quarta-feira, 9 de outubro de 2024

HOMILIA PARA O DIA 10 DE NOVEMBRO DE 2024 - 32º DOMINGO COMUM - ANO B

 

O SENHOR É FIEL PARA SEMPRE

 

A liturgia de hoje nos conduz a uma reflexão profunda sobre generosidade, confiança em Deus e a verdadeira entrega do coração. A partir das leituras, podemos perceber como Deus valoriza uma doação genuína, que vai além dos ritos externos e das aparências, sendo uma entrega total a Ele e aos irmãos.

No primeiro livro dos Reis (1Rs 17,10-16), encontramos a história do profeta Elias e da viúva de Sarepta. Numa época de grande seca e fome, Elias pede a essa pobre viúva, que já não tinha praticamente nada, que lhe oferecesse pão. Sua resposta revela uma confiança e generosidade surpreendentes: mesmo com escassos recursos, ela dá tudo o que tem, e Deus, em sua providência, multiplica o alimento. O gesto dessa mulher, aparentemente insignificante aos olhos do mundo, revela uma fé imensa em Deus. Ela entrega o pouco que tem, e, em troca, Deus não a abandona.

O Evangelho de Marcos (Mc 12,38-44) nos oferece uma cena semelhante: Jesus observa as pessoas depositando suas ofertas no templo. Entre muitos ricos, destaca-se uma pobre viúva que oferece duas pequenas moedas. Esse gesto aparentemente simples e pequeno chamou a atenção de Jesus. Ele nos ensina que Deus não se impressiona com a quantidade ou com grandes manifestações externas, mas com a intenção e a generosidade do coração. O que aquela viúva ofereceu não foi uma quantia grande, mas foi tudo o que tinha. E isso é o que agrada a Deus: uma entrega completa, uma doação que brota de um coração cheio de fé e confiança.

Aqui encontramos um paralelo importante com o que o Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade nos tem ensinado. O que Deus quer de nós não é apenas a participação em ritos ou a ostentação de práticas religiosas, mas uma atitude de escuta, diálogo e caminhada conjunta com Ele e com nossos irmãos. O Sínodo destaca que a verdadeira vida cristã se faz no dia a dia, nas pequenas escolhas, na disponibilidade de nos doarmos ao outro. Em resumo a Deus não interessam grandes manifestações religiosas ou ritos externos mais ou menos suntuosos, mas uma atitude permanente de entrega nas suas mãos, de disponibilidade para os seus projetos, de acolhimento generoso dos seus desafios.

A carta aos Hebreus (Hb 9,24-28) nos lembra que Cristo foi o maior exemplo dessa entrega total. Ele não ofereceu a Deus sacrifícios materiais, mas a si mesmo. Sua morte na cruz foi o gesto supremo de doação, e por meio dessa entrega, Ele abriu para nós as portas da salvação. Ele se entregou por amor a nós, sem reservas.

Nós, como comunidade cristã, somos chamados a viver essa mesma lógica de doação. Muitas vezes, pensamos que nossa contribuição é pequena ou insignificante diante dos grandes problemas do mundo. No entanto, Deus não nos pede grandes quantidades ou feitos grandiosos, Ele pede a nossa totalidade, o nosso "tudo", mesmo que esse "tudo" pareça pequeno aos olhos dos outros.

O Salmo 145 que rezamos hoje nos convida a reconhecer a fidelidade de Deus e a confiar plenamente n’Ele, que “faz justiça aos oprimidos”, “dá pão aos famintos” e “ampara o órfão e a viúva”. Essa confiança no Senhor nos impulsiona a sermos generosos e a acolher os seus desafios, certos de que Ele nunca nos abandona.

Portanto, queridos irmãos e irmãs, sejamos como a viúva de Sarepta e como a viúva do Evangelho: generosos, confiantes e dispostos a entregar o nosso coração a Deus. Que o nosso serviço na comunidade seja sinodal, caminhando juntos, escutando uns aos outros e doando-nos em favor dos nossos irmãos. Porque a verdadeira grandeza não está no que possuímos, mas naquilo que somos capazes de oferecer de coração.

Que possamos viver essa generosidade no nosso dia a dia, confiando sempre na providência divina. Amém.

AÇÃO DE GRAÇAS PELOS MEUS 34 ANOS DE ORDENAÇÃO PRESBITERAL - 03/11-2024

 

34 ANOS SERVINDO

NA ALEGRIA E NA CARIDADE

Hoje, ao celebrar 34 anos de ordenação presbiteral, meu coração transborda gratidão. Refletindo sobre essa jornada, não posso deixar de lembrar da palavra de São Paulo em 1 Coríntios 9, 16-23, no texto que foi proclamado no dia da minha ordenação. O texto recorda a beleza e a responsabilidade do chamado que recebi. O apóstolo ensina que, pregar o Evangelho, não é motivo para glorias, pois é um dever que foi confiado. Assim, ao longo destes anos, procurei viver essa missão com o espírito de alegria e caridade.

Agradeço a Deus por cada oportunidade de servir, por cada encontro que me permitiu tocar vidas e ser tocado por elas. Em cada celebração, em cada aconselhamento, em cada gesto de amor, experimentei a alegria de ser um instrumento de Sua paz. Cada desafio enfrentado, cada lágrima derramada e cada sorriso partilhado foram momentos que moldaram minha vocação e aprofundaram minha fé.

Sinto que, ao longo dessa caminhada, fui chamado a servir não apenas os que já conhecem a Deus, mas também aqueles que ainda buscam a luz em meio às trevas. Isso sempre me lembrou que a caridade deve estar no centro da minha missão. Acredito que ao servir na alegria e na caridade, estou refletindo o amor de Cristo que nos une e nos transforma.

A cada dia, busco ser um testemunho da esperança que brota da fé, e sou eternamente grato por ter a oportunidade de viver essa vocação. Obrigado, Senhor, por me permitir ser parte da vida da sua Igreja e por me dar a chance de caminhar ao lado de tantas pessoas que, assim como eu, buscam a verdade e a felicidade em Ti.

Que eu continue a servir na alegria e na caridade, sempre aberto à ação do Espírito Santo, para que a minha vida e ministério sejam um reflexo do amor e da misericórdia que encontrei em Jesus Cristo. Amém.

HOMILIA PARA O DIA 03 DE NOVEMBRO DE 2024 - DOMINGO DE TODOS OS SANTOS - ANO B

 

EM DEUS EXPERIMENTAMOS

A PLENITUDE DA ALEGRIA

Hoje, no Dia de Todos os Santos, a Igreja nos convida a refletir sobre o futuro glorioso que Deus reserva aos seus amigos no Reino celeste. Esse futuro não é apenas um estado de paz, mas a plenitude da alegria, onde Deus é a própria fonte de felicidade. As leituras que ouvimos hoje nos direcionam para essa realidade, especialmente o Evangelho das Bem-aventuranças (Mt 5,1-12a).

No Apocalipse (Ap 7,2-4.9-14), temos uma visão grandiosa: uma multidão incontável, de todas as nações, línguas e povos, diante do trono de Deus. Eles são aqueles que passaram pela grande tribulação e, agora, revestidos de vestes brancas, participam da alegria eterna no céu. Esses são os santos, que, em suas vidas, foram marcados pela fidelidade e pelo amor a Deus, e agora vivem em comunhão plena com Ele.

O Salmo 23 nos lembra que o mundo e tudo o que nele existe pertencem ao Senhor. E pergunta: “Quem subirá ao monte do Senhor?”. São aqueles de mãos limpas e coração puro, aqueles que não colocam sua confiança em coisas vãs, mas em Deus. Este é o caminho da santidade, que passa pelo desapego das coisas terrenas para alcançar os bens eternos.

Na segunda leitura (1Jo 3,1-3), São João nos recorda que somos filhos de Deus, e que, no futuro, seremos plenamente semelhantes a Ele. Essa é a nossa esperança: sermos transformados em sua glória e contemplarmos o rosto de Deus. Mas esse futuro já começa aqui, com a nossa vida de fé e compromisso com o Reino.

 

E, finalmente, o Evangelho nos apresenta as Bem-aventuranças (Mt 5,1-12a), o coração da mensagem de Jesus. As Bem-aventuranças são um convite radical a um novo jeito de viver. Jesus proclama bem-aventurados os pobres em espírito, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça... todos aqueles que, diante das dificuldades da vida, mantêm seus corações abertos para Deus. E por que são bem-aventurados? Porque Deus está inaugurando o Reino e sua situação vai mudar radicalmente. O que antes era fragilidade e debilidade se transforma em força e alegria no Reino de Deus.

Esses santos, que celebramos hoje, foram bem-aventurados em suas vidas porque, apesar de suas provações, confiavam na promessa do Reino. E nós, em nossa fragilidade e dependência, também somos chamados a participar dessa felicidade que Deus nos oferece. O Reino de Deus já está no meio de nós, e sua plenitude será revelada no céu.

Que neste dia de Todos os Santos possamos renovar nosso desejo de seguir o caminho das Bem-aventuranças, para que um dia, juntos com essa grande multidão de santos, possamos viver na plenitude da alegria que Deus preparou para nós. Amém.

HOMILIA PARA O DIA 02 DE NOVEMBRO DE 2024 - DIA DE FINADOS - ANO B

 

MUITO ALÉM DA SAUDADE, 

CELEBRAMOS A ESPERANÇA

 

Hoje, celebramos o Dia de Finados, uma data marcada pela saudade e pela lembrança dos nossos entes queridos que já partiram. Entre as tantas belezas da natureza humana, talvez uma das mais profundas seja essa capacidade de lembrar, de manter viva a memória daqueles com quem convivemos. E, em nossa língua, temos uma palavra única para expressar essa emoção: saudade. Ela expressa não apenas a ausência física, mas o desejo de reencontro, o carinho que permanece.

A saudade, no entanto, no contexto da nossa fé cristã, vai além da lembrança do passado. Como as leituras de hoje nos mostram, ela também aponta para o futuro. No livro de Jó (19,1.23-27a), encontramos a expressão de uma pessoa que, em meio à dor e ao sofrimento, mantém viva a esperança. Jó clama por um redentor e, em meio à sua tribulação, profetiza a sua confiança na ressurreição: "Eu sei que o meu redentor está vivo e, por fim, se levantará sobre a terra". Essa certeza de Jó ecoa no coração de cada cristão. Sabemos que a morte não é o fim, mas o início de uma transformação, como rezamos na liturgia: "Para os que creem em Cristo, a vida não é tirada, mas transformada."

O Salmo 23 também nos convida a essa esperança, lembrando-nos que somos peregrinos. "Quem subirá ao monte do Senhor?" Só aqueles de mãos limpas e coração puro. Vivemos na expectativa de encontrar a face de Deus, de nos unirmos a Ele em sua glória. E é essa expectativa que nos mantém vigilantes, como nos exorta o Evangelho de Lucas (12,35-40), quando Jesus nos pede para estarmos sempre prontos, de lâmpadas acesas, esperando a chegada do Senhor. Ele virá, e nosso encontro será de vida plena.

Na segunda leitura, São Paulo, escrevendo aos Coríntios (1Cor 15,20-28), nos recorda da centralidade da ressurreição em nossa fé. Jesus Cristo ressuscitou, e por meio dele, todos seremos vivificados. Essa é a nossa esperança e a razão pela qual, hoje, rezamos pelos nossos entes queridos. Não rezamos apenas por saudade, mas com a certeza de que eles já estão inseridos nesse mistério de vida nova, de vida eterna.

Assim, queridos irmãos e irmãs, ao celebrarmos este dia de Finados, lembremo-nos de que a nossa saudade é cheia de esperança. Não é uma saudade de desesperança, mas de confiança em Deus, que nos prepara para a vida eterna. Como diz a oração eucarística: "Para os que creem no Cristo, a vida não é tirada, mas transformada, e desfeita essa morada terrena, nos é dada uma eterna mansão no céu."

Que esta seja a nossa fé, a fé da Igreja, que nos sustenta hoje e nos faz caminhar em comunhão com nossos queridos falecidos, sempre na esperança de um dia nos reencontrarmos na vida eterna. Amém.

HOMILIA PARA O DIA 27 DE OUTUBRO DE 2024 - 30º DOMINGO COMUM - ANO B

 

VIVER PARA ALÉM DA DOR E DO SOFRIMENTO

Hoje, a Palavra de Deus nos apresenta uma mensagem clara de esperança e libertação, com base nos textos de Jeremias, Hebreus e Marcos. Deus, em sua infinita bondade, não nos deixa sozinhos no caminho, mas nos conduz pela mão, como um pai que cuida dos seus filhos.

Na primeira leitura, em Jeremias 31,7-9, vemos a promessa de um novo tempo para o povo de Israel. Deus promete trazer de volta aqueles que foram dispersos e perdidos, conduzindo-os pelas águas tranquilas. É uma imagem de redenção, de restauração para os que estavam feridos e marginalizados. Assim como Ele fez com Israel, Deus deseja fazer com cada um de nós. Ele nos chama para sair da escuridão, das nossas angústias e medos, para caminharmos com confiança rumo a uma vida plena.

Essa vida plena é também destacada na carta aos Hebreus (5,1-6), onde o autor fala do sacerdócio de Cristo. Ele não é um sacerdote distante, alheio às nossas fraquezas. Jesus é aquele que, sendo Filho de Deus, assumiu a nossa condição humana, experimentou a dor, o sofrimento e a tentação. Ele se compadece de nós e nos oferece um caminho de libertação. Somos convidados a confiar n'Ele, a nos aproximar do seu trono da graça, sabendo que Ele intercede por nós.

No Evangelho de Marcos 10,46-52, vemos a cura do cego Bartimeu. Ele era um homem que vivia à margem da sociedade, limitado pela sua cegueira. Mas ao ouvir falar de Jesus, gritou com fé: "Filho de Davi, tem piedade de mim!". Mesmo diante das críticas e do desprezo da multidão, Bartimeu insistiu, não perdeu a esperança. E Jesus, sempre atento ao clamor dos pobres e necessitados, parou e o chamou. O gesto de Bartimeu, ao jogar o manto e correr até Jesus, simboliza o desprendimento e a prontidão em aceitar o convite divino. Ele foi curado porque acreditou e se entregou.

Essa cena nos ensina que a nossa vida não tem de ser uma experiência sombria, sem horizontes e sem perspectivas; Deus dispõe-se, a cada passo, a libertar-nos da escuridão e a conduzir-nos em direção a uma vida livre e plenamente realizada. Basta que, da nossa parte, haja disponibilidade para aceitarmos os desafios e indicações de Deus.

Queridos irmãos e irmãs, o que aprendemos hoje é que Deus sempre está ao nosso lado, nos guiando e nos oferecendo a luz para que possamos ver além da dor e do sofrimento. Que tenhamos a mesma fé de Bartimeu, que soube gritar por ajuda e, com o coração cheio de esperança, seguiu Jesus no caminho. Assim, nossa vida será iluminada e plena em Deus. Amém.

HOMILIA PARA O DIA 20 DE OUTUBRO DE 2024 - 29º DOMINGO COMUM - ANO B

 

TODOS CONVIDADOS PARA SE

APROXIMAR DO TRONO DA GRAÇA

O Evangelho de hoje nos revela uma importante lição sobre o verdadeiro sentido da vida. Tiago e João, dois discípulos de Jesus, aproximam-se d'Ele com um pedido ousado: querem ocupar os lugares de destaque no Reino que acreditam que Jesus irá estabelecer. Eles sonham com posições de honra, de poder, de glória. Contudo, Jesus os faz perceber que o caminho que conduz à realização plena não passa por honrarias ou grandezas.

Jesus nos ensina que o sentido da vida está no dom da entrega. Ele mostra aos seus discípulos que, ao invés de buscar grandeza, eles devem caminhar em direção ao serviço humilde e ao amor ao próximo. No Evangelho, Jesus confronta o desejo de poder de Tiago e João, dizendo: "Quem quiser ser grande entre vós, seja aquele que serve" (Mc 10,43). Com essas palavras, Ele revela que a verdadeira grandeza não se encontra em dominar, mas em servir.

A vida se enche de sentido quando deixamos de lado nossos próprios projetos de poder e aprendemos a nos doar. É na entrega de si, no serviço simples e sincero aos irmãos, que encontramos a plenitude. Jesus é o exemplo maior dessa entrega. Ele veio "não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos" (Mc 10,45).

Assim, o convite que o Evangelho nos faz é claro: a grandeza cristã não se mede pelo poder ou pelas honras que acumulamos, mas pelo quanto somos capazes de amar e servir os outros. Quando colocamos nossas vidas à disposição do próximo, encontramos a verdadeira realização e nos tornamos luz no mundo.

Que o exemplo de Cristo inspire nossas atitudes e escolhas. Que saibamos nos desprender dos sonhos de grandeza e, no serviço aos irmãos, encontremos a verdadeira alegria e o sentido pleno de nossa existência.

 

Amém.

HOMILIA PARA O DIA 13 DE OUTUBRO DE 2024 - 28º DOMINGO COMUM - ANO B

 

SACIAI-NOS COM VOSSO AMOR E

EXULTAREMOS DE ALEGRIA.

As leituras deste domingo nos oferecem uma profunda reflexão sobre o valor das escolhas que fazemos na vida, especialmente em nossa busca por Deus e pela verdadeira sabedoria. Elas nos convidam a olhar para o que realmente tem valor, o que nos aproxima de Deus e nos leva à vida eterna.

A primeira leitura, do Livro da Sabedoria, nos mostra que a verdadeira sabedoria não vem das riquezas ou dos prazeres materiais, mas de Deus. O autor sagrado diz que preferiu a sabedoria a cetros e tronos, e que considerou as riquezas como nada em comparação a ela. Essa sabedoria, que é um dom divino, é a luz que ilumina nossos passos e nos orienta no caminho certo. Pedir a sabedoria de Deus é desejar conhecer Sua vontade para nossas vidas, é abrir mão das falsas seguranças do mundo e buscar o que realmente tem valor eterno.

A segunda leitura, da Carta aos Hebreus, nos lembra do poder da Palavra de Deus, que é viva e eficaz, capaz de penetrar até o mais profundo do nosso ser. Ela julga os pensamentos e as intenções do coração. Nada fica escondido diante de Deus. Ele conhece nossas fraquezas e nossas falhas, mas também vê nosso desejo sincero de buscar a verdade e de viver de acordo com Sua vontade. A Palavra de Deus não apenas nos corrige, mas nos transforma, moldando-nos para sermos discípulos fiéis de Cristo.

No Evangelho de Marcos, ouvimos o encontro de Jesus com o jovem rico, que se aproxima de Jesus buscando a vida eterna. Ele faz uma pergunta essencial: “Bom Mestre, o que devo fazer para ganhar a vida eterna?” Jesus responde, convidando-o a seguir os mandamentos, mas também vai além, propondo-lhe algo mais radical: “Vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me.” No entanto, o jovem vai embora triste, pois era muito rico e apegado a seus bens.

Este encontro nos faz pensar sobre as coisas às quais estamos apegados. Muitas vezes, buscamos segurança e felicidade nas posses, no sucesso ou no reconhecimento dos outros. No entanto, Jesus nos chama a libertar o coração de tudo aquilo que nos impede de segui-lo plenamente. Ele nos convida a colocar nossas riquezas a serviço do Reino de Deus, a olhar para os outros com generosidade, especialmente para os pobres e necessitados. Assim, seremos livres para caminhar com Ele.

Seguir Jesus não é fácil. Ele mesmo diz que é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus, mas nos lembra também que para Deus nada é impossível. A salvação não depende dos nossos méritos, mas da graça de Deus. E essa graça nos fortalece para viver o desprendimento, a generosidade e a confiança plena no amor de Deus.

Neste domingo, somos convidados a refletir sobre o que tem ocupado o lugar central em nossas vidas. Estamos dispostos a renunciar ao que nos prende, ao que nos impede de seguir Jesus mais de perto? Que a Palavra de Deus nos ilumine e nos ajude a escolher o caminho da sabedoria, da generosidade e da vida eterna. Que assim como o autor da Sabedoria, possamos preferir a sabedoria e a vontade de Deus a todas as riquezas do mundo.

HOMILIA PRA O DIA DE NOSSA SENHORA APARECIDA - 12 DE OUTUBRO DE 2024- ANO B

 

SALVE MÃE APARECIDA!

 

Hoje, celebramos a festa de Nossa Senhora Aparecida, a Mãe de Jesus e nossa Mãe. Na liturgia, somos convidados a refletir sobre a sensibilidade e a força que permeiam a figura feminina, presente em diversos momentos da história da salvação. Temos os exemplos inspiradores de Ester, que com coragem e sabedoria intercedeu pelo seu povo; da mulher do Apocalipse, que luta contra o mal e protege seus filhos; e, é claro, da Bem-aventurada Virgem Maria, cujo coração maternal sempre está atento às necessidades de seus filhos.

Maria, nossa Mãe, tem um papel fundamental na família e na comunidade. Assim como uma mãe sabe o que é melhor para seus filhos, Maria, com seu olhar perspicaz e sensível, percebe o que nos falta. No Evangelho das Bodas de Caná, ela não hesitou em interceder por aqueles que estavam em apuros, dizendo: "Fazei tudo o que Ele vos disser" (Jo 2,5). Ela nos aponta sempre para Jesus, o verdadeiro Mestre, e nos ensina a confiar plenamente em sua palavra e em sua vontade.

Nós, católicos brasileiros, temos um carinho muito especial por Maria sob o título de Nossa Senhora Aparecida. Ela é um sinal de amor e cuidado para conosco. Quando os pescadores encontraram a imagem de Aparecida nas águas do Rio Paraíba, não imaginavam o quão significativa ela se tornaria para o povo brasileiro. Aquela imagem negra e singela, resgatada das águas, tornou-se símbolo de fé, esperança e unidade para o Brasil.

Assim como nas Bodas de Caná, Maria continua intercedendo por nós, pedindo a Jesus que nunca nos falte o vinho da alegria e da dignidade. Ela olha com compaixão para as nossas necessidades e se preocupa com o nosso sofrimento, nossas lutas diárias. Em tempos difíceis, quando a esperança parece minguar, Nossa Senhora Aparecida nos chama a renovar nossa fé e a seguir Jesus, fazendo tudo o que Ele nos disser.

Neste dia dedicado a Ela, somos convidados a confiar, como filhos e filhas, na sua intercessão materna. Que Nossa Senhora Aparecida, com seu coração repleto de amor, continue a nos guiar, protegendo nosso país e trazendo a cada um de nós o vinho novo da alegria, da paz e da dignidade.

Amém.

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

HOMILIA PARA O DIA 06 DE OUTUBRO DE 2024 - 27º DOMINGO COMUM - ANO B

 

FILHOS DO MESMO PAI!

Independente das narrativas e das crenças em relação a origem da vida humana, mesmo aqueles que não creem admitem que todos temos uma origem comum. Nós cristãos acreditamos que nossa origem em comum está nas mãos de Deus, criador e fonte de toda vida. As três leituras deste domingo nos apresentam mais do que ensinamentos sobre a origem da criatura humana sobre o relacionamento e o respeito que lhe são devidos.

A razão fundamental do existir humano reside na construção da felicidade e do respeito mútuo entre as criaturas e para que isso aconteça é indispensável a comunhão plena de vida. Este relato aparece primeiro no texto do livro do Gênesis: Deus colocou homem e a mulher para serem auxílio um para o outro, par se completarem e para buscar a realização não apenas individualmente, mas somando forças. E isso só acontece na medida em que ambos são capazes de amar sem medida! Em resumo, a primeira leitura deixa claro que a pessoa foi criada para construir relação de amizade e sinodalidade. Isto significa, caminhar juntos e construir juntos sua vida e sua história.

Porém, a medida que as pessoas deixaram de compreender a dimensão do amor e cooperação necessária para a construção de uma comunidade capaz de partilhar e ser solidária foi necessário estabelecer, regras, leis, normas, prescrições e assim por diante.

No Evangelho mais uma vez os fariseus aparecem num diálogo com Jesus, não porque lhes interessa esclarecer a lei de Moisés, como sempre, a intenção deles é colocar Jesus a prova. E de novo Jesus lhes deixa sem resposta. Em lugar de fazer longo discurso sobre a lei, Jesus afirma a intenção primeira do criador: No princípio não era assim! As regras e normas são resultado da incapacidade de compreender o projeto de Deus para a humanidade. Na visão do criador o amor não tem um prazo, pelo contrário, traz em si marca da eternidade!

Não é difícil compreender porque na sociedade contemporânea experimentamos tantos sofrimentos e tristeza. A relação entre as pessoas está banalizada. O casamento é apenas um gesto pró-forma em lugar de se fundamentar no respeito de um pelo outro se sustenta nas regras e imposições da sociedade.

Jesus conclui a orientação sobre o respeito entre as pessoas acolhendo e abraçando uma criança e convidando todos a se comportar como tal, ou seja, com a inocência das crianças e o respeito pela fragilidade alheia.

A carta aos Hebreus reafirma a intenção de Deus que se resume em amar sem medida a tal ponto que enviou seu próprio filho para fazer o bem a todos. O Filho de Deus se fez solidário e companheiro aceitando morrer na cruz para deixar claro que o amor implica em doar a vida até as últimas consequências.

Que a Palavra de Deus, a Eucaristia e a oração nos ensinem a escolher o jeito de ser de Jesus e não o jeito de Adão. Que com Jesus aprendamos o caminho da comunhão e da sinodalidade.

 


sexta-feira, 27 de setembro de 2024

HOMILIA PARA O VIGÉSIMO NONO DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B - 29 DE SETEMBRO DE 2024

 

 

ESCUTAR, DIALOGAR, COLABORAR E SOMAR

Bom dia a todos! Neste vigésimo nono domingo do Tempo Comum, somos convidados a refletir sobre o verdadeiro sentido do serviço, da solidariedade e da abertura ao outro. As leituras de hoje nos mostram como a dinâmica do Reino de Deus desafia nossas percepções de poder e grandeza.

Na primeira leitura, do Livro dos Números, vemos Moisés enfrentando um desafio: a tarefa de conduzir o povo de Israel é imensa. Para ajudá-lo, Deus distribui o espírito que estava sobre Moisés entre setenta anciãos. Este gesto nos ensina que a missão é coletiva. Não estamos sozinhos em nossa jornada de fé; somos chamados a trabalhar juntos, a apoiar uns aos outros. A sinodalidade que hoje promovemos na Igreja nos convida a escutar, a dialogar e a colaborar em prol do bem comum.

No Evangelho de Marcos, encontramos os discípulos preocupados com quem realiza milagres em nome de Jesus, mas não está entre eles. A resposta de Jesus é clara: “Não o proíbam, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim.” Aqui, Jesus nos ensina a abrir nossos corações e mentes. O Reino de Deus é maior do que nossas divisões e rótulos. Somos todos chamados a fazer o bem, independentemente de nossas diferenças. O Papa Francisco, em suas recentes visitas à Ásia e a Luxemburgo, enfatizou a importância do diálogo e da inclusão, destacando que a Igreja deve ser um espaço de acolhimento e respeito a todos.

 

Na segunda leitura, Tiago traz uma advertência contundente sobre a injustiça e a opressão. Ele nos lembra que a riqueza acumulada sem consideração pelos pobres clama ao céu. As palavras de Tiago ecoam com a urgência de um chamado à responsabilidade. Não podemos ser indiferentes ao sofrimento dos outros. Nossa fé deve se traduzir em ações concretas que promovam a justiça e a dignidade de cada ser humano.

Em resumo a mensagem da Palavra de Deus nos incentiva a enxergar além das aparências. Nos lembra que muitas vezes temos medo do diferente, do que não conhecemos. Contudo, Jesus nos ensina que o verdadeiro discípulo é aquele que sabe acolher e reconhecer o valor do outro. Isso nos convida a uma prática de sinodalidade que é inclusiva e acolhedora.

 Primeiramente, precisamos cultivar uma atitude de serviço, como Jesus nos ensinou. Servir aos outros não é apenas um ato de bondade, mas uma expressão do nosso amor cristão. Além disso, devemos nos comprometer com a justiça social, denunciando as desigualdades e buscando promover um mundo mais justo e solidário.

Que este domingo nos inspire a ser, em nossas comunidades, verdadeiros instrumentos da paz e do amor de Deus. Aprendendo caminhar juntos, unindo nossos esforços para servir e acolher, reconhecendo a presença de Deus em cada pessoa.

Que o Espírito Santo nos ilumine e nos fortaleça nessa missão. Amém.

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

BEM AVENTURADA VIRGEM MARIA DE MEDJUGORJE RAINHA DA PAZ!

 

BEM AVENTURADA VIRGEM MARIA DE MEDJUGORJE

RAINHA DA PAZ!

Na semana passada o Papa Francisco colocou um ponto final numa questão que afligiu a Igreja Católica e a piedade popular nos últimos 30 anos. As opiniões que tomaram conta das redes sociais e da devoção mariana em relação a BEM AVENTURADA VIRGEM MARIA DE MEDJUGORJE!

Sem entrar na seara das aparições, das mensagens, da idoneidade dos videntes, Francisco agiu mais uma vez com o Coração de Pastor e fez compreender o que disse Jesus: “Pelos frutos conhecereis a árvore”. (Mateus 7, 16 -23).

O documento que aprova o culto e atribui o título de Rainha da Paz declara que o reconhecimento da devoção foi possível graças ao reconhecimento dos frutos positivos da experiência espiritual vivida naquele lugar e enumera os frutos sem dizer qual deles é mais significativo destaca um deles como importante:

- Um milhão de pessoas por ano vão em peregrinação a Medjugorje;

- Conversões e retorno aos sacramentos;

- Casamentos em crise reconstituídos;

- Desde o início, Maria se apresentou como Rainha da Paz!

Em 1981, quando começaram a ser divulgadas as supostas mensagens e aparições, ninguém poderia imaginar que entre 1991 e 2001 aquelas terras seriam o cenário de confrontos sangrentos e resultaram em mais de um milhão de mortos.

A condição de Rainha da Paz é o que mais pesa, também neste momento quando o mundo vive a ameaçado com as mais de 30 guerras em andamento.

Vamos aprender com Maria a partir dessa mensagem: “Não busquem coisas extraordinárias, mas antes leiam o Evangelho, e tudo lhes será claro”.

Então não tenhamos medo de caminhar juntos com a Igreja e com o Papa Francisco e pedir a intercessão da BEM AVENTURADA VIRGEM MARIA DE MEDJUGORJE, RAINHA DA PAZ!

 

 

 

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

HOMILIA PARA O DIA 15 DE SETEMBOR DE 2024 - 24º DOMINGO COMUM - ANO B

 

SEGUINDO JESUS COM FÉ E AÇÃO

 

Meus queridos irmãos e irmãs, hoje a Palavra de Deus nos convida a refletir profundamente sobre o que significa seguir Jesus. Em um mundo onde as palavras às vezes parecem suficientes, somos desafiados a viver uma fé que se manifesta em ações concretas.

No Evangelho de hoje, Jesus pergunta aos seus discípulos: "E vós, quem dizeis que eu sou?" (Marcos 8, 29). Pedro, inspirado, responde: "Tu és o Cristo." Mas, logo em seguida, Jesus deixa claro que ser seu seguidor exige mais do que uma simples confissão de fé. Ele fala sobre o caminho da cruz, sobre negar a si mesmo e tomar a cruz para segui-lo. Esse chamado é exigente e nos lembra que a verdadeira fé deve ser acompanhada por ações concretas que refletem o amor e a justiça de Deus.

São Tiago, em sua carta, reforça essa mensagem dizendo: "De que adianta, irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé pode salvá-lo?" (Tiago 2, 14). Ele nos alerta que a fé sem obras é morta. A fé cristã é ativa, é uma fé que se traduz em gestos de amor, de serviço e de doação.

O profeta Isaías também nos dá um exemplo de coragem e confiança em Deus. Ele fala do servo sofredor, que enfrenta humilhações e desafios, mas não desiste porque confia plenamente no Senhor. "O Senhor Deus é meu auxílio, quem ousaria condenar-me?" (Isaías 50, 9a). Essa confiança em Deus é o que nos sustenta no caminho da fé, mesmo diante das dificuldades.

A mensagem de hoje é clara: seguir Jesus implica uma fé que se traduz em ação. Não basta dizer que acreditamos, precisamos viver essa fé em nosso dia a dia. Que possamos, inspirados por essas leituras, renovar nosso compromisso de seguir Jesus de maneira autêntica, carregando nossa cruz com amor e confiança, e vivendo uma fé que transforma o mundo ao nosso redor. Amém!

 

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Essa homilia destaca a necessidade de uma fé ativa e o compromisso de seguir Jesus, utilizando passagens das leituras do dia e conectando-as à mensagem central do Evangelho.

HOMILIA PARA O DIA 08 DE SETEMBRO DE 2024 - 23º DOMINGO COMUM - ANO B

 

EFATÁ: ABRINDO O CORAÇÃO PARA A AÇÃO TRANSFORMADORA DE DEUS

 

Meus irmãos e irmãs, hoje a Palavra de Deus nos traz uma mensagem cheia de esperança e transformação. O profeta Isaías nos fala de um tempo em que o deserto vai florescer, os cegos vão enxergar, os surdos vão ouvir, e os mudos vão cantar de alegria. É uma promessa de que Deus está agindo no meio de nós, trazendo vida nova onde antes havia apenas sofrimento e dor.

No Evangelho de hoje, vemos essa promessa se cumprindo de maneira concreta. Jesus encontra um homem surdo e com dificuldade de falar. Com um gesto cheio de amor, Ele toca nos ouvidos e na língua do homem e diz: "Efatá!", que quer dizer "Abre-te!" (Marcos 7, 34). Na mesma hora, o homem começa a ouvir e a falar corretamente. Esse milagre de Jesus nos mostra que Deus sempre se preocupa com aqueles que são marginalizados, aqueles que, muitas vezes, são esquecidos pela sociedade.

São Tiago, na sua carta, nos lembra que não podemos fazer diferença entre as pessoas. Na comunidade cristã, não tem lugar para favoritismo. Todos somos iguais aos olhos de Deus, e é nosso dever acolher a todos com amor, sem distinção.


A mensagem de hoje é clara: Deus quer nos abrir os olhos, os ouvidos e o coração. Ele quer nos libertar de tudo o que nos impede de viver plenamente. Assim como Jesus abriu os ouvidos daquele homem, Ele quer abrir nosso coração para que possamos escutar sua voz e falar de seu amor ao mundo. Que possamos ser uma comunidade acolhedora, onde todos têm lugar e são valorizados.

Então, meus irmãos, vamos viver essa Palavra, deixando que Jesus toque nossa vida, para que sejamos instrumentos de sua paz e amor. Amém!

 

HOMILIA PARA O DIA 01 DE SETEMBRO DE 2024 - 22º DOMINGO COMUM - ANO B

 

VIVENDO A PALAVRA DE DEUS:

UMA FÉ ENRAIZADA NO CORAÇÃO

 

Queridos irmãos e irmãs, hoje somos convidados a refletir sobre a importância de viver a Palavra de Deus com sinceridade e integridade. As leituras que ouvimos nos mostram como Deus deseja que sua Lei seja vivida não apenas de forma externa, mas profundamente enraizada em nossos corações.

No livro do Deuteronômio, Moisés exorta o povo de Israel a observar fielmente os mandamentos do Senhor. Ele lembra ao povo que as leis e decretos de Deus não são um fardo, mas um caminho para a vida plena e abençoada. A obediência à Palavra de Deus faz com que o povo de Israel se destaque entre as nações, mostrando a sabedoria e a proximidade de Deus em suas vidas. Moisés nos ensina que o verdadeiro sentido da Lei é guiar o coração do povo para Deus, em uma relação de amor e fidelidade.

No Evangelho de Marcos, Jesus confronta os fariseus e escribas, que criticavam seus discípulos por não seguirem as tradições de purificação. Jesus aproveita esse momento para nos ensinar uma lição fundamental: o que realmente importa não é a observância externa das tradições, mas a pureza interior. Ele nos alerta que o mal não vem de fora, mas do que sai do nosso coração. Orgulho, inveja, maldade e outras atitudes pecaminosas nascem dentro de nós, e é isso que nos afasta de Deus.

Meus irmãos, a mensagem de hoje nos chama a refletir sobre nossa própria prática da fé. Estamos vivendo a Palavra de Deus com sinceridade, permitindo que ela transforme nosso coração, ou estamos apenas cumprindo rituais e tradições externas? Deus deseja que sua Lei esteja viva em nós, que ela guie nossos pensamentos, palavras e ações, levando-nos a uma vida de verdadeira comunhão com Ele.

Que possamos, a partir dessa reflexão, renovar nosso compromisso de viver a fé de maneira autêntica e profunda, permitindo que a Palavra de Deus ilumine e transforme nosso interior. Assim, seremos verdadeiramente testemunhas do amor de Deus no mundo. Amém.

 

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

HOMILIA PARA O DIA 25 DE AGOSTO DE 2024 - 21º DOMINGO COMUM - ANO B

 

ESCOLHER OS VALORES DURADOUROS

“Nós somos a soma das nossas decisões". Esta frase do roteiro de um filme do final dos anos 1980, se presta para ajudar a compreender a Palavra de Deus para esse domingo que nos inspira a compreender que a vida é feita de decisões e que elas serão muito mais significativas quando derem pleno sentido para a nossa existência.
Na primeira leitura Josué reúne a comunidade e lhe apresenta os fatos que aconteceram ao longo da sua jornada. Diante de tudo o que acaba de descrever Josué apresenta a sua escolha: “Se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir: se aos deuses a quem vossos pais serviram na Mesopotâmia, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Quanto a mim e à minha família, nós serviremos ao Senhor". A decisão, neste caso não é difícil. Ao longo da história as pessoas haviam experimentado a ação de Deus em seu favor. Só lhes falta a coragem de tomar uma decisão que não seja modificada ao sabor dos ventos. E finalmente todos respondem: “Longe de nós abandonarmos o Senhor, para servir a deuses estranhos”.

Paulo faz uma comparação entre a escolha por Cristo e as escolhas humanas. Ambas têm consequências que exigem compromisso e determinação. Não se pode hoje fazer uma coisa e amanhã outra. Maridos respeitem suas esposas! Esposas amem os seus maridos. Esta é a relação de Cristo com a Igreja e com o mundo. Toda forma de obediência só tem sentido se tiver referência a Cristo e a sua palavra, tudo o resto é falatório inútil.

E no Evangelho Jesus reforça a compreensão que Josué já havia apresentado na primeira leitura. Uma parte dos que o seguiam não haviam entendido ainda a dinâmica do Reino: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?" Mas Jesus não coloca panos quentes relativizando a sua doutrina: “Isto vos escandaliza? E quando virdes o Filho do Homem subindo para onde estava antes? O Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada. É por isso que vos disse: ninguém pode vir a mim a não ser que lhe seja concedido pelo Pai". E quando alguns resolvem modificar suas decisões, de novo Jesus reafirma: “Vós também vos quereis ir embora?" Diante desta provocação, Pedro toma a palavra para confirmar em nome de todos: “A quem iremos, Senhor?  Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus".

A mensagem da Palavra de Deus deste domingo não é uma simples prova de teimosia e resiliência, mas a convicção de que só caminho do amor, do serviço, da partilha, da entrega, é o único caminho por onde é possível chegar à Vida plena.

Que se realize em nós o que rezamos: “Dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que instabilidade deste mundo fizemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias”.

 

 

quinta-feira, 15 de agosto de 2024

HOMILIA PARA O DIA 18 DE AGOSTO DE 2024 - SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DE MARIA - ANO B

 Maria, Mãe que Acolhe e Sustenta Nossa Jornada

A última imagem que temos de Maria nas Escrituras é aquela em que ela, em profunda comunhão com os apóstolos, persevera na oração. Ali, junto com as mulheres que seguiram Jesus, Maria permanece firme, refletindo a força da fé e o amor de uma mãe.

Após esse momento, a comunidade cristã se forma e começa a contar uma história cheia de mistério e devoção: a "dormição de Maria", um fato que, mais tarde, a Igreja reconheceria como a Assunção de Maria ao céu. Mas como podemos entender esse mistério? Como a Mãe de Jesus já experimenta aquilo que um dia todos provaremos? Podemos imaginar Jesus cuidando de sua mãe como um filho zeloso que, ao acolher sua mãe idosa em sua morada, lhe oferece o melhor lugar, onde ela está protegida e segura. É esse amor filial que celebramos na solenidade da Assunção.

A primeira leitura nos revela o cuidado divino com a mulher vestida de sol: “A mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar.” Assim como Deus protegeu Maria, Ele também nos guarda e nos guia em nossa jornada.

São Paulo nos recorda que Cristo é o primogênito dos ressuscitados: “Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram.” E quem poderia estar mais perto de Cristo do que sua própria Mãe? Maria, que sempre esteve ao lado de Jesus, é a primeira entre os que pertencem a Ele.

Maria, em sua simplicidade e serviço, nos ensina a ternura, a generosidade e o amor. Ela, que foi ao encontro de Isabel, nos mostra o caminho da caridade. Com Maria, aprendemos a rezar com gratidão ao Pai: “A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humildade de sua serva.”

Maria viveu em plena obediência a Deus, e é por essa fidelidade, mais do que pela maternidade física, que ela faz parte da família de Jesus. Como Ele mesmo disse: “Minha mãe e meus irmãos são todos os que fazem a vontade de meu Pai que está nos céus.”

Hoje, rezamos com fé: “Dai-nos viver atentos às coisas do alto, para que, um dia, possamos participar da mesma glória de Maria.”

Que essa mensagem nos inspire a seguir o exemplo de Maria, acolhendo com amor e obediência a vontade de Deus em nossas vidas.

sexta-feira, 9 de agosto de 2024

HOMILIA PARA O DIA 11 DE AGOSTO DE 2024 - 19º DOMINGO COMUM - ANO B

 

Da Rotina Vazia à Vida em Abundância:

O Chamado de Jesus

Nos últimos domingos estamos refletindo textos do Evangelho segundo São João cuja ênfase está na relação entre comida que o organismo necessita para viver bem e a verdadeira comida que é Jesus o Pão da Vida.

Na primeira leitura o profeta Elias experimenta a solidão e o desânimo situações características também para o nosso cotidiano. Não consegue perceber uma luz para os seus problemas e pede a morte. Elias é o modelo da fragilidade humana. Entretanto o que fica claro no texto é que Deus não abandona as pessoas. Deus não retira as dificuldades do caminho, mas Ele sustenta e reanima o profeta para continuar sua missão. Também nós não tenhamos medo Ele está sempre atento quando as nossas forças não correspondem aos desafios que a vida apresenta.

Paulo nos sugere viver de maneira diferente daqueles que não conhecem a Palavra de Deus. Para os filhos de Deus não cabe o azedume, a irritação, a raiva, a maldade, o insulto, e um lista enorme de outros vícios. Quando essas atitudes governam o nosso coração facilmente ferimos as pessoas criando divisão e tristeza. Paulo nos convida a fazer um esforço nos revestindo dos sentimentos de reconciliação, de paz e de unidade.

No Evangelho, Jesus não perde seu tempo discutindo com seus interlocutores sobre sua origem divina, percebendo quanto algumas pessoas estavam longe de Deus, com o coração fechado, presos em suas rotinas religiosas e vazias de sentido ele deixa claro que sua presença é maior que os rituais e tradições. Ele oferece o pão da Vida eterna, o alimento que sacia mais do que o organismo físico. Para reconhecer esse saudável alimento não é preciso mais do que sintonia com o Pai para poder reconhecer o Filho.

Declarando que “Ele é o pão da Vida” fica claro que sua missão é garantir vida em abundância e que por meio dele todos podemos encontrar a vida definitiva. Que nossa oração, transforme nossa existência resiliência, alegria e certeza que podemos continuar caminhando juntos porque estamos na estrada certa.

 

sexta-feira, 2 de agosto de 2024

HOMILIA PARA O DIA 04 DE AGOSTO DE 2024 - 18º DOMINGO COMUM - ANO B

 

EM JESUS RECEBEMOS MAIS DO QUE O PÃO DE CADA DIA!

 

Sem amor ninguém vive Há um ditado que diz Só um grande amor Só um grande amor faz a gente feliz!

Que o corpo humano necessita ser nutrido e ter suas necessidades biológicas satisfeitas ninguém duvida. E um dos sentimentos mais dolorosos é assistir cenas de pessoas passando necessidades básicas e frequentemente procurando comida nos cestos e depósitos de lixo. Mas é certo também que não basta dar de comer e saciar a fome do corpo. Nesse contexto ganha sentido as inúmeras canções folclóricas e populares que também tratam de outras necessidades humanas além do atendimento fisiológico.

É sobre a satisfação de outras necessidades humanas que se desenrola a Palavra de Deus neste domingo. Por traz da fome que o povo experimentava na travessia do deserto existia outra carência que nem sempre sabiam manifestar. Ao reclamar pela falta de comida, sentiam ainda mais a falta da presença de Deus. Para dar conta da longa travessia o povo não reconheceu a mão da Deus que os alimentou e por isso não se sentiu nem satisfeito na sua fome de pão, nem na sua fome de vida!

No Evangelho Jesus toca na questão da insensibilidade dos seus conterrâneos que não tinha percebido a sua verdadeira fome: “Quando o encontraram no outro lado do mar,
perguntaram-lhe: ‘Rabi, quando chegaste aqui?' Jesus respondeu: "Em verdade, em verdade, eu vos digo: estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos. Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará”.  Jesus lhes ajuda a perceber que devem enxergar mais longe do que os olhos veem e o estômago sente. A existência humana ultrapassa a satisfação do estômago, dizer isso não é fazer pouco caso da fome que assola milhões pelo mundo a fora. Comer para atender as necessidades corporais é indiscutível, mas não se pode permanecer apenas nessa dimensão e por isso ele se apresenta como verdadeira comida e bebida:
Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim nunca mais terá fome, e o que crê em mim nunca mais terá sede” (Jo 6,35). Reconhecer que as necessidades humanas são muito maiores que a fome de pão é a lição deixada por Jesus nesse domingo.

E São Paulo na carta aos Efésios confirma que somente compreender que Jesus é o único e verdadeiro pão da vida será a condição para a felicidade completa. Encontrar-se com Ele e aceitar sua Palavra e seu ensinamento exige uma mudança radical no jeito de ver e fazer todas a coisas: “Renunciando à vossa existência passada, despojai-vos do homem velho, que se corrompe sob o efeito das paixões enganadoras, e renovai o vosso espírito e a vossa mentalidade. Revesti o homem novo, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade”.

Também para nós caminhantes no século XXI experimentamos provações e privações, carências e fomes mas temos muitas outras necessidades cuja saciedade não se dará somente com o pão de cada dia, somos desafiados a deixar nossa zona de conforto e reconhecer Deus que nos acompanha com carinho paterno oferecendo-nos um alimento muito mais nutritivo do que o maná do deserto e a satisfação das necessidades corporais. Todos somos convidados a deixar o comodismo e a tranquilidade nas quais facilmente nos instalamos e buscar o verdadeiro alimento que dá a vida duradoura e plena. Lições de amor, partilha, generosidade e serviço são muitas vezes uma refeição mais nutritiva e duradoura e que todos temos para dar e todos precisamos receber.

 

quarta-feira, 24 de julho de 2024

HOMILIA PARA O DIA 28 DE JULHO DE 2024 - 17º DOMINGO COMUM - ANO B

 

LIÇÕES DE GENEROSIDADE

Dentre os provérbios populares bastante conhecidos um deles diz mais ou menos assim: “Pouco com Deus é bastante”. É essa a lição que Palavra de Deus deste domingo nos transmite com clareza. Como já dissemos outras vezes, a linguagem bíblica é simbólica e muitos relatos ensinam mais pela simbologia do que pela narrativa.

Assim na liturgia deste domingo nos deparamos com uma multidão faminta. Neste caso referindo-se a todos os povos e pessoas que ao longo do tempo colocaram suas vidas e necessidades nas mãos de Deus.

No evangelho o menino que tem os cinco pães e os dois peixes representa a simplicidade e pequenez daqueles que se dispõe a repartir da sua pobreza. Cinco pães e dois peixes, somam sete, que significa infinitos, ou seja, garantia que não faltará para ninguém.

Felipe é o tipo da pessoa a quem Jesus provoca para uma solução e que pensa resolver o problema somente sob o ponto de vista econômico e enxerga a situação somente a partir da soma dos números e valores que certamente não será também a resposta para a necessidade que estava sendo apresentada. Por sua vez André é o modelo de pessoa preocupada com os pequenos, com aqueles que teoricamente não são vistos pela sociedade baseada no dinheiro. É ele quem reconhece o menino e sua pequena contribuição.

Diz o evangelho que Jesus sabia qual era a solução para o problema da multidão faminta, a primeira ação que os discípulos são desafiados a fazer é acomodar as pessoas. Isto é, aquietar a multidão que buscava em Jesus uma resposta para todos os seus problemas.

Jesus não se furta em apresentar uma alternativa, primeiro valorizando o pouco que um “menino anônimo” teria para repartir, na sequência agradecendo a Deus pela pequena porção que está sendo colocada à disposição de todos.

No final cinco mil pessoas ficaram saciadas e ainda sobrou doze cestos, isto é, sobrou o suficiente para todos. Esse banquete é a antecipação da nova páscoa. Enquanto no Antigo Testamento a páscoa era apenas a recordação da libertação da escravidão do Egito, a nova Páscoa inaugurada por Jesus será a libertação de todas as prisões.

A lição que se pode tirar da Palavra de Deus se resume em três pontos singelos e muito significativos: Tal como um menino, todos temos alguma coisa para colocar em comum; A solução para o problema da fome e todos os outros problemas da humanidade não virá somente pelo recurso da economia e do dinheiro. Mais do que imitar a preocupação de Felipe, podemos ter a sensibilidade de André e perceber como a solidariedade, a partilha a generosidade e a comunhão são mais eficazes que a contabilidade e o dinheiro.

Por isso rezamos: “Concedei, Senhor, que usemos de tal modo os bens que passam a fim de poder abraçar aqueles que não passam”.

 

 

 

 

quinta-feira, 18 de julho de 2024

HOMILIA PARA O DIA 21 DE JULHO DE 2024 - 16º DOMINGO COMUM - ANO B

 

DEUS QUE OLHA, CUIDA E ACOLHE

A gente costuma dizer que os dedos de uma mão são como filhos e filhas, todos diferentes, mas a quem os pais cuidam com as mesmas preocupações. Como um pai e uma mãe que cuidam dos filhos independente da sua condição assim age Deus em relação às suas criaturas. É isso que ouvimos mais uma vez na liturgia desse domingo. Ao longo da existência todos experimentamos situações de desespero e de dor, mas é exatamente nessa hora que todos ocupam um lugar especial no coração de Deus. 

Na primeira leitura o profeta qualifica as pessoas como um rebanho que é cuidado por Deus. Ele mesmo se encarrega de tirar as ovelhas que haviam sido confiadas a pastores que não as cuidaram, ele mesmo vai tomar conta, na sequencia vai escolher novos pastores e finalmente promete um novo tempo e uma nova condição de vida. O que aconteceu com os conterrâneos do profeta é muito semelhante com o nosso cotidiano que bastante vezes nos damos conta de andar sem rumo, desorientados, traídos, como que abandonados diante da violência, dos fundamentalismos, da miséria, dos conflitos, dos problemas no trabalho e na família, das catástrofes ambientais e tragédias de toda sorte. A palavra do profeta ecoa em nossos ouvidos e no coração, Deus continua cuidando das nossas necessidades: “E eu reunirei o resto de minhas ovelhas de todos os países para onde forem expulsas, e as farei voltar a seus campos, e elas se reproduzirão e multiplicarão. Eis que virão dias, diz o Senhor, em que farei nascer um descendente de Davi; este é o nome com que o chamarão: 'Senhor, nossa Justiça'".

A mesma tonalidade tem as palavras de Paulo na carta aos Efésios. Ele declara que sua missão é anunciar um Deus que se preocupa e cuida de todos, independente da condição de cada pessoa. Deus quer trazer para perto de si todos os que em Jesus Cristo foram feitos irmãos e herdeiros. A vida de Jesus derrubou todas as barreiras que dividiam os povos. Deus age de modo diferente de como normalmente estamos habituados, enquanto nós inventamos alfândegas, fronteiras, barreiras, Deus abre portas, acolhe, protege, reúne e ensina a caminhar juntos. 

No Evangelho a atitude de Jesus não é diferente: “Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor”. A expressão compaixão significa sofrimento com o objetivo de livrar os sofredores. Guardadas as proporções, compaixão é a atitude de uma mãe que é capaz de qualquer sacrifício para diminuir as dores e o sofrimento de um filho. O que Jesus fez é também a tarefa que Ele atribui aos discípulos, e depois os reúne para avaliar a eficácia da missão e o alcance das atividades desenvolvidas: “os apóstolos reuniram-se com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado”. O encontro avaliativo é uma espécie de relatório detalhado do seu trabalho. Jesus os previne contra o perigo do ativismo, mas ao mesmo tempo permite que vejam quanto é volumoso o trabalho e as exigências: “Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo que não tinham tempo nem para comer”.

As ovelhas perdidas do nosso tempo é a multidão de pessoas sem rosto e sem voz deixadas à margem da sociedade e muitas vezes das nossas igrejas que sofrem a discriminação e a exclusão, que carregam culpas por feridas abertas muitas vezes por falta de acolhimento e de perdão. Seguidores de Jesus peçamos a graça e a capacidade de aprender o que significa compaixão e cuidado, ver como Jesus e se compadecer: “para que repletos de fé, esperança e caridade guardemos fielmente os vossos mandamentos”.

quinta-feira, 11 de julho de 2024

HOMILIA PARA O DIA 14 DE JULHO DE 2024 - 15º DOMINGO COMUM - ANO B

 

Anunciar com Liberdade e Rapidez

 

Na vida de hoje, todos nós queremos liberdade e agilidade. Parece que a tecnologia nunca é rápida o suficiente para suprir nossas necessidades de autonomia e velocidade. As leituras deste domingo mostram como Deus age com prontidão e cuidado quando realiza Suas obras em favor do Seu povo.

Nos tempos do profeta Amós, a religião era cheia de festas, sacrifícios e cerimônias esplendorosas. Mas, infelizmente, essas celebrações não refletiam a vida real das pessoas. Muitos rezavam, mas adoravam um deus que não libertava nem cuidava das pessoas. O profeta Amós foi enviado para acabar com essa forma vazia de culto, afirmando que sua missão vinha de Deus: “Não sou profeta nem filho de profeta; sou pastor de gado e cultivo sicômoros. O Senhor chamou-me, quando eu cuidava do rebanho, e me disse: ‘Vai profetizar para Israel, meu povo’”. Amós foi a voz de Deus para denunciar todas as injustiças cometidas pelos falsos profetas e pelos amigos do rei.

São Paulo, na carta aos Efésios, também nos ensina que nossa existência e todas as nossas atividades devem ser para Deus, que nos criou e, em Jesus Cristo, nos fez herdeiros da Sua graça. Devemos ser verdadeiros, fiéis e radicais em nossa fé: “Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele nos abençoou com toda a bênção espiritual, em Cristo. Em Cristo, ele nos escolheu antes da criação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis em seu amor. Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por meio de Jesus Cristo, conforme a sua vontade, para o louvor da sua glória e graça”.

Em Jesus, temos clareza sobre os novos caminhos que Deus quer que sigamos, guiados pelo Espírito Santo. No projeto de Deus, todos têm um papel importante.

Os discípulos enviados por Jesus tinham a missão de caminhar juntos e não perder tempo com coisas de pouca importância. Eles eram chamados a viver de maneira simples, levando apenas o necessário. Doze discípulos foram enviados em duplas, representando todos os que seriam enviados e todas as pessoas que precisavam ouvir a mensagem. Ninguém é excluído da missão: uns têm a tarefa de anunciar e outros, de receber a mensagem. A missão de Jesus é comunitária e visa unir aqueles que estão dispersos.

Assim como os discípulos, também somos chamados a continuar a missão de Jesus. Não basta ter ritos bonitos e cerimônias vistosas se elas não estiverem conectadas com a vida real das pessoas. Precisamos ser livres e agir com humildade, sempre abertos às novidades que a simplicidade pode nos ensinar.

 

quarta-feira, 3 de julho de 2024

HOMILIA PARA O DIA 07 DE JULHO DE 2024 - 14º DOMINGO COMUM - ANO B

 

SANTO DE CASA NÃO FAZ MILAGRE

A Igreja católica sempre valorizou o testemunho de vida das pessoas como sinal de santidade. Sem descuidar das graças alcançadas pela intercessão daqueles que são elevados à glória dos altares, o estilo de vida e os exemplos de vida são cada vez mais valorizados quando se trata de atribuir a alguém o título de Santo. Dentre os próximos santos a serem declarados pelo Papa Francisco, um deles é jovem Carlo Acutis, que soube muito bem utilizar o campo minado da internet para anunciar a boa notícia e tornar conhecida a mensagem de Jesus Cristo. Ele, como uma série de outras pessoas ao longo do tempo são a prova que “santo de casa também faz milagre”.

As três leituras deste 14º domingo do tempo comum mostram a estratégia de Deus para se aproximar de nós e para continuar sua obra de cuidado. Para essa tarefa Deus se serve das pessoas e do testemunho cotidiano, independente das fragilidades de cada uma.

A primeira figura que aparece nos relatos de hoje é o profeta Ezequiel, chamado de “filho do homem” que significa dizer uma pessoa que vive e está no meio de todos com todas as suas virtudes e debilidades, mas que apesar de tudo realiza com maestria a tarefa de anunciar Deus e o seu projeto: “Filho do homem, eu te envio aos israelitas, A estes filhos de cabeça dura e coração de pedra, vou-te enviar, e tu lhes dirás: 'Assim diz o Senhor Deus. Quer te escutem, quer não - pois são um bando de rebeldes - ficarão sabendo que houve entre eles um profeta".

Ser profeta é uma tarefa confiada também a cada batizado que configurados a Cristo é chamado a ser no meio do mundo um sinal de Deus cuja voz deve ecoar mais pelo exemplo do que pelas palavras.

A mesma situação se repete com Paulo, é ele mesmo quem declara: “Irmãos: Para que a extraordinária grandeza das revelações não me ensoberbecesse, foi espetado na minha carne um espinho”. E continua o apóstolo: Basta-te a minha graça. Pois é na fraqueza que a força se manifesta. Por isso, de bom grado, eu me gloriarei das minhas fraquezas, para que a força de Cristo habite em mim”. Em resumo nenhuma fragilidade humana serve para como justificativa para não exercer a tarefa que Deus nos confia.

No Evangelho, desta vez, já não são os fariseus e doutores de lei que duvidam de Jesus, mas seus próprios conterrâneos. Jesus está no seu povoado de origem, todos ali o conhecem, bem como sabem da sua história de vida. Par reforçar a razão de sua incredulidade as pessoas não o chamam nem pelo nome nem pela filiação paterna, antes e referem a Ele com a expressão “não é Ele o filho de Maria”. Apesar desta falta de respeito e consideração Jesus continua a mostrar-lhes como Deus oferece o seu cuidado: “Jesus lhes dizia: "Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares". E ali não pôde fazer milagre algum. Apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos. E admirou-se com a falta de fé deles. Jesus percorria os povoados das redondezas, ensinando”.

Em resumo, acreditar em Deus supõe ter fé e isso significa superar preconceitos, mudar a mentalidade, ver além das aparências enxergar as pessoas como sinais e instrumentos de Deus. Em Jesus Cristo, Deus Pai continua aproximando-se de todos revelando ao mundo o rosto misericordioso do criador. Não tenhamos medo, sejamos também nós anunciadores de Deus e do seu amor generoso amor para com todos. Que se torne realidade em nós o que rezamos na prece inicial da missa: “Pela humilhação do vosso Filho, enchei todas as criaturas de santa alegria”.