O SENHOR LIBERTA A
VIDA DOS SEUS SERVOS!
Não são poucas as ocasiões na vida
nas quais nos sentimos um verme, são momentos em que tudo parece dar errado,
que ninguém percebe o nosso sofrimento e desconforto. Muitas vezes duvidamos
até de Deus, parece que ele está surdo ou dormindo. São aquelas ocasiões que
denominamos: “Um dia daqueles”.
Essa parece ser a situação dos três
personagens apresentados nas leituras da Palavra de Deus neste domingo. O livro
do Eclesiástico foi escrito cerca de 200 anos antes do nascimento de Jesus e o
autor estava preocupado com o descaso que seus conterrâneos apresentavam em
relação às raízes e costumes dos seus antepassados. Nesse contexto alguns se
consideravam e de fato aparentemente viviam numa situação muito confortável
deixando perder tudo o que era ensinamento e verdade aprendida, enquanto outros
eram sofridos, oprimidos e explorados. Para todos, mas especialmente para os
que estavam colocados à margem da sabedoria do mundo o autor esclarece: “Quem serve a Deus como ele o quer, será bem acolhido e
suas súplicas subirão até as nuvens. A prece do humilde atravessa
as nuvens: enquanto não chegar não terá repouso; e não descansará até que o
Altíssimo intervenha, faça justiça aos justos e execute o
julgamento”. Em resumo, o autor deixa claro Deus não está surdo nem
dormindo, pelo contrário está atento aos gritos daqueles que são vítimas da
exclusão e da incompreensão dos que se consideram melhores e mais perfeitos.
No Evangelho Jesus faz mais um trocadilho
apresentando duas categorias de pessoas. Nesse domingo também ele não está
defendendo o pecado ou promovendo as atitudes que não estão de acordo com a
proposta de Deus Pai para todos. Como na parábola do administrador infiel que
ouvimos há poucos dias, Jesus não elogia a desonestidade daquele. Hoje de novo
Jesus não elogia o publicano por causa das suas ações, nem tampouco aprecia o
fariseu porque não tem pecado.
Pelo contrário o que conta é a atitude de
reconhecer que a vida é sempre um processo de crescimento e oportunidade para
ser melhor. Quem se julga como o fariseu do Evangelho acha que não precisa de
nada nem de ninguém e que até Deus lhe deve alguns favores por causa da retidão
da sua vida. Ao contrário do publicano que compreende sua fragilidade e sabe
que por suas próprias forças não será capaz de sair da situação em que se
encontra.
Enquanto o primeiro rezava assim: “Ó Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros
homens, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este cobrador de impostos”. O
pecador pelo contrário: “Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador”. E a
conclusão não poderia ser outra: “Pois quem se eleva será humilhado, e quem se
humilha será elevado”.
Todos somos chamados a ser missionários,
testemunhas de Deus e cooperadores na missão agindo com todas as forças para
incluir e acolher a todos colocando-nos também na condição de frágeis pecadores
que precisam da ajuda dos irmãos e da misericórdia de Deus. Homens e mulheres
ao longo da história já mostraram que isso é possível. Dentre eles a Igreja recorda
a Beata Paulina Jaricot e os padroeiros das
missões, São Francisco Xavier e Santa Teresinha, que servem de inspiração para sermos
testemunhas missionárias até os confins do mundo.
Na carta a Timóteo
temos o exemplo de Paulo que se sente “Num dia daqueles”: “Na minha primeira
defesa, ninguém me assistiu; todos me abandonaram. Oxalá que não lhes seja
levado em conta. Mas o Senhor esteve a meu lado e me deu forças”. Ele tem
certeza que apesar de todas as frustrações que a vida lhe oferece Deus não o
abandonou, ele tem consciência da generosidade que marcou toda a sua vida e
convida também a nós para descobrir e viver do jeito de Jesus e não ter medo: “Quanto
a mim, eu já estou para ser oferecido em sacrifício; aproxima-se o momento de
minha partida. Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. Agora
está reservada para mim a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará
naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos que esperam com amor a sua
manifestação gloriosa”.
Cristãos nesse mundo conturbado e violento não tenhamos medo de gastar a
nossa vida apresentando a Boa Notícia de Jesus como testemunhas de Jesus
Cristo.