terça-feira, 15 de junho de 2021

HOMILIA PARA O DIA 20 DE JUNHO DE 2021 - 12º COMUM - ANO B

 SENHOR AUMENTA A NOSSA FÉ!

No dia 27 de março de 2020, no auge do isolamento social e da primeira grande onda da COVID 19, 0 Papa Francisco rezou sozinho na Praça de São Pedro e comentou o texto do Evangelho que a liturgia propõe para esse 12º domingo do tempo comum. Na ocasião disse o Papa: “À semelhança dos discípulos do Evangelho, fomos surpreendidos por uma tempestade inesperada e furibunda. Nos demos conta de estar no mesmo barco, todos frágeis e desorientados, mas chamados a remar juntos e necessitados de encorajamento mútuo”.

De uma coisa é certa nossa vida é frequentemente agitada por gigantescas ondas que desnudam nossas falsas seguranças e expõe a fragilidade das nossas seguranças. À medida que cai a maquiagem das nossas seguranças e certezas somos desafiados com a pergunta de Jesus: Porque são tão medrosos? Ainda não tem suficiente fé?

As leituras deste domingo são claras a quem devemos recorrer quando não entendemos as razões das nossas provações e dificuldades. Seja a Jó, o inocente e sofredor como a cada um de nós a primeira leitura é um alento e segurança: O Senhor respondeu a Jó, do meio da tempestade, e disse: Quem fechou o mar com portas, quando ele jorrou com ímpeto do seio materno, quando eu lhe dava nuvens por vestes e névoas espessas por faixas; quando marquei seus limites e coloquei portas e trancas, e disse: 'Até aqui chegarás, e não além; aqui cessa a arrogância de tuas ondas?”.

E São Paulo anima aos coríntios cujas palavras servem também para nós: O amor de Cristo nos pressiona, De fato, Cristo morreu por todos,
para que os vivos não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. Portanto, se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu”.
Isso significa dizer que se confiamos em Deus e no seu Cristo não precisamos ter medo.

A ordem que Jesus deu aos discípulos continua sendo repetida para cada um de nós: Vamos para a outra margem!” mesmo que essa travessia implique enfrentar ventanias e ondas bravias. Segundo o Papa Francisco nós e a Igreja inteira não podemos ficar trancada nas seguranças das praias calmas, antes somos desafiados a singrar os mares que nos levem aos recantos do mundo, às periferias da nossa existência. “Vamos para outra margem...” Isso significa igreja missionária, e para isso é necessário ousadia, coragem e superação do medo.

Não podemos nos deixar paralisar pelo medo dos novos horizontes, como uma pequena barca agitada e ameaçada pelos desafios do mundo que se traduzem em violência, doenças, desemprego, corrupção, autoritarismo, populismo e uma infinita lista de tempestades não podemos esquecer-nos daquele a “quem até o vento e o mar e obedecem”. Afinal é isso que rezamos no salmo desse domingo:

R. Dai graças ao Senhor, porque ele é bom,
porque eterna é a sua misericórdia!

Os que sulcam o alto-mar com seus navios,
para ir comerciar nas grandes águas,
testemunharam os prodígios do Senhor
e as suas maravilhas no alto-mar.

Ele ordenou, e levantou-se o furacão,
arremessando grandes ondas para o alto;
aos céus subiam e desciam aos abismos,
seus corações desfaleciam de pavor.

Mas gritaram ao Senhor na aflição,
e ele os libertou daquela angústia.
Transformou a tempestade em bonança,
e as ondas do oceano se calaram.

Alegraram-se ao ver o mar tranquilo,
e ao porto desejado os conduziu.
Agradeçam ao Senhor por seu amor
e por suas maravilhas entre os homens!

quinta-feira, 10 de junho de 2021

HOMILIA PARA O DIA 13 DE JUNHO DE 2021 - 11º DOMINGO COMUM - ANO B - MEMÓRIA DE SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA

 

COMO É BOM AGRADECER AO SENHOR

A piedade popular recorda nesse domingo Santo Antônio, cuja vida foi marcada por uma série de pequenos gestos de bondade e que mostraram como Deus age nas pessoas e na história transformando realidades que muitas vezes parecem impossíveis.

Não precisamos de longos discursos para perceber como as três leituras deste domingo revelam um Deus que não está preocupado em mostrar suas grandes obras, mas que na singeleza do cotidiano realiza maravilhas aos nossos olhos.

Na primeira leitura o profeta declara a ação de Deus: “Eu mesmo tirarei um galho da copa do cedro, do mais alto de seus ramos arrancarei um broto e o plantarei sobre um monte alto e elevado. Ele produzirá folhagem, dará frutos e se tornará um cedro majestoso”.

São Paulo escreve aos coríntios para lhes tranquilizar quanto a finitude dessa vida e a precariedade da nossa breve existência: “Estamos sempre cheios de confiança e bem lembrados de que, enquanto moramos no corpo, somos peregrinos longe do Senhor; Mas estamos cheios de confiança, essas palavras recordam que as incertezas e a transitoriedade da existência terrena em nada podem ser comparadas com o encontro definitivo com o Deus da Vida.

O Reino de Deus não se manifesta no extraordinário e no fantástico, antes: “O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra. Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece”. Da nossa parte resta que não percamos a esperança e a confiança. Esperança, não de quem fica de braços cruzados aguardando que as coisas aconteçam, mas no sentido de quem se põe a semear as pequenas sementes do cotidiano. São essas sementes que vão transformando e frutificando independente das nossas capacidades, limites, acertos ou fracassos. Os tempos de Deus não são os nossos tempos, façamos a nossa parte e confiemos na poderosa mão de Deus. Cultivemos a perseverança e continuemos a semear os valores do evangelho. Nos pequenos gestos de bondade, solidariedade, fraternidade e comunhão que realizamos o Reinado de Deus vai garantindo a alegria da Colheita.

Nesse sentido ganha ainda mais importância a oração do Salmo que fazemos nesse domingo.

R. Como é bom agradecermos ao Senhor.

2Como é bom agradecermos ao Senhor*
e cantar salmos de louvor ao Deus Altíssimo!
3Anunciar pela manhã vossa bondade,*
e o vosso amor fiel, a noite inteira.R.

13O justo crescerá como a palmeira,*
florirá igual ao cedro que há no Líbano;
14na casa do Senhor estão plantados,*
nos átrios de meu Deus florescerão.R.

15Mesmo no tempo da velhice darão frutos,*
cheios de seiva e de folhas verdejantes;
16e dirão: 'É justo mesmo o Senhor Deus:*
meu Rochedo, não existe nele o mal!'

sexta-feira, 28 de maio de 2021

HOMILIA PARA O DIA 03 DE JUNHO DE 2021 - CORPUS CHRISTI - ANO B

 

TODAS AS MINHAS FONTES ESTÃO EM TI

É ponto pacífico para todos que saciar a fome de pão é uma necessidade indiscutível. Não sem razão as instituições e organizações da sociedade e todas as nossas paróquias tem um serviço de assistência social para atender o cinturão de pobreza que circunda nossas casas.

Todos aqueles que organizam campanhas para diminuir os sofrimentos das pessoas tem sempre motivações maiores do que o simples gesto de dar e doar coisas. Para os cristãos as campanhas solidárias tem sua fundamentação, razão e fonte na Eucaristia.

É da força desse sacramento que se origina toda a ação dos batizados para fazer frente aos sofrimentos de cada tempo. Estamos todos convencidos que na Eucaristia está a fonte da vida e da missão da cristã.

Façam isso em minha memória! E a memória de Jesus não se restringe ao momento da instituição da Eucaristia, mas a toda sua vida e todas as suas ações. Acolher os pequenos e pobres, comer com os pecadores, cuidar dos doentes e desemparados. Adorar Jesus na Eucaristia e participar da comunhão devem incidir direta e profundamente em nossa vida diária fazendo-nos testemunhas reconhecíveis da Boa Notícia de Jesus em nosso ambiente de trabalho e em todas as nossas relações sociais.

E desta tarefa ninguém está dispensado, assim afirmou Bento XVI aos jovens reunidos na Austrália em 2008: “Só jovens corajosos, com mente e coração abertos aos ideais mais elevados e generosos poderão restituir beleza e verdade à vida e às relações humanas”.

Por sua vez São João Paulo II recordou que a Eucaristia alimenta o amor das crianças de modo que possam dizer “Jesus me ama eu o amo! E para que isso aconteça de maneira efetiva dá-nos a graça de ser inocentes, generosos, bons, obedientes e alegres, porque a alegria é a fonte da bondade”.

E Francisco recomenda a todos os que se unem a Cristo pelo sacramento que não se distanciem dos pobres, dos doentes, dos perseguidos, essa atitude conduzirá todos à perfeição. Não se esqueçam diz o Papa, todos tem o direito de receber o evangelho e um banquete apreciável.

Estas palavras de Francisco nos fazem recordar mais uma vez São João Paulo II: “Não podemos nos aproximar da Eucaristia sem nos deixar arrastar para a missão que vá ao encontro de todas as pessoas”.

Por isso mesmo nossas celebrações terminam com uma saudação de envio: “Vão em paz o Senhor seja a sua força que ele permaneça com vocês todos os dias”.

quinta-feira, 27 de maio de 2021

HOMILIA PARA O DIA 30 DE MAIO DE 2021 - SANTÍSSIMA TRINDADE - ANO B

 

A MEDIDA DO AMOR É AMAR SEM MEDIDA

Essa frase atribuída a Santo Agostinho é o slogan adequado para falar de duas realidades que não se explicam com palavras. No linguajar cotidiano costuma-se dizer que o amor de mãe é imensurável, mas o que significa isso senão uma cópia humanizada do que é o amor de Deus. As mães estão sempre prontas para defender os filhos, e não importa qual foi a última confusão na qual se meteram. Pois esse é o perfil do amor de Deus descrito nas leituras deste domingo quando celebramos a Santíssima Trindade.

O texto do deuteronômio apresenta Deus que vai ao encontro das pessoas que fala num linguajar que podem entender que lhes aponta caminhos seguros nos quais Ele mesmo intervém quando aqueles que ele ama se sentem ameaçados e inseguros nas travessias: Existe, porventura, algum povo que tenha ouvido a voz de Deus falando-lhe do meio do fogo, ou terá jamais algum Deus vindo escolher para si um povo entre as nações, por meio de provações, de sinais e prodígios, por meio de combates, com mão forte e braço estendido, e por meio de grandes terrores, como tudo o que por ti o Senhor vosso Deus fez. Reconhece, pois, hoje, e grava-o em teu coração, que o Senhor é o Deus lá em cima do céu e cá embaixo na terra, e que não há outro além dele”.

É importante que nos perguntemos sobre nossa relação com Deus. Compreendemos e recorremos a ele como um Deus amoroso e sensível ao nosso cotidiano e às nossas fraquezas ou cultivamos a imagem de um Deus intolerante, duro e insensível sempre disposto a castigar e vingar sem piedade os deslizes humanos. Celebrar a Santíssima Trindade implica um convite para descobrir o verdadeiro rosto de Deus.

São Paulo escreve aos romanos: “Todos aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. De fato, vós não recebestes um espírito de escravos, para recairdes no medo, mas recebestes um espírito de filhos adotivos, no qual todos nós clamamos: Abá - ó Pai” Estas palavras são a confirmação que o Deus em quem acreditamos não é alguém que vê de longe e com indiferença os dramas e sofrimentos humanos, mas acompanha com paixão a caminhada da humanidade.

E no Evangelho Jesus esclarece a vinculação das pessoas com a Santíssima Trindade: “Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo”.

Na mesma proporção em que cada batizado é associado a Cristo e a sua missão, recebe dele a mesma tarefa de apresentar a todos sem exceção o convite de Deus para que façam parte da comunidade da trindade. Para cumprir essa missão não é preciso ter medo, ontem como hoje Jesus caminha lado a lado ajudando a superar todas as crises e dificuldades.

Vinculados a comunidade trinitária pelo do dom do batismo é sempre oportuno se perguntar: A minha vida tem sido coerente com essa condição?

Os discípulos receberam a tarefa de continuar a missão de Jesus e testemunhar o amor de Deus pela humanidade.  Nós, batizados, que recebemos a mesma missão podemos afirmar que os irmãos com quem cruzamos pelos caminhos conseguem ver em nossos gestos, palavras e ações os do amor de Deus? Nossas comunidades são imagens vivas da família de Deus e do amor com que Deus ama todos?

Neste tempo tão incerto e obscuro que estamos atravessando peçamos a graça da coerência e a coragem de amar com a mesma medida de Deus e superar as indiferenças do mundo.

quinta-feira, 20 de maio de 2021

HOMILIA PARA O DIA 23 DE MAIO DE 2021 - DOMINGO DE PENTECOSTES - ANO B

 

CONSTRUIR COMUNHÃO E UNIDADE

Poucas coisas são mais significativas em nosso cotidiano do que participar de campanhas solidárias para diminuir o sofrimento das pessoas. Neste tempo de pandemia foi possível experimentar de maneira mais intensa experiência de ajuda-mútua e caridade fraterna. Ao mesmo tempo em que a pandemia teve uma duração maior do que as autoridades sanitárias previam inicialmente aos poucos as pessoas foram tomadas de certo cansaço e quase desilusão dando espaços para discussões sobre fatos e situações de pouca importância. Ora, isso que acontece conosco é muito semelhante à experiência da comunidade de Corinto para quem São Paulo escreve a carta que é a segunda leitura desse domingo.

Os coríntios eram fervorosos na oração, mas não servem de exemplo quando se refere à vivência da fraternidade e da comunhão: Irmãos: Ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor a não ser no Espírito Santo. Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito. Há diversidade de ministérios, mas um mesmo é o Senhor. Há diferentes atividades, mas um mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum”. Estas palavras de Paulo caem como uma luva em nossas mãos à medida que também nós nos consideramos “o umbigo do mundo”, a “última bolacha do pacote” os “escolhidos e iluminados” e tratamos aqueles que não fazem parte do nosso grupo como se fosse gente de segunda categoria.

Na mesma proporção em que vivenciamos coisas boas e bonitas neste tempo de pandemia, também somos atormentados por uma série de situações que fogem ao nosso controle e ameaçam o futuro das nossas comunidades e da sociedade como um todo. Nesse contexto, Jesus se revela a nós, como para os discípulos no Evangelho de hoje: “Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e pondo-se no meio deles, mostrou-lhes as mãos e o lado” Fazendo-se reconhecer lhes dá uma vacina de ânimo que transforma a aquele minúsculo e medroso grupo na Igreja que deitou raízes pelo mundo inteiro: “A paz esteja com vocês”! Ora, como os discípulos de outrora, também nós muitas vezes somos medrosos e nos fechamos em nosso pequeno mundo e em nossas grandes verdades.

Esquecemo-nos que nossa condição de cristãos é definida por uma vida dada, partilhada e fortalecida pelo sopro do Espírito Santo que nos impulsiona a transformar nossas fraquezas e limitações em serviço capaz de derrotar nossa covardia e desilusão fazendo-nos sonhar com um mundo novo.

O dom do Espírito Santo deve nos fazer proclamar como os cristãos dos Atos dos Apóstolos: Somos gente de todas as partes e com muitos modos de pensar e agir não importa de onde viemos e para onde vamos, importa que nos deixemos guiar pelo Espírito Santo.

O Espírito é luz que alumia, convoca e envia a Igreja em missão, renova a esperança e anuncia o dia da festa e da libertação.

Creio no Espírito Santo que renova o homem com a liturgia creio no Espírito Santo que mata a fome na Eucaristia.

Há um povo faminto ao meu lado sedento de paz, com fome de amor, não falte a justa partilha na mesa do pobre o pão do Senhor.

Ele ajuda fazer a história recriando a vida faz um mundo novo, e faz na Igreja a memória de olhos abertos pra fome do povo.

 

 

 https://www.youtube.com/watch?v=-6YvFBtmZCA

sexta-feira, 14 de maio de 2021

HOMILIA PARA O DIA 16 DE MAIO DE 2021 - DOMINGO DA ASCESÃO - DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS - ANO B

 

IR E CONSTRUIR PONTES

O Papa Francisco, na mensagem que escreveu para esse domingo da ascensão também dedicado ao dia das comunicações sociais, encerrou sua declaração com esta oração:

Senhor, ensinai-nos a sair de nós mesmos,
e partir à procura da verdade.

Ensinai-nos a ir e ver,
ensinai-nos a ouvir,
a não cultivar preconceitos,
a não tirar conclusões precipitadas.

Ensinai-nos a ir aonde não vai ninguém,
a reservar tempo para compreender,
a prestar atenção ao essencial,
a não nos distrairmos com o supérfluo,
a distinguir entre a aparência enganadora e a verdade.

Concedei-nos a graça de reconhecer as vossas moradas no mundo
e a honestidade de contar o que vimos.

A oração de Francisco não é outro pedido se não o clamor de quem compreende a mensagem da Palavra de Deus na liturgia desse domingo. No texto dos Atos dos apóstolos depois de contar o sentimento da comunidade e dos discípulos cerca de 30 anos depois da ressurreição de Jesus o autor do texto termina dizendo:Depois de dizer isto, Jesus foi levado ao céu, à vista deles. Uma nuvem o encobriu, de forma que seus olhos não mais podiam vê-lo. Os apóstolos continuavam olhando para o céu, enquanto Jesus subia. Apareceram então dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: 'Homens da Galileia, por que ficais aqui, parados, olhando para o céu? Esse Jesus que vos foi levado para o céu, virá do mesmo modo como o vistes partir para o céu”.

A mensagem que a primeira leitura nos deixa se resume em não ficar admirando o que aconteceu com Jesus, mas caminhar decididamente entregando-nos com todas as nossas forças para que se realize no mundo o projeto de salvação iniciado por Jesus, ou seja, “Senhor, ensinai-nos a sair de nós mesmos e ir aonde ninguém vai, ensinas-nos a construir pontes onde existem muros”.

A oração também nos remete às palavras de São Paulo aos efésios: “O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai a quem pertence a glória, vos dê um espírito de sabedoria que vo-lo revele e faça verdadeiramente conhecer. Que ele abra o vosso coração à sua luz”.  Isso significa que não devemos ter medo de caminhar de mãos dadas ao encontro desse espírito de sabedoria de criar comunhão entre nós e nos deixar guiar pelo Cristo cabeça que está sempre presente no nosso meio.

Afinal, caminhar, sem medo, sem descansar, sem fazer corpo mole é o mandato de Jesus: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura” Para os discípulos de outrora a palavra de Jesus foi uma forma de fazê-los vencer a desilusão e o comodismo e serem testemunhas de um estilo de vida novo e definitivo inaugurado por Ele.

Também a nós o mandato de Jesus não se limita a fazer bonitos discursos, mas assumir a missão com gestos e atitudes de amor, de misericórdia, fraternidade, partilha e justiça. O apelo de Jesus deve arder em nossos corações de modo que não tenhamos medo nem nos deixemos iludir pelos muitos ou poucos meios que dispomos para que a boa noticia do Reino alcance e transforme a vida de todas as pessoas.

Ensinai-nos a ir aonde não vai ninguém,
a reservar tempo para compreender,
a prestar atenção ao essencial,
a não nos distrairmos com o supérfluo,
a distinguir entre a aparência enganadora e a verdade.

Concedei-nos a graça de reconhecer as vossas moradas no mundo
e a honestidade de contar o que vimos.

 

sexta-feira, 7 de maio de 2021

HOMILIA PARA O DIA 09 DE MAIO DE 2021 - 6º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO B

 

AMAR COMO DEUS!

Zygmunt Bauman foi um sociólogo que viveu na Inglaterra até 2017, escreveu mais de 40 livros, entres eles um que se intitula: Amor Líquido. Nessa obra o autor trata da fragilidade das formas de amor contemporâneo. Ele afirma que a era das tecnologias tornou as relações humanas tão frágeis que as pessoas amam e deixam de amar com a mesma facilidade como apertam a tecla “delete” no teclado do computador. Segundo Bauman a modernidade é liquida e por consequência todas as relações humanas são também nesse estágio. Tudo muda com tanta facilidade que as pessoas dizem que amam e deixam de amar com uma rapidez imprevisível.

Pois é exatamente o contrário disso que nos sugere a Palavra de Deus desse domingo. A segunda leitura, sempre da carta de João, insiste em definir Deus e o seu jeito de ser. O autor da carta não fala que Deus ama, ou deixa de amar, pelo contrário diz: “Deus é amor.” E a partir daí aponta para a possibilidade de estar ou não com ele: “Amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece Deus. Quem não ama, não chegou a conhecer a Deus”.

O autor dessa carta não faz uma definição de amor ou de Deus a partir de ideias bonitas, mas a partir da própria essência de Deus: Ele é amor! E o jeito de amar de Deus fica claro na primeira  leitura e no evangelho.

No texto dos atos dos apóstolos: “Pedro tomou a palavra e disse:
'De fato, estou compreendendo que Deus não faz distinção entre as pessoas. Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença”. Isso significa o que é decisivo no jeito de ser de Deus é o amor incondicional, o amor de Deus só não alcança aqueles que decididamente não querem. Quanto a nós que declaramos ser seguidores de Jesus somos desafiados a renovar constantemente a disponibilidade para amar, como Jesus propõe no evangelho.

“Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos. Vós sois meus amigos”.

Não se trata de amar de qualquer jeito ou por algum tempo, ou em determinadas circunstâncias. Não serve cultivar o amor líquido da modernidade que se faz um cópia e cola de acordo com o interesse e deleta ou dá um esc quando alguém já deixou de ser importante para os nossos projetos.

E então o Mestre nos diz, uma vez mais, que nos amemos uns aos outros. Não de qualquer jeito, não com teorias, mas como ele mesmo nos amou. Nossa felicidade terá, enfim, o tamanho das amizades que nosso amor tiver construído. Afinal, viver entre nós o amor maior dos amigos que dão a vida significa, em outras palavras, “permanecer no amor” de Deus, confiando naquele que se fez Amigo.

“Eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto
e o vosso fruto permaneça”. Fazer parte dos amigos de Jesus implica em participar efetivamente da missão de transformar o mundo em um lugar onde o amor triunfe sempre. Somos chamados a dar um basta em toda forma de sofrimento, de egoísmo, de miséria, de injustiça, de opressão e escravidão. Isso significa todos os dias e sempre ser construtores da justiça, da paz, da comunhão e da solidariedade. Afinal é isso que rezamos no salmo desse domingo.

R. O Senhor fez conhecer a salvação e
revelou sua justiça às nações.

1Cantai ao Senhor Deus um canto novo,*
porque ele fez prodígios!
Sua mão e o seu braço forte e santo*
alcançaram-lhe a vitória.R.

2O Senhor fez conhecer a salvação,*
e às nações, sua justiça;
3arecordou o seu amor sempre fiel*
3bpela casa de Israel.R.

3cOs confins do universo contemplaram*
3da salvação do nosso Deus.
4Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira,*
alegrai-vos e exultai!R.

sexta-feira, 30 de abril de 2021

HOMILIA PARA O DIA 02 DE MAIO DE 2021 - 5º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO B

 

SER E PERMANECER NO DISCIPULADO

A urbanização e os modos de vida contemporânea afastaram muitas pessoas das lidas do campo e hoje são poucos aqueles que entendem de plantio, cuidados com o campo, podas e colheitas. Mas, entendemos bem de dificuldades, adversidades, contratempos, contrariedades e em tudo isso manter a perseverança nos bons objetivos e propósitos que sempre vamos renovando constantemente.

As três leituras deste domingo servem de estímulo para não perder a esperança e a perseverança quando se trata de superar adversidades e contratempos do cotidiano. Numa linguagem coloquial se diz que em determinadas situações se faz necessário desacelerar, recuar um pouco para depois avançar com mais segurança como disse Cecília Meireles: “Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e voltar sempre inteira”.

O texto dos Atos dos apóstolos nos ajuda cultivar o diálogo e a partilha garantindo assim o crescimento e o amadurecimento da nossa fé. Paulo serve de modelo por sua coragem e entusiasmo na convivência com as dificuldades e oposições que a pregação do Evangelho faziam surgir nas comunidades.

Como se não bastasse a resistência dos judeus que viviam em Damasco, Paulo enfrentou o fechamento e o preconceito entre os cristãos de Jerusalém. A maneira como Paulo anunciava Cristo e a sua boa notícia causava estranhamento entre aqueles que preferiam um grupo de perfeitos e exclusivos seguidores do Mestre.

O que aconteceu com Paulo não se diferencia muito das realidades de nossas comunidades. Frequentemente nos comportamos como uma Igreja fechada, com medo de arriscar e acolher o diferente nos instalamos no comodismo e na mediocridade e não percebemos os desafios proféticos e o significado da expressão “Igreja em saída”. Preferimos uma comunidade intacta, onde só tem lugar para os bons e justos nossos amigos. Temos medo de uma Igreja ferida e enlameada, como diz o Papa Francisco, mas que seja aberta fraterna, solidária e acolhedora.

Barnabé serve de exemplo para todo cristão que queira acolher e se abrir ao diferente convidando todos fazerem a experiência da comunhão: “Então Barnabé tomou Saulo consigo, levou-o aos apóstolos e contou-lhes como Saulo tinha visto o Senhor no caminho, como o Senhor lhe havia falado e como Saulo havia pregado, em nome de Jesus, publicamente, na cidade de Damasco. Daí em diante, Saulo permaneceu com eles em Jerusalém e pregava com firmeza em nome do Senhor”.

A comparação que Jesus faz no evangelho é uma maneira pedagógica para deixar claro a todos que a produção de bons frutos tem duas condições indispensáveis: permanecer em comunhão com Ele e estar disposto a encarar as dificuldades dessa condição como se fossem podas, correções e mudanças de direção em nosso caminho.

Estar com Ele é a condição para uma comunidade produzir frutos. Isso é ao mesmo tempo um privilégio e uma responsabilidade.  Na condição de seguidores de Jesus não temos o direito de nos fechar num grupo de perfeitos e melhores, antes, somos desafiados a construir uma Igreja viva e dinâmica e que por nossos gestos e atitudes derrama sobre todos os bons frutos que produzimos internamente. Jesus que é o tronco de onde tiramos a seiva para produzir frutos será reconhecido à medida que nossas ações forem alcançando as pessoas em todos os lugares. Declarar-se ramo da mesma e única videira implica um compromisso efetivo com todas as propostas de Jesus.

As propostas d’Ele ficam claras no texto da segunda leitura. Em outras palavras, não se trata de conversa fiada, antes, são ações concretas, não basta fazer bonitos discursos e longas orações. Trata-se de colocar em prática tudo aquilo que, em palavras, declaramos acreditar: “Filhinhos, não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade! Este é o seu mandamento: que creiamos no nome do seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, de acordo com o mandamento que ele nos deu. Quem guarda os seus mandamentos permanece com Deus e Deus permanece com ele. Que ele permanece conosco, sabemo-lo pelo Espírito que ele nos deu”.

 

 

quarta-feira, 21 de abril de 2021

HOMILIA PARA O DIA 25 DE ABRIL DE 2021 - 4º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO B - DOMINGO DO BOM PASTOR

 

O BOM PASTOR CONHECE E COMPREENDE SUAS OVELHAS

Em toda a história do povo de Israel fica bastante claro que os fariseus e doutores da lei lhes impunham regras e normas as quais o povo simples era incapaz de conhecer e seguir, por essa razão era considerado impuro pecador, e excluído do Templo e relegado aos seus próprios cuidados. Nesse sentido os responsáveis pelo povo eram reconhecidos como maus pastores a quem os profetas fizeram constantes recomendações anunciando-lhes que Deus não continuaria a tolerar por muito tempo esta situação de descaso com os seus filhos e filhas. De outra sorte a comunidade esperou confiante a realização das promessas às quais viram acontecer na pessoa de Jesus.

Nossa realidade não se diferencia muito daquela vivida pelos conterrâneos de Jesus. Entre nós não são poucas as lideranças políticas que não tem compromisso com o sofrimento dos governados, lideranças religiosas prometendo prosperidade econômica em troca de ofertas, outros se aproveitando da generosidade para levar vantagem usam seu poder de convencimento e se comportam como mercenários e maus pastores.

Ao contrário disso Jesus apresenta no Evangelho um modelo de pastor, que Ele mesmo serve de exemplo. Ele conhece as ovelhas, chama pelo nome, reconhece a sua voz, está preocupado com o bem estar do rebanho, não procura o próprio interesse, mas trabalha para garantir a segurança daqueles que estão sob sua responsabilidade. Para garantir a segurança das ovelhas, de todas as ovelhas e não somente daquelas que já estão sob os seus cuidados o bom pastor põe em risco a própria vida: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas, Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: também a elas devo conduzir; escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor”.

Esse é o modelo de pastor que leva Pedro a fazer sua declaração de fé: Pedro, cheio do Espírito Santo, disse: 'Chefes do povo e anciãos: hoje estamos sendo interrogados por termos feito o bem a um enfermo e pelo modo como foi curado. Ficai, pois, sabendo todos vós e todo o povo de Israel: é pelo nome de Jesus Cristo, de Nazaré. Jesus é a pedra, que vós, os construtores, desprezastes, em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual possamos ser salvos”.

Em Jesus Cristo, o Pai revelou seu amor incondicional por meio do qual quer nos levar a superar nossas fragilidades integrando-nos à sua família: “Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é”.

A voz de Jesus, bom pastor, não é dirigida a um grupo seleto de pessoas, ou para um número restrito de convidados, antes se destina a todos sem exceção e a condição para fazer parte do seu grupo é ouvir e reconhecer a voz do único e verdadeiro pastor, o que implica em percorrer os caminhos com Ele não ter medo de entregar a vida para ajudar os demais.

Distanciamo-nos dois milênios das palavras de Jesus isso, no entanto, não deveria ser motivo para permitir que nossa história fosse construída apenas com um verniz cristão. Entre nós, não são poucos, pastores e ovelhas, que se declaram cristãos, mas defendem atos bárbaros de terrorismo, uso e porte indiscriminado de armas, capitalismo selvagem colocando os valores econômicos acima da defesa e cuidado da vida. Muitos se dizem religiosos ao mesmo tempo em que dificultam o acesso aos bens e serviços religiosos, excluem aqueles que pensam e se comportam de maneira diferente. Nem sempre na construção das nossas relações humanas, sociais e religiosas a figura do Bom Pastor é a referência fundamental nem tampouco Jesus e o seu evangelho são colocados como a Pedra Fundamental da construção.

Apesar disso o exemplo dos primeiros discípulos deve nos sugerir que apesar dos ventos contrários Jesus não nos deixa sozinhos entregues às nossas próprias forças, o Bom Pastor continua nos ajudando, animando e protegendo sempre que o desânimo e a frustração parecem superar nossa esperança.

Não tenhamos medo assim diz a oração da missa de hoje: “Deus eterno e todo poderoso, conduzi-nos à comunhão das alegrias celestes, para que o rebanho possa atingir apesar da sua fraqueza a fortaleza do pastor”.

quarta-feira, 14 de abril de 2021

HOMILIA PARA O DIA 18 DE AGOSTO DE 2021 - 3º DOMINGO DA PASCOA - ANO B

 

FAZEI BRILHAR O ESPLENDOR DE VOSSA FACE

A palavra de Deus proclamada nas celebrações do tempo pascal narram com riqueza de detalhes as aparições de Jesus que se manifesta ressuscitado. Mostrar as feridas, comer com os discípulos, caminhar junto, entrar no lugar onde estavam reunidos, tudo isso é importante para ajudar compreender a ideia central destas narrativas.

Seja para os discípulos de outrora, seja para cada um de nós o que é realmente importante não são os detalhes dos acontecimentos, mas a experiência feita pelos discípulos: Todas as narrativas tem como fato fundamental o “encontro vivo com Jesus Vivo”.

Todo o ensinamento que os discípulos ainda não haviam compreendido começa a ficar cada dia mais claro e a comunidade que vai se construindo tem em Jesus o centro de toda a sua fé e por causa disso está aberta ao diálogo, a partilha, a escuta da Palavra.

Reconhecendo Jesus que ressuscitou dos mortos aqueles que lhe seguem tem o dever de ser testemunha do tudo o que viu e ouviu: “Então Jesus abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras, e lhes disse: 'Assim está escrito: O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia e no seu nome, serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sereis testemunhas de tudo isso”.

Quando se trata de coragem para dar testemunho da ressurreição de Jesus a atitude de Pedro na primeira leitura é suficientemente inspiradora: “Pedro se dirigiu ao povo, dizendo: O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos antepassados glorificou o seu servo Jesus”. Depois de fazer essa declaração corajosa Pedro confirma o seu testemunho e convida aqueles que ainda não o conhecem a aceitarem a proposta que Ele está lhe fazendo: Arrependei-vos, portanto, e convertei-vos!

E ser testemunha de Jesus consiste em compreender o que João fala na segunda leitura: Se alguém diz: Eu conheço a Deus', mas não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele. Naquele, porém, que guarda a sua palavra, o amor de Deus é plenamente realizado.

Dar testemunho de Jesus implica caminhar nas fragilidades cotidiana acreditando naquilo que o padre diz na oração inicial: “Que o vosso povo sempre exulte pela sua renovação espiritual, para que, tendo recuperado agora com alegria a condição de filhos de Deus espere com confiança o dia da sua ressurreição”.

 

 

 

 

 

sexta-feira, 9 de abril de 2021

HOMILIA PARA O DIA 11 DE ABRIL DE 2021 - 2º DA PÁSCOA - ANO B

 

DAR E RECEBER PERDÃO E MISERICÓRDIA

São João Paulo II, institui a festa da Divina Misericórdia determinando a sua celebração no segundo domingo da páscoa. A Palavra de Deus que se proclama neste domingo “traça o caminho da misericórdia que, enquanto reconstrói a relação de cada um com Deus, suscita também entre as pessoas novas relações de fraterna solidariedade”.

No evangelho, Jesus Ressuscitado, aparece aos discípulos apontando canais de misericórdia: “A paz esteja convosco Como o Pai me enviou, também eu vos envio'. E depois de ter dito isto, soprou sobre eles e disse: 'Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”.

Jesus se apresenta como o centro de toda a comunidade de seguidores e para onde deve convergir toda a vida daqueles que acreditam. Tomé representa todos os que tem dificuldade de reconhecer na comunidade a pessoa de Jesus ressuscitado. Obviamente que ele está fechado em si mesmo, não está em comunhão com os demais, mas ao mesmo o grupo dos discípulos não foi capaz de dar um testemunho convincente do encontro que tiveram com Jesus.

Muitas vezes nossas comunidades fazem esforços significativos para afirmar a fé em Jesus ressuscitado, mas isso ainda é insignificante e incapaz de fazer alguém acreditar nessa absoluta verdade. Dentre os testemunhos que nos faltam um deles  é a prática da misericórdia como nos pede o Papa Francisco: “Vamos nos dirigir confiantes ao Cristo misericordioso e pedir a graça do perdão e do amor que alcance os nossos pecados, mas ao mesmo tempo seja misericordioso com o próximo”.

A primeira leitura é de uma clareza extraordinária quando se trata de colocar em prática a misericórdia: “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava como próprias as coisas que possuía, mas tudo entre eles era posto em comum... Entre eles ninguém passava necessidade”. A misericórdia se faz conhecer em gestos concretos de partilha e de comunhão esta talvez seja a forma mais extraordinária de testemunhar a ressurreição de Jesus.

Ou como deixa clara a segunda leitura: “Podemos saber que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. Pois isto é amar a Deus: observar os seus mandamentos”. E todo aquele que se considera filho de Deus tem por missão amar os irmãos e para isso será necessário colocar em prática as mesmas ações de Jesus: “Sejam misericordiosos como o Pai de vocês e misericordioso... aprendam de mim que sou manso e humilde de coração”.

Certamente a Palavra de Deus neste domingo da misericórdia nos sugere responder: Acreditamos mesmo em Jesus vivo em nosso meio? Demonstramos isso com a nossa vida e o nosso testemunho? Somos verdadeiros construtores da paz e do diálogo fraterno em nossas casas e comunidades?

 

Jesus manso e humilde de coração: Fazei o nosso coração semelhante ao vosso!