PARA
AS ÁGUAS REPOUSANTES NOS ENCAMINHA
A celebração dos fiéis defuntos tem sua
origem numa antiga tradição da Igreja e cujo objetivo implica em rezar juntos e
juntos enxugar nossas lágrimas sendo essa oportunidade para fortalecer nosso
compromisso com a vida.
Rezar pelos nossos queridos significa
afirmar nossa esperança no Reino e na misericórdia de Deus. No fundo do seu
sofrimento Jó proclama aquilo que na esperança todos podemos repetir: “Eu sei que o meu redentor está vivo e que, por último, se levantará
sobre o pó; e
depois que tiverem destruído esta minha pele,
na minha carne, verei a Deus. Eu mesmo o verei, meus olhos o contemplarão”.
O amor que Deus tem por suas criaturas não
nos permite o desespero porque a morte é apenas um fim para esta existência
passageira, mas sobretudo a morte é o começo da vida em plenitude. Obviamente
que diante da finitude da vida as palavras do Evangelho caem como uma luva na
mão: “Felizes
os empregados que o senhor encontrar
acordados quando chegar. Vós também ficai
preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que
menos o esperardes".
Uns
com os outros rezamos com sofrimento diante do desaparecimento físico das
pessoas que amamos, a partida deles do nosso convívio só aperfeiçoa o amor e
aqueles que já morreram, lá do céu nos mostram o melhor caminho a seguir
enquanto peregrinamos na terra.
Permito-me
recitar um texto do professor Sérgio Cursino, Jornalista, radialista e
publicitário contemporâneo:
A GENTE VAI
EMBORA e fica tudo aqui, os planos a longo prazo e as tarefas de casa, as
dívidas com o banco, as parcelas do carro novo que a gente comprou pra ter
status.
A GENTE VAI EMBORA sem
sequer guardar as comidas na geladeira, tudo vai apodrecendo, a roupa fica no
varal.
A GENTE VAI EMBORA, se
dissolve, a gente some, toda nossa importância se esvai, essa importância que
pensávamos que tínhamos..., a vida continua, ela segue, as pessoas superam e
vão seguindo suas rotinas.
A GENTE VAI EMBORA, as
brigas, grosserias, impaciência, infidelidade, tudo isso serviu para nos
afastar de quem só nos trazia felicidade e amor.
A GENTE VAI
EMBORA e o mundo continua assim, caótico, muito louco, como se a nossa presença
ou ausência não fizesse a menor diferença. Aqui entre nós, não faz. Nós somos
pequenos, mas nós somos arrogantes, prepotentes, metidos a besta.
A GENTE VAI EMBORA. E é
bem assim: Piscou, num estalo, a vida vai. O cachorro que eu amo tanto, ele é
doado. O cachorro se apega aos novos donos. Os viúvos se casam de novo, eles
andam de mãos dadas, apaixonados e vão até ao cinema.
A GENTE VAI EMBORA e nós
somos rapidamente substituídos naquele cargo que a gente ocupou na empresa. Nós
somos substituídos no outro dia. As coisas que nós nem emprestávamos são
doadas, algumas jogadas fora.
Quando menos a gente
espera, A GENTE VAI EMBORA. Aliás, quem é que espera morrer? Se a gente
esperasse pela morte, talvez a gente vivesse mais. Talvez a gente colocasse
nossa melhor roupa hoje, talvez a gente comesse a sobremesa até antes do
almoço. Talvez a gente esperasse menos dos outros. Talvez a gente risse mais,
saísse à tarde para ver o pôr do sol, talvez a gente quisesse mais tempo e
menos dinheiro.
Hoje o tempo
voa, amor. A partir do momento em que a gente nasce, começa essa viagem, essa
jornada fantástica veloz com destino ao fim, rumo ao fim - e ainda tem aqueles
que vivem com pressa! Eu ainda tenho pressa! O que é que eu estou fazendo agora
com o tempo que me resta?
Que possamos ser cada dia
melhores. Que saibamos reconhecer o que realmente importa nesta nossa breve
passagem pela Terra. Só isso. Até porque, A GENTE VAI EMBORA. A GENTE VAI
EMBORA!
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