sábado, 16 de outubro de 2021

HOMILIA PARA O DIA 17 DE OUTUBRO DE 2021 - 29º COMUM - ANO B

                             NO SENHOR NÓS ESPERAMOS CONFIANTES

Mateus escreve o episódio que ouvimos hoje em Marcos, com uma riqueza de detalhes que se assemelham muito ao nosso cotidiano. No capítulo 20 de Mateus está escrito: “A mãe dos filhos de Zebedeu se aproximou de Jesus...” Em nossas relações é frequente as pessoas pedirem ajuda e procurar intermediações para solucionar problemas, facilitar algum negócio ou situação embaraçosa e muitas vezes até sem nenhum escrúpulo são propostas situações cujo objetivo primeiro é “levar vantagem” cuja expressão muitas vezes se traduz pelo provérbio popular: “Fulano é capaz de vender até a mãe para conseguir o que ele quer”.

A Palavra de Deus deste domingo aponta exatamente em outra direção fazendo um convite a deixar de lado nossas pretensões de poder, de grandeza, de dar ‘um jeitinho’ e em lugar disso gastar nossas forças no serviço, na entrega, na humildade, e perceber como nessa forma de viver se alcança com dignidade a verdadeira qualidade de vida para si e para todos.

Aos olhos de Deus, a simplicidade, a entrega, o empenho por causas mais nobres que os interesses pessoais se torna fecundidade, realização e libertação plena como lemos na primeira leitura: “Por esta vida de sofrimento, alcançará luz e uma ciência perfeita. Meu Servo, o justo, fará justos inúmeros homens”. Na linguagem do profeta o sofrimento não é um castigo inútil, mas oportunidade para gerar nova vida construída na justiça e no bem para si e para “inúmeras pessoas”.

Os cristãos, desde o início associaram a figura de Jesus ao servo sofredor narrado pelo profeta. A comunidade a quem se destinava a carta que nós lemos estava passando por momentos muito difíceis de onde o autor lhes faz recordar que: “Temos um sumo sacerdote eminente, que entrou no céu, Jesus, o Filho de Deus. Por isso, permaneçamos firmes na fé que professamos. Com efeito, temos um sumo sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós”.

Jesus Cristo não se esconde no seu poder, na sua onipotência, antes vem ao encontro das pessoas, vive como sacerdote sendo fiel ao Pai e misericordioso é capaz de modificar as pessoas por inteiro. A leitura é um convite também a nós fazermos de nossa vida um serviço com gestos concretos de amor e de acolhida. Tarefa que bem precisa ser revista pela Igreja inteira, como nos convida o Papa Francisco com essa proposta de ir ao encontro, escutar as pessoas e discernir seus anseios. 

Neste contexto não é difícil entender como a atitude de João e Tiago, e também dos outros discípulos que estavam enciumados por causa da pretensão dos irmãos, seja reprovada por Jesus que também reprova os nossos anseios de poder e autoridade. Dizendo aos discípulos “Vocês não sabem o que estão pedindo” o Evangelho se concluí com uma exortação que serve para todos: “Vós sabeis que os chefes das nações as oprimem e os grandes as tiranizam. Mas, entre vós, não deve ser assim: quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos. Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos'.

Essa conclusão é um convite a repensar nossa forma de nos situar na família, na escola, no trabalho, na sociedade e em todas as nossas relações. A instrução que Jesus dá aos discípulos é uma denúncia as jogadas de poder, de domínio, ao nosso sonho de grandeza em relação a quem está ao nosso lado. O Evangelho é ao mesmo tempo uma proposta a deixar de lado todas as manobras políticas cujo objetivo é conquistar honras, privilégios e posições de prestigio. Ao contrário colocando em nossa prática cotidiana todos os nossos melhores esforços em serviço gratuito e em gestos generosos a serviço da vida com dignidade para todos.


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