O
SENHOR FEZ CONHECER A SALVAÇÃO
O
pênalti na trave chutado pelo Marquinhos foi só o derradeiro momento de 120
minutos de muita tensão e expectativa e que enterrou mais uma vez o sonho do
hexa. O Brasil inteiro estava parado naquela trágica sexta-feira esperando a
vitória que nos aproximaria do sonho que vem se repetindo há vinte anos. Ora,
guardadas as proporções, o povo de Israel, alimentou durante centenas de anos a
expectativa da vinda do Messias, daquele que iria restaurar a grandeza do
reinado de Davi. É nessa perspectiva que podemos ler e interpretar a Palavra de
Deus proclamada na liturgia que estamos celebrando.
Isaias
anuncia a presença de uma figura extraordinária: “Como são belos, andando sobre os montes, os pés de quem anuncia e prega
a paz, de quem anuncia o bem e prega a salvação, e diz a Sião: "Reina teu
Deus!" A mensagem do profeta é um convite para substituir a frustração
e a tristeza pela alegria, o desencanto pela esperança.
Em
poucas palavras o convite do Profeta é um canto de alegria e de festa, apesar
de todas as dificuldades as promessas de Deus vão se tornar realidade em favor
do seu povo.
A
segunda leitura é uma carta dirigida para uma comunidade em situação muito
difícil e que por causa das perseguições, sofrimentos e derrotas facilmente se
deixava vencer pelo medo e pela desolação. O autor apresenta a extraordinária
dimensão do plano salvador que Deus tem para a humanidade, com isso ele quer
estimular os cristãos a não perderem o fervor inicial: “Muitas vezes
e de muitos modos falou Deus outrora aos nossos pais, pelos profetas; nestes
dias, que são os últimos, ele nos falou por meio do Filho”.
Jesus é a mais extraordinária manifestação de Deus
em favor do seu povo: “Este é o esplendor
da glória do Pai, a expressão do seu ser. Ele sustenta o universo com o poder
de sua palavra. Tendo feito a purificação dos pecados, ele sentou-se à direita
da majestade divina, nas alturas”.
No Evangelho João reafirma a existência do Filho
antes de tudo e de todas as coisas. Usa a expressão “verbo de Deus” para deixar
claro que o Filho sempre existiu e que agora assume a condição humana para
eliminar do convívio humano tudo o que dificulta e impede que as relações entre
as pessoas sejam plenas de vida e de luz. A encarnação da Palavra cumprirá sua
missão quando todas as criaturas alcançarem a condição de filhos e filhas
amados de Deus, ou como diz São Paulo em outra ocasião: “Até que Cristo se forme em todos”. De forma poética o evangelista
descreve a ação de Deus no mundo: “No
princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus. No
princípio estava ela com Deus. Tudo foi feito por ela e sem ela nada se fez de
tudo que foi feito. Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz
brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la”.
Acolher a Palavra que se fez gente é a condição
para participar na vida de Deus, ou seja estabelece uma nova relação entre o
mundo terreno e o mundo divino. Em Jesus Cristo a humanidade já não vive mais a
experiência de uma derrota depois de uma difícil partida e um pênalti perdido.
A palavra que se fez gente permite que todos nos
tornemos filhos no Filho e oferece para todos a possibilidade de ser uma
criatura nova, acabada e perfeita.
Essa certeza nos faz cantar
com o salmista:
Os
confins do universo contemplaram
a salvação do nosso Deus.