ETERNA
É A SUA MISERICÓRDIA
Não
é raro que a nossa vida seja marcada por dias de penumbra como se fosse o cair
da tarde que nos obriga a silenciar e nos recolher na segurança das nossas
incertezas. Pois este era o sentimento que rondava a vida dos discípulos nos
dias subsequentes à morte de Jesus. O Evangelho de hoje começa de novo com a
expressão: “Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os
discípulos se encontravam”. A ausência
de Jesus entre eles parecia indicar que tudo havia terminado no trágico desfecho
da cruz, o medo e o desânimo preenchiam toda a vida dos discípulos.
Porém a verdade ainda não tinha
aparecido. O fato de estar com as portas fechadas não impediu que o encontro
vivo com Jesus vivo se realizasse de maneira plena: “Jesus entrou e pondo-se no meio deles,
disse: 'A paz esteja convosco'. E depois de ter dito isto, soprou
sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo”. E lhes envia com uma tarefa que
consiste em continuar a missão que haviam iniciado juntos, ou seja, cada
discípulo foi enviado a ser portador da mesma paz que recebeu.
Diante dos medos e incertezas que a
vida oferece Jesus se apresenta como o sinal de comunhão e o centro onde eles
podem se fortalecer no cotidiano da missão.
Longe e desconectados de Jesus
somos ramos secos e uma sociedade estéril, fechada e medrosa incapaz de
garantir a plenitude da vida sempre querida por Deus!
A
leitura do Apocalipse começa com uma afirmação da vida real: “Eu, João, vosso irmão e companheiro na tribulação, e também no reino e na
perseverança em Jesus” esta frase deixa mais do que claro que a centralidade
da vida de uma comunidade é a pessoa de Jesus e que perseverar na sua presença
é maneira mais segura para não cair no desanimo e não se deixar engolir pelas
provações da vida.
Quando o discípulo percebeu suas
forças se esvaírem ouviu a Palavra que lhe deu forças: “Ele colocou sobre mim sua mão direita e disse:
'Não tenhas medo. Eu sou o Primeiro e o Último, aquele que vive.
Estive morto, mas agora estou vivo para sempre. Eu tenho a
chave da morte e da região dos mortos”. Ele é o princípio e o fim de todas as coisas!
O texto dos Atos dos
Apóstolos aponta como a capacidade de caminhar juntos faz da comunidade dos
apóstolos o modelo para a Igreja em todos os tempos: “Muitos
sinais e maravilhas eram realizados
entre o povo pelas mãos dos apóstolos. Crescia
sempre mais o número dos que aderiam ao Senhor pela fé; era uma multidão
de homens e mulheres”. Em resumo nada é impossível para quem para quem se
coloca à sombra de Cristo.
Realizar milagres, não significa
sinais extraordinários mas imitar os apóstolos com gestos de acolhida, amor,
partilha, solidariedade e paz. Estes são também os verdadeiros milagres que a
comunidade cristã pode continuar realizando e dessa maneira dar testemunho da
ressurreição de Jesus como diz em outro texto dos Atos dos apóstolos: “Vejam como eles se amam”.
A mensagem central da liturgia desse
domingo pode ser resumida na expressão: “não ter medo”! Apesar das situações de
insegurança, fome, desemprego, sofrimento, dor e até a própria morte, quando
nossos dias terminam como a penumbra da noite que vem chegando, se tivermos
como referência para nossas ações a pessoa de Jesus ele será coragem, força e
alegria no cotidiano.
Então sim, podemos rezar:
A pedra
que os pedreiros rejeitaram,
tornou-se agora a pedra angular.
Pelo Senhor é que foi feito tudo isso:
Que maravilhas ele fez a nossos olhos!
Este é o dia que o Senhor fez para nós,
alegremo-nos e nele exultemos!
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