DEUS VERDADEIRO DE DEUS
VERDADEIRO
Ninguém duvida do Mistério
da Santíssima Trindade, mas celebrar a Solenidade de hoje não tem o objetivo de
pensar sobre um mistério insondável, mas de contemplar o extraordinário amor de
Deus pela humanidade. A melhor definição para o mistério que celebramos foi
dada pelo evangelista João: “Deus é amor”.
Por conta dessa verdade a
humanidade inteira é convidada a viver e aperfeiçoar sempre o que chamamos
simploriamente de “amor exigente”. E não basta transformar essa palavra num
slogan a ser repetido, mas encarnar nas ações e na vida toda, a não se
conformar nem tampouco concordar com uma sociedade que diz que ama, enquanto
mantém e alimenta sistemas sociais, econômicos, políticos e religiosos que
excluem, marginalizam e empobrecem centenas de milhares de pessoas.
A solenidade de hoje é um
convite para contemplar Deus que é amor, que é família, que é comunidade, que é
criador e comunhão. Esta compreensão já aparece na primeira leitura em cuja
bondade está inserida toda a obra criada.
Os primeiros estudiosos do
Novo Testamento afirmam que a sabedoria relatada na primeira leitura é o
próprio Jesus a quem Paulo chama de Sabedoria de Deus cuja origem está antes de
todas as demais criaturas. Já nos primeiros três séculos os padres da Igreja
afirmaram que também o Espírito Santo existia antes de todas as outras coisas e
enviando-o ao mundo fez revelar toda a Sabedoria do Pai e do Filho que ainda
não tinha sido compreendido, nem mesmo pelos discípulos que haviam convivido
com o Filho.
Esta leitura nos faz pensar
num Deus que é Pai providente e cuidadoso a quem as pessoas podem contemplar à
medida que descobrirem sua presença na beleza e na harmonia de toda a obra
criada.
São Paulo aos romanos, na
segunda leitura, afirma que o amor de Deus é que perdoa e nos justifica para a
vida plena, por meio de três atitudes, as quais todos somos convidados a
continuar construindo no cotidiano da história.
Em primeiro lugar somos
convidados a uma relação positiva com Deus que se constrói pela promoção da
paz; em segundo lugar ter presente a esperança que nos permite superar toda a
dureza da caminhada. Essa esperança não é a mesma coisa que um otimismo fácil e
irresponsável, mas de uma esperança de que está a caminho e que dá sempre novo
sentido para a vida: em terceiro, e não menos importante, o amor às pessoas.
Ser cristão implica na capacidade de amar como Deus amou, isto é, capaz de dar
a vida para dignificar a vida.
Na mesma dimensão estão as palavras de Jesus no
Evangelho como um convite para a meta final que implica na participação plena e
na comunhão perfeita com o Deus/amor; Deus/família; Deus/comunidade! Quem nos
conduzirá para a comunhão plena é o Espírito da sabedoria. E o Espírito Santo
fará a comunidade sentir a presença consoladora do Senhor. O Espírito da
Sabedoria que existia antes de todos os tempos preencherá de coragem todos os
corações e não permitirá que se sintam decepcionados aqueles que se deixam
guiar pela comunhão da Trindade.