontuais. Longe de Jesus não são poucos os que se cansam e abandonam a atividade e o dinamismo da missão. Não nos esqueçamos, se perdermos a referência ao mestre perdemos também o sentido da missão.

E isto é o que garante São Paulo para os cristãos de Éfeso e por extensão também a nós: “Agora, em Jesus Cristo, vós que outrora estáveis longe, vos tornastes próximos, pelo sangue de Cristo. Ele, de fato, é a nossa paz: do que era dividido, ele fez uma unidade. Ele veio anunciar a paz a vós que estáveis longe, e a paz aos que estavam próximos. É graças a ele que uns e outros, em um só Espírito, temos acesso junto ao Pai”.

Nós sabemos que somos uma grande família, um corpo com uma grande diversidade de membros. A globalização aproxima as pessoas e permite partilhar muitas coisas nesta grande casa comum, entretanto ainda persistem muros construídos e em construção que impedem a fraternidade e a comunhão. Nós como discípulos de Jesus temos o dever de dar testemunho da paz e da unidade e lutar contra todas as barreiras que nos dividem. Que seja nossa regra de vida a oração da missa deste domingo: “para que repletos de fé esperança e caridade guardemos fielmente os vossos mandamentos”.

E conforme cantamos na Campanha da Fraternidade desse ano:


Venham todos, vocês, venham todos
Reunidos num só coração, (cf. At 4, 32)
De mãos dadas formando a aliança
Confirmados na mesma missão. (bis)

Em nome de Cristo, que é a nossa paz!
Em nome de Cristo, que a vida nos traz
Do que estava dividido
Unidade ele faz!
Do que estava dividido
Unidade ele faz! (cf. Ef 2, 14a)

Venham todos, vocês, testemunhas
Construamos a plena unidade
No diálogo comprometido
Com a paz e a fraternidade. (bis)


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quinta-feira, 8 de julho de 2021

HOMILIA PARA O DIA 11 DE JULHO DE 2021 - 15º COMUM - ANO B

 

A VERDADE E O AMOR SE ENCONTRARÃO

A oração que nos introduz na liturgia da Palavra desse domingo é uma espécie de síntese dos três textos que foram proclamados: “Ó Deus, que mostrais a luz da verdade aos que erram para retomarem o bom caminho, dai a todos os que professam a fé rejeitar o que não convém ao cristão, e abraçar tudo o que é digno desse nome”.

Ora o que significa ver a luz da verdade senão compreender a Palavra de Deus com suas promessas e indicações para a vida. O profeta Amós, por volta de 700 anos antes de Cristo já provou a incompreensão daqueles que preferiam andar e manter as pessoas nas trevas do erro, Ele, no entanto, declarou com segurança para que veio e por que veio: “não sou profeta nem sou filho de profeta; sou pastor de gado e cultivo sicômoros. O Senhor chamou-me, quando eu tangia o rebanho, e o Senhor me disse: 'Vai profetizar para Israel, meu povo”. Convicto do chamado que havia recebido e da missão que lhe fora pedida agiu com a liberdade e a firmeza de profeta não se deixando amordaçar nem pelos interesses e vantagens pessoais que poderia usufruir se tivesse negado a responsabilidade.

São Paulo, descreve aos efésios a ação de Deus em favor das pessoas: “Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele nos abençoou com toda a bênção do seu Espírito em virtude de nossa união com Cristo, no céu. Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos… Pelo seu sangue, nós somos libertados. Nele também vós ouvistes a palavra da verdade, o evangelho que vos salva”. Aceitar e colocar Cristo como centro de nossas vidas implica manter a liberdade inclusive dos nossos interesses mesquinhos e da política de “levar vantagem”.

No evangelho Jesus é muito objetivo no mandato que dá aos discípulos quando se trata de rejeitar tudo o que não convém ao cristão: “Jesus chamou os doze, e começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos impuros. Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura. Mandou que andassem de sandálias e que não levassem duas túnicas”. Estes objetos que aparentemente são insignificantes, na verdade são mecanismos de escravidão que nos impedem de abraçar tudo o que é digno da condição de seguidores d’Ele. O seguidor de Jesus oferece sua vida testemunhando sobriedade, pobreza, servindo na alegria e na caridade. O verdadeiro discípulo não faz imposições antes faz proposições chamando a todos para a responsabilidade.

A missão não é reservada a um grupo de especialistas e iluminados os doze significam a totalidade daqueles que creem e são chamados a viver na luz da verdade e no caminho da liberdade, para dar conta dessa tarefa nós rezamos cantando: Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e a vossa salvação nos concedei”.

 

quinta-feira, 1 de julho de 2021

HOMILIA PARA O DIA 04 DE JULHO DE 2021 - COMBATI O BOM COMBATE DA FÉ. SÃO PEDRO E SÃO PAULO. ANO B

 

ACREDITAR COM OS FATOS

Isaac Newton foi um físico, matemático, astrônomo, teólogo que viveu no século XVIII, é dele a frase: “Se cheguei até aqui foi porque me apoiei nos ombros de gigantes”. Esta citação é regularmente repetida por pessoas que querem justificar o sucesso dos seus empreendimentos atribuindo os méritos a terceiros que participaram como anônimos das conquistas que estão sendo celebradas.

Hoje celebramos São Pedro e São Paulo a quem denominamos colunas da Igreja. O Papa Francisco na homilia para essa solenidade falou: Queridos irmãos e irmãs, a Igreja olha para estes dois gigantes da fé e vê dois Apóstolos que transmitiram a força do Evangelho ao mundo, porque antes foram libertados pelo encontro com Cristo”. Na celebração do dia de São Pedro e São Paulo, Francisco recordou diversos momentos nos quais Pedro experimentou o sabor da derrota. O mesmo aconteceu com Paulo que experimentou a própria libertação depois de ter caído do cavalo e de vivenciar com frequência um espinho na carne.

Nos dois casos Jesus os amou desinteressadamente, apostou neles, os encorajou a não desistir e dar a vida pelos irmãos. E de fato ambos fizeram isso Pedro não fez discurso sobre ser missionário; ele agiu como missionário, Paulo não foi um brilhante escritor, antes enviou cartas que permitiam vivenciar e testemunhar aquilo que acreditava.

Nós também, ao longo da vida somos libertados de muitas amarras e sempre temos a necessidade de nos sentir libertos de todo medo que paralisa e nos torna inseguros e fechados em nós mesmos. Sempre e de novo precisamos ser libertos para não ficar paralisados quando nossas atividades e empreendimentos forem mal sucedidos.

Precisamos nos libertar das nossas falsas seguranças, da hipocrisia da nossa exterioridade, da tentação de impor sempre as nossas ideias. Precisamos nos libertar de uma observância religiosa que nos torna rígidos e inflexíveis. Também a nós Jesus da uma missão como a de Pedro: Chaves para abrir portas e construir pontes que nos levem a ligar e desatar os nós e as correntes de nossas vidas.

Ao longo da história, nós e a Igreja vivenciamos de sobra experiências nas quais temos vontade  de desistir de tudo, porém somos convidados a perceber que se chegamos até aqui é porque nos apoiamos em ombros de gigantes, que nesse caso são as colunas da Igreja.

Não sem razão a Igreja reza no início da missa: “Concedei à vossa Igreja seguir em tudo os ensinamentos dos apóstolos que nos deram as primícias da fé".

quinta-feira, 24 de junho de 2021

HOMILIA PARA O DIA 27 DE JUNHO DE 2021 - 13º COMUM - ANO B

 

SER MISSIONÁRIO NAS PERIFERIAS DO MUNDO

Que São Paulo foi o missionário por excelência no início do cristianismo ninguém dúvida. Suas viagens para levar a boa notícia de Jesus fundando comunidades e depois sustentando-as por meio de cartas e deixando algum responsável para continuar a obra que ele havia começado garantiu o crescimento da Igreja nascente.

O texto deste domingo se aplica para os desafios da atualidade e em muito se parece com o nosso cotidiano: “Irmãos: Como tendes tudo em abundância - fé, eloquência, ciência, zelo para tudo, e a caridade de que vos demos o exemplo - assim também procurai ser abundantes nesta obra de generosidade. Na verdade, conheceis a generosidade de nosso Senhor Jesus Cristo: de rico que era, tornou-se pobre por causa de vós, para que vos torneis ricos, por sua pobreza. Não se trata de vos colocar numa situação aflitiva para aliviar os outros; o que se deseja é que haja igualdade”.

Estas palavras de Paulo têm tudo a ver com a insistência do Papa Francisco para que nós também sejamos uma Igreja em saída, capaz de ir ao encontro das periferias do mundo levando daquilo que temos e nos fazendo semelhantes em tudo. Essa inspiração não é outra coisa senão agir do jeito de Jesus, como se vê nos dois casos do Evangelho.

Jesus estava cercado por uma multidão, aproveitava a ocasião para transmitir seu ensinamento, poderia bem ter continuado ali: “Jesus atravessou de novo, numa barca, para a outra margem. Uma numerosa multidão se reuniu junto dele, e Jesus ficou na praia”. Entretanto interpelado pelo pedido de Jairo e enquanto caminhava pela mulher que lhe tocou o manto tomou atitudes decisivas e corajosas contrariando as expectativas da multidão e sendo até ridicularizado por alguns que não acreditavam na força da sua palavra: Ele estava ainda falando, quando chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga, e disseram a Jairo: 'Tua filha morreu. Por que ainda incomodar o mestre?' Jesus ouviu a notícia e disse ao chefe da sinagoga: 'Não tenhas medo. Basta ter fé!'  Quando chegaram à casa do chefe da sinagoga, Jesus viu a confusão e como estavam chorando e gritando. Então, ele entrou e disse: 'Por que essa confusão e esse choro? A criança não morreu, mas está dormindo'. Começaram então a caçoar dele. Mas, ele mandou que todos saíssem, menos o pai e a mãe da menina, e os três discípulos que o acompanhavam. Depois entraram no quarto onde estava a criança. Jesus pegou na mão da menina e disse: 'Talitá cum' - que quer dizer: 'Menina, levanta-te!”

A ação de Jesus confirma a sabedoria da primeira leitura: Deus não fez a morte, nem tem prazer com a destruição dos vivos. Ele criou todas as coisas para existirem, e as criaturas do mundo são saudáveis: nelas não há nenhum veneno de morte, nem é a morte que reina sobre a terra: pois a justiça é imortal. Deus criou o homem para a imortalidade e o fez à imagem de sua própria natureza”.

Ontem como hoje, Jesus continua nos convidando a segui-lo indo ao encontro de todos os que não tem coragem de ficar de pé, ou excluídos sem coragem de se expor ou identificar-se, tomando-os pela mão e lhes dando de comer. Como a comunidade de Corinto nós também podemos ter a certeza que: “Assim haverá igualdade, como está escrito: Quem recolheu muito não teve de sobra e quem recolheu pouco não teve falta”.

Esta convicção nos faz rezar com o salmista:

R. Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes
e preservastes minha vida da morte.!

2Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes,*
e não deixastes rir de mim meus inimigos!
4Vós tirastes minha alma dos abismos*
e me salvastes, quando estava já morrendo!

5Cantai salmos ao Senhor, povo fiel,*
dai-lhe graças e invocai seu santo nome!
6Pois sua ira dura apenas um momento,*
mas sua bondade permanece a vida inteira;
se à tarde vem o pranto visitar-nos,*
de manhã vem saudar-nos a alegria.

11Escutai-me, Senhor Deus, tende piedade!*
Sede, Senhor, o meu abrigo protetor!
12Transformastes o meu pranto em uma festa,*
13Senhor meu Deus, eternamente hei de louvar-vos!

terça-feira, 15 de junho de 2021

HOMILIA PARA O DIA 20 DE JUNHO DE 2021 - 12º COMUM - ANO B

 SENHOR AUMENTA A NOSSA FÉ!

No dia 27 de março de 2020, no auge do isolamento social e da primeira grande onda da COVID 19, 0 Papa Francisco rezou sozinho na Praça de São Pedro e comentou o texto do Evangelho que a liturgia propõe para esse 12º domingo do tempo comum. Na ocasião disse o Papa: “À semelhança dos discípulos do Evangelho, fomos surpreendidos por uma tempestade inesperada e furibunda. Nos demos conta de estar no mesmo barco, todos frágeis e desorientados, mas chamados a remar juntos e necessitados de encorajamento mútuo”.

De uma coisa é certa nossa vida é frequentemente agitada por gigantescas ondas que desnudam nossas falsas seguranças e expõe a fragilidade das nossas seguranças. À medida que cai a maquiagem das nossas seguranças e certezas somos desafiados com a pergunta de Jesus: Porque são tão medrosos? Ainda não tem suficiente fé?

As leituras deste domingo são claras a quem devemos recorrer quando não entendemos as razões das nossas provações e dificuldades. Seja a Jó, o inocente e sofredor como a cada um de nós a primeira leitura é um alento e segurança: O Senhor respondeu a Jó, do meio da tempestade, e disse: Quem fechou o mar com portas, quando ele jorrou com ímpeto do seio materno, quando eu lhe dava nuvens por vestes e névoas espessas por faixas; quando marquei seus limites e coloquei portas e trancas, e disse: 'Até aqui chegarás, e não além; aqui cessa a arrogância de tuas ondas?”.

E São Paulo anima aos coríntios cujas palavras servem também para nós: O amor de Cristo nos pressiona, De fato, Cristo morreu por todos,
para que os vivos não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. Portanto, se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu”.
Isso significa dizer que se confiamos em Deus e no seu Cristo não precisamos ter medo.

A ordem que Jesus deu aos discípulos continua sendo repetida para cada um de nós: Vamos para a outra margem!” mesmo que essa travessia implique enfrentar ventanias e ondas bravias. Segundo o Papa Francisco nós e a Igreja inteira não podemos ficar trancada nas seguranças das praias calmas, antes somos desafiados a singrar os mares que nos levem aos recantos do mundo, às periferias da nossa existência. “Vamos para outra margem...” Isso significa igreja missionária, e para isso é necessário ousadia, coragem e superação do medo.

Não podemos nos deixar paralisar pelo medo dos novos horizontes, como uma pequena barca agitada e ameaçada pelos desafios do mundo que se traduzem em violência, doenças, desemprego, corrupção, autoritarismo, populismo e uma infinita lista de tempestades não podemos esquecer-nos daquele a “quem até o vento e o mar e obedecem”. Afinal é isso que rezamos no salmo desse domingo:

R. Dai graças ao Senhor, porque ele é bom,
porque eterna é a sua misericórdia!

Os que sulcam o alto-mar com seus navios,
para ir comerciar nas grandes águas,
testemunharam os prodígios do Senhor
e as suas maravilhas no alto-mar.

Ele ordenou, e levantou-se o furacão,
arremessando grandes ondas para o alto;
aos céus subiam e desciam aos abismos,
seus corações desfaleciam de pavor.

Mas gritaram ao Senhor na aflição,
e ele os libertou daquela angústia.
Transformou a tempestade em bonança,
e as ondas do oceano se calaram.

Alegraram-se ao ver o mar tranquilo,
e ao porto desejado os conduziu.
Agradeçam ao Senhor por seu amor
e por suas maravilhas entre os homens!

quinta-feira, 10 de junho de 2021

HOMILIA PARA O DIA 13 DE JUNHO DE 2021 - 11º DOMINGO COMUM - ANO B - MEMÓRIA DE SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA

 

COMO É BOM AGRADECER AO SENHOR

A piedade popular recorda nesse domingo Santo Antônio, cuja vida foi marcada por uma série de pequenos gestos de bondade e que mostraram como Deus age nas pessoas e na história transformando realidades que muitas vezes parecem impossíveis.

Não precisamos de longos discursos para perceber como as três leituras deste domingo revelam um Deus que não está preocupado em mostrar suas grandes obras, mas que na singeleza do cotidiano realiza maravilhas aos nossos olhos.

Na primeira leitura o profeta declara a ação de Deus: “Eu mesmo tirarei um galho da copa do cedro, do mais alto de seus ramos arrancarei um broto e o plantarei sobre um monte alto e elevado. Ele produzirá folhagem, dará frutos e se tornará um cedro majestoso”.

São Paulo escreve aos coríntios para lhes tranquilizar quanto a finitude dessa vida e a precariedade da nossa breve existência: “Estamos sempre cheios de confiança e bem lembrados de que, enquanto moramos no corpo, somos peregrinos longe do Senhor; Mas estamos cheios de confiança, essas palavras recordam que as incertezas e a transitoriedade da existência terrena em nada podem ser comparadas com o encontro definitivo com o Deus da Vida.

O Reino de Deus não se manifesta no extraordinário e no fantástico, antes: “O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra. Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece”. Da nossa parte resta que não percamos a esperança e a confiança. Esperança, não de quem fica de braços cruzados aguardando que as coisas aconteçam, mas no sentido de quem se põe a semear as pequenas sementes do cotidiano. São essas sementes que vão transformando e frutificando independente das nossas capacidades, limites, acertos ou fracassos. Os tempos de Deus não são os nossos tempos, façamos a nossa parte e confiemos na poderosa mão de Deus. Cultivemos a perseverança e continuemos a semear os valores do evangelho. Nos pequenos gestos de bondade, solidariedade, fraternidade e comunhão que realizamos o Reinado de Deus vai garantindo a alegria da Colheita.

Nesse sentido ganha ainda mais importância a oração do Salmo que fazemos nesse domingo.

R. Como é bom agradecermos ao Senhor.

2Como é bom agradecermos ao Senhor*
e cantar salmos de louvor ao Deus Altíssimo!
3Anunciar pela manhã vossa bondade,*
e o vosso amor fiel, a noite inteira.R.

13O justo crescerá como a palmeira,*
florirá igual ao cedro que há no Líbano;
14na casa do Senhor estão plantados,*
nos átrios de meu Deus florescerão.R.

15Mesmo no tempo da velhice darão frutos,*
cheios de seiva e de folhas verdejantes;
16e dirão: 'É justo mesmo o Senhor Deus:*
meu Rochedo, não existe nele o mal!'

sexta-feira, 28 de maio de 2021

HOMILIA PARA O DIA 03 DE JUNHO DE 2021 - CORPUS CHRISTI - ANO B

 

TODAS AS MINHAS FONTES ESTÃO EM TI

É ponto pacífico para todos que saciar a fome de pão é uma necessidade indiscutível. Não sem razão as instituições e organizações da sociedade e todas as nossas paróquias tem um serviço de assistência social para atender o cinturão de pobreza que circunda nossas casas.

Todos aqueles que organizam campanhas para diminuir os sofrimentos das pessoas tem sempre motivações maiores do que o simples gesto de dar e doar coisas. Para os cristãos as campanhas solidárias tem sua fundamentação, razão e fonte na Eucaristia.

É da força desse sacramento que se origina toda a ação dos batizados para fazer frente aos sofrimentos de cada tempo. Estamos todos convencidos que na Eucaristia está a fonte da vida e da missão da cristã.

Façam isso em minha memória! E a memória de Jesus não se restringe ao momento da instituição da Eucaristia, mas a toda sua vida e todas as suas ações. Acolher os pequenos e pobres, comer com os pecadores, cuidar dos doentes e desemparados. Adorar Jesus na Eucaristia e participar da comunhão devem incidir direta e profundamente em nossa vida diária fazendo-nos testemunhas reconhecíveis da Boa Notícia de Jesus em nosso ambiente de trabalho e em todas as nossas relações sociais.

E desta tarefa ninguém está dispensado, assim afirmou Bento XVI aos jovens reunidos na Austrália em 2008: “Só jovens corajosos, com mente e coração abertos aos ideais mais elevados e generosos poderão restituir beleza e verdade à vida e às relações humanas”.

Por sua vez São João Paulo II recordou que a Eucaristia alimenta o amor das crianças de modo que possam dizer “Jesus me ama eu o amo! E para que isso aconteça de maneira efetiva dá-nos a graça de ser inocentes, generosos, bons, obedientes e alegres, porque a alegria é a fonte da bondade”.

E Francisco recomenda a todos os que se unem a Cristo pelo sacramento que não se distanciem dos pobres, dos doentes, dos perseguidos, essa atitude conduzirá todos à perfeição. Não se esqueçam diz o Papa, todos tem o direito de receber o evangelho e um banquete apreciável.

Estas palavras de Francisco nos fazem recordar mais uma vez São João Paulo II: “Não podemos nos aproximar da Eucaristia sem nos deixar arrastar para a missão que vá ao encontro de todas as pessoas”.

Por isso mesmo nossas celebrações terminam com uma saudação de envio: “Vão em paz o Senhor seja a sua força que ele permaneça com vocês todos os dias”.

quinta-feira, 27 de maio de 2021

HOMILIA PARA O DIA 30 DE MAIO DE 2021 - SANTÍSSIMA TRINDADE - ANO B

 

A MEDIDA DO AMOR É AMAR SEM MEDIDA

Essa frase atribuída a Santo Agostinho é o slogan adequado para falar de duas realidades que não se explicam com palavras. No linguajar cotidiano costuma-se dizer que o amor de mãe é imensurável, mas o que significa isso senão uma cópia humanizada do que é o amor de Deus. As mães estão sempre prontas para defender os filhos, e não importa qual foi a última confusão na qual se meteram. Pois esse é o perfil do amor de Deus descrito nas leituras deste domingo quando celebramos a Santíssima Trindade.

O texto do deuteronômio apresenta Deus que vai ao encontro das pessoas que fala num linguajar que podem entender que lhes aponta caminhos seguros nos quais Ele mesmo intervém quando aqueles que ele ama se sentem ameaçados e inseguros nas travessias: Existe, porventura, algum povo que tenha ouvido a voz de Deus falando-lhe do meio do fogo, ou terá jamais algum Deus vindo escolher para si um povo entre as nações, por meio de provações, de sinais e prodígios, por meio de combates, com mão forte e braço estendido, e por meio de grandes terrores, como tudo o que por ti o Senhor vosso Deus fez. Reconhece, pois, hoje, e grava-o em teu coração, que o Senhor é o Deus lá em cima do céu e cá embaixo na terra, e que não há outro além dele”.

É importante que nos perguntemos sobre nossa relação com Deus. Compreendemos e recorremos a ele como um Deus amoroso e sensível ao nosso cotidiano e às nossas fraquezas ou cultivamos a imagem de um Deus intolerante, duro e insensível sempre disposto a castigar e vingar sem piedade os deslizes humanos. Celebrar a Santíssima Trindade implica um convite para descobrir o verdadeiro rosto de Deus.

São Paulo escreve aos romanos: “Todos aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. De fato, vós não recebestes um espírito de escravos, para recairdes no medo, mas recebestes um espírito de filhos adotivos, no qual todos nós clamamos: Abá - ó Pai” Estas palavras são a confirmação que o Deus em quem acreditamos não é alguém que vê de longe e com indiferença os dramas e sofrimentos humanos, mas acompanha com paixão a caminhada da humanidade.

E no Evangelho Jesus esclarece a vinculação das pessoas com a Santíssima Trindade: “Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo”.

Na mesma proporção em que cada batizado é associado a Cristo e a sua missão, recebe dele a mesma tarefa de apresentar a todos sem exceção o convite de Deus para que façam parte da comunidade da trindade. Para cumprir essa missão não é preciso ter medo, ontem como hoje Jesus caminha lado a lado ajudando a superar todas as crises e dificuldades.

Vinculados a comunidade trinitária pelo do dom do batismo é sempre oportuno se perguntar: A minha vida tem sido coerente com essa condição?

Os discípulos receberam a tarefa de continuar a missão de Jesus e testemunhar o amor de Deus pela humanidade.  Nós, batizados, que recebemos a mesma missão podemos afirmar que os irmãos com quem cruzamos pelos caminhos conseguem ver em nossos gestos, palavras e ações os do amor de Deus? Nossas comunidades são imagens vivas da família de Deus e do amor com que Deus ama todos?

Neste tempo tão incerto e obscuro que estamos atravessando peçamos a graça da coerência e a coragem de amar com a mesma medida de Deus e superar as indiferenças do mundo.

quinta-feira, 20 de maio de 2021

HOMILIA PARA O DIA 23 DE MAIO DE 2021 - DOMINGO DE PENTECOSTES - ANO B

 

CONSTRUIR COMUNHÃO E UNIDADE

Poucas coisas são mais significativas em nosso cotidiano do que participar de campanhas solidárias para diminuir o sofrimento das pessoas. Neste tempo de pandemia foi possível experimentar de maneira mais intensa experiência de ajuda-mútua e caridade fraterna. Ao mesmo tempo em que a pandemia teve uma duração maior do que as autoridades sanitárias previam inicialmente aos poucos as pessoas foram tomadas de certo cansaço e quase desilusão dando espaços para discussões sobre fatos e situações de pouca importância. Ora, isso que acontece conosco é muito semelhante à experiência da comunidade de Corinto para quem São Paulo escreve a carta que é a segunda leitura desse domingo.

Os coríntios eram fervorosos na oração, mas não servem de exemplo quando se refere à vivência da fraternidade e da comunhão: Irmãos: Ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor a não ser no Espírito Santo. Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito. Há diversidade de ministérios, mas um mesmo é o Senhor. Há diferentes atividades, mas um mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum”. Estas palavras de Paulo caem como uma luva em nossas mãos à medida que também nós nos consideramos “o umbigo do mundo”, a “última bolacha do pacote” os “escolhidos e iluminados” e tratamos aqueles que não fazem parte do nosso grupo como se fosse gente de segunda categoria.

Na mesma proporção em que vivenciamos coisas boas e bonitas neste tempo de pandemia, também somos atormentados por uma série de situações que fogem ao nosso controle e ameaçam o futuro das nossas comunidades e da sociedade como um todo. Nesse contexto, Jesus se revela a nós, como para os discípulos no Evangelho de hoje: “Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e pondo-se no meio deles, mostrou-lhes as mãos e o lado” Fazendo-se reconhecer lhes dá uma vacina de ânimo que transforma a aquele minúsculo e medroso grupo na Igreja que deitou raízes pelo mundo inteiro: “A paz esteja com vocês”! Ora, como os discípulos de outrora, também nós muitas vezes somos medrosos e nos fechamos em nosso pequeno mundo e em nossas grandes verdades.

Esquecemo-nos que nossa condição de cristãos é definida por uma vida dada, partilhada e fortalecida pelo sopro do Espírito Santo que nos impulsiona a transformar nossas fraquezas e limitações em serviço capaz de derrotar nossa covardia e desilusão fazendo-nos sonhar com um mundo novo.

O dom do Espírito Santo deve nos fazer proclamar como os cristãos dos Atos dos Apóstolos: Somos gente de todas as partes e com muitos modos de pensar e agir não importa de onde viemos e para onde vamos, importa que nos deixemos guiar pelo Espírito Santo.

O Espírito é luz que alumia, convoca e envia a Igreja em missão, renova a esperança e anuncia o dia da festa e da libertação.

Creio no Espírito Santo que renova o homem com a liturgia creio no Espírito Santo que mata a fome na Eucaristia.

Há um povo faminto ao meu lado sedento de paz, com fome de amor, não falte a justa partilha na mesa do pobre o pão do Senhor.

Ele ajuda fazer a história recriando a vida faz um mundo novo, e faz na Igreja a memória de olhos abertos pra fome do povo.

 

 

 https://www.youtube.com/watch?v=-6YvFBtmZCA

sexta-feira, 14 de maio de 2021

HOMILIA PARA O DIA 16 DE MAIO DE 2021 - DOMINGO DA ASCESÃO - DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS - ANO B

 

IR E CONSTRUIR PONTES

O Papa Francisco, na mensagem que escreveu para esse domingo da ascensão também dedicado ao dia das comunicações sociais, encerrou sua declaração com esta oração:

Senhor, ensinai-nos a sair de nós mesmos,
e partir à procura da verdade.

Ensinai-nos a ir e ver,
ensinai-nos a ouvir,
a não cultivar preconceitos,
a não tirar conclusões precipitadas.

Ensinai-nos a ir aonde não vai ninguém,
a reservar tempo para compreender,
a prestar atenção ao essencial,
a não nos distrairmos com o supérfluo,
a distinguir entre a aparência enganadora e a verdade.

Concedei-nos a graça de reconhecer as vossas moradas no mundo
e a honestidade de contar o que vimos.

A oração de Francisco não é outro pedido se não o clamor de quem compreende a mensagem da Palavra de Deus na liturgia desse domingo. No texto dos Atos dos apóstolos depois de contar o sentimento da comunidade e dos discípulos cerca de 30 anos depois da ressurreição de Jesus o autor do texto termina dizendo:Depois de dizer isto, Jesus foi levado ao céu, à vista deles. Uma nuvem o encobriu, de forma que seus olhos não mais podiam vê-lo. Os apóstolos continuavam olhando para o céu, enquanto Jesus subia. Apareceram então dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: 'Homens da Galileia, por que ficais aqui, parados, olhando para o céu? Esse Jesus que vos foi levado para o céu, virá do mesmo modo como o vistes partir para o céu”.

A mensagem que a primeira leitura nos deixa se resume em não ficar admirando o que aconteceu com Jesus, mas caminhar decididamente entregando-nos com todas as nossas forças para que se realize no mundo o projeto de salvação iniciado por Jesus, ou seja, “Senhor, ensinai-nos a sair de nós mesmos e ir aonde ninguém vai, ensinas-nos a construir pontes onde existem muros”.

A oração também nos remete às palavras de São Paulo aos efésios: “O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai a quem pertence a glória, vos dê um espírito de sabedoria que vo-lo revele e faça verdadeiramente conhecer. Que ele abra o vosso coração à sua luz”.  Isso significa que não devemos ter medo de caminhar de mãos dadas ao encontro desse espírito de sabedoria de criar comunhão entre nós e nos deixar guiar pelo Cristo cabeça que está sempre presente no nosso meio.

Afinal, caminhar, sem medo, sem descansar, sem fazer corpo mole é o mandato de Jesus: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura” Para os discípulos de outrora a palavra de Jesus foi uma forma de fazê-los vencer a desilusão e o comodismo e serem testemunhas de um estilo de vida novo e definitivo inaugurado por Ele.

Também a nós o mandato de Jesus não se limita a fazer bonitos discursos, mas assumir a missão com gestos e atitudes de amor, de misericórdia, fraternidade, partilha e justiça. O apelo de Jesus deve arder em nossos corações de modo que não tenhamos medo nem nos deixemos iludir pelos muitos ou poucos meios que dispomos para que a boa noticia do Reino alcance e transforme a vida de todas as pessoas.

Ensinai-nos a ir aonde não vai ninguém,
a reservar tempo para compreender,
a prestar atenção ao essencial,
a não nos distrairmos com o supérfluo,
a distinguir entre a aparência enganadora e a verdade.

Concedei-nos a graça de reconhecer as vossas moradas no mundo
e a honestidade de contar o que vimos.

 

sexta-feira, 7 de maio de 2021

HOMILIA PARA O DIA 09 DE MAIO DE 2021 - 6º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO B

 

AMAR COMO DEUS!

Zygmunt Bauman foi um sociólogo que viveu na Inglaterra até 2017, escreveu mais de 40 livros, entres eles um que se intitula: Amor Líquido. Nessa obra o autor trata da fragilidade das formas de amor contemporâneo. Ele afirma que a era das tecnologias tornou as relações humanas tão frágeis que as pessoas amam e deixam de amar com a mesma facilidade como apertam a tecla “delete” no teclado do computador. Segundo Bauman a modernidade é liquida e por consequência todas as relações humanas são também nesse estágio. Tudo muda com tanta facilidade que as pessoas dizem que amam e deixam de amar com uma rapidez imprevisível.

Pois é exatamente o contrário disso que nos sugere a Palavra de Deus desse domingo. A segunda leitura, sempre da carta de João, insiste em definir Deus e o seu jeito de ser. O autor da carta não fala que Deus ama, ou deixa de amar, pelo contrário diz: “Deus é amor.” E a partir daí aponta para a possibilidade de estar ou não com ele: “Amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece Deus. Quem não ama, não chegou a conhecer a Deus”.

O autor dessa carta não faz uma definição de amor ou de Deus a partir de ideias bonitas, mas a partir da própria essência de Deus: Ele é amor! E o jeito de amar de Deus fica claro na primeira  leitura e no evangelho.

No texto dos atos dos apóstolos: “Pedro tomou a palavra e disse:
'De fato, estou compreendendo que Deus não faz distinção entre as pessoas. Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença”. Isso significa o que é decisivo no jeito de ser de Deus é o amor incondicional, o amor de Deus só não alcança aqueles que decididamente não querem. Quanto a nós que declaramos ser seguidores de Jesus somos desafiados a renovar constantemente a disponibilidade para amar, como Jesus propõe no evangelho.

“Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos. Vós sois meus amigos”.

Não se trata de amar de qualquer jeito ou por algum tempo, ou em determinadas circunstâncias. Não serve cultivar o amor líquido da modernidade que se faz um cópia e cola de acordo com o interesse e deleta ou dá um esc quando alguém já deixou de ser importante para os nossos projetos.

E então o Mestre nos diz, uma vez mais, que nos amemos uns aos outros. Não de qualquer jeito, não com teorias, mas como ele mesmo nos amou. Nossa felicidade terá, enfim, o tamanho das amizades que nosso amor tiver construído. Afinal, viver entre nós o amor maior dos amigos que dão a vida significa, em outras palavras, “permanecer no amor” de Deus, confiando naquele que se fez Amigo.

“Eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto
e o vosso fruto permaneça”. Fazer parte dos amigos de Jesus implica em participar efetivamente da missão de transformar o mundo em um lugar onde o amor triunfe sempre. Somos chamados a dar um basta em toda forma de sofrimento, de egoísmo, de miséria, de injustiça, de opressão e escravidão. Isso significa todos os dias e sempre ser construtores da justiça, da paz, da comunhão e da solidariedade. Afinal é isso que rezamos no salmo desse domingo.

R. O Senhor fez conhecer a salvação e
revelou sua justiça às nações.

1Cantai ao Senhor Deus um canto novo,*
porque ele fez prodígios!
Sua mão e o seu braço forte e santo*
alcançaram-lhe a vitória.R.

2O Senhor fez conhecer a salvação,*
e às nações, sua justiça;
3arecordou o seu amor sempre fiel*
3bpela casa de Israel.R.

3cOs confins do universo contemplaram*
3da salvação do nosso Deus.
4Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira,*
alegrai-vos e exultai!R.