domingo, 30 de maio de 2010

FORMAÇÃO DE PROFESSORES

A QUESTÃO DO TRABALHO DOCENTE
Texto disponibilizado para professores formadores
e tutores da AGF Curitiba do Programa Proinfantil - maio 2010


A condição docente trabalhada pelas autoras em questão tem ampla abrangência no cotidiano profissional dos que se entregam à docência nas escolas brasileiras. Sendo a profissão regulamentada pelas leis trabalhistas em vigor e regida pela legislação educacional, é bastante fácil de compreender o significado da expressão “precarização” amplamente usada nos três textos. As reformas educacionais impetradas com a nova LDB e outras leis regulamentadoras do setor não foram suficientes para impedir que a profissão do educador estivesse vulnerável ao avanço da globalização com sua força despersonalizadora das relações do trabalho e da formação.
A educação, como de resto, toda a atividade de docência fez parte do avanço da teoria de resultados impetrada pelos organismos internacionais e também neste particular apareceu de modo muito claro a questão da transformação produtiva com equidade.
O objetivo primordial da educação e da função dos educadores teve seu foco voltado para formar indivíduos cujas competências fossem interessantes para o mercado do trabalho, isto é, para o emprego formal. Na esteira desta finalidade aparece uma segunda intenção e destinação da arte de educar: desempenhar papel de política compensatória com foco na contenção da pobreza. Seria insano acreditar que este conceito deixasse de ter papel decisivo no trabalho docente.
Diante deste quadro o professor se vê desafiado a dar respostas desde o campo próprio da sua formação para as mais diversas exigências apresentadas pelos diferentes níveis dos educandos. Esta situação transforma o educador em profissional de muitas funções e poucas habilidades. Isto é descrito pelas autoras com o termo: “desprofissionalização” com a consequente perda de identidade, posto que socializar conhecimentos já não será mais seu papel fundamental.
Não obstante esta realidade ser aviltante no contexto das escolas brasileiras, em todos os níveis de educação (infantil ao ensino superior), pouco aparece com fenômeno discutido pelo debate acadêmico. Diferentemente das décadas de 1970 e 1980 nas quais o debate pelo reconhecimento dos direitos e deveres dos trabalhadores da educação fazia parte das lutas sindicais e reinvidicatórias.
No que concerne ao conceito de profissionalização da profissão docente especificamente no ensino superior, tomo como exemplo as matérias veiculadas pelo Informativo do SIMPES no número 25, Ano VII. Todas as matérias desta edição estão concentradas no desrespeito de alguns aspectos da legislação que regulamenta a profissão docente os quais são patrocinados por pelo menos 9 IES de Curitiba e região Metropolitana. No período outubro 2009 a março de 2010 se deram 340 desligamentos de docentes em 25 instituições, na absoluta maioria por desacordo entre as partes. O informativo em questão transcreve as palavras de um profissional que se expressa assim: “É difícil participar de atividades nas quais não se notem ideias e ideais, em que não se alcancem razões de entusiasmo...”.
Sem sombra de dúvida a constituição de 1988 trouxe um avanço significativo no campo da valorização da profissão, como resultado das lutas da classe. A valorização se dá claramente pelo dispositivo constitucional que abre a possibilidade de gestão democrática do ensino público:
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V - valorização dos profissionais do ensino, garantidos, na forma da lei, planos de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos;
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade.
Infelizmente, como já afirmamos, a valorização docente está muito aquém do que prevê a legislação e, sobretudo, do cotidiano da profissão. Facilmente é negado ao educador o sentido de profissionalismo uma vez que a arte de educar parece ser tarefa de todos e de qualquer um sob este ângulo pode-se dizer que o magistério sequer pode ser denominado profissão. De fato, conforme já constatamos nos textos sobre identidade docente não existe um Conselho Regional para o magistério como estão constituídos para outras profissões.
É verdade que os cursos de graduação, desde sua origem, têm como objetivo intrínseco formar profissionais, assim os títulos “bacharel e licenciado” parecem indicar uma espécie de licença para exercer a profissão. Não podemos negar que nos últimos anos houve um progresso significativo no concerne à imagem da escola e das universidades, mas é bem verdade que ainda estamos longe do reconhecimento do trabalho coletivo como indicador de qualidade.
O texto a seguir parece resumir o que entendemos da preocupação das autoras: “Valores como autonomia, participação, democratização foram assimilados e reinterpretados por diferentes administrações públicas, substantivados em procedimentos normativos que modificaram substancialmente o trabalho escolar. O fato é que o trabalho pedagógico foi reestruturado, dando lugar a uma nova organização escolar, e tais transformações, sem as adequações necessárias, parecem implicar processos de precarização do trabalho docente”.
Entre os claros sinais de tudo o que estamos afirmando sobre desprofissionalização e precarização, um dado parece ser suficiente para melhor ajudar compreender. É alarmante o número de contratos temporários no campo de educação. Basta ver, no caso do estado do Paraná, a enorme lista de professores participantes do chamado processo seletivo simplificado, todavia isto não se resume ao serviço público, nem tampouco à educação básica. Conforme já citamos o informativo do SINPES, que indica alta rotatividade da mão de obra na educação superior, tudo isso associado ás perdas incontáveis no que se refere á profissionalização e ao respeito pelo SER do educador.
Como não ver esta situação afetando diretamente as práticas curriculares, artigo que tem por finalidade levar a perceber o efeito dominó que exercem as condições econômicas sobre todo o trabalho docente. Entre as situações mais críticas podemos destacar a falta de familiaridade com a bibliografia, com os conteúdos, com metodologia do ensino e, sobretudo com o plano de curso e a ementa dos cursos em questão dos professores que entram ao longo dos semestres e anos assumindo a função de terceiros. É muito comum em determinadas instituições, públicas ou privadas, a substituição de professores até 3 vezes durante o período letivo. Podemos afirmar sem medo que estas realidades fazem da docência apenas mais “posto de trabalho”.
É mister que se recupere a ideia primeira da condição docente, isto é, a relação social entre docente e discente no sentido em que um não encontra razão de ser sem a existência do outro.
Faço minhas as palavras das autoras Maria das Mercês Ferreira Sampaio e Alda Junqueira Marin: “Na textura da relação docente estão, pois, imbricados o velho e o novo, o projeto e a memória, o havido e o devenir, o atrás e o adiante. Por isso, a relação docente/discente contém sempre a esperança”. O que importa é a existência desta relação forte e interativa a qual será sempre maior e melhor do que todos os recursos tecnológicos que estiverem sendo disponibilizados.
É neste sentido que trabalhamos nosso projeto de pesquisa: o Ser professor exige mais do que tudo considerar a sua condição de SER PESSOA, o que em nosso projeto denominamos Mistagogia da docência. Nas palavras das autoras queremos observar a docência a partir da matéria prima de que é feita.

FORMAÇÃO DE PROFESSORES

COMENTÁRIOS AO TEXTO ESTRUTURA CONCEPTUAL
DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
DE CARLOS MARCELO GARCIA


Texto oferecido aos participantes do programa
PROINFANTIL - AGF - Curitiba maio 2010


Nossa reflexão a partir da leitura do texto em questão nos leva a fazer alguns observações de caráter bastante pessoal. Concordamos de modo significativo com o conceito de formação adotado pelo autor e o identificamos com nossa proposta de dissertação que trata da Mistagogia na Formação do docente.
A questão da formação do docente é parte de um complexo conjunto de fenômenos formativos e a inda não suficientemente esclarecidos. Muito além de transmissão de conteúdos e técnicas o processo formativo exige envolvimento por inteiro do formando. Trata-se de uma dimensão pessoal que tem a ver com vontade humana e implica em mudança pessoal e comportamental.
Concordamos com o autor na afirmação que a perspectiva formativa é um dos pilares da renovação da educação e que, neste sentido, deve consistir numa matriz disciplinar. Parece oportuno entender a expressão matriz muito mais abrangente do que uma simples relação de conteúdos. Reproduzimos na íntegra o conceito apresentado pelo autor sobre a formação de professores:
“A formação de professores é a área de conhecimentos, investigação e de propostas teóricas e práticas que, no âmbito da Didática e da Organização Escolar, estuda os processos através dos quais os professores – em formação ou em exercício – se implicam individualmente ou em equipe, em experiências de aprendizagem através das quais adquirem ou melhoram os seus conhecimentos, competências e disposições. Este processo lhes permite intervir profissionalmente no desenvolvimento do seu ensino, do currículo e da escola, com o objetivo de melhorar a qualidade da educação que os alunos recebem.”
Este conceito é a afirmação da primeira expressão do nosso trabalho ao dizer que o professor ensina muito pela sua experiência de vida, isto é, na condição de mistagogo. Nosso trabalho, como o texto em questão, contempla a formação como um enriquecimento de competências não exclusivamente acadêmicas. Em outras palavras a formação é um processo que necessariamente acaba nos alunos. (Se não houve aprendizagem não aconteceu o ensino).
O autor ajuda a entender a formação desde um ponto de vista personalista, no sentido de desenvolver estratégias e competências para um processo de mudança. E aí se delineia a imagem do professor que se aproxima do modelo eficaz sendo um ser humano com todas as vicissitudes próprias da sua condição, mas que se forma em vista do outro. Em outras palavras se poderia dizer que a formação de professores estabelece uma “pedagogia de resultado”.
Então está suficientemente claro que o desenvolvimento pessoal é o eixo da formação docente e um bom professor será aquele que caminha na direção de ser sempre mais um facilitador para criar condições de aprendizagem nos seus alunos a quem ele conhece na integridade. Esta figura não está longe do modelo de filósofo criado por Sócrates com a maiêutica e a ironia.
Neste sentido é mais fácil compreender o professor muito além de ser um técnico, mas construtor, como diria outro autor um “polidor de corações”, pois é das mãos do professor que nasce o ser humano, disse Rosseau. Então, para aquele que deseja ser bom professor pede-se pouco: “fazer o que fazem os bons mestres”, isto é, ser um mistagogo da educação.
A formação entendida como processo de mudança implica na aplicação das novas idéias que se configura num processo de desenvolvimento pessoal e profissional envolvente. Neste contexto toda o processo formativo passa pelo viés da colaboração e para isso o autor cria a expressão: “andragogia” – arte e ciência de ajudar adultos a aprender.
No mundo cristão católico adota-se a prática da lectio divina como uma forma de melhor viver o mistério da Palavra de Deus. Este método é basicamente o que o autor apresenta nas três últimas possibilidades que ele apresenta como as mais eficazes para compreender a formação.
Na Lectio Divina se usa as expressões: LECTIO (leitura), MEDITATIO (meditação), ORATIO (oração), CONTEMPLATIO (contemplação), COMMUNICATIO (comunicação). Aqui o autor apresenta sob os termos: contemplação, prática reflexiva, aprendizagem experimental.
Uma formação que não estabeleça um processo de transformação aborta o sonho dos educadores na maturidade e porque não dizer de outros profissionais. O que o autor chama de quarta etapa no exercício da missão de educar é denominado por um psicólogo da religião com o termo: Generatividade. Esta expressão quer indicar que a esta altura da missão o profissional precisa ver os “filhos dos seus filhos”, isto é o fruto do seu trabalho. Na falta deles, porque ele mesmo não produziu para em si reside a causa da frustração e do desencanto como conseqüência do desestímulo para os jovens o seguirem nesta missão.
Não será sem razão que nosso velhos cunharam a frase: "É preferível um triste santo a um santo triste”.
Evolução é a meta!

FORMAÇÃO DOCENTE

FORMAÇÃO OU PREPARAÇÃO PARA O TRABALHO?


Texto disponibilizado aos professores e tutores do projeto
PROINFANTIL, AGF CURITIBA MAIO 2010

No comentário que fizemos sobre saberes docentes, escrevemos assim: “De qualquer modo é claro que os profissionais da educação necessitam desenvolver e promover saberes que alcancem o campo da cientificidade daquilo que especificamente se propõe ensinar sem, contudo, descuidar de saberes que se ampliem para as demais ciências sociais e do conhecimento do ser humano”. Na perspectiva da nossa pesquisa estamos também preocupados com a formação de docentes que vislumbre muito mais do que a preparação para o trabalho e a aquisição de instrumentais conteudistas, didáticos e pedagógicos que visem primariamente a transmissão de conhecimentos.
Os distintos autores, propostos para leitura na cadeira de Formação de Docentes do programa de Mestrado da PUCPR no ano de 2010, pautam suas reflexões e questionamentos em relação ao parecer 05/2005 precisamente no que se refere à amplitude que mereceria ter a compreensão do termo “formação de docentes”, nos cursos de Pedagogia regulamentados por este parecer.
Com seus limites no que se refere ainda a nomenclatura (licenciatura/bacharelado), o parecer aponta para uma solução de continuidade para um impasse que se estende por mais de duas décadas. No documento em questão a formação dos docentes é entendida de modo bastante mais amplo na medida em contempla a formação de docentes não no sentido restrito de ministrar aulas para esta ou aquela faixa etária. A expressão docência tem seu conceito ampliado para todo o trabalho pedagógico a ser desenvolvido no mundo da educação, seja ele restrito ao ambiente escolar ou não. E neste sentido pode ser considerado um avanço no campo da normatização dos cursos de Pedagogia. Obviamente que esta conquista não veio sem boa dose de participação da sociedade organizada.
O parágrafo a que nos referimos acima reza textualmente:
“Entende-se que a formação do licenciado em pedagogia se fundamenta no trabalho pedagógico realizado em espaços escolares e não escolares, que tem a docência como base. Nesta perspectiva, a docência é compreendida como ação educativa e processo pedagógico metódico e intencional, construído em relações sociais, étnico-raciais e produtivas, as quais influenciam conceitos, princípios e objetivos da pedagogia. Dessa forma, a docência, tanto em processos educativos escolares como nãoescolares, não se confunde com a utilização de métodos e técnicas pretensamente pedagógicos, descolados de realidades históricas específicas. Constitui-se na confluência de conhecimentos oriundos de diferentes tradições culturais e das ciências, bem como de valores, posturas e atitudes éticas, de manifestações estéticas, lúdicas, laborais. (Parecer CNE/CP n. 05/2005, p. 7)”.

Com esta regulamentação, finalmente, os profissionais da educação podem experimentar seus anseios adquirirem abrangência na medida em que os cursos de pedagogia deverão alargar a concepção de educação, de escola, de docência, de licenciatura, etc. situação que implica evoluir para muito além do que a simples preparação para o trabalho, título que damos a este comentário.
Na medida em que acontece este alargamento de conceito e de finalidade os cursos de formação de professores caminham para uma nova epistemologia e superam a visão pragmática e tecnicista de preparadores para o trabalho. Quanto mais se for alargando a visão de formação científica dos cursos de pedagogia, mas será possível ganhar no conceito de práxis educativa.
A crítica que cabe ao parecer se foca na questão da falta de clareza sobre o que significa mesmo preparação para o trabalho didático e formação para a pesquisa que consequentemente se direciona também para o cotidiano da educação. Parece importante que o parecer seja lido sob uma ótica muito mais abrangente do que o desenvolvimento de competências e habilidades para realizar tarefas no campo da escola.
Nossa concepção é também direcionada para a compreensão da formação do profissional da educação com uma ampla interação entre teoria e prática. A formação precisa partir dos conhecimentos já dominados, ampliar o leque de cientificidade e para lá voltar. Este processo parece se moldar melhor ao termo “práxis” usada também por outras ciências humanas.
O parecer, visto sob a ótica que estamos apontando, indica que a formação pedagógica e muito mais ampla do que a preparação para o magistério e alcança a produção e difusão do conhecimento. Conforme dissemos parece que o limite do parecer persiste no fato de manter a nomenclatura que em princípio aponta para um reducionismo da função do que se chama licenciatura. Certamente será necessário estabelecer uma formação teórica sólida que seja muito mais ampla do que um mero pragmatismo pedagógico.
Na medida em que a nomenclatura não se tornar pressuposto para a formação de um profissional do tipo “segunda linha” será possível construir uma política de formação que seja compreendida na linha da formação continuada se estendendo a todos os níveis de formação.
A compreensão que temos desta regulamentação, no sentido que ela melhora substancialmente a possibilidade de formação com a superação da mera preparação para o trabalho, aparece textualmente no documento quando se lê: “As DCN-Pedagogia definem a sua destinação, sua aplicação e a abrangência da formação a ser desenvolvida nesse curso. Aplicam-se: a) à formação inicial para o exercício da docência na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental; b) aos cursos de ensino médio de modalidade normal e em cursos de educação profissional; c) na área de serviços e apoio escolar; d) em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. A formação assim definida abrangerá integradamente à docência, a participação da gestão e avaliação de sistemas e instituições de ensino em geral, a elaboração, a execução, o acompanhamento de programas e as atividades educativas" (Parecer CNE/CP n.05/2005, p. 6).

FORMAÇÃO DOCENTE

DESAFIOS PERPESPECTIVAS
COMENTÁRIOS PARA O ENCONTRO DE FORMAÇÃO DO PROJETO PROINFANTIL
E SOCILIZADO COM PROFESSORES E TUTORES DO GRUPO III - AGF CURITIBA EM ABRIL 2010.

Para fazer o relato da experiência, servi-me das reflexões em aula, de leituras e da entrevista com dois professores de cursos de licenciatura. Ouvi diversos alunos do projeto PROINFANTIL, programa do governo federal de formação em exercício, do qual participo na condição de professor formador.
Particularmente o texto do professor Julio Emilio Diniz Pereira (1999) faz algumas afirmações com as quais concordo integralmente, tanto mais que elas se enquadram no nosso projeto de pesquisa.
A primeira afirmação que julgo importante está expressa do seguinte modo: “Outro equívoco consiste em acreditar que para ser bom professor basta o domínio da área do conhecimento específico que se vai ensinar”. O autor discorre sobre essa sua convicção e conclui dizendo que uma necessidade da qual não se pode prescindir será fazer investimentos na formação considerando o professor na sua vivência de trabalho coletivo; no contexto do ser professor desde a sua prática teorizada e vice-versa e que parta para ensinar desde as demandas dos alunos e da escola.
A certeza do autor reside em fazer dos cursos de licenciatura lugares de cultura colaborativa e de responsabilidade em relação à qualidade, muito mais do que reprodutores de demandas programadas e pré-determinadas, mas que em nada, ou quase nada tem de relação com o cotidiano da escola e da vida dos seus formandos.
O autor a que nos referimos cita Magda Becker Soares fazendo suas palavras às da professora quando afirma: “as universidades cumprem sua função pública ao preparar um tipo diferenciado de professor, e não, necessariamente, ao atender as demandas de mercado”. O professor será tanto mais coerente com a sua missão quanto mais “incorporar a postura de investigador em seu trabalho cotidiano na escola e na sala de aula”.
Concluindo o pensamento do autor somos integralmente de acordo que “formar professores é uma tarefa bastante complexa” e que mais do que responder ao “O QUE” será necessário responder ao “COMO” do processo. Este salto de uma para outra pergunta poderá facilitar a compreensão do que significa formar professores investigadores e agentes de mudança na educação brasileira.
É nesta perspectiva que está o nosso projeto, o qual pensamos poder resumir com as seguintes palavras: “O texto tem por objetivo apresentar uma proposta de política pública para a formação de docentes que leve em conta muito mais do que os aspectos intelectuais e cognitivos na formação de docentes. As expressões “policidadania” e “mistagogia” empregadas ao longo das reflexões têm o intuito de ajudar a perceber que a proposta em questão adquire uma impostação particular e bastante nova no mundo da educação. Os dois vocábulos são conceituados e descritos como uma nova feição em relação à formação e às políticas públicas para as quais todos são chamados a se voltar quando se trata de estabelecer um processo formativo e de gestão na educação. No conjunto do texto é possível perceber que uma coerente política de formação de professores exige superar a mera transmissão de conhecimentos e tende necessariamente a se abrir para uma nova forma de ver o sistema educativo como instrumento formador de cidadãos integrados e integradores. No decorrer do processo formativo e ao longo do exercício profissional mais do que receptáculos de conteúdo os educadores merecem ser reconhecidos e tratados como pessoas antes que vistos na condição de profissionais. O eixo integrador da proposta está fundamentado no ensino social da Igreja Católica e sua participação no campo da educação e formação do cidadão em sua função de educador e formador”.
Sob esta ótica também analisamos as repostas que obtivemos dos dois professores entrevistados e que anexamos a este trabalho. Fazemos questão de comentar duas das respostas oferecidas por nossos colaboradores. O professor que trabalha com a curso de matemática falou sobre a relação entre formação e campo de trabalho na questão 6 com as seguintes palavras: “Contempla principalmente na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso, a qual todos os alunos devem fazer, onde o tema é escolhido pelo aluno e orientado por um professor. Consiste em que o aluno possa no decorrer da sua prática fazer uma pesquisa do tipo pesquisa-ação”.
Já o professor de pedagogia no curso da mesma licenciatura escreveu: “O curso de Pedagogia tem que contemplar a formação para a pesquisa, pois não se concebe um profissional de educação que não se debruce sobre sua prática, que não questione suas ações, metodologia e estratégias, que não busque aperfeiçoar-se continuamente. Procuro apresentar questões-problema, para que os acadêmicos reflitam, pesquisem, discutem, posicionem-se, construam argumentos e sintam a necessidade de não aceitar passivamente o que se diz, mas que procurem comprová-lo, levantando e testando hipóteses”.
Pode-se notar nas respostas dos dois professores que o segundo tem uma visão mais continuada do processo formativo e da relação com a prática, já o primeiro se restringe ao momento do curso, como que culminando com o “temeroso TCC” o qual eu prefiro ironicamente qualificá-lo de “cavernoso” no sentido que muitas vezes se limita a cumprir um preceito legal e avaliativo do formando, mais do que expressar sua convicção em referência ao objeto pesquisado.
Já por sua vez no programa PROINFANTIL, cuja formação se dá no exercício é muito mais fácil perceber a relação que se estabelece entre o processo formativo e o cotidiano da ação procurando responder às exigências dos Centros de Educação Infantil e dos que ali participam do processo formativo. Embora o programa seja uma imposição legal o seu desenrolar foi pensado e é executado facilitando ao ‘professor cursista’ encontrar uma nova identidade para a função de SER EDUCADOR.
É neste contexto que reafirmamos a importância de desenvolver no processo de formação de docentes uma mística policidadã que facilite aos nossos educandos/educadores rever cotidianamente a sua condição de “professores/educadores” muito mais do que distribuidores de verdades, saberes e conhecimentos.

HOMILIA PARA O DOMINGO DA SANTÍSSIMA TRINDADE

Dia 31 de maio de 2010


Leituras: Provérbios 8, 22-31; Salmo 8;
Romanos 5, 1-5; João 16, 12-15.


Na linguagem pedagógica atual se diz que fazer uma escola atingir bons resultados e oferecer educação de qualidade é uma responsabilidade complexa demais para ficar na mão apenas de uma pessoa e a mesma pedagogia propõe um trio coeso e bem articulado.
No vocabulário popular costuma-se usar a expressão: “duas ou mais pessoas tem visão mais perfeita das coisas do que um sozinho”.
Há poucos dias um famoso cientista americano anunciou a criação de uma célula sintética apontando tal descoberta como resposta para um sem número de necessidades relacionadas à saúde e ao desenvolvimento da qualidade de vida. Não obstante ser o resultado de uma acurada pesquisa científica, a descoberta não é uma unanimidade na comunidade científica e nem tampouco imediatamente colocada para o uso público. Muitos outros estudos ainda serão realizados antes que seja confirmada e adotada a descoberta.
Imaginemos, pois a complexidade da obra criada por Deus! É neste sentido que encontra razão a Solenidade da Santíssima Trindade que a Igreja nos convida a celebrar neste domingo. Aqui estamos porque Deus comunhão nos reuniu no seu amor.
No Evangelho é o próprio Jesus quem promete o Espírito da Verdade, aquele que vindo do Pai, revela a verdade que Jesus ensinou e orienta as comunidades para permanecerem nesta verdade. Eis aí a missão do Espírito na magnífica obra do Pai e do Filho. Ensinando toda a verdade o Espírito liberta do medo e enche os discípulos de vigor profético, restabelece a fé que, de certo modo, havia sido abalada com a morte de Jesus, reascende a esperança e recria a comunhão.
A primeira leitura nos fez recordar a maravilhosa obra de Deus para que o ser humano pudesse viver com dignidade e com alegria. Por conta disso nós rezamos no salmo 8: Teu nome é Senhor Maravilhoso.
Já São Paulo, na segunda leitura, confirma tudo o que já era conhecido, porém atribui isso à obra do Espírito Santo: “A esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo”.
Eis aí o convite que nos é renovado a cada domingo: quando perdemos a capacidade de amar e de fazer comunhão perdemos também a direção e isto nos faz colocar em risco projetos valiosos. Aqui viemos convocados pelo amor da Trindade Santa e viemos com o desejo de nos deixar conduzir pelo jeito de ser de Deus: “Ser comunhão e formar comunhão”.
Ó Trindade vos louvamos, vos louvamos pela vossa comunhão. Que esta mesa favoreça nossa vida como irmãos.

domingo, 23 de maio de 2010

HOMILIA PARA O DIA 23 DE MAIO 2010

DOMINGO DE PENTECOSTES


Leituras: Atos dos Apóstolos 2, 1-11; Salmo Responsorial 103(104;
1Cor 12,3b-7.12-13; João 20, 19-23.


Imagino que para quase todos no momento em que entramos no chamado mundo virtual, por meio da rede mundial de computadores, tenha sido um momento importante. Por certo tivemos a sensação de poder falar com o mundo. De fato os avanços tecnológicos e científicos parecem estar em nossas mãos. Em resumo temos a impressão de alcançar respostas para quase tudo. Compreender e ser compreendido.
Excluindo-se todos os limites desta comparação ela pode ser um modo de compreender a celebração de Pentecostes. Celebramos hoje o dom do Espírito Santo, isto é, a abertura da Igreja para todas as nações. Por meio deste presente inefável Deus fez com que a Palavra do Filho alcançasse todos os povos outrora conhecidos.
Na Igreja hoje também pedimos que o mesmo Espírito abra nossos corações para a unidade e a diversidade, rezamos a fim de que o mesmo Espírito nos modifique e modifique o mundo. Que, uma vez mais, por sua graça, aconteçam a solidariedade, a justiça e todo bem.
Nas palavras do Evangelho o espírito de Deus é comparado ao sopro dado por Jesus sobre os apóstolos que por meio deste sinal são incumbidos de levar a todos o perdão e a vida nova. No texto da primeira leitura se pode fazer um paralelo com o povo de Israel acampado no Sinai. Lá, porém, a incapacidade de compreender os caminhos de Deus levou os homens a se ocupar no projeto da torre de Babel cujo resultado é a confusão total de línguas e nações. Aqui, com o Pentecostes, gente de todas as raças e línguas se entendem: nasce a Igreja aberta para o mundo e ecumênica.
Já são Paulo na segunda leitura confirma a promessa que havia sido feita por Jesus: O Espírito Santo é o advogado, o que faz reconhecer a presença de Jesus no meio do mundo. Presença que não é necessariamente física, mas é real por meio da sua palavra e, sobretudo, da vivência de tudo aquilo que havia dito e ensinado.
É bastante comum em nossas assembleias um canto litúrgico onde se reza as seguintes palavras: “No povo renasce a confiança ó Espírito Santo de Deus.” De fato desde o dia do Pentecostes, e com muito pouco espaço de tempo todo o mundo outrora conhecido já havia ouvido falar no nome de Jesus e tomava ciência dos seus ensinamentos.
Como irmãos reunidos, peçamos também que o feito extraordinário de pentecostes se repita hoje em nossa sociedade. Que por nossa voz, pelo testemunho de nossa vida aconteça em todos os lugares verdadeira comunhão. Que a unidade da Eucaristia e da Palavra se realize em nossas Igrejas, em nossas famílias, nas sociedades e na relação com toda a obra criada.
Que o Espírito Santo nos faça promotores de condições de vida cada vez mais humanas e com melhor qualidade para todos em todos os lugares. Este nosso pedido se repete em diferentes momentos de nossas celebrações. Recordo de modo particular na oração Eucarística quando o padre diz: “comungando o corpo e o sangue do Vosso Filho sejamos repletos do Espírito Santo e nos tornemos um só corpo e um só Espírito.”

sexta-feira, 14 de maio de 2010

HOMILIA PARA O DOMINGO 16 DE MAIO 2010

DOMINGO DA ASCENSÃO DO SENHOR




Leituras: Atos dos apóstolos 1,1-11; Salmo Responsorial 46(47);
Efésios 1,17-23; Lucas 24, 46-53.

A partida de alguém que amamos, por qualquer que seja o motivo é sempre marcado por situações de emoção. Pode ser de alegria ou de tristeza. Em ambos os casos nossa expectativa é de algum modo poder reencontrar. Dizemos até que não existe um adeus definitivo, mas apenas um até logo. Em dialeto friuliano, (do norte da Itália) se usa a expressão MANDI, (In mani Dio) para dizer a alguém que se vá e que permaneça guiado pelas mãos de Deus.

Neste domingo, depois de termos percorrido o caminho pascal com Jesus, chegamos ao momento solene da despedida. Ele, como havia dito, se vai para junto de seu Pai e nosso Pai. Ao mesmo tempo ele afirma que estará conosco. Obviamente não se trata mais da presença física, a partir de agora ele estará com seus seguidores mediante o modo de viver de cada um deles. Vejam como eles se amam!

Os discípulos começam a constituir uma comunidade marcada pelo jeito de viver de Jesus. Esta é a meta, este é o desejo, esta será a maneira de reconhecer que tudo o que o Mestre havia dito se torna realidade e por meio desta prática todos poderão reconhecer que Jesus está aí.

As palavras de despedida que Jesus usa no Evangelho tem a intenção clara de recordar aos discípulos o que já lhes havia ensinado. Agora seu ensinamento tem a força de missão com a finalidade específica de fazer cumprir tudo o que fora dito por Ele e por aqueles que vieram antes d’Ele. Jesus também entendia de sentimentos e de sofrimentos e de fraquezas, por isso mesmo, promete aos seus uma força do alto: “O Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome”.

Já no trecho dos Atos dos Apóstolos pode se ver que a tarefa de fazer conhecer quem é Jesus começa exatamente na sua terra onde ele é conhecido, mas não reconhecido. Ele apresenta uma proposta ambiciosa: torná-lo conhecido e reconhecido até os confins da terra. Daí que a leitura termina com uma espécie de reprovação pelo comportamento dos discípulos: “Homens da Galileia o que vocês fazem aí olhando para o céu?”

Fernando Sabino (escritor e jornalista) escreveu assim: “No fim tudo dará certo, se não deu certo ainda é porque ainda não chegou ao fim”. Pois ora, a festa da Ascensão, marca o fim da presença de Jesus fisicamente no meio do mundo. Isso significa dizer: Sua missão foi cumprida, tudo deu certo e agora volta para a casa de onde veio.

E eis que começa o cristianismo. Ontem como hoje, nós que acreditamos na Palavra de Jesus temos a mesma e única tarefa: Testemunhar tudo o que ele fez e ensinou! O alerta que foi dado aos moradores da Galileia pode ser aplicado a cada cristão no século XXI: O que vocês fazem aí parados?

No meio do mundo angustiado com tantos problemas o que vocês fazem continua a clamar o Evangelho. Não basta que venhamos para a celebração, não basta que esperemos um milagre do céu. Não basta articular alguma troca de favores entre o céu e a terra. É Preciso fazer da vitória de Cristo a nossa vitória. Confiemos também na força do Espírito Santo de Deus que nos fará testemunhas por toda a terra.

HOMILIA PARA O DIA 16 DE MAIO 2010

DOMINGO DA ASCENSÃO DO SENHOR




Leituras: Atos dos apóstolos 1,1-11; Salmo Responsorial 46(47);
Efésios 1,17-23; Lucas 24, 46-53.


A partida de alguém que amamos, por qualquer que seja o motivo é sempre marcado por situações de emoção. Pode ser de alegria ou de tristeza. Em ambos os casos nossa expectativa é de algum modo poder reencontrar. Dizemos até que não existe um adeus definitivo, mas apenas um até logo. Em dialeto friuliano, (do norte da Itália) se usa a expressão MANDI, (IN mani Dio) para dizer a alguém que se vá e que permaneça guiado pelas mãos de Deus.


Neste domingo, depois de termos percorrido o caminho pascal com Jesus, chegamos ao momento solene da despedida. Ele, como havia dito, se vai para junto de seu Pai e nosso Pai. Ao mesmo tempo ele afirma que estará conosco. Obviamente não se trata mais da presença física, a partir de agora ele estará com seus seguidores mediante o modo de viver de cada um deles. Vejam como eles se amam!


Os discípulos começam a constituir uma comunidade marcada pelo jeito de viver de Jesus. Esta é a meta, este é o desejo, esta será a maneira de reconhecer que tudo o que o Mestre havia dito se torna realidade e por meio desta prática todos poderão reconhecer que Jesus está aí.


As palavras de despedida que Jesus usa no Evangelho tem a intenção clara de recordar aos discípulos o que já lhes havia ensinado. Agora seu ensinamento tem a força de missão com a finalidade específica de fazer cumprir tudo o que fora dito por Ele e por aqueles que vieram antes d’Ele. Jesus também entendia de sentimentos e de sofrimentos e de fraquezas, por isso mesmo, promete aos seus uma força do alto: “O Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome”.


Já no trecho dos Atos dos Apóstolos pode se ver que a tarefa de fazer conhecer quem é Jesus começa exatamente na sua terra onde ele é conhecido, mas não reconhecido. Ele apresenta uma proposta ambiciosa: torná-lo conhecido e reconhecido até os confins da terra. Daí que a leitura termina com uma espécie de reprovação pelo comportamento dos discípulos: “Homens da Galileia o que vocês fazem aí olhando para o céu?”


Fernando Sabino (escritor e jornalista) escreveu assim: “No fim tudo dará certo, se não deu certo ainda é porque ainda não chegou ao fim”. Pois ora, a festa da Ascensão, marca o fim da presença de Jesus fisicamente no meio do mundo. Isso significa dizer: Sua missão foi cumprida, tudo deu certo e agora volta para a casa de onde veio.


E eis que começa o cristianismo. Ontem como hoje, nós que acreditamos na Palavra de Jesus temos a mesma e única tarefa: Testemunhar tudo o que ele fez e ensinou! O alerta que foi dado aos moradores da Galileia pode ser aplicado a cada cristão no século XXI: O que vocês fazem aí parados?


No meio do mundo angustiado com tantos problemas o que vocês fazem continua a clamar o Evangelho. Não basta que venhamos para a celebração, não basta que esperemos um milagre do céu. Não basta articular alguma troca de favores entre o céu e a terra. É Preciso fazer da vitória de Cristo a nossa vitória. Confiemos também na força do Espírito Santo de Deus que nos fará testemunhas por toda a terra.

domingo, 2 de maio de 2010

HOMILIA PARA O QUINTO DOMINGO DA PASCOA

AMEM-SE MUTUAMENTE...


Leituras: Atos 14, 21b - 27; Salmo 144(145) 8 - 13


Apocalipse 21, 1- 5; João 13, 31- 35





Por Diversas razões algumas pessoas marcam a nossa vida e as nossas relações. Cultivamos atitudes de respeito, de admiração, tecemos elogios a determinadas pessoas normalmente por conta da maneira como elas se dão a conhecer. Assim dizemos que esta ou aquela pessoa é um “anjo em pessoa”; este ou aquele é alguém que “ama muito”; Beltrano ou sicrano ‘é responsável e dedicado’. E assim por diante. Em outras palavras o que marca alguém são suas atitudes, seu modo de viver, seu testemunho de ser e de existir.
Pois é isto que a Palavra de Deus nos aponta e sugere neste domingo. As palavras de Jesus indicam o “amor total e desprendido como o cartão de visita” daquele que se declara cristão.
Vivemos numa cidade em que os meios de comunicação apontam uma crescente onda de violência e outras formas de desrespeito pelo ser humano e violação da dignidade está cada vez mais aviltante. Neste contexto o evangelho nos convida a viver e a praticar o amor, o colhimento e o serviço à luz do jeito de ser de Jesus.
Antes de se despedir dos seus amigos, Jesus lhes dá algumas últimas orientações e uma recomendação incisiva e pertinente: “Filhinhos... dou-lhes um novo mandamento. Amem-se uns aos outros”. A designação de filhinhos retrata a proximidade que Jesus tem com os seus seguidores, uma relação que ultrapassa todas as formalidades e adquire uma marca registrada. Isto é, só quem é discípulo será capaz de agir segundo o mestre. E Jesus conclui: As pessoas lhes reconhecerão pela prática deste amor.
É óbvio que tudo isso, exige uma nova forma de enfrentar as dificuldades do cotidiano e daí vem a recomendação que Paulo faz na primeira leitura: “permaneçam firmes na fé”. Tal advertência, sem sombra de dúvida, é também aplicável a cada um de nós, tal como a recomendação de Jesus: “Amem-se uns aos outros”.
Se este modo de ser for efetivamente concretizado poderemos experimentar o que se promete na segunda leitura: “As lágrimas, o luto e a dor deixarão de existir”.
Peçamos então mais uma vez que nossa participação nesta eucaristia nos mantenha firmes naquilo que ouvimos e alimentados pela Eucaristia sejamos fortalecidos para “amar mutuamente”.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

PEDAGOGIA DO CUIDADO

QUEM AMA CUIDA...

(Contribuições do Professor Elcio Alberton para
a reflexão da terça feira 06 de abril 2010 no projeto PROINFANTIL).

No contexto das reflexões éticas na atualidade a expressão CUIDADO, tem sido muitas vezes compreendido como capacidade de amar o que significa também permitir que o ser em relação desenvolva suas habilidades em todos os sentidos.
Na leitura do texto em questão (Daniela Guimarães) a autora parece tratar do termo sob esta ótica.
Fazendo um passeio pelos conceitos de educar, instruir, cuidar, e da finalidade das creches e centros de educação infantil a autora faz uso da palavra CUIDADO permitindo que esta seja entendida como a capacidade de facilitar o crescimento e a interação entre os distintos envolvidos no processo.
É de amplo conhecimento a idéia equivocada que permeou as creches durante muito tempo, sendo elas entendidas e muitas vezes de fato conduzidas como depósito de crianças a quem faltava cuidados. E neste recinto e condição elas eram de fato apenas cuidadas, isto é, atendidas no mínimo das necessidades de permanência no local.
O reconhecimento dos espaços conhecidos como Creches, dentro do processo da educação infantil permitiu que um novo olhar fosse voltado para todo o processo e prática do CUIDADO em relação as crianças que participam destas instituições.
A primeira atitude que aos poucos, vai se tornando indispensável é superar a dicotomia entre cuidar e educar. Alias a comunhão (sinonímia) destes dois termos responde exatamente ao conceito atual da expressão: QUEM AMA CUIDA!
Não faltam autores que compreendem esta interação como resultado de outra necessidade de todo ser humano: Sentir-se acolhido e valorizado na sua condição no local onde escolhe para estabelecer relacionamentos. A expressão, a meu ver, muito feliz, "forma menor de educação" longe de adquirir sentido pejorativo precisa ser lido como possibilidade de modos alternativos de estar com as crianças e consequentemente valorizá-las na sua individualidade.
Longe de compreender o processo educativo como uma disciplinarização o uso da expressão cuidado educacional adquire uma perspectiva muito importante na medida em que qualifica a condição de quem promove e facilita o sujeito de manifestar seus saberes socializando-os e interagindo com os demais saberes e seres. É neste sentido que a pessoa envolvida no processo de CUIDADO passa a ser visto como sujeito único que se coloca na relação com o outro.
Dito isso fica possível compreender CUIDADO como o processo que dá início a toda forma de sadio relacionamento. É assim que Bakhtin , compreende o processo de crescimento (não somente físico) da criança desde as suas relações de imitação com a mãe, fazendo suas as palavras e atitudes do outro.
Há de se convir que só muito recentemente nossas creches voltaram seu foco para a criança e seus direitos, isto é, estas estão na creche não como necessitadas de "cuidados" mas como seres de "CUIDADO", situação que pode ser compreendida como inserção na coletividade com facilitação para a socialização.
Na medida em que nossas crianças passaram a ser vistas nas creches como sujeitos da ação de educar foi largamente ampliado o conceito de transmitir saberes para o incremento da sociabilidade dos conhecimentos. Nesta ótica a missão do professor em muito se amplia e recebe nova valorização, ela deixa de ser uma distribuidora de "trabalhinhos" para ser promotora de "valores".
Esta parece ser a realidade que a autora constata na pesquisa conhecida como observação participante realizada em dois distintos centros de educação. A educação infantil entendida a partir do CUIDADO faz do adulto uma ponte para construção de novos saberes os quais são processados pela própria criança com um consequente engrandecimento de possibilidades.
A isso eu chamo de Mistagogia da educação infantil ou capacidade de quebrar os grilhões que prendem as crianças ao fundo da caverna da ignorância, para fazer um paralelo com o mito platônico da caverna.
Parece ser muito feliz a apropriação do termo italiano "didática do fazer' para qualificar este novo modo de facilitar o desenvolvimento educacional da criança.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

HOMILIA PARA O DIA 11 DE ABRIL 2010

SEGUNDO DOMINGO DA PÁSCOA

Leituras: Atos5,12-16; Salmo 117(118);
Apocalipse 1, 9-13.17-19; João 20,19-31.

Normalmente quando um acontecimento é importante para nós marcamos a data e recordamos o fato de modo bastante significativo. Isso vale para o aniversário da pessoa que a gente quer bem, a data da formatura, do casamento,etc... Recordar a data que algo nos aconteceu é uma forma de reviver o fato no cotidiano da história.
A mesma situação foi vivida pela comunidade dos discípulos de Jesus. O primeiro dia da semana se tornou uma data importante. Recordando a Ressurreição de Jesus eles passaram a se reunir neste dia. Juntos faziam memória de tudo o que haviam aprendido e vivido na companhia de Jesus.
Este fato se tornou tão importante que pouco tempo depois recebeu o nome de Domingo, que quer dizer: Dia do Senhor! Desde aquele tempo nós continuamos celebrando a ressurreição de Jesus e nos reunimos de domingo a domingo para fazer memória deste extraordinário acontecimento pascal.
As leituras deste segundo domingo da páscoa nos ajudam a compreender melhor o sentido da reunião e da missão. No evangelho temos a narrativa de um encontro dos discípulos, ocasião em que recordavam os ensinamentos do mestre. Dentre eles um não estava.
Jesus aparece, se dá a conhecer, anuncia o seu mais excelso desejo: A paz esteja com vocês. Como o Pai me enviou eu também envio vocês. E os discípulos se alegraram e contaram para todos o que lhes tinha acontecido.
Tomé não acreditou. Uma semana depois Jesus reaparece, agora Tomé está aí e Jesus lhe confia a missão e faz a devida advertência: Você acreditou porque viu!
As lições da liturgia deste domingo estão nesta direção para nossas comunidades: Primeiro: O domingo é o dia do Senhor, o dia da reunião dos irmãos e nada deverá nos desviar deste importante e necessário encontro; Segundo: é na reunião que experimentamos o Dom de Deus: A Paz esteja com vocês! Terceiro: somos também enviados em missão em vista de um mundo melhor e que experimente também o que Deus tem a oferecer por nosso intermédio.
Quarto: longe da comunidade reconhecer Jesus fica quase impossível.
Peçamos a graça de nunca negligenciar o domingo e o que dele podemos usufruir na medida que nos reunimos com a comunidade para celebrar o Senhor.
Que esta Palavra e a Eucaristia sejam nossa força na jornada.

sábado, 3 de abril de 2010

LICENCIATURA OU BACHARELADO?


FORMAÇÃO OU PREPARAÇÃO PARA O TRABALHO?



Elcio Alberton
Licenciado em Filosofia, Especialista em Gestão Educacional,

Mestrando em Educação. Professor no Programa PROINFANTIL,

Diretor pedagógico da UNIANDRADE, Curitiba.

Texto produzido sob a orientação da professora

Joana Paulin Romanowski,

na disciplina Formação de professores do

programa de Mestrado da PUCPR 2010.





No comentário que fizemos sobre saberes docentes, escrevemos assim: “De qualquer modo é claro que os profissionais da educação necessitam desenvolver e promover saberes que alcancem o campo da cientificidade daquilo que especificamente se propõe ensinar sem, contudo, descuidar de saberes que se ampliem para as demais ciências sociais e do conhecimento do ser humano”.


Na perspectiva da nossa pesquisa estamos também preocupados com a formação de docentes que vislumbre muito mais do que a preparação para o trabalho e a aquisição de instrumentais conteudistas, didáticos e pedagógicos que visem primariamente a transmissão de conhecimentos.


Os distintos autores, propostos para leitura na cadeira de Formação de Docentes do programa de Mestrado da PUCPR no ano de 2010, pautam suas reflexões e questionamentos em relação ao parecer 05/2005 precisamente no que se refere à amplitude que mereceria ter a compreensão do termo “formação de docentes”, nos cursos de Pedagogia regulamentados por este parecer.


Com seus limites no que se refere ainda a nomenclatura (licenciatura/bacharelado), o parecer aponta para uma solução de continuidade para um impasse que se estende por mais de duas décadas. No documento em questão a formação dos docentes é entendida de modo bastante mais amplo na medida em contempla a formação de docentes não no sentido restrito de ministrar aulas para esta ou aquela faixa etária. A expressão docência tem seu conceito ampliado para todo o trabalho pedagógico a ser desenvolvido no mundo da educação, seja ele restrito ao ambiente escolar ou não. E neste sentido pode ser considerado um avanço no campo da normatização dos cursos de Pedagogia. Obviamente que esta conquista não veio sem boa dose de participação da sociedade organizada.


O parágrafo a que nos referimos acima reza textualmente:
“Entende-se que a formação do licenciado em pedagogia se fundamenta no trabalho pedagógico realizado em espaços escolares e não escolares, que tem a docência como base. Nesta perspectiva, a docência é compreendida como ação educativa e processo pedagógico metódico e intencional, construído em relações sociais, étnico-raciais e produtivas, as quais influenciam conceitos, princípios e objetivos da pedagogia. Dessa forma, a docência, tanto em processos educativos escolares como nãoescolares, não se confunde com a utilização de métodos e técnicas pretensamente pedagógicos, descolados de realidades históricas específicas. Constitui-se na confluência de conhecimentos oriundos de diferentes tradições culturais e das ciências, bem como de valores, posturas e atitudes éticas, de manifestações estéticas, lúdicas, laborais. (Parecer CNE/CP n. 05/2005, p. 7)”.

Com esta regulamentação, finalmente, os profissionais da educação podem experimentar seus anseios adquirirem abrangência na medida em que os cursos de pedagogia deverão alargar a concepção de educação, de escola, de docência, de licenciatura, etc. situação que implica evoluir para muito além do que a simples preparação para o trabalho, título que damos a este comentário.


Na medida em que acontece este alargamento de conceito e de finalidade os cursos de formação de professores caminham para uma nova epistemologia e superam a visão pragmática e tecnicista de preparadores para o trabalho. Quanto mais se for alargando a visão de formação científica dos cursos de pedagogia, mas será possível ganhar no conceito de práxis educativa.


A crítica que cabe ao parecer se foca na questão da falta de clareza sobre o que significa mesmo preparação para o trabalho didático e formação para a pesquisa que consequentemente se direciona também para o cotidiano da educação. Parece importante que o parecer seja lido sob uma ótica muito mais abrangente do que o desenvolvimento de competências e habilidades para realizar tarefas no campo da escola.


Nossa concepção é também direcionada para a compreensão da formação do profissional da educação com uma ampla interação entre teoria e prática. A formação precisa partir dos conhecimentos já dominados, ampliar o leque de cientificidade e para lá voltar. Este processo parece se moldar melhor ao termo “práxis” usada também por outras ciências humanas.


O parecer, visto sob a ótica que estamos apontando, indica que a formação pedagógica e muito mais ampla do que a preparação para o magistério e alcança a produção e difusão do conhecimento. Conforme dissemos parece que o limite do parecer persiste no fato de manter a nomenclatura que em princípio aponta para um reducionismo da função do que se chama licenciatura. Certamente será necessário estabelecer uma formação teórica sólida que seja muito mais ampla do que um mero pragmatismo pedagógico.


Na medida em que a nomenclatura não se tornar pressuposto para a formação de um profissional do tipo “segunda linha” será possível construir uma política de formação que seja compreendida na linha da formação continuada se estendendo a todos os níveis de formação.


A compreensão que temos desta regulamentação, no sentido que ela melhora substancialmente a possibilidade de formação com a superação da mera preparação para o trabalho, aparece textualmente no documento quando se lê: “As DCN-Pedagogia definem a sua destinação, sua aplicação e a abrangência da formação a ser desenvolvida nesse curso. Aplicam-se: a) à formação inicial para o exercício da docência na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental; b) aos cursos de ensino médio de modalidade normal e em cursos de educação profissional; c) na área de serviços e apoio escolar; d) em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. A formação assim definida abrangerá integradamente à docência, a participação da gestão e avaliação de sistemas e instituições de ensino em geral, a elaboração, a execução, o acompanhamento de programas e as atividades educativas" (Parecer CNE/CP n.05/2005, p. 6).

HOMILIA PARA O DIA 04 DE ABRIL 2010



DOMINGO DA PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO DO SENHOR



O início deste ano foi marcado por uma série de catástrofes naturais que comoveram o mundo. Avalanches, desmoronamento, enchentes, terremotos. Em todas estas situações a morte se fez presente de maneira assustadora. Entretanto, para pelo menos uma pessoa, e para os que puderam reconhecer o seu trabalho a morte foi um sinal claro de tudo o que significou a sua vida. Lembro neste momento a Dra. Zilda Arns. Morreu sob os escombros de um terremoto, como tantas vítimas indefesas e inocentes.
Mas a morte dela ganhou outra conotação em virtude do seu trabalho pela vida das nossas crianças. Podemos dizer que Ela não morreu, e não morreu porque sua obra é viva e facilita a vida.
Neste sentido celebrar o Cristo ressuscitado significa celebrar a alegre esperança que também nós com Ele ressuscitaremos. A verdade do que aconteceu com Jesus não foi uma situação fácil de ser entendida pelos seus seguidores. Assim temos na narrativa do Evangelho, nominadas algumas pessoas: Maria Madalena, Simão Pedro, o outro discípulo. Ambos tinham estado com Jesus durante todo o processo da sua condenação e morte, mas ainda não tinham assimilado o que isso poderia significar. E continuam procurando-o no lugar onde estão os mortos.
O modo como o evangelho nos conta a ressurreição indica exatamente aquilo que professamos e celebramos. O que com Ele aconteceu não foi um episódio isolado e sem explicação. Tudo aí faz parte do plano de salvação que Deus tinha, desde muito, planejado.
Nós, como os primeiros discípulos se acreditamos nesta verdade temos a missão de proclamá-la com a vida.
Aqui reunidos fazendo memória deste fato salvador pedimos com insistência que o Senhor nos faça destemidos no que concerne dar a vida por meio de lutas e tarefas que transformem o mundo.
Que nossa vida seja expressão concreta e real do Amém que professamos ao participar da comunhão com o corpo e o sangue do Senhor Jesus.

HOMILIA PARA O DIA 03 DE ABRIL 2010


VÍGILIA PASCAL 2010




A longa celebração desta noite, com suas quatro partes bem distintas, com direito foi chamada por Santo Agostinho de “Mãe de todas as vigílias”. A Liturgia da Igreja nos convida a celebrar recordando a ação de Deus que salvou e libertou seu povo e a reposta nem sempre coerente daqueles que foram escolhidos pelo Pai.
Os sinais do fogo e da água dispensam maiores comentários é fácil perceber que eles indicam o princípio de todas as coisas e sua presença simbólica pode ser reconhecida nos diversos momentos da ação de Deus em favor do seu povo.
A longa Liturgia da Palavra nos ajuda a percorrer o caminho que Deus fez e os descaminhos que as criaturas percorreram até a vinda do Messias.
Em resumo, as leituras do antigo testamento no aponta a obra criadora e salvadora de Deus com a respectiva promessa que nos vem pela boa do profeta.
Já São Paulo no texto de hoje nos faz compreender o sentido último da morte e ressurreição do Senhor. Tendo participado com ele, somos agora herdeiros de tudo o que Ele nos mereceu.
Não é sem razão que entre as leituras do antigo e do novo testamento nós cantamos o hino de louvor e o fazemos convencidos que o Senhor Ressuscitou e que sua vida agora nos aproxima ainda mais e de modo definitivo do mundo que Deus Pai quis para todos.
As palavras do Evangelho são confirmadas pela renovação das promessas do batismo, aceitar esta verdade implica estar disposto a trabalhar por um mundo novo e muito melhor. É obvio se fomos também nós renovados pelo Cristo, porque não dedicar-nos na realização daquilo que Ele começou.
Aqui viemos para “fazer tudo isso em memória do Senhor”. Isto significa dizer que com Jesus queremos passar da antiga à nova vida.

SABERES DOCENTES

COMENTÁRIOS AO TEXTO SABERES PROFISSIONAIS DOS
PROFESSORES E CONHECIMENTOS UNIVERSITÁRIOS



Elcio Alberton, Licenciado em Filosofia, Especialista em Gestão Educacional,
Mestrando em Educação.
Professor no Programa PROINFANTIL, Diretor pedagógico da UNIANDRADE, Curitiba.
Texto produzido sob a orientação da professora Joana Paulin Romanowski, na disciplina
Formação de professores do programa de Mestrado da PUCPR 2010.



Tardif, Maurice. Saberes Docentes
Formação Profissional.
Petrópolis, Vozes, 2008


Os inúmeros desafios do cotidiano da docência exigem que os profissionais respondam a algumas questões que são sempre pertinentes e presentes na arte de mediar saberes.
Conforme comentamos no texto que trata do professor como um profissional da contradição, parece oportuno tratemos da questão dos saberes sob a mesma ótica. Isto é, ao perguntar-se sobre quais saberes são necessários há que responder em primeiro lugar a partir de onde o docente está fazendo esta pergunta. E mais ainda para onde ele quer caminhar com tais questionamentos.
A prática da docência está inserida numa conjuntura social que se modifica a velocidade da luz e que exige sempre novas respostas. Sem precisar nos alongar poderíamos discorrer muito sobre a modalidade de saberes cuja perspectiva se abre com o ensino a distância.
Sob este ponto de vista com toda a obviedade o profissional da educação terá um sem número de novos desafios e porque não dizer de necessidade de novos saberes.
De qualquer modo é claro que os profissionais da educação necessitam desenvolver e promover saberes que alcancem o campo da cientificidade daquilo que especificamente se propõe ensinar sem, contudo, descuidar de saberes que se ampliem para as demais ciências sociais e do conhecimento do ser humano.
Aceitar ser avaliado por quem partilha dos mesmos ideais e angústias é um elemento importante posto que esta condição ajude o professor ampliar sua bagagem de conhecimento que se estenda para além da tecnicidade. A isto o autor chama de formação continuada e contínua, os dois termos que parecem exprimir o mesmo resultado são, todavia, distintos e se completam. Uma abertura para formação contínua será muito mais do que aprender para colocar em prática. Bastante vezes a formação se resume a aquisição de novas técnicas e quiçá métodos para ensinar. Com absoluta certeza isso não pode ser entendido como formação contínua. Este vocábulo parece expressar muito mais que o professor merece estar sempre pronto a adquirir novos saberes os quais o projetarão para novas aventuras na “arte da docência”.
Os questionamentos da contemporaneidade, o advento de novas tecnologias e de incontáveis outros desafios geraram no mundo da docência uma crise, diria sem precedentes. Crise no sentido de quebra de referenciais uma vez que os chamados saberes estáveis foram sendo desqualificados ou, em outras palavras, cotidianamente superados.
A crise a que o autor se refere não me parece que deva ser tomada sob a ótica do pessimismo ou como uma situação necessariamente negativa, mas parece ser uma crise no sentido do acrisolamento que provoca mudanças e novas perspectivas.
Experimentar esse tipo de crise faz com que os profissionais da docência tenham a determinação para questionar o tipo e os limites de formação oferecidos pelas instituições, posto que estas também vivenciem os conflitos que permeiam toda a sociedade. O autor parafraseia Kant, dizendo que os questionamentos em torno da docência se comparam ao um processo que exige despertar do sono dogmático da razão profissional. Com esta afirmação nós concordamos na sua totalidade.
O complexo mundo da formação contínua aponta para o que o autor chama de epistemologia da prática profissional ou o conjunto de saberes dos quais o docente se utiliza para o trabalho cotidiano. Este processo consiste em constante reconstrução e reordenamento de competências visando responder às novas exigências e os novos desafios. Nesta linha o trabalho vai se tornando uma construção e não um mero objeto.
Quanto mais o profissional reduzir sua condição de educador à dimensão da praticidade mais ele alarga a possibilidade de se tornar um “idiota do conhecimento”, que não é capaz de recompor o repertório dos saberes.
Um elemento importante a ser considerado no que concerne aos saberes é a história de vida, aquilo que aprendeu por osmose, mas na medida em que nesta altura encontrar limites o aprendizado deixa de ser transformador e, consequentemente, perde parte significativa da sua razão de ser.
Mais do que qualquer outra ocupação o docente tem necessidade de enriquecer-se de recursos e competências muito mais do que técnicas conceituais. É sobre esta última afirmação que nossa dissertação vai se pautar no que concerne à mistagogia da formação do docente.

SABERES DOCENTES

COMENTÁRIOS AO TEXTO SABERES PROFISSIONAIS DOS
PROFESSORES E CONHECIMENTOS UNIVERSITÁRIOS


Elcio Alberton, Licenciado em Filosofia, Especialista em Gestão Educacional, Mestrando em Educação. Professor no Programa PROINFANTIL, Diretor pedagógico da UNIANDRADE, Curitiba. Texto produzido sob a orientação da professora Joana Paulin Romanowski, na disciplina Formação de professores do programa de Mestrado da PUCPR 2010.


Tardif, Maurice. Saberes Docentes
Formação Profissional.
Petrópolis, Vozes, 2008

Os inúmeros desafios do cotidiano da docência exigem que os profissionais respondam a algumas questões que são sempre pertinentes e presentes na arte de mediar saberes.
Conforme comentamos no texto que trata do professor como um profissional da contradição, parece oportuno tratemos da questão dos saberes sob a mesma ótica. Isto é, ao perguntar-se sobre quais saberes são necessários há que responder em primeiro lugar a partir de onde o docente está fazendo esta pergunta. E mais ainda para onde ele quer caminhar com tais questionamentos.
A prática da docência está inserida numa conjuntura social que se modifica a velocidade da luz e que exige sempre novas respostas. Sem precisar nos alongar poderíamos discorrer muito sobre a modalidade de saberes cuja perspectiva se abre com o ensino a distância.
Sob este ponto de vista com toda a obviedade o profissional da educação terá um sem número de novos desafios e porque não dizer de necessidade de novos saberes.
De qualquer modo é claro que os profissionais da educação necessitam desenvolver e promover saberes que alcancem o campo da cientificidade daquilo que especificamente se propõe ensinar sem, contudo, descuidar de saberes que se ampliem para as demais ciências sociais e do conhecimento do ser humano.
Aceitar ser avaliado por quem partilha dos mesmos ideais e angústias é um elemento importante posto que esta condição ajude o professor ampliar sua bagagem de conhecimento que se estenda para além da tecnicidade. A isto o autor chama de formação continuada e contínua, os dois termos que parecem exprimir o mesmo resultado são, todavia, distintos e se completam. Uma abertura para formação contínua será muito mais do que aprender para colocar em prática. Bastante vezes a formação se resume a aquisição de novas técnicas e quiçá métodos para ensinar. Com absoluta certeza isso não pode ser entendido como formação contínua. Este vocábulo parece expressar muito mais que o professor merece estar sempre pronto a adquirir novos saberes os quais o projetarão para novas aventuras na “arte da docência”.
Os questionamentos da contemporaneidade, o advento de novas tecnologias e de incontáveis outros desafios geraram no mundo da docência uma crise, diria sem precedentes. Crise no sentido de quebra de referenciais uma vez que os chamados saberes estáveis foram sendo desqualificados ou, em outras palavras, cotidianamente superados.
A crise a que o autor se refere não me parece que deva ser tomada sob a ótica do pessimismo ou como uma situação necessariamente negativa, mas parece ser uma crise no sentido do acrisolamento que provoca mudanças e novas perspectivas.
Experimentar esse tipo de crise faz com que os profissionais da docência tenham a determinação para questionar o tipo e os limites de formação oferecidos pelas instituições, posto que estas também vivenciem os conflitos que permeiam toda a sociedade. O autor parafraseia Kant, dizendo que os questionamentos em torno da docência se comparam ao um processo que exige despertar do sono dogmático da razão profissional. Com esta afirmação nós concordamos na sua totalidade.
O complexo mundo da formação contínua aponta para o que o autor chama de epistemologia da prática profissional ou o conjunto de saberes dos quais o docente se utiliza para o trabalho cotidiano. Este processo consiste em constante reconstrução e reordenamento de competências visando responder às novas exigências e os novos desafios. Nesta linha o trabalho vai se tornando uma construção e não um mero objeto.
Quanto mais o profissional reduzir sua condição de educador à dimensão da praticidade mais ele alarga a possibilidade de se tornar um “idiota do conhecimento”, que não é capaz de recompor o repertório dos saberes.
Um elemento importante a ser considerado no que concerne aos saberes é a história de vida, aquilo que aprendeu por osmose, mas na medida em que nesta altura encontrar limites o aprendizado deixa de ser transformador e, consequentemente, perde parte significativa da sua razão de ser.
Mais do que qualquer outra ocupação o docente tem necessidade de enriquecer-se de recursos e competências muito mais do que técnicas conceituais. É sobre esta última afirmação que nossa dissertação vai se pautar no que concerne à mistagogia da formação do docente.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

HOMILIA PARA O DIA 01 DE ABRIL DE 2010


QUINTA FEIRA SANTA – 01/04/2010


Leituras: Êxodo 12, 1-8. 11-14;

Salmo Responsorial 115,12-13.15-18;

1cor. 11,23-26; João 13,1-15.




A Celebração do Lava-pés, conforme denominamos a noite de hoje, antes de tudo, é um reconhecimento da capacidade de servir e da dimensão de serviço que se esconde na Eucaristia.
O texto do Evangelho do João que ouvimos na noite de hoje é um jeito diferente que o Evangelista usa para narrar a instituição da Eucaristia. Jesus que se entrega nas espécies do pão e do vinho é aquele que se põe a serviço de todos. O gesto de Jesus, de um extraordinário valor simbólico tem uma dimensão fantástica de hospitalidade, atitude própria de quem parte e reparte.
Com esta celebração nós iniciamos o tríduo pascal, isto e, os três dias que antecedem o domingo da ressurreição. Neste período revivemos a memória central da nossa fé: O extraordinário amor de Jesus pelo mundo. Sua radical aceitação ao projeto do Reino de Deus.
O texto do evangelho, narrando o episódio do lava-pés confirma o que ouvimos na primeira leitura: “Este dia será para vocês uma festa memorável em honra do Senhor, que haveis de celebrar por todas as gerações”. Jesus conclui o seu gesto recomendando aos discípulos: “Se Eu o mestre e Senhor lavei os seus pés, vocês devem fazer a mesma coisa”.
Inspirados por esta palavra. Iluminados pelo mesmo espírito que guiou Jesus nós continuamos nos reunindo em sua memória, repetimos os seus gestos, atualizamos a Palavra e elevamos nossa ação de Graças a Deus Pai.
Nisto tudo pedimos que o Senhor nos ajude a viver a mesma dimensão de alegria e de gratuidade que o Serviço da Eucaristia nos indica.
Repetimos as palavras de São Paulo: “comemos e bebemos da Eucaristia anunciando a morte do Senhor até que ele Venha”.
Que este gesto, com toda a penitência da quaresma, nos ensine a vivenciar nossas tribulações e angústias à luz da ressurreição e da Páscoa.

domingo, 28 de março de 2010

HOMILIA PARA O DIA 28 DE MARÇO 2010


DOMINGO DE RAMOS DA PAIXÃO DO SENHOR




Leituras: Lucas 19,28-40 (Bênção dos Ramos); Isaias 50,4-7;
Salmo 21(22); Filipenses 2, 6-11; Lucas 23,1-49. (Versão breve)




Todos estamos convencidos que o tempo da quaresma ganha pleno sentido na medida em que é relacionado com a Páscoa e a transformação que esta solenidade faz acontecer.



De domingo a domingo fomos caminhando com Jesus e enfim chegamos com Ele em Jerusalém. Reunidos, celebramos a Páscoa de Jesus revivendo os momentos derradeiros de sua entrega ao Pai em vista da nossa salvação.



Com a celebração dos Ramos encerramos também a Campanha da Fraternidade, que neste ano, reuniu diversas Igrejas com a mesma motivação: cultivar o sentimento de solidariedade e corresponsabilidade para um mundo mais humano e menos desigual.


A longa liturgia da palavra na celebração de hoje começa narrando a entrada solene de Jesus em Jerusalém. Não obstante o aspecto festivo que os conterrâneos e amigos de Jesus se encarregam de fazer, Ele entra montado num jumentinho cumprindo assim o que o profeta anunciou na primeira leitura: “Rei messiânico, humilde e pacífico”. Sua atitude é típica daquele que veio para servir e não se servir do poder.


A entrada na cidade santa culmina todo o caminhar de Jesus e suas ações nos três anos que ensinou e se fez conhecer por toda a região. Suas palavras são confirmadas por seu jeito de ser: “sinal do Reino de Deus”. Isto é, Ele é um Rei diferente. A religião que ele pregou, longe de ritualismos vazios e leis inumeráveis, é fundada no espírito de na verdade.


Nos dias que se sucedem ao domingo festivo de Ramos Ele experimenta seus últimos momentos de tentação e de sujeição à fragilidade humana. Poderia ter desistido de tudo, servindo-se da popularidade provocar reação violenta. Entretanto confirma a razão da sua missão: “Pai não seja feita a minha, mas a sua vontade”.


Tal qual Jesus, na condição de cristãos, seguidores do seu projeto e do seu ensinamento somos desafiados a tomar a mesma atitude. A quaresma foi um tempo de preparação e a Páscoa, para onde caminhamos, é a confirmação da nossa aceitação. Também nós poderemos fazer como Jesus: “Pai, contudo, não seja feita a minha, mas a sua vontade”.


Nós começamos a quaresma e cantamos todos os domingos na abertura das nossas celebrações a expressão de Jesus: “Deixai-vos reconciliar com Deus”. Peçamos, hoje de novo, a graça de aceitar e experimentar esta força reconciliadora da Páscoa de Jesus que, conforme rezamos na missa de hoje diz: “Sua morte apagou nossos pecados e sua ressurreição nos trouxe vida nova”.

segunda-feira, 22 de março de 2010

COMENTÁRIOS, APLICAÇÕES E CONSIDERAÇÕES SOBRE O ARTIGO AS PESQUISAS DENOMINADAS DO TIPO
“ESTADO DA ARTE” EM EDUCAÇÃO



Diálogo Educ., Curitiba, v. 6, n.19, p.37-50, set./dez. 2006.

Joana Paulin Romanowski; Romilda Teodora Ens



"Na área de formação de professores os estudos realizados apontam a ampliação na última década do interesse pelo tema." Esta afirmação das autoras encontra plena guarida no que se refere ao tema que escolhemos para nossa dissertação. Aliás a preocupação com a formação docente nas suas mais diversas vertentes parece que foi contemplada por Cristóvão Buarque, no lançamento do programa nacional de certificação de professores (2006). Na ocasião o então ministro da educação declarou que a "Formação de professores exige investimentos na cabeça, no coração e no bolso dos educadores".

Nosso trabalho se encaixa no grupo de pesquisa Paradigmas Educacionais e Formação de Professores enfocando a questão da Formação de Professores no Contexto da Metamorfose Civilizatória Contemporânea. Decidimos tratar da mística na formação docente. Com o título: Mistagogia na formação do docente, queremos ir na direção de provocar o interesse pelo que se denomina investimentos no coração.

"Parece que o interesse pelos temas educacionais não tem sido suficiente para que mudanças significativas
ocorram nos espaços de formação, sejam escolares ou não escolares." Esta afirmação bastante acentuada no texto que estamos comentando é mais uma razão que serve de sustentação para nossa investigação. Vamos insistir na questão que não se trata simplesmente de assimilar ou repassar conteúdos técnicos mas provocar mudanças significativas na questão da formação docente.

Considerando a dificuldade apresentada pelas autoras para produzir um "estado da arte" no que se refere ao tema em questão, levamos em consideração o que a expressão quer significar na origem do termo: "tem por objetivo realizar levantamentos do que se conhece sobre um determinado assunto a partir de pesquisas realizadas em uma determinada área."Embora tenhamos nos limitado a considerar pesquisas realizadas no limite da PUCPR, decidimos nos embrenhar nesta direção considerando que o tema, conforme delimitamos, não se encontra em nenhum trabalho desta instituição.

Nossa preocupação visa colaborar para que a questão da formação supere a dicotomia teoria X práxis. Conforme afirmam as autoras do texto: "Em um estado da arte está presente a possibilidade de contribuir com a teoria e prática” de uma área do conhecimento."

Tratar da mistagogia na formação do docente exige dar atenção para uma temática que está quase que totalmente silenciada e que no entanto é intrínseca ao cotidiano do educador, tanto mais nestes tempos em que as questões éticas e de valorização da vida sob a forma de sustentabilidade são cada vez mais consideradas como preocupações pertinentes.

A problemática se enquadra no eixo formação continuada para o qual o artigo constata que apenas 26% dos trabalhos parecem se direcionar. A definição da nossa linha de pesquisa não seguiu o rigor dos 8 procedimentos indicados por Romanowski, conforme citado no artigo, mas é resultado de uma pesquisa que leva em conta a necessidade de "investimentos no coração." Por essa afirmação queremos insistir que não se trata apenas de políticas educacionais ou de questões curriculares, mas que o tema da "Mística" precisa perpassar todas as inciativas de formação de docentes.

Parece-nos oportuno desejar que nossa preocupação venha, em algum tempo, fazer parte das pesquisas de "estado da arte" como eixo integrador entre teoria e prática ou se quiser qualificar de "cotidiano do educador".
COMENTÁRIOS, APLICAÇÕES E CONSIDERAÇÕES SOBRE O ARTIGO AS PESQUISAS DENOMINADAS DO TIPO
“ESTADO DA ARTE” EM EDUCAÇÃO



Diálogo Educ., Curitiba, v. 6, n.19, p.37-50, set./dez. 2006.

Joana Paulin Romanowski; Romilda Teodora Ens



"Na área de formação de professores os estudos realizados apontam a ampliação na última década do interesse pelo tema." Esta afirmação das autoras encontra plena guarida no que se refere ao tema que escolhemos para nossa dissertação. Aliás a preocupação com a formação docente nas suas mais diversas vertentes parece que foi contemplada por Cristóvão Buarque, no lançamento do programa nacional de certificação de professores (2006). Na ocasião o então ministro da educação declarou que a "Formação de professores exige investimentos na cabeça, no coração e no bolso dos educadores".

Nosso trabalho se encaixa no grupo de pesquisa Paradigmas Educacionais e Formação de Professores enfocando a questão da Formação de Professores no Contexto da Metamorfose Civilizatória Contemporânea. Decidimos tratar da mística na formação docente. Com o título: Mistagogia na formação do docente, queremos ir na direção de provocar o interesse pelo que se denomina investimentos no coração.

"Parece que o interesse pelos temas educacionais não tem sido suficiente para que mudanças significativas
ocorram nos espaços de formação, sejam escolares ou não escolares." Esta afirmação bastante acentuada no texto que estamos comentando é mais uma razão que serve de sustentação para nossa investigação. Vamos insistir na questão que não se trata simplesmente de assimilar ou repassar conteúdos técnicos mas provocar mudanças significativas na questão da formação docente.

Considerando a dificuldade apresentada pelas autoras para produzir um "estado da arte" no que se refere ao tema em questão, levamos em consideração o que a expressão quer significar na origem do termo: "tem por objetivo realizar levantamentos do que se conhece sobre um determinado assunto a partir de pesquisas realizadas em uma determinada área."Embora tenhamos nos limitado a considerar pesquisas realizadas no limite da PUCPR, decidimos nos embrenhar nesta direção considerando que o tema, conforme delimitamos, não se encontra em nenhum trabalho desta instituição.

Nossa preocupação visa colaborar para que a questão da formação supere a dicotomia teoria X práxis. Conforme afirmam as autoras do texto: "Em um estado da arte está presente a possibilidade de contribuir com a teoria e prática” de uma área do conhecimento."

Tratar da mistagogia na formação do docente exige dar atenção para uma temática que está quase que totalmente silenciada e que no entanto é intrínseca ao cotidiano do educador, tanto mais nestes tempos em que as questões éticas e de valorização da vida sob a forma de sustentabilidade são cada vez mais consideradas como preocupações pertinentes.

A problemática se enquadra no eixo formação continuada para o qual o artigo constata que apenas 26% dos trabalhos parecem se direcionar. A definição da nossa linha de pesquisa não seguiu o rigor dos 8 procedimentos indicados por Romanowski, conforme citado no artigo, mas é resultado de uma pesquisa que leva em conta a necessidade de "investimentos no coração." Por essa afirmação queremos insistir que não se trata apenas de políticas educacionais ou de questões curriculares, mas que o tema da "Mística" precisa perpassar todas as inciativas de formação de docentes.

Parece-nos oportuno desejar que nossa preocupação venha, em algum tempo, fazer parte das pesquisas de "estado da arte" como eixo integrador entre teoria e prática ou se quiser qualificar de "cotidiano do educador".

terça-feira, 16 de março de 2010

PROFESSOR UM TRABALHADOR...

COMENTÁRIOS E OBSERVAÇÕES AO TEXTO :
O PROFESSOR NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA:
UM TRABALHADOR DA CONTRADIÇÃO




Bernard Charlot
Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade,
Salvador, v. 17, n. 30, p. 17-31, jul./dez. 2008 17


No texto em questão o autor argumenta sobre a necessidade de definir a missão do professor e da escola em meio às contradições. Para isso ele começa desmistificando o que chamamos de contradições da escola e da profissão e ajudando a perceber que estas são contradições da sociedade como um todo e que por consequencia a escola não estaria imune delas, posto que aí esteja inserida.

Fica bastante clara na posição do autor que os “problemas” na escola não podem ser tratados apenas sob o ponto de vista do pedagógico. Esta afirmação fazemos questão de transcrevê-la textualmente: “As contradições relativas à escola são contradições sociais a respeito da escola e não contradições dentro da escola”.

E a partir desta convicção ele faz uma longa fundamentação sobre o papel social da escola e vice versa e conclui dizendo que esta interação contraditória é responsável pela desestabilização da função do docente.

No contexto da globalização aparece também no âmbito escolar e em alta escala a questão da eficácia, do resultado e da autonomia. Esta última é bastante mais ampla do que em outras épocas, mas por outro lado trouxe consigo a responsabilidade pelo sucesso ou pelo fracasso.

O mundo globalizado “quebrou as imagens” e também a do professor que agora já não é mais uma referência para os alunos que muitas vezes nem o incluem entre as fontes para obter informações sobre o mundo.

A sociedade de contradições torna o professor um indivíduo também contraditório. Por mais que ele sonhe com uma nova forma de se relacionar com os educandos continua repetindo práticas e conceitos já desacreditados e altamente questionados. Entre os exemplos pode ser citada a prática de atribuir nota como critério último para o processo avaliativo.

É verdade também que a missão de educar tem uma projeção simbólica e é sobre esta imagem que são projetadas todas as contradições sociais na maioria das vezes como se fossem restritas ao mundo da escola e da educação.

Ao longo da história não faltam ficções e até algumas situações reais de escolas ideais. Há as que são narradas a partir da realidade e delas temos livros, filmes portfólios e assim por diante. Há as que são produzidas a partir da ficção de autores e que tomo a liberdade de mencionar como a que vimos no filme “Sociedade dos poetas mortos” da década de 1990; ou Escritores da liberdade de 2007. Nesta última professor e aluno são considerados impossíveis e estabelecem um processo de transformação que se dá por meio da busca de algo que modifique suas vidas. Comentanto este filme Hannah Arendt, “aponta duas causas que podem ter relação profunda com a crise da educação em nossa época: a incapacidade de a escola levar os alunos para pensar e a perda da autoridade dos pais e professores”.

A partir destas narrativas parece ser possível ir além do que aponta Charlot, isto é, o professor não pode ser colocado nem na posição de vítima muito menos de herói. Retomo para isso as palavras de Hannah Arendt : “Uma educação que não exercita o ato de pensar, com todos os seus riscos, além da própria ausência de pensamento, tem como efeito o não comprometimento, o não tomar decisões, ou não se responsabilizar por elas. “A tarefa fundamental do pensar é descongelar as definições que vão sendo produzidas, inclusive pelo conhecimento e pela compreensão e que vão sendo cristalizados na história". A tarefa do pensar é abrir o que os conceitos sintetizam, é permitir que aquilo que ficou preso nos limites da sua própria definição seja liberado. É livrar o sentido e o significado dos acontecimentos e das coisas da camisa-de-força dos conceitos” (CRITELLI, 2006, p. 80).

A nosso ver a afirmação de Hannah Arendt supera o que chamamos de “caça as bruxas” ou de quem é a culpa. Aberta esta consciência será possível compreender que o professor é aquele que aceita a dinâmica da sociedade e a incorpora no seu mundo. Neste contexto “negocia, gere a contradição, não desiste de ensinar e, apesar de tudo, mas nem sempre, consegue formar os seus alunos”.

Com certeza essa compreensão haverá de superar as dicotomias entre o que se costuma chamar de tradicional ou construtivista. Superada essa contradição ficará muito mais fácil fugir ao simplismo da busca de culpados ou da taxação de responsabilidades. Neste novo conceito professores e alunos, ora de mãos dadas ora por caminhos distintos compreenderão que “ensinar é ao mesmo tempo mobilizar a atividade dos alunos para que construam saberes” muitos deles apenas reescritos a partir do legado das gerações.

As contradições da sociedade na qual a escola está inserida parece ser bastante reproduzida no interior da escola na medida em que todos os envolvidos no processo “interiorizam a notação como função central do ensino”.

Sob esta ótica não se pode fugir da realidade das escolas cuja missão é universalista, mas que trabalha com indivíduos na sua particularidade. Isto significa dizer que a função universal da escola não é precisamente ensinar, mas facilitar que os alunos aprendam. Por conta da universalidade da escola não se pode imaginar que esta seja uma instituição sem regras ou normas, mas acima de tudo há que se compreendê-la como lugar no qual é facilitado ao ser humano tornar-se membro de uma sociedade e de uma cultura na condição de sujeito singular e insubstituível.

Com certeza sob esta ótica será possível fugir do que chamamos de dicotomia simplista, isso é, de quem é a culpa, ou qual a imagem do professor. Parece certo que se trata de um trabalhador da contradição. Ele vive entre a função de facilitar ao aprendente ir ao encontro da universalidade que permita compreender a vida e garantir a aprovação nas barreiras imediatas que a sociedade impõe como limites de crescimento.

Com toda a carga ideológica que a sentença pode ter, gosto muito do texto:

“Professor(a)!
Trago-te um recado de muitas pessoas.
Houve gente que praticou uma boa ação e manda-te dizer
que foi porque teu exemplo convenceu.
Houve alguém que venceu na vida e manda-te dizer
que foi porque tuas lições permaneceram.
E houve mais alguém que superou a dor e manda-te dizer
que foi a lembrança da tua coragem que o ajudou.
Por isso que és importante. O teu trabalho é o mais nobre.
De ti nasce a razão e progresso, a união e harmonia de um povo.
E agora... Sorri!!!
Esquece o cansaço e a preocupação porque há muita gente
pedindo a Deus para que sejas muito feliz.” (Autor desconhecido).

FORMAÇÃO DE PROFESSORES


COMENTÁRIOS AO TEXTO
ESTRUTURA CONCEPTUAL
DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
DE CARLOS MARCELO GARCIA.



Elcio Alberton
Reflexões sobre o tema
Em vista da disciplina de
Ética e Filosofia da Ciência.
Programa de mestrado 2010 PUCPR
Sob a Orientação da Professora
Joana Paulin Romanowski


Nossa reflexão a partir da leitura do texto em questão nos leva a fazer alguns observações de caráter bastante pessoal. Concordamos de modo significativo com o conceito de formação adotado pelo autor e o identificamos com nossa proposta de dissertação que trata da Mistagogia na Formação do docente.
A questão da formação do docente é parte de um complexo conjunto de fenômenos formativos e a inda não suficientemente esclarecidos. Muito além de transmissão de conteúdos e técnicas o processo formativo exige envolvimento por inteiro do formando. Trata-se de uma dimensão pessoal que tem a ver com vontade humana e implica em mudança pessoal e comportamental.
Concordamos com o autor na afirmação que a perspectiva formativa é um dos pilares da renovação da educação e que, neste sentido, deve consistir numa matriz disciplinar. Parece oportuno entender a expressão matriz muito mais abrangente do que uma simples relação de conteúdos. Reproduzimos na íntegra o conceito apresentado pelo autor sobre a formação de professores:
“A formação de professores é a área de conhecimentos, investigação e de propostas teóricas e práticas que, no âmbito da Didática e da Organização Escolar, estuda os processos através dos quais os professores – em formação ou em exercício – se implicam individualmente ou em equipe, em experiências de aprendizagem através das quais adquirem ou melhoram os seus conhecimentos, competências e disposições. Este processo lhes permite intervir profissionalmente no desenvolvimento do seu ensino, do currículo e da escola, com o objetivo de melhorar a qualidade da educação que os alunos recebem.”
Este conceito é a afirmação da primeira expressão do nosso trabalho ao dizer que o professor ensina muito pela sua experiência de vida, isto é, na condição de mistagogo. Nosso trabalho, como o texto em questão, contempla a formação como um enriquecimento de competências não exclusivamente acadêmicas. Em outras palavras a formação é um processo que necessariamente acaba nos alunos. (Se não houve aprendizagem não aconteceu o ensino).
O autor ajuda a entender a formação desde um ponto de vista personalista, no sentido de desenvolver estratégias e competências para um processo de mudança. E aí se delineia a imagem do professor que se aproxima do modelo eficaz sendo um ser humano com todas as vicissitudes próprias da sua condição, mas que se forma em vista do outro. Em outras palavras se poderia dizer que a formação de professores estabelece uma “pedagogia de resultado”.
Então está suficientemente claro que o desenvolvimento pessoal é o eixo da formação docente e um bom professor será aquele que caminha na direção de ser sempre mais um facilitador para criar condições de aprendizagem nos seus alunos a quem ele conhece na integridade. Esta figura não está longe do modelo de filósofo criado por Sócrates com a maiêutica e a ironia.
Neste sentido é mais fácil compreender o professor muito além de ser um técnico, mas construtor, como diria outro autor um “polidor de corações”, pois é das mãos do professor que nasce o ser humano, disse Rosseau. Então, para aquele que deseja ser bom professor pede-se pouco: “fazer o que fazem os bons mestres”, isto é, ser um mistagogo da educação.
A formação entendida como processo de mudança implica na aplicação das novas idéias que se configura num processo de desenvolvimento pessoal e profissional envolvente. Neste contexto toda o processo formativo passa pelo viés da colaboração e para isso o autor cria a expressão: “andragogia” – arte e ciência de ajudar adultos a aprender.
No mundo cristão católico adota-se a prática da lectio divina como uma forma de melhor viver o mistério da Palavra de Deus. Este método é basicamente o que o autor apresenta nas três últimas possibilidades que ele apresenta como as mais eficazes para compreender a formação.
Na Lectio Divina se usa as expressões: LECTIO (leitura), MEDITATIO (meditação), ORATIO (oração), CONTEMPLATIO (contemplação), COMMUNICATIO (comunicação). Aqui o autor apresenta sob os termos: contemplação, prática reflexiva, aprendizagem experimental.
Uma formação que não estabeleça um processo de transformação aborta o sonho dos educadores na maturidade e porque não dizer de outros profissionais. O que o autor chama de quarta etapa no exercício da missão de educar é denominado por um psicólogo da religião com o termo: Generatividade. Esta expressão quer indicar que a esta altura da missão o profissional precisa ver os “filhos dos seus filhos”, isto é o fruto do seu trabalho. Na falta deles, porque ele mesmo não produziu para em si reside a causa da frustração e do desencanto como conseqüência do desestímulo para os jovens o seguirem nesta missão.
Não será sem razão que nosso velhos cunharam a frase: "É preferível um triste santo a um santo triste”.
Evolução é a meta!