sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

HOMILIA PARA O DIA 23 DE MARÇO DE 2025 - 3º DOMINGO DA QUARESMA - ANO C

 

Quaresma - Tempo de Conversão e Misericórdia

Queridos irmãos e irmãs,

Neste tempo de Quaresma, somos convidados a refletir sobre a conversão e o chamado à penitência. A Palavra de Deus que ouvimos hoje nos traz ensinamentos preciosos, embasados nos textos de Êxodo 3,1-8a.13-15; 1 Coríntios 10,1-6.10-12 e Lucas 13,1-9. Neste contexto, a experiência de Moisés, os avisos de Paulo aos coríntios e a parábola da figueira nos ajudam a entender a urgência de nos voltarmos a Deus, assumindo nossa responsabilidade como cidadãos da Terra.

O Chamado de Moisés e o Deus que Escuta

Em Êxodo, encontramos Moisés diante da sarça ardente. Deus se apresenta a Moisés não apenas como um ser distante, mas como o "Eu Sou". Esse encontro é um convite à escuta e à ação. Deus vê o sofrimento do Seu povo e decide intervir. Aqui, percebemos que a conversão começa com o reconhecimento da presença de Deus em nossas vidas e a nossa capacidade de escutá-Lo. Assim como Moisés, somos chamados a nos desapegar de nossa rotina e ouvir o clamor da criação e dos necessitados ao nosso redor.

Na Quaresma, somos convidados a refletir: temos escutado Deus em nossa vida? Estamos atentos ao sofrimento do próximo e à dor da natureza que clama por socorro? O chamado à conversão é um convite a sairmos de nosso próprio egocentrismo e a nos conectarmos com a realidade que nos cerca, especialmente em um momento em que a nossa casa comum, o planeta, enfrenta tantos desafios.

A Advertência de Paulo e o Cuidado com Nossa Fé

No trecho de 1ª Coríntios, Paulo recorda aos fiéis que as experiências do povo de Israel no deserto servem de aviso para nós. A Bíblia nos lembra que, mesmo tendo recebido tantas bênçãos, muitos caíram em tentação e se afastaram de Deus. Aqui, a conversão se torna um processo contínuo de revisão e cuidado com nossa fé. Não é suficiente termos começado bem, precisamos perseverar!

Isso nos leva a refletir sobre a Campanha da Fraternidade deste ano, que nos convida a um olhar mais atento à ecologia integral. A questão de cuidar do meio ambiente é uma extensão da nossa responsabilidade cristã. O descuido pela criação é, muitas vezes, um sinal de nossa falta de conversão, mostrando que nossa relação com Deus e com a Terra ainda precisa ser renovada. Precisamos nos perguntar: como estamos contribuindo para a degradação do nosso planeta? O convite à penitência nos leva a agir de forma consciente, promovendo práticas que respeitem o meio ambiente e protejam a vida.

A Parábola da Figueira: Oportunidade de Frutificação

Finalmente, no evangelho de Lucas, a parábola da figueira é um lembrete de que Deus nos concede tempo para a conversão. O jardineiro pede ao senhor que lhe dê mais um ano para cuidar da figueira improdutiva, esperando que ela produza frutos. Assim, Deus nos oferece a oportunidade da mudança, da misericórdia e do perdão.

Quantas vezes, irmãos e irmãs, somos como essa figueira? Quantas oportunidades temos desperdiçado de frutificar e viver plenamente nossa vocação cristã? A penitência quaresmal nos urge a visitarmos nosso interior, confrontando nossas misérias e buscando a verdadeira conversão. Isso demanda ação e compromisso com o bem, não apenas pessoal, mas coletivo, incluindo o cuidado com nosso planeta e com os que mais sofrem.

Conclusão

Assim, ao vivermos esta Quaresma, que possamos ser inspirados pela escuta da voz de Deus, lembrados pela advertência de Paulo sobre a nossa responsabilidade, e motivados pela paciência do jardineiro com a figueira. Que a conversão que buscamos não seja apenas uma mudança de postura individual, mas um movimento que nos leve a agir em favor da ecologia integral, promovendo a vida em todas as suas formas.

Que Deus nos conceda a graça do perdão e da misericórdia, e que possamos ser agentes de transformação em nosso mundo. Amém.

 

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