MARAVILHAS FEZ CONOSCO O SENHOR!
Nas últimas semanas temos ouvido muito boas notícias em relação ao
controle da pandemia que assolou o mundo, resta-nos manter ainda certas medidas
de prevenção e solidariedade para não recair no marasmo que já estivemos perdidos
há bem pouco tempo. Simultâneo a essa realidade está a retomada da economia e
do emprego e dos investimentos junto com crise política, econômica e de
exclusão de milhões de pessoas pelo Brasil afora cuja imagem pode ser traduzida
nos “cegos à beira da estrada” que
estão nas ruas, nos semáforos, nas filas dos desempregados.
Neste contexto a Igreja celebra o dia mundial das missões e o início da
caminhada para o Sínodo da comunhão. Na mensagem sobre a missionariedade da
Igreja Francisco recorda: “É urgente que
tenhamos missionários da esperança, lembrando que ninguém se salva sozinho.
Jesus precisa de corações capazes de construir caminhos para as periferias do
mundo”. E na abertura do sínodo insistiu na necessidade de encontrar, ouvir
e discernir. Esta realidade é o que ouvimos da Palavra de Deus nesse domingo.
O profeta Jeremias fala com vibração: “Isto diz o Senhor: Exultai de alegria
eis que eu os trarei do país do Norte e
os reunirei desde as extremidades da terra; entre eles há cegos e aleijados, mulheres
grávidas e parturientes: são uma grande multidão os que retornam. Eles
chegarão entre lágrimas e eu os receberei
entre preces”
Os personagens citados no texto
representam a tristeza, a dor e os sofrimentos ao mesmo tempo a fecundidade, a
alegria e a esperança. Ontem como hoje, o Deus em quem acreditamos está sempre
atento às nossas necessidades, fragilidades e fraquezas, cuida de todos como um
pai que ama aquilo que é seu. O convite para todos os que se sentem formados na
“escola de Deus” é ter a coragem de olhar
para o mundo com suas dores e sofrimentos e manter a esperança como a da mulher
grávida que reconhece as dores do parto na certeza que com sua colaboração
nascerá uma nova vida.
Já o autor da carta aos Hebreus declara:
“Todo sumo sacerdote é tirado do meio dos homens e instituído em favor dos homens nas coisas que se referem a Deus, para
oferecer dons e sacrifícios pelos pecados”. Em toda a carta fica clara a ideia que Jesus assumiu as nossas
fraquezas e saiu vitorioso. Logo todos os que se declaram crentes são
convidados a alimentar a mesma esperança, a mesma confiança, a mesma
solidariedade capaz de se compadecer com todos aqueles que o mundo deixa
mendigando à margem das estradas da vida.
O texto de hoje nos questiona sobre nossa capacidade de testemunhar a
compaixão de Deus diante dos desamparados pela sociedade.
O Evangelho narra um fato corriqueiro do nosso cotidiano, ou seja, à
beira do nosso caminho de práticas religiosas estão muitos cegos que gritam: “tem piedade de mim”. Nossa
tentação é nos desvencilhar desses incômodos, porém Jesus continuar a nos
interpelar com a mesma atitude do Evangelho: “Tragam o cego até aqui”
Jesus mostra sua
compaixão e devolve a esperança ao excluído e silenciado por seus amigos. Ontem
como hoje temos o dever e a responsabilidade de nos fazer próximo dos que se
encontram à margem da nossa ação evangelizadora.
Nossa prática
costumeira é repetir o que fizeram os amigos de Jesus: “Muitos o repreendiam para que se calasse”. Repetindo com outras
palavras da atitude de Jesus a Igreja inteira é convidada a “Encontrar, escutar e discernir” o grito
daqueles que estão sentados à beira do nosso caminho.
Não tenhamos medo de
nos aproximar do “filho
de Timeu, Bartimeu, cego e mendigo, que está sentado à beira do caminho”.
O resultado será o que vimos no combate
a pandemia: o testemunho de tantas pessoas que não ficaram indiferentes diante
da morte e sofrimento, que foram missionários da esperança e aliviaram os
gritos de compaixão de milhões de pessoas por todos os cantos do mundo. Então sim
poderemos cantar com o salmista: “Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria”
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