DEUS É BOM, CLEMENTE E FIEL!
São muitas as ocasiões do cotidiano que as
pessoas têm dificuldade de expressar com clareza a sua opinião sobre um
determinado assunto, ou relatar os detalhes de alguma situação particular. E
sempre que isso acontece é preciso recorrer a figuras de linguagem, a
metáforas, comparações e exemplos para se fazer entender.
Pois recurso de linguagem é uma das formas
de escrever utilizada pelos autores sagrados em distintas ocasiões com o
intuito de fazer compreender como Deus age na história. Neste domingo a Palavra
de Deus proclamada nas celebrações litúrgicas tem por objetivo assegurar que a
lógica de Deus nem sempre se equipara com as propostas humanas. A acolhida, o
cuidado, a misericórdia, a paciência de Deus supera infinitamente o desejo de
justiça e o sentido de pertença cultivado no cotidiano das pessoas e da
sociedade do seu tempo e porque não dizer nos tempos atuais.
O livro da Sabedoria descreve Deus com
palavras extraordinárias: “A tua força é princípio da tua justiça, e o teu
domínio sobre todos te faz para com todos indulgente. Mostras a tua força a
quem não crê na perfeição do teu poder; e nos que te conhecem, castigas o seu
atrevimento. No entanto, dominando tua própria força, julgas com clemência e
nos governas com grande consideração: pois quando quiseres, está ao teu alcance
fazer uso do teu poder”.
Independentemente dessa grandeza Deus age com misericórdia e convida todas as
pessoas a terem o mesmo sentimento de compaixão e acolhida para com todos.
Deus não tinha que provar nada a
ninguém, mas o autor do livro da Sabedoria conclui o texto de hoje com uma
lição que se aplica para os tempos contemporâneos: “No entanto, dominando tua própria força, julgas com
clemência e nos governas com grande consideração: pois quando quiseres, está ao
teu alcance fazer uso do teu poder. Assim procedendo, ensinaste ao teu povo que
o justo deve ser humano; e a teus filhos deste a confortadora esperança de que
concedes o perdão aos pecadores”.
São Paulo,
aos Romanos reforça como Deus, por seu Espírito Santo vem em socorro da fraqueza
humana, sobretudo quando as pessoas não sabem distinguir entre aquilo que
necessitam a quilo que pedem: “O
Espírito vem em socorro da nossa fraqueza. Pois nós não sabemos o que
pedir, nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor”.
Paulo procura clarear aos destinatários da sua carta que todas as criaturas
humanas são filhos amados de Deus a quem ele não deixa perdidos e inseguros diante
das provações. Deus ama a todos incondicionalmente e oferece gratuitamente a
salvação.
A parábola
do joio e do trigo, que Jesus conta hoje para destacar o modo de agir de Deus
merece ser entendida no contexto de toda a vida de Jesus. Em sua caminhada pela
Palestina de outrora Jesus não excluiu ninguém, nem tampouco discriminou
qualquer pessoa, pelo contrário no convívio com pecadores e marginalizados
mostrou que todas as pessoas têm oportunidade de crescer na prática do bem na
verdade, na comunhão e na concórdia. O Reino de Deus que Jesus anunciou não é
um clube de perfeitos, uma exclusividade para santos e bons. No Reino de Deus
todos tem oportunidade para crescer e amadurecer suas escolhas, todos têm oportunidade
de experimentar a graça de Deus e de fazer a melhor escolha ao longo do tempo.
Ao contrário
dos fariseus que consideram a sua religião como único caminho para Deus, de
modo nenhum os que estavam irregulares perante a lei poderiam fazer parte da
assembleia dos escolhidos. Jesus dá uma lição clara e objetiva: Na lógica de
Deus não cabem a exclusão e a segregação de alguns em benefício dos outros. Sem
fazer distinção, Deus oferece oportunidade para todos, no final dos tempos
aqueles que não aceitarem terão o seu julgamento. O cuidado com o trigo não
permite arrancar o joio, porque facilmente pode ser confundido um e outro,
assim também na convivência cotidiana. Não cabe nos planos de Deus confiar a
quem quer que seja a tarefa de separar bons e maus, deve ficar claro que em
todas as pessoas e em todos os lugares convivem o bem e o mal. (Parábola
chinesas dos dois cães).
Para compreender a lógica de Deus basta rezar com serenidade
e firmeza o salmo previsto para esse domingo:
Ó Senhor, vós sois bom, sois clemente e fiel!
Ó Senhor, vós sois bom e clemente,*
sois perdão para quem vos invoca.
Escutai, ó Senhor, minha prece,*
o lamento da minha oração! R.
As nações que criastes virão*
adorar e louvar vosso nome.
Sois tão grande e fazeis maravilhas:*
vós somente sois Deus e Senhor! R.
Vós, porém, sois clemente e fiel,*
sois amor, paciência e perdão.
Tende pena e olhai para mim!*
Confirmai com vigor vosso servo. R