sexta-feira, 22 de outubro de 2021

HOMILIA PARA O DIA 24 DE OUTUBRO DE 2021 - 30º COMUM - ANO B

 

MARAVILHAS FEZ CONOSCO O SENHOR!

Nas últimas semanas temos ouvido muito boas notícias em relação ao controle da pandemia que assolou o mundo, resta-nos manter ainda certas medidas de prevenção e solidariedade para não recair no marasmo que já estivemos perdidos há bem pouco tempo. Simultâneo a essa realidade está a retomada da economia e do emprego e dos investimentos junto com crise política, econômica e de exclusão de milhões de pessoas pelo Brasil afora cuja imagem pode ser traduzida nos “cegos à beira da estrada” que estão nas ruas, nos semáforos, nas filas dos desempregados.

Neste contexto a Igreja celebra o dia mundial das missões e o início da caminhada para o Sínodo da comunhão. Na mensagem sobre a missionariedade da Igreja Francisco recorda: “É urgente que tenhamos missionários da esperança, lembrando que ninguém se salva sozinho. Jesus precisa de corações capazes de construir caminhos para as periferias do mundo”. E na abertura do sínodo insistiu na necessidade de encontrar, ouvir e discernir. Esta realidade é o que ouvimos da Palavra de Deus nesse domingo.

O profeta Jeremias fala com vibração: Isto diz o Senhor: Exultai de alegria eis que eu os trarei do país do Norte e os reunirei desde as extremidades da terra; entre eles há cegos e aleijados, mulheres grávidas e parturientes: são uma grande multidão os que retornam. Eles chegarão entre lágrimas e eu os receberei entre preces”

Os personagens citados no texto representam a tristeza, a dor e os sofrimentos ao mesmo tempo a fecundidade, a alegria e a esperança. Ontem como hoje, o Deus em quem acreditamos está sempre atento às nossas necessidades, fragilidades e fraquezas, cuida de todos como um pai que ama aquilo que é seu. O convite para todos os que se sentem formados na “escola de Deus” é ter a coragem de olhar para o mundo com suas dores e sofrimentos e manter a esperança como a da mulher grávida que reconhece as dores do parto na certeza que com sua colaboração nascerá uma nova vida.

Já o autor da carta aos Hebreus declara: “Todo sumo sacerdote é tirado do meio dos homens e instituído em favor dos homens nas coisas que se referem a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados”. Em toda a carta fica clara a ideia que Jesus assumiu as nossas fraquezas e saiu vitorioso. Logo todos os que se declaram crentes são convidados a alimentar a mesma esperança, a mesma confiança, a mesma solidariedade capaz de se compadecer com todos aqueles que o mundo deixa mendigando à margem das estradas da vida.

O texto de hoje nos questiona sobre nossa capacidade de testemunhar a compaixão de Deus diante dos desamparados pela sociedade.

O Evangelho narra um fato corriqueiro do nosso cotidiano, ou seja, à beira do nosso caminho de práticas religiosas estão muitos cegos que gritam: tem piedade de mim”. Nossa tentação é nos desvencilhar desses incômodos, porém Jesus continuar a nos interpelar com a mesma atitude do Evangelho: “Tragam o cego até aqui”

Jesus mostra sua compaixão e devolve a esperança ao excluído e silenciado por seus amigos. Ontem como hoje temos o dever e a responsabilidade de nos fazer próximo dos que se encontram à margem da nossa ação evangelizadora.

Nossa prática costumeira é repetir o que fizeram os amigos de Jesus: “Muitos o repreendiam para que se calasse”. Repetindo com outras palavras da atitude de Jesus a Igreja inteira é convidada a “Encontrar, escutar e discernir” o grito daqueles que estão sentados à beira do nosso caminho.

Não tenhamos medo de nos aproximar do “filho de Timeu, Bartimeu, cego e mendigo, que está sentado à beira do caminho”.  O resultado será o que vimos no combate a pandemia: o testemunho de tantas pessoas que não ficaram indiferentes diante da morte e sofrimento, que foram missionários da esperança e aliviaram os gritos de compaixão de milhões de pessoas por todos os cantos do mundo. Então sim poderemos cantar com o salmista:  Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria”

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