sábado, 16 de fevereiro de 2013

SÓ A ELE SERVIRÁS...

Quase ninguém duvida que está ocorrendo uma transformação geral nas relações pessoais e em todos os setores. Este processo tem sido normalmente chamado de "mudança de época". Tal situação tem afetado toda a organização e todos os modos de vida. Dentre os motivos indicados para sua renúncia o Papa Bento XVI declarou: "O mundo passa por transformações muito exigentes e minhas forças não permitem mais acompanhar esse processo". 
Aplicar esta situação à liturgia deste domingo é equivalente a dizer: a civilização, em todos os lugares caminha rumo à terra prometida, uma estrada repleta de desafios e que exige discernimento afim de não ficar à margem do processo e da caminhada. Pode-se também dizer que se trata de um deserto, com todos os seus desafios e encantos, neste contexto é possível ver e aceitar a presença de Deus ou simplesmente entregar-se às tentações que se apresentam. 
Esta realidade se pode compreender no texto da primeira leitura deste domingo: "Meu pai era um arameu errante, que desceu ao Egito com um punhado de gente e ali viveu como estrangeiro. Ali se tornou um povo grande, forte e numeroso. Os egípcios nos maltrataram e oprimiram, impondo-nos uma dura escravidão. Clamamos, então, ao Senhor, o Deus de nossos pais, e o Senhor ouviu a nossa voz e viu a nossa opressão, a nossa miséria e a nossa angústia".
De outro modo Jesus percebe os sofrimento e nos ajuda a compreender as tentações no deserto: Depois de ser duramente provado pelos desafios do deserto enfrenta o próprio tentador e faz uma escolha: Servir a Deus ou ao Diabo. O texto termina reafirmando a convicção de Jesus: "A Escritura diz:  'Não tentarás o Senhor teu Deus". Mediante tal certeza não resta ao tentador outra alternativa que não afastar-se de Jesus, todavia não se trata de um afastamento definitivo. O Evangelho diz que ele foi para voltar em tempo oportuno.
Neste sentido parece importante ter presente que toda a sociedade está fazendo a travessia do deserto, os desafios e sofrimentos presentes podem ser equiparados àqueles dos Israelitas e de Jesus no deserto. Resta ter a coragem  e a determinação de não se deixar amedrontar  diante deles. A quaresma é um tempo próprio para restabelecer as forças e dentre as boas práticas estão o jejum a esmola, a oração. E muito mais que tudo isso feito de modo individual a Igreja convida a que se faça solidariamente. Neste sentido a assembleia dos fieis se reúne em oração na certeza que as preces de todos são eficientes no combate ao espírito do mal. 

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

EIS ME AQUI, ENVIA-ME!

Com este lema a Igreja no Brasil abre a Campanha da Fraternidade, evento que já acontece há 50 anos durante o tempo da quaresma que se inicia com a celebração da quarta feira de cinzas. 
Os próximos 40 dias se constituem num tempo de preparação para a grande festa da Páscoa. Como não poderia deixar de ser, toda festa exige cuidados especiais a fim de que nada ou quase nada aconteça de improviso. E, sobretudo, que depois da realização da festa aqueles que participaram continuem saboreando a alegria da oportunidade que tiveram. 
É neste sentido que a Campanha da Fraternidade sob a luz da penitência pede e prepara a sociedade para novos comportamentos e atitudes em relação a questões do interesse e preocupação de todos. 
Neste ano com o lema: Eis-me aqui, Envia-me! todos são convidados a ver com outros olhos os jovens, as suas preocupações, aventuras e esperanças.  
As leituras bíblicas proclamadas na missa da quarta feira de cinzas falam com bastante clareza convocando os ouvintes para mudanças sérias, corajosas e profundas. Isso é necessário  a fim de que o mundo e todas as pessoas vejam com outro olhar e se comportem de outra maneira diante da mudança de época em que se está vivendo.
Rasguem os seus corações e não apenas a suas vestes. Ou seja, não basta alguma atitude exterior é preciso convencer-se que o mundo pode e será muito melhor do que é. Para que isso seja possível é necessário não realizar apenas gestos e atitudes de aparência.
Os primeiros dias da quaresma estão sendo sacudidos pela renúncia do Papa ao governo da Igreja. Muito se fala, outro tanto se especula mas é importante ter presente as palavras do próprio Papa: "Diante das mudanças profundas que o mundo vem passando eu não estou mais em condições de desempenhar a missão que me foi confiada". Eis, nestas palavras, um testemunho de preparação para a festa da Páscoa que exige conversão e mudança.
Que a oração, a penitência, o jejum e a esmola façam da Igreja e de todos sinais verdadeiros de mudança e tempos novos, ou seja de feliz passagem!

sábado, 2 de fevereiro de 2013

HOMILIA PARA O DIA 03 DE FEVEREIRO DE 2013



REFLEXÃO A PARTIR DA PALAVRA DE DEUS

Leituras: Jr 1,4-5.17-19; Sl 70,1-2.3-4a.5-6ab.15ab.17 (R.15ab)
1Cor 12,31-13,13; Lc 4,21-30.

O mundo inteiro vive a expectativa da realização da Jornada Mundial da Juventude cujo símbolo: A cruz peregrina também passou entre nós. Pelo mundo aconteceu nestes dias o encontro dos dirigentes dos países mais ricos do mundo, em Porto Alegre se realizou o fórum social mundial, pelo Brasil a fora aparecem os preparativos para a Copa do Mundo de 2014. Na Política foi eleito o novo presidente do Senado. O preço do porco, finalmente melhorou, a colheita das frutas de carroço e da uva foi apressada por conta do sol que torra a nossa região. E nesta semana ocupou a maior parte dos noticiários a questão da segurança pública tendo como pano de fundo o desastre de Santa Maria.
Para os cristãos  que vivem em meio a todas estas situações, a Palavra de Deus deste domingo sugere algumas atitudes. Em primeiro lugar ter a certeza das palavras dirigidas ao profeta na primeira leitura: "Antes de formar-te no ventre materno, eu te conheci; antes de saíres do seio de tua mãe, eu te consagrei e te fiz profeta das nações'. Não tenha medo, porque Eu estou contigo”.
Em segundo lugar confiar como se reza no salmo: Porque sois, ó Senhor Deus, minha esperança, em vós confio desde a minha juventude”! Em terceiro lugar: Não perder a caridade, como diz São Paulo: Atualmente permanecem estas três coisas: fé, esperança, caridade. Mas a maior delas é a caridade”.
Praticar estas três ações implica caminhar com Jesus e como ele, ser capaz de sofrer todo tipo de provação, de desafio e de ameaça, como se vê no evangelho que termina com a frase consoladora: Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho”.
Particularmente somos todos convidados a rezar com os familiares das vítimas de Santa Maria, que na verdade perderam muito mais do que 236 jovens, pelo contrário, tiveram abortados uma infinidade de sonhos e neste caso só a confiança absoluta de quem pode dizer: “Não entendemos porque, mas acreditamos em Deus”. E podemos fazer nossas as palavras do Papa João Paulo II escritas na cruz da Juventude: Queridos Jovens, ao concluir este ano santo da Redenção, confio a vocês o sinal deste ano jubilar: A cruz de Cristo! Levem-na pelo mundo como sinal do seu amor pela humanidade, e anuncie por todos os lugares que só em Cristo, morto e ressuscitado, se alcança salvação e redenção”
Para concluir é importante ter a certeza que para quem caminha com Jesus é possível "passar pelo meio dos sofrimentos e continuar o caminho".

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

PALAVRAS NO ENCERRAMENTO DO ANO LETIVO 2012




Começo minha fala breve, citando Gandhi, o profeta da paz, “Devemos ser a mudança  que desejamos ver no mundo”.
A minha vida pessoal e profissional traz a marca da mudança , do risco, do novo. Quando em fevereiro  deste ano  aceitei o convite para a direção da Escola Padre Hermenegildo, senti nas palavras do prefeito quando me convidou para a função um misto de angústia e medo. Mas ele precisa de um diretor e eu estava pronto a me desafiar voltando para Ipomeia, onde tinha estado noutra função e em outros tempos.
A Escola Padre Hermenegildo, merece o nome que tem, e faz acontecer o último desejo deste que muitos consideram um Santo. As últimas palavras do Padre Hermenegildo despedindo-se de Ipomeia, sabendo que a morte era sua companheira  declarou: “Minha despedida é real, mas eu vou ficar aqui!”
E de fato, Ele está aqui, não porque sua sepultura está entre nós. Mas, sobretudo, porque sua memória e seus ensinamentos permanecem muito vivos.
Particularmente, no caso da Escola, que existe já há 62 anos, passou por várias transformações, mas a escola continua. E continuará em 2013, nisso se confirmam as palavras do padre: “Eu vou ficar aqui”. Ou seja, sob a gestão do município a Escola continuará e continuará cada vez melhor.
Pela Padre Hermenegildo passaram mais de 10.000 alunos nestes 60 anos, mais de uma centena de professores esse é o povo que fez e faz Ipomeia.
Somos uma comunidade ordeira e trabalhadora por isso mesmo a escola está aí sem cerca, sem muro, sem polícia, e sem vandalismo.
Passamos um ano, que podemos chamar de ouro, não tivemos se quer um vidro quebrado por vandalismo. A escola esteve aberta para a comunidade nos três turnos com a preciosa ajuda de professores voluntários. O espaço escolar se tornou o lugar de encontro da comunidade, para a mesa de jogos para a sala informatizada e até um espaço para lazer.
É isso que se pode chamar de educação com parceria. Um dos grandes desafios da educação é trazer os pais para a escola, nós tivemos neste ano, todas as semanas um grupo de mães que estiveram religiosamente uma vez por semana na escola.
Encerramos o ano letivo sem nenhum aluno reprovado e tivemos apenas 2 alunos desistentes, enquanto em escolas da região a média chega na casa dos 10% e é ainda é um dos graves problemas da educação brasileira.
Com a comunidade minha insistência é que continue mandando seus filhos para a escola, esse é único remédio para uma sociedade melhor.
Aos meus colegas professores e funcionários, simultâneamente a um pedido de perdão pelas broncas e pela falta de paciência com Vocês insistir de novo precisamos ter a coragem de enfrentar os desafios com solidariedade e no coletivo. A educação no século XXI merece mais esperança, mais sonho, mais conhecimento, mais diálogo. Nós professores temos muito o que fazer e decidir, pois neste temos muito mais que viver é preciso que a vida seja boa e que tenha valido a pena existir.
Precisamos ter a coragem de superar a pedagogia das respostas, para a pedagogia das perguntas. Nenhuma grande revolução pode se sustentar se não houver pessoas que se arrisquem a crescer e a ser melhores do que já são.
Se a escola envelhece e se não professores perdemos o padrão é porque centramos mais o nosso trabalho em ensinar e não em aprender. Nosso interesse principal deve estar em aprender mais do que em ensinar.
O século XXI merece escolas e professores que se arrisquem que ponham em jogo sua inteligência, sua imaginação e seu afeto para construir um mundo onde seja menos difícil de amar.
Não poderia terminar a minha fala sem dar um abraço em cada professor(a) e entregar-lhes um mimo que é mínimo para quem precisa estar bem alimentado e disposto para as férias merecidas.
Quero abraçar e dar uma palavra de gratidão aos voluntários que neste ano foram peça decisiva na vida da Escola. (Marilene e Carla Carelli, Itacir Cador, Vaine Scussiato, Alza Carpenedo).
Não poderia deixar de cumprimentar e faço isso em nome de todo o corpo docente, da APP e da infinidade de alunos que passaram pelas suas mãos. No momento em que a Escola muda de gestão, muda também o local de trabalho e outros desafios vão se colocar paras os professores do Estado que são efetivos nesta unidade.
Fazemos questão de homenagear os alunos destaques de 2012, os quais peço que se proceda a chamada nominal, para quem vou entregar pela última vez “Um pirulito”.
O aluno que foi avaliado pelos professores como melhor aluno em disciplina, pontualidade, nota, comprometimento, recebe além de medalha uma caderneta de poupança no valor de R$ 50,00.
Nossa homenagem é para uma pessoa que durante 34 anos fez parte da escola Padre Hermenegildo, nunca tirou uma licença sem vencimento, não teve nenhuma falta injustificada, não obstante sua postura de sisudo e carancudo tem um coração maior do que os seus quase 2 metros de altura. Neste ano não mandou se quer um aluno para a direção por indisciplina, ou por qualquer motivo. (Depois de ler a placa) Peço que aplaudam de pé o professor Moacir Marino Barzotto. 

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

FESTA DA FAMÍLIA ALBERTON 2013


HOMILIA PARA A FESTA DA FAMÍLIA ALBERTON 2013

O Brasil é hoje considerado o país do pleno emprego, dito em outras palavras é um lugar onde tem trabalho para todos. Por conta disto tem se estabelecido um novo processo migratório fazendo do nosso país a terra dos sonhos. O contrário se dava nas décadas de 80 e 90, quando muitos brasileiros saíram à procura de um lugar ao sol em outras partes do mundo. O que se vive hoje pode ser comparado com o sonho de nossos antepassados quando deixaram a Itália para fazer riqueza no Brasil.
Ontem como hoje é possível perceber que está em jogo a questão do trabalho, ou se quiser dizer é uma questão de “semear”.  Semear, não consiste somente em jogar semente na terra, mas pode ser entendido como toda forma de dedicação humana, de trabalho, com vistas a resultados que melhorem a qualidade de vida. Para que esta atitude alcance os resultados esperados algumas condições são necessárias: Qualidade da semente ou daquilo que se “planta”, Terreno adequado e obviamente cuidado. Em dialeto se diz: “Per fare tutto ci vuole un fiore” (Para fazer qualquer coisa é necessário carinho).
Pois é sobre isso que falam os textos bíblicos escolhidos para a missa de hoje. O profeta afirma que a Palavra de Deus é comparada ao trabalho humano: Semente depositada na terra e que não volta sem produzir frutos.
Trabalhar implica sim esforço, fadiga e  dedicação.  São Paulo afirma: “Os sofrimentos presentes não tem comparação com a glória futura”. Embora ele faça referência à vida futura suas palavras podem ser aplicadas à condição de nossos antepassados sobre quem o folclore afirma:

“Faze più de cento ani,
che i Taliani qua i zé rivai;
Zé rivati de bastimento,
i gà sofresto pezo que animai;
I gà trovato puro mato,
sensa querte i dormiva in tera;
I gà lutà tanto tanto,
quasi come èser ne la guera”

E o evangelho conta a clássica parábola do semeador com as distintas condições de produção. No caso tinha boa semente e cuidado do semeador, entretanto, nem sempre a terra foi preparada de acordo e o resultado em alguns casos ainda não foi o esperado. A lição que Jesus quer ensinar é que não se pode desistir do trabalho, da luta diária em resumo da semeadura.
Ora nossos bisnonos fizeram tudo isso e hoje aqui estamos “tutti buona gente e molta gente buona”. O privilégio de poder nos reunir  vindos de tantas partes, se concretiza o que diz a canção folclórica:

Vardé adeso, me cari frateli,
che cità e che bele colonie;
Tante strade e che grande industrie,
che i ga fato per noi ver più sorte;
Noi qua adeso gavemo de tuto,
ascolté cosa che mi ve digo:
Recordeve de i nostri Italiani,
che adeso i è là n tel paradizo!

sábado, 8 de dezembro de 2012

REFLETINDO A PALVRA DE DEUS


MARAVILHA FEZ CONOSCO O SENHOR
Leituras: Baruc 5, 1-9; Salmo 125(126);
Filipenses 1, 4-6.8-11; Lucas 3, 1-6.

É próprio do existir humano não se conformar com o estado atual das coisas. Vive-se no mundo sempre ansiando por algo melhor, que traga mais realização e felicidade. É verdade que nem sempre esta busca se faz pelos meios mais adequados, entretanto o ser humano não se conforma com o estado atual das coisas. Quer sempre progredir e evoluir.
Para os cristãos essa possibilidade é muito mais do que simples esforço humano. Melhorar, progredir, acertar os caminhos é uma condição que lhes é dada por Deus. Isso é o que se houve nas leituras deste domingo.
No trecho do evangelho o anúncio de um novo tempo vem do deserto, pela boca de João Batista: Aplainar estradas, preencher vales, abaixar montes e colinas, endireitar o que está torto, tudo é obra de Deus para que ele mesmo seja reconhecido e a vida seja restaurada.
O mesmo sentido aparece muito antes na profecia de Baruc, que é o texto da primeira leitura. Falando em mudar de veste faz um convite para mudar de vida. Em outras palavras viva corretamente e Deus estará com Você.
São Paulo reitera para a comunidade de filipenses: Cresçam no amor a fim de que todos e também Deus veja que vocês produzem frutos bons.
Este que é o sentimento de todos se confirma na oração do salmo ao reconhecer: Maravilhas fez conosco o Senhor.
E se Deus faz maravilhas, não há porque não modificar o jeito de ser e de viver a cada dia. A reunião dos irmãos na assembleia celebrante é ao mesmo tempo um sinal de ação de graças e um sinal da ação amorosa do Espírito que faz da igreja uma comunidade de irmãos.