quarta-feira, 21 de novembro de 2018

HOMILIA PARA O DIA 25 DE NOVEMBRO DE 2018 - CRISTO REI DO UNIVERSO - 34º COMUM


FAÇA DE NÓS UM REINO PARA DEUS SEU PAI!

No calendário litúrgico, este é o último domingo do ano. Daí a celebração de Cristo Rei do Universo. Ao longo dos domingos fomos caminhando com Jesus e ouvindo os seus ensinamentos e percebendo como se desenvolvia a dimensão humana da vida dele no lugar e no contexto histórico de pouco mais de 2000 anos.
Na Oração Eucarística deste domingo se reza: “Ele submetendo ao seu poder toda criatura, entregará ao seu Pai, um Reino eterno e universal, Reino da Verdade e da vida,  Reino da santidade e da graça, Reino da justiça do amor e da paz”.  Mas para que tudo isso acontecesse, o Filho de Deus precisou cumprir tudo o que havia sido dito a seu respeito em toda a história da salvação.
Assim o profeta Daniel relata uma visão extraordinária antevendo como acontecerá o fim dos tempos quando o Filho do homem vier: “Continuei insistindo na visão noturna, e eis que, entre as nuvens do céu, vinha um como filho de homem, foram-lhe dados poder, glória e realeza”.
Na mesma perspectiva o livro do Apocalipse fala sobre Jesus: que nos ama, que por seu sangue nos libertou dos nossos pecados e que fez de nós um reino, sacerdotes para seu Deus e Pai, a ele a glória e o poder, em eternidade. Amém. Olhai! Ele vem com as nuvens”.
E de modo mais do que claro e objetivo aparece no Evangelho o diálogo de Jesus com Pilatos: Tu és o rei dos judeus?' Jesus respondeu: 'Estás dizendo isto por ti mesmo, ou outros te disseram isto de mim?”.... Para que você não tenha dúvida: “Eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade”. 
Compreender a missão de Jesus, reconhecer que Ele seja Rei também dos tempos contemporâneos implica uma verdadeira conversão capaz de reinventar toda a proposta de Cristo e do seu Evangelho para os tempos modernos. Celebrar na liturgia a realeza de Cristo consiste em ser também na vida cotidiana testemunha do rosto misericordioso de Cristo compassivo e capaz de construir a civilização do amor. Celebrar a realeza de Cristo implica não se conformar com nenhuma forma de desrespeito para com as pessoas e com todas as formas de vida.
Cristo é verdadeiramente rei. Não alimentando uma ideia triunfalista, mas é Rei da vida, da justiça, do amor e da paz.  

sábado, 17 de novembro de 2018

HOMILIA PARA O DIA 18 DE NOVEMBRO DE 2018 - 33º COMUM - ANO B- DIA DO POBRE


GUARDAI-ME, Ó DEUS, PORQUE EM VÓS ME REFUGIO!
A liturgia da missa, tem entre suas aclamações de fé, uma delas que diz assim: “Anunciamos Senhor a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição, Vinde Senhor Jesus”.  Esta manifestação reúne, em poucas palavras, todo o “Mistério da fé” em Jesus Cristo.
Esta manifestação precisa ser sempre mais bem entendida à luz de toda a Sagrada Escritura. O profeta Daniel, na primeira leitura, faz uma afirmação extraordinária que em tudo tem a ver com a aclamação que se faz na missa. “Naquele tempo, se levantará o grande príncipe, defensor dos filhos de teu povo; muitos dos que dormem no pó da terra, despertarão. Os que tiverem sido sábios, brilharão como o firmamento; e os que tiverem ensinado a muitos homens os caminhos da virtude, brilharão como as estrelas, por toda a eternidade”.
O verdadeiro sábio e o que ensina o caminho da vida é aquele que a comunidade cristã proclama a ressurreição e que a carta aos Hebreus afirma ser o “Cristo que depois de ter oferecido um sacrifício único pelos pecados, sentou-se para sempre à direita de Deus”. E que Marcos no Evangelho declara que tudo passará: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão. Quanto àquele dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai”.
Tanto a aclamação da fé, que se faz na missa, como as leituras deste domingo se resumem em três verbos: “Clamar, responder e libertar”. É por isso que o Papa Francisco convida todos os cristãos para que tenham a mesma atitude de Deus. Ou seja, diante daqueles que Clamam, responder e libertar. É neste contexto que se situa a celebração do “Dia do Pobre”, estes infelizes que clamam a Deus e que somente nele encontram seu refúgio. Na sua mensagem para este dia o Francisco faz um desafio e afirma: Num Dia como este, somos chamados a fazer um sério exame de consciência para compreender se somos verdadeiramente capazes de escutar os pobres. O Dia Mundial dos Pobres pretende ser uma pequena resposta, dirigida pela Igreja inteira dispersa por todo o mundo, aos pobres de todo o género e de todo o lugar a fim de não pensarem que o seu clamor caíra em saco sem fundo. Provavelmente, é como uma gota de água no deserto da pobreza; e, contudo, pode ser um sinal de solidariedade para quantos passam necessidade a fim de sentirem a presença ativa dum irmão ou duma irmã”.
Convido os irmãos bispos, os sacerdotes e de modo particular os diáconos, a quem foram impostas as mãos para o serviço dos pobres (cf. At 6, 1-7), juntamente com as pessoas consagradas e tantos leigos e leigas que, nas paróquias, associações e movimentos, tornam palpável a resposta da Igreja ao clamor dos pobres, a viver este Dia Mundial como um momento privilegiado de nova evangelização. Os pobres evangelizam-nos, ajudando-nos a descobrir cada dia a beleza do Evangelho. Não deixemos cair em saco sem fundo esta oportunidade de graça. Neste dia, sintamo-nos todos devedores para com eles, a fim de que, estendendo reciprocamente as mãos uns para os outros, se realize o encontro salvífico que sustenta a fé, torna concreta a caridade e habilita a esperança a prosseguir segura no caminho rumo ao Senhor que vem.





quinta-feira, 8 de novembro de 2018

HOMILIA PARA O DIA 11 DE NOVEMBRO DE 2018 - 32º COMUM - ANO B


O SENHOR AMA AQUELE QUE É JUSTO

Dentre as coisas que deixam qualquer pessoa enraivecida é a prática da injustiça. E não são poucas as vezes que a sociedade se depara com situações escandalosas nas quais a justiça foi injusta e parcial e não garantiu o equilíbrio de forças e o bem-estar de todos.
Num nível diferente da justiça humana está a justiça de Deus e podemos perceber com clareza nas leituras deste domingo. No tempo do profeta, como também no tempo de Jesus as viúvas eram uma categoria de povo desprotegida, extorquida e desrespeitada na sua dignidade.
O profeta Elias pede socorro a uma dessas viúvas que já não tinha mais nenhuma esperança, a não ser aguardar a morte. Disse o profeta: “'Por favor, traze-me um pouco de água numa vasilha para eu beber' Por favor, traze-me também um pedaço de pão em tua mão’. Ao mesmo tempo que ela reconheceu na pessoa do profeta um pedido do próprio Deus, a quem ela não conhecia, mas atendeu ao pedido e o resultado foi surpreendente: “A mulher foi e fez como Elias lhe tenha dito. E comeram, ele e ela e sua casa, durante muito tempo. A farinha da vasilha não acabou nem diminuiu o óleo da jarra, conforme o que o Senhor tinha dito por intermédio de Elias”.
No evangelho Jesus, mais uma vez, apresenta como modelo uma figura inusitada e não reconhecida pela sociedade perfeita da sua época: “chegou uma pobre viúva que deu duas pequenas moedas, que não valiam quase nada. Jesus chamou os discípulos e disse: 'Em verdade vos digo, esta pobre viúva deu mais do que todos os outros que ofereceram esmolas. Todos deram do que tinham de sobra, enquanto ela, na sua pobreza, ofereceu tudo aquilo que possuía para viver”.
O gesto generoso da pobre viúva é uma pista para reflexão também aos cristãos contemporâneos. Quantas vezes se espetaculariza gestos, ações, palavras para tornar os fatos mais grandiosos e extraordinários. Jesus mostra no evangelho como essas coisas não são importantes, pelo contrário, como “viúvas pobres” a Igreja e todos os seus membros são convidado a dar da sua pobreza para que o mundo e as pessoas e toda as formas de vida sejam respeitadas e promovidas fazendo crescer em todos a esperança, a fé e a caridade.