sexta-feira, 22 de abril de 2022

HOMILIA PARA O DIA 24 DE ABRIL DE 2022 - 2º DA PÁSCOA - ANO C

 

ETERNA É A SUA MISERICÓRDIA

Não é raro que a nossa vida seja marcada por dias de penumbra como se fosse o cair da tarde que nos obriga a silenciar e nos recolher na segurança das nossas incertezas. Pois este era o sentimento que rondava a vida dos discípulos nos dias subsequentes à morte de Jesus. O Evangelho de hoje começa de novo com a expressão: “Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam”. A ausência de Jesus entre eles parecia indicar que tudo havia terminado no trágico desfecho da cruz, o medo e o desânimo preenchiam toda a vida dos discípulos.

Porém a verdade ainda não tinha aparecido. O fato de estar com as portas fechadas não impediu que o encontro vivo com Jesus vivo se realizasse de maneira plena: “Jesus entrou e pondo-se no meio deles,
disse: 'A paz esteja convosco'.
E depois de ter dito isto, soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo”.
E lhes envia com uma tarefa que consiste em continuar a missão que haviam iniciado juntos, ou seja, cada discípulo foi enviado a ser portador da mesma paz que recebeu.

Diante dos medos e incertezas que a vida oferece Jesus se apresenta como o sinal de comunhão e o centro onde eles podem se fortalecer no cotidiano da missão.

Longe e desconectados de Jesus somos ramos secos e uma sociedade estéril, fechada e medrosa incapaz de garantir a plenitude da vida sempre querida por Deus!

A leitura do Apocalipse começa com uma afirmação da vida real: Eu, João, vosso irmão e companheiro na tribulação, e também no reino e na perseverança em Jesus” esta frase deixa mais do que claro que a centralidade da vida de uma comunidade é a pessoa de Jesus e que perseverar na sua presença é maneira mais segura para não cair no desanimo e não se deixar engolir pelas provações da vida.

Quando o discípulo percebeu suas forças se esvaírem ouviu a Palavra que lhe deu forças: “Ele colocou sobre mim sua mão direita e disse:
'Não tenhas medo. Eu sou o Primeiro e o Último, aquele que vive.
Estive morto, mas agora estou vivo para sempre. Eu tenho a chave da morte e da região dos mortos”
. Ele é o princípio e o fim de todas as coisas!

 O texto dos Atos dos Apóstolos aponta como a capacidade de caminhar juntos faz da comunidade dos apóstolos o modelo para a Igreja em todos os tempos: “Muitos sinais e maravilhas eram realizados entre o povo pelas mãos dos apóstolos. Crescia sempre mais o número dos que aderiam ao Senhor pela fé; era uma multidão de homens e mulheres”. Em resumo nada é impossível para quem para quem se coloca à sombra de Cristo.

Realizar milagres, não significa sinais extraordinários mas imitar os apóstolos com gestos de acolhida, amor, partilha, solidariedade e paz. Estes são também os verdadeiros milagres que a comunidade cristã pode continuar realizando e dessa maneira dar testemunho da ressurreição de Jesus como diz em outro texto dos Atos dos apóstolos: “Vejam como eles se amam”.

A mensagem central da liturgia desse domingo pode ser resumida na expressão: “não ter medo”! Apesar das situações de insegurança, fome, desemprego, sofrimento, dor e até a própria morte, quando nossos dias terminam como a penumbra da noite que vem chegando, se tivermos como referência para nossas ações a pessoa de Jesus ele será coragem, força e alegria no cotidiano.

Então sim, podemos rezar:

A pedra que os pedreiros rejeitaram,
tornou-se agora a pedra angular.
Pelo Senhor é que foi feito tudo isso:
Que maravilhas ele fez a nossos olhos!
Este é o dia que o Senhor fez para nós,
alegremo-nos e nele exultemos!

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