sexta-feira, 29 de agosto de 2014

HOMILIA PARA O DIA 31 DE AGOSTO DE 2014

 A MINHA ALMA TEM SEDE DE VOS, Ó MEU DEUS...
Em qualquer lugar onde convive, o sujeito está cercado de outras pessoas. Algumas tem responsabilidades semelhantes e realizam até atividades muito parecidas umas com as outras. Mas há os que tem tarefas e incumbências muito distintas. Nas relações o sujeito precisa ser capaz de reconhecer até onde ele pode ir com seu modo de ser, com suas características e suas certezas.  Estas realidades é o que se pode chamar de “sede de Deus” ou necessidade de compreender os projetos de Deus e que relação eles tem com o dia a dia das pessoas e das comunidades.
No domingo passado, Jesus havia feito um elogio e confiado uma enorme responsabilidade para o apóstolo Pedro. No texto de hoje, Pedro aparece como um sujeito que não havia compreendido nada do que significava ter a chave do Reino dos Céus. Pensa com a cabeça dos homens, se distância dos desígnios que o Pai preparou para o mundo. Repreende Jesus por causa das suas declarações e recebe como resposta: “Você não pensa as coisas de Deus. Afaste-se de mim satanás”.
Ao declarar que estava ciente do que iria lhe acontecer Jesus está mostrando que reconhece seus limites e até  onde vão suas forças, porém não perde sua confiança em Deus: Para mim fostes sempre um socorro;  de vossas asas à sombra eu exulto! Minha alma se agarra em vós; com poder vossa mão me sustenta. Por isso mesmo ele não “foge da sua responsabilidade”, aceita a cruz e o caminho que ela apresenta.
Esta atitude de Jesus precisa ser entendida por todos os que se declaram seus seguidores, como afirma São Paulo na carta aos Romanos: “Não vos conformeis com o mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e de julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, isto é, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito”.
Em todos os tempos e lugares as pessoas são desafiadas a compreender as conquistas e os desafios que vida lhes impõe e diante deles enxergar Deus presente e sua mão protetora que faz com que a força da fé garanta a capacidade de “compartilhar com todos a cruz, a morte, a ressurreição e a alegria pela vitória”.

Que a eucaristia deste domingo seja fonte de coragem e de comunhão dos cristãos entre si e com o mundo que os rodeia. 

ACREDITA EM BENZEDEIRA?

B DE BONDADE, 
B DE BENDIZER,  
B DE BENZER,

B DE BARBARINA  
B  DE BONETE      
B DE BALDISSERA

Esta combinação de “Bs” tem muito a dizer quando se trata da origem de toda bênção.  O Pai de bondade fez todas as coisas e as cobriu de bênçãos, e por isso mesmo se diz que “Deus é bendito, pois do alto céu a todos abençoou com todas as bênçãos espirituais em Cristo Jesus”(Efésios 1,3).  Desde Abraão Deus encheu a terra de bênçãos e nele todas as gerações foram igualmente benditas.
Não é sem razão que ao longo da história da humanidade a prática de bênçãos se tornou indispensável e de uso comum em todas as civilizações. No mundo ocidental cristão os gestos e orações que acompanham as bênçãos foram sendo construídos e disciplinados pela Igreja, mas à margem das bênçãos oficiais e dos ministros designados para esse serviço uma multidão de pessoas consagrou suas vidas como portadores das bênçãos divinas.
Falar da teologia da bênção supõe longas dissertações e pesquisas. Independente dos estudos e pesquisas o fato é que a bênção em todas as culturas se tornou um dos sinais mais fortes da presença de Deus na vida dos seus amados e o reconhecimento dos amados em relação ao seu Deus.
A grande verdade é que a bênção traz em si mesma a promessa do auxílio e o anúncio da graça que proclama a fidelidade de Deus para com seu povo e vice-versa. A bênção se torna ao mesmo tempo atitude de louvor, de ação de graças e de bendição.
A prática de bênçãos por leigos não autorizados foi durante muito tempo contestada pelas autoridades da Igreja, por outros períodos tolerada, mas  diante dos fatos que se mostraram indizíveis, o Concílio Vaticano II declarou que homens e mulheres, por força do sacerdócio comum e da graça que receberam no batismo são também ministros da bênção. É neste sentido que se fala aqui da combinação de “Bs” que intitula este artigo.
BARBARINA BONETE BALDISSERA, com a experiência dos seus pouco mais de 80 anos, conta e transmite histórias de Bondade, Bênção e Bendição. Conhecida na região de Videira e arredores como “BARBARINA BENZEDEIRA”,  explica como nasceu e se desenvolveu este dom de aproximar as pessoas de Deus por meio das bênçãos.
Há mais de 60 anos, residindo na Linha Baldissera, município de Videira – SC, a benzedeira fala das dificuldades e desafios que a vida impunha aos aventureiros que se embrenhavam pelas terras cobertas de matas nesta região.
Ela mesma, sozinha em casa, com filhos pequenos, longe de qualquer  assistência médica e sem transporte adequado  não  duvidou de buscar socorro no lugar exato de onde ele pode vir: “De onde virá meu socorro? Meu socorro virá das mãos do Senhor que fez o céu e a terra”.
Para as necessidades de sua família e logo depois dos vizinhos e amigos recorreu às bênçãos e orações. Suas preces foram ouvidas e cada vez mais pessoas tomaram conhecimento das maravilhas que Deus realizava por meio da Bondade da Benzedeira Barbarina.

Já perdeu a conta e nem faz questão de lembrar quantas pessoas ainda hoje a procuram para orações e bênçãos que ela garante faz tudo por absoluta  “GRAÇA E PODER DE DEUS”.  

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

HOMILIA PARA O DIA 24 DE AGOSTO DE 2014

OUSAR, É O DESAFIO DO DISCÍPULO


O mundo contemporâneo aponta cada vez mais desafios e maiores exigências para todos.  Uma das exigências é abertura para o outro e confiança irrestrita com espírito de cooperação e cooperativismo. Seja, nas casas, empresas, escolas, igrejas, clubes de serviço, cada vez   mais é necessário cultivar a capacidade de delegar funções e responsabilidades. De modo simbólico isso é o mesmo que dizer: “Fulano de tal entra pela porta dos fundos da minha casa... ou ainda beltrano tem a chave dos meus negócios... o que sicrano fizer eu assino embaixo...” e assim por diante. Todas estas expressões servem para indicar que as pessoas tem confiança e acreditam na colaboração de outros no exercício de suas atividades e responsabilidades.

A Palavra de  Deus prevista e proclamada na liturgia deste domingo tem seu cerne na condição de confiança que Deus estabelece com a humanidade e com os seus colaboradores. No texto do profeta Isaias ele anuncia a demissão de um colaborador que já não merecia mais a confiança daquele a quem servia, no caso Deus, e a contratação de outro para realizar a mesma atividade: “Eu vou te destituir do posto que ocupas e demitir-te do teu cargo, chamarei meu servo Eliacim, filho de Helcias”,

O mesmo teor  se pode compreender na carta de São Paulo aos Romanos: “Tudo é dele, por ele, e para ele”, dito com outras palavras: Ao Senhor pertence a chave que da acesso a tudo, e por isso mesmo ele dispõe a quem quiser.
E de fato na pessoa de Jesus, o Filho, Deus mostra o caminho, a porta e o modo para entrar na posse do seu reino. Àqueles que seguem a Jesus e nele acreditam recebem a mesma responsabilidade. É o que acontece com Pedro: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as  chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”.

Por força das ocupações e da fé que cada pessoa cultiva ela é chamada a responder  quem é Deus e qual o significado desta presença na sua vida. Em algum momento a pessoa é interpelada como foram os discípulos: “Para vocês quem sou eu”. Responder com a firmeza de Pedro poderá transformar cada pessoa  numa pedra firma na construção de um mundo melhor  e mais humano.


Esta igreja se constrói  com a oração de todos e com a força da Eucaristia que se celebra a cada domingo. 

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

HOMILIA PARA O DIA 17 DE AGOSTO DE 2014

É HORA DE VOLTAR PARA CASA...

O trágico acidente aéreo desta semana no Brasil colocou nas ruas e nas casas uma discussão antiga e sempre nova.  O que significa sair de casa sem ter a certeza de voltar? E ainda, quando é hora de voltar para casa? O que acontece com aqueles que morrem? E porque as pessoas morrem? E mais uma centena de outras perguntas que a sabedoria humana não é capaz de responder.

As três leituras da Palavra de Deus neste domingo apontam respostas e confortam os corações entristecidos e abatidos com o sofrimento e a morte. No texto do Apocalipse o autor apresenta a luta entre as forças do mal e mão poderosa de Deus.

Na figura de uma mulher grávida e que vai dar à luz em meio a uma serie de perigos e ameaças o texto se conclui respondendo a uma das perguntas que angustiam o ser humano. O que acontece com aqueles que amam a Deus?  No texto se lê: Apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas. Estava grávida e gritava em dores de parto, atormentada para dar à luz”. E depois de ter dado à luz tanto o filho quanto a mulher foram protegidos por Deus: “o Filho foi levado para junto de Deus e do seu trono. A mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar”. Nos dois casos está claro que Deus cuida daqueles que o amam.

Já na carta de São Paulo aos Coríntios ele insiste mais uma vez sobre a esperança em relação à morte e o que acontece com aqueles que morrem: “Na realidade, Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. Com efeito, por um homem veio a morte e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos. Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão”. Eis a segunda resposta: O que acontece com aqueles que morrem? Em Cristo todos reviverão, posto que Ele foi o primeiro a ressuscitar e a partir dele ninguém mais precisa ter medo. Na ressurreição de Jesus foi decretada a “a morte da morte”.

Já no texto do Evangelho é a preocupação materna de Maria que não se contenta em saber da situação da sua parenta, idosa e gravida. Ela vai ao encontro de quem estava necessitando. Fica com ela durante o tempo necessário e volta para casa. Eis a resposta para outra pergunta. Quando é hora de voltar para casa? Maria ajuda perceber que voltar para casa implica ter cumprido a tarefa à qual se havia proposto. Neste caso ajuda a prima Isabel durante o tempo que para isso foi necessário.

Em relação à humanidade a Mãe de Jesus é a figura daquela pessoa que está sempre atenta aos sofrimentos e dores alheias que ajuda todos aqueles que necessitam e volta para casa depois da missão cumprida. Por causa disso a Igreja proclama Maria Assunta ao Céu, isto é levada por Deus. Como no caso da primeira leitura, levada para um lugar que Deus lhe havia preparado. Quando Isabel reconheceu a importância da presença de Maria na sua casa, brota do coração da Mãe de Jesus o hino que até hoje se canta na Igreja: Minha alma da Glórias ao Senhor e meu coração bate alegre e feliz.


Proclamar que se acredita em Maria morando junto de Deus, implica ter certeza que todos os que nela acreditam terão também o seu lugar e para lá irão quando o lugar estiver preparado, e isso, obviamente não importa a idade ou o tempo segundo padrões humanos, mas a graça de Deus que se estende a todos os que nele confiam. 

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

HOMILIA PARA O DIA 10 DE AGOSTO DE 2014

CORAGEM, SOU EU...

Para começar a meditação sobre a Palavra de Deus neste domingo, se presta bem uma historieta que diz mais ou menos assim:  “O menino chegou em casa da escola e logo gritou: Papai, hoje recebi meu boletim. Então o pai lhe disse, deixe-me ver. Ao que o garoto respondeu, não papai, emprestei para um amigo. Ué mas porque disse o pai. E o filho respondeu: Meu amigo queria dar um susto no seu pai.

Esta é uma atitude bem comum quando alguém está em dificuldade. Rapidamente encontra uma maneira de explicar sua necessidade e arranja uma saída para a situação desagradável pela qual está passando.  E nestes casos, quase sempre se costuma recorrer a quem se tem certeza que pode ajudar. Isso acontece em situações de doença, numa crise financeira, ou qualquer que seja a dificuldade.

Nota-se claramente na carta de São Paulo aos Romanos: “Tenho no coração uma grande tristeza e uma dor contínua”. Mas apesar disso proclama: “Deus é bendito para sempre! Amém!”. A mesma condição está expressa no salmo: “Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e a vossa salvação nos concedei! O Senhor nos dará tudo o que é bom, e a nossa terra nos dará suas colheitas; a justiça andará na sua frente e a salvação há de seguir os passos seus”.

Por sua vez, os discípulos, depois de terem ficado maravilhados com a multiplicação dos pães, se encontram diante do medo e da insegurança. Nem reconhecem a Jesus e o confundem com um fantasma. Mas o mestre lhes consola dizendo: “Coragem sou Eu” e para confirmar ordena que Pedro caminhe ao seu encontro.

Pedro é modelo da pessoa que sabe o que quer, mas falta coragem. Não coragem de caminhar sobre a água, mas coragem de se aproximar daquele que lhe pode salvar. Como na historieta do menino que faz a brincadeira com seu pai em relação ao boletim escolar. Não lhe falta coragem de mostrar as notas para alguém, falta lhe coragem de aproximar-se do pai com aquelas notas.

È por isso que Pedro diz: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro...” quando falta-lhe a fé começa afundar e eis que Jesus lhe dá segurança tomando-o pela mão. Uma vez todos no barco já não há mais nenhum perigo, pelo contrário, reina a calmaria que permite reconhecer a presença de Deus com eles na pessoa de Jesus, o mesmo que saciou a multidão faminta no deserto.

Claro está para todos que a pessoa de Jesus e sua Palavra são segurança e garantia para suportar as tempestades da vida. A coisa mais importante diante das adversidades de cada dia é colocar como ponto de partida, não nas tempestades da vida, mas a possibilidade de caminhar ao encontro do Senhor que estende a mão sempre que as tempestades parecem maiores que as forças.


Para isso muito ajuda a oração de todos e a ação de graças que se faz cada semana com a comunidade reunida em oração. 

sábado, 2 de agosto de 2014

HOMILIA PARA O DIA 03 DE AGOSTO DE 2014

DÊEM VOCÊS MESMOS DE COMER...

Estamos entrando, mais uma vez em período eleitoral. Os candidatos a diversos cargos começam se apresentar cada um com uma proposta mais mirabolante que a outra. As discussões sobre os programas sociais do governo e outras que envolvem a economia e a mobilidade urbana estarão em pauta em todos os debates políticos.

Independente de qual seja a função e quem responde por ela, é certo que aqueles que têm alguma responsabilidade na sociedade têm o dever de garantir às pessoas qualidade de vida. Isso é condição fundamental.

Preocupar-se com a vida daqueles que estão sob os seus cuidados é um dever dos pais, dos professores, dos governantes, dos padres, dos religiosos, dos políticos e assim por diante. Levar a sério esta tarefa é uma questão de vocação.

No mês de agosto, tradicionalmente, a Igreja pede as orações de todos a fim de cada pessoa tenha maior compreensão da graça que Deus lhe dá e das responsabilidades que sua vocação lhe exige.

Sob esta ótica, as leituras de hoje tratam exatamente da responsabilidade e da vocação de todos os que têm sob seus cuidados algum grupo de pessoas. As leituras falam de garantir condições mínimas que garantam dignidade de vida.

O profeta Isaias, que escreve há quase setecentos anos antes do nascimento de Jesus, faz um convite ao seu povo: “Â vós todos que estais com sede, vinde às águas; vós que não tendes dinheiro, apressai-vos, vinde e comei, vinde comprar sem dinheiro, tomar vinho e leite, sem nenhuma paga. Por que gastar dinheiro com outra coisa que não o pão, desperdiçar o salário senão com satisfação completa? Ouvi-me com atenção, e alimentai-vos bem, para deleite e revigoramento do vosso corpo”.

E São Paulo, escrevendo aos Romanos, dá uma palavra de conforto: “Quem nos separará do amor de Cristo? Tribulação? Angústia? Perseguição? Fome? Nudez? Perigo? Espada? Em tudo isso, somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou”.

Por isso mesmo a Igreja inteira reza no salmo: “Vós abris a vossa mão e saciais os vossos filhos”. Exatamente isso fez Jesus, quando a multidão estava fascinada pela sua palavra e nem percebia que se distanciava dos recursos e  da alimentação necessária.

Interrogado pelos discípulos sobre o que fazer com a gente faminta, Ele responde à queima roupa: “Deem vocês mesmos de comer”. Naturalmente Jesus também faz a sua parte, organiza a multidão em grupos, reza com confiança ao Pai e pede que o pouco de cada um seja distribuído entre todos. O resultado não poderia ser outro: “Sobraram doze cestos, depois que todos comeram”.

A palavra de Deus neste domingo ensina a cada um e a todos que ser fiel à sua vocação implica sentir compaixão e ser responsável pelo Ser humano inteiro em todas as suas necessidades. Isso vale para os pais, para os professores, para os líderes de comunidades, para as autoridades e por que não para os políticos.


Render graças a Deus é uma ação que a comunidade faz cada vez que se reúne em oração, ao mesmo tempo em que pede a graça de ser fiel à sua vocação e responda com seriedade aos compromissos que assumiu diante de Deus e diante de todos. 

sábado, 26 de julho de 2014

HOMILIA PARA O DIA 27 DE JULHO DE 2014

O BARATO, CUSTA CARO...

Com muito frequência se usa a expressão: “O Barato sai caro”. Normalmente utilizada quando se entra em algum negócio meio confuso e de resultado duvidoso. Nestes casos a pessoa que realiza precisa decidir entre uma e outra atitude, um ou outro negócio ou bem que vai adquirir ou vender. A última das possibilidades neste caso é admitir que todo negócio tem uma margem de risco e que não há alternativa que não seja a de “correr o risco”.

Pois a Palavra de Deus deste domingo tem exatamente a intenção de provocar os ouvintes para “correr o risco”.  O autor do livro dos Reis, fala sobre Salomão no início do seu reinado. Jovem ainda, Ele bem sabia os desafios que se apresentavam – os riscos – ao ocupar o trono de Davi seu pai. Recebendo a visita de Deus e a possibilidade de por ordem na casa de modo a facilitar o seu governo. Tentado pela mais extraordinária proposta: “pede-me o que quiser”, Salomão corre o risco e afirma: Dá, pois, ao teu servo, um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal”. O resultado desse pedido não poderia ser outro. Salomão terminou o seu governo como um dos mais sábios governantes que Israel havia tido em toda a sua história.

São Paulo faz afirma aos Romanos: “tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados para a salvação, de acordo com o projeto de Deus”. Dizendo isso deixa claro que “correr o risco” de amar a Deus não é um negócio para qualquer aventureiro, pelo contrário, é uma opção acertada e cujo resultado é previsível: Pois aqueles que Deus contemplou com seu amor desde sempre, a esses ele predestinou a serem conformes à imagem de seu Filho, para que este seja o primogênito numa multidão de irmãos”.

As últimas parábolas de Jesus, contadas por Mateus, são o cerne do que se pode dizer: “Correr o risco”. São três narrativas em que o comprador escolhe entre coisas  boas que ele possuía para comprar outras ainda melhores: Um Campo, Uma pérola preciosa e peixes. E Jesus conclui afirmando: Quem realmente for bom, será comparado a isso tudo e no final dos tempos terá o privilégio de se tornar discípulo do Reino sendo considerado justo diante de todos.

Aplicadas à vida cotidiana é perfeitamente possível afirmar que o mundo bom que Deus quer e que todos sonham é uma parceria que acontece com a contribuição e sabedoria de Deus e de todos. Ninguém e nada ficará excluído do projeto de Deus desde que seja capaz de “correr o risco” confiando naquele que pode mostrar qual a melhor decisão a ser tomada em cada tempo. Por isso mesmo ganha ainda mais sentido as palavras rezadas no Salmo: É esta a parte que escolhi por minha herança: observar vossas palavras, ó Senhor! A lei de vossa boca, para mim, vale mais do que milhões em ouro e prata”.

domingo, 13 de julho de 2014

COPA AMADA, BRASIL!




Sediar o “maior espetáculo da terra” é uma oportunidade ímpar e que o Brasil soube muito bem aproveitar. A realização da copa do mundo da FIFA 2014, no Brasil fez com que o país e o seu povo fossem vistos por “quase meio mundo”, cerca de 3 bilhões de pessoas ficaram durante 31 dias com os olhos e o coração voltados para as  “terras tupiniquins”.
Descentralizar a copa do mundo em doze cidades sede foi uma alternativa sábia e que permitiu  ao país ser conhecido do Oiapoque ao Chuí. Inclusive para os brasileiros esta foi uma oportunidade para desviar o foco do chamado “eixo Rio – São Paulo – Minas”
As avaliações de especialistas internacionais confirmaram o que se previa desde o início: “O Brasil faria a Copa das copas”.  Isso se  deve a investimentos em infraestrutura e de muito trabalho, tarefa que foi assumida por todos os cidadãos.
A copa do mundo mostrou um país de gente trabalhadora, ordeira, acolhedora, responsável e mais uma dezena de adjetivos que se poderia atribuir ao país e ao seu povo.  Passados os dias da Copa pode-se afirmar, sem sombra de dúvida, que a Copa deixou um legado cultural extraordinário, com ensinamentos para outros 60 ou mais anos.
O final melancólico e o medíocre quarto lugar conquistado pela Seleção Canarinho também servem de lição e de onde  se podem tirar muitas lições para um país que precisa continuar se construindo como “casa de todos”.
Seria inútil buscar respostas para a maior derrota da história da seleção, nem muito menos criar mitos que possam ajudar a entender o fracasso da derradeira eliminatória. A esta altura não faltam palpiteiros de plantão apresentando respostas e propondo modelos para os próximos passos da seleção.
Não resta dúvida que algo precisa mudar, e com certeza logo, se o país quer realmente conquistar o Hexa numa das próximas copas.  Porém, neste momento, sem hexa e com sete gols a tiracolo é necessário tirar  outras lições mais necessárias e urgentes.
Na linguagem popular, diz-se que sete é conta de mentiroso, porém, neste caso, ele é a mais pura verdade. Prefiro analisar o número sete, desde a exegese bíblica para quem o número sete representa infinitas situações e possibilidades.
A marca de 7 gols foi a maior derrota imposta à seleção canarinho em cem anos de história. Todavia, colocando os sete gols no lugar que eles devem estar é importante lembrar que em cem anos o Brasil experimentou outras derrotas e tantas vitórias que podem ser interpretadas sob a ótica do número sete:
1)             De 1914 até a presente data o Brasil passou por duas ditaduras, a saber: “Estado Novo  de Getúlio Vargas e a Ditadura Militar”;
2)             Em 100 anos, sete presidentes pertencentes às forças armadas chegaram a Presidência da República sem terem sido eleitos pelo voto dos cidadãos;
3)             No mesmo período quatro presidentes foram depostos e por três vezes a Presidência da República  ficou vaga;
4)             Em 100 anos o Brasil trocou sete vezes sua moeda, sempre corroída pela inflação;
5)             Em 100 anos o Brasil teve sete modelos de previdência e seguridade social, alguns deles limitando também o direito à assistência médica e acesso à saúde pública;
6)             No mesmo período o País teve sete constituições totalmente novas ou pelo menos reescritas em grande parte;
7)             Em 100 anos o Brasil passou por sete leis reguladoras da educação no país.

Estas, entre tantas outras situações merecem ser lembradas como muito mais sofridas do que a vexatória derrota para a Alemanha na Copa de 2014.
Mas há que se reconhecer que o Brasil dos brasileiros é muito maior do que tudo isso e por isso foi sempre capaz de se levantar, como diria Cecília Meireles: “Aprendi com as primaveras e me deixar cortar e a voltar sempre inteira”, este sim é o Brasil que sediou o maior espetáculo da terra em 2014.
O resultado do jogo contra a Alemanha, bem como as outras sete derrotas já mencionadas, não são nada diante da determinação e da coragem que o povo deste país já provou que é capaz.
1)        Em muito menos de 100 anos o Brasil garantiu o direito universal de voto a todos os cidadãos;
2)        Em muito menos de 100 anos o Brasil pagou a infame dívida externa e deixou de pedir “esmolas” para organismos internacionais;
3)        Em muito menos de 100 anos o Brasil praticamente eliminou o analfabetismo no país;
4)        Em pouco mais de uma dezena de anos o Brasil dobrou o número de vagas nas universidades públicas;
5)        Em muito menos que 100  anos o Brasil instituiu um Sistema Único de Saúde (SUS) que, embora não sendo perfeito, garante atendimento integral aos cidadãos e serve de modelo para diversos países do mundo;
6)        Em muito menos de 100 anos o País controlou a avalanche inflacionária, estabilizou a moeda e promoveu uma gigantesca redistribuição de renda diminuindo drasticamente os níveis alarmantes de pobreza em que viviam milhares de brasileiros;
7)        Em pouco mais de uma dezena de anos o salário mínimo recuperou o seu poder de compra em mais de 70%.
8)        Apenas estas SETE situações faz acreditar que a Copa do Mundo no Brasil se tornou uma oportunidade extraordinária para que o País mostre a sua “verdadeira cara” e mais ainda ajudou a perceber uma verdade que nunca foi dita: “Enganam-se os que imaginam possível levantar uma nação rica e poderosa sobre os ombros de um povo explorado, doente, marginalizado e triste. Uma nação só crescerá quando crescer em cada um de seus cidadãos, o conhecimento, a saúde, a alegria e a liberdade” (Discurso que seria proferido por Tancredo Neves em março de 1985, quando assumiria a presidência do Brasil).
É neste contexto que ao encerrar os jogos da Copa do Mundo da Fifa 2014 no Brasil e amargando a mais dura derrota que a seleção brasileira experimentou em toda a sua história que ganham ainda mais força as  sete condições, sugeridas por D. Odilo Pedro Scherer,  para as quais o povo brasileiro precisa continuar lutando no jogo da vida:  
1)      Vitória sobre a pobreza;
2)      Convívio social pacífico, sem discriminação ou violência e com respeito ao próximo;
3)      Superação da corrupção;
4)      Educação e saúde de qualidade ao alcance de todos;
5)      Condições dignas de moradia;
6)      Trabalho para todos;

7)      Transporte  público de qualidade.

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sábado, 12 de julho de 2014

HOMILIA PARA O DIA 13 DE JULHO DE 2014

AÇÃO DE GRAÇAS, PELA BONDADE DE DEUS E FRUTO  DO TRABALHO HUMANO...

Em tempo de copa do mundo, por todo lado e quase todas as rodas de conversa tratam do assunto. Palpites sobre escalação de jogadores, resultado das partidas, jogadas ensaiadas. De qualquer modo no final da conversa o importante é o resultado. E mesmo sobre o placar final comentaristas esportivos, ex-jogadores, palpiteiros de plantão, todos apontam respostas para os erros e acertos.

Mal comparando, os textos proclamados na liturgia de hoje tem tudo a ver  com a ocasião que se está vivenciando. Em lugar de falar de jogadas bem ou mal sucedidas, os textos falam de plantio e de colheita. Em ambos os casos tratam dos resultados. Satisfatórios o não, mas que houve empenho de quem estava realizando a tarefa, isso houve.

O profeta Isaias compara a Palavra de Deus com a chuva que desce do céu. Ele tem absoluta certeza que surtirá o efeito desejado: “assim como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam mais, mas vêm irrigar e fecundar a terra, e fazê-la germinar e dar semente, para o plantio e para a alimentação, assim a palavra que sair de minha boca: não voltará para mim vazia”. Ao fazer o anúncio o profeta tem certeza que Deus sabe qual a melhor jogada e em qual momento deve fazer valer sua habilidade técnica para que a Palavra surta os efeitos esperados. Se quisesse comparar com o futebol, Deus sabe a oportunidade imperdível para fazer o gol.

Rezando o Salmo a comunidade faz uma oração vibrante certificando-se que é Deus mesmo quem visita o seu povo e esta presença garante que os frutos sejam abundantes: “As colinas se enfeitam de alegria, e os campos, de rebanhos; nossos vales se revestem de trigais: tudo canta de alegria! Mais uma vez é como se dissesse as cidades são tomadas pelas torcidas e por todo canto ouvem-se gritos de alegria.

No Evangelho é Deus mesmo quem semeia. Nem precisa duvidar que se tratasse de boa semente. Naturalmente que todo empreendimento tem sua parcela de risco e os resultados não serão todos exatamente como esperados. É importante considerar os vários tipos de terrenos e as distintas condições de terreno e a própria preparação que cada qual recebeu. Explicando a comparação que fez, Jesus fala aos discípulos: “A vós foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos Céus, É por isso que eu lhes falo em parábolas: porque olhando, eles não veem, e ouvindo, eles não escutam, nem compreendem”.

As comunidades cristãs da atualidade podem ser identificadas com os terrenos para onde é enviada a Palavra de Deus e onde é  feita a semeadura. A Igreja da atualidade pode ser comparada aos discípulos, para quem foi dado conhecer os mistérios do Reino. Todas as facilidades do tempo presente deveriam garantir que os resultados fossem satisfatórios. Nem sempre isso é possível, mas muitas vezes e fato é.

Reunidos em oração a Igreja faz ação de graças pelos frutos colhidos ao mesmo tempo em que reza pedindo ajuda quando os terrenos não correspondem ao que se espera. Pede perdão pela Palavra que não foi devidamente acolhida e cujo fruto não chega a sete. 

sexta-feira, 27 de junho de 2014

HOMILIA PARA O DIA 29 DE JUNHO DE 2014

SÃO PEDRO, PEDRA FORTE, ROCHA FIRME DO SENHOR...

É frequente, entre nós, conhecer algumas pessoas mais pelo apelido, do que pelo próprio nome. Assim a gente conhece o Sapateiro, o Pedreiro, o Carpinteiro, e etc. Outras vezes o apelido é dado a uma pessoa por causa do seu temperamento, do seu modo de se vestir, falar, andar, e assim por diante.  Uma coisa é certa, quando se pronuncia o apelido, na redondeza, todo mundo sabe de quem se está falando.

Ora, no tempo de Jesus não era muito diferente. Ele mesmo foi chamado de Galileu, de Nazareno, de Filho do Carpinteiro. E Jesus atribuiu aos seus discípulos também alguns apelidos. Simão, ele denominou Pedro, que significa Pedra. Pedro se mostrava turrão. Pra tudo tinha uma resposta na ponta da língua. Era do tipo “cabeça dura”.

No trecho do evangelho de hoje Jesus faz uma pergunta aos discípulos e Pedro não tem dificuldade em responder à queima roupa: “Tu és o messias o Filho do Deus Vivo”. Fala não somente por si, mas em nome de todos.  A firmeza da resposta faz Jesus estabelecer um diálogo e lhe confiar uma responsabilidade:  “Tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus".

A figura de Pedro torna-se referência para aqueles que aceitam Jesus Cristo e seu ensinamento. À sombra do exemplo de Pedro os outros discípulos foram, com sua vida, testemunhando Jesus Cristo e anunciando-o por todas as partes.

Paulo, que não conheceu pessoalmente Jesus, mas que o reconheceu no caminho de Damasco, quando caiu do cavalo, vai por todo o mundo conhecido e dá seu testemunho sobre a pessoa e a palavra daquele que foi crucificado e ressuscitado. Fala de Jesus como loucura para alguns  e escândalo para outros. Para ele mesmo Jesus é o que lhe dá forças a quem ele chama de Justo juiz e garante: O Senhor me libertará de todo mal e me salvará para o seu Reino celeste”.

O mesmo Jesus, que confiou a Pedro o poder de ligar e desligar é o que enviou o anjo pra libertá-lo de Herodes e de toda forma de perseguição.

Neste sentido a Igreja reza em comunhão com todos e oferece ação de graças pelo mesmo testemunho que é dado por tantos homens e mulheres ao longo da história. De modo muito particular neste domingo a Igreja reza com o Papa e pede por ele a fim de que seja fiel testemunha de tudo o que Jesus fez e ensinou e conduza a Igreja seguindo o ensinamento dos apóstolos Pedro e Paulo.


E eis que o Papa que veio do fim do mundo, vem dando lições de um jeito de ser Igreja mais parecida com o modo de ser de Jesus. Suas afirmações dão conta disso: “quem se aproxima da Igreja precisa encontrar as portas abertas e não fiscais de  uma alfândega da fé”.  Também por isso todos são convidados a rezar a fim de que as posições de Francisco sejam compreendidas por todos e enraizadas no amor e na caridade.

sábado, 14 de junho de 2014

HOMILIA PARA O DIA 15 DE JUNHO DE 2014

Ó TRINDADE, VOS LOUVAMOS...

Em tempo de copa, o mundo está todo conectado. Os interesses são muito comuns os olhares se voltam para a telinha e os comentários em qualquer roda de amigos giram em torno do futebol.
Sobre tudo o que se fala em relação ao futebol, há que ficar claro uma coisa: Para se dar bem na partida os jogadores precisam cultivar e demonstrar em campo e fora de campo espírito de equipe. Alguns chegam a dizer que os jogadores formam uma família.
Espírito de equipe tem um sentido muito parecido com espírito de comunhão.  Está muito próximo de unidade, tem tudo a ver com solidariedade e assim por diante.
É sobre comunhão que tratam as leituras de hoje é em torno deste cerne que gira a festa da Santíssima Trindade que a igreja celebra neste domingo.
Moisés, na primeira leitura faz um apelo para que Deus não se esqueça  e que garanta a comunhão dele com seu povo: “Senhor, se é verdade que gozo de teu favor, peço-te, caminha conosco; embora este seja um povo de cabeça dura, perdoa nossas culpas e nossos pecados e acolhe-nos como propriedade tua”.
E São Paulo na segunda leitura, como em outros textos, faz um pedido e mostra o resultado de quem vive do jeito que ele recomenda. No texto de hoje São Paulo diz: “Alegrai-vos, trabalhai no vosso aperfeiçoamento, encorajai-vos, cultivai a concórdia, vivei em paz, e o Deus do amor e da paz estará convosco”.
E o texto do Evangelho também não deixa dúvidas: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito”.
A Palavra de Deus é clara quanto às intenções e prática de Deus. Trata-se de uma comunidade formada por três pessoas e que vive em perfeita comunhão. O Sentido da unidade e a responsabilidade de cada um para o bem todos garante que a vontade de ambos também aconteça.
Diante de tão claras informações não é preciso muito esforço para compreender que aquilo que se pensa necessário para o futebol é igualmente necessário para o dia a dia de todas as pessoas.
Deus no seu mistério de comunhão ensina e pede que o mundo seja capaz de fazer o mesmo. A Igreja convida para a oração comunitária, reunida a cada domingo a Igreja reza com todos e por todos para que a comunhão aconteça de modo cada vez mais pleno.



sábado, 7 de junho de 2014

HOMILIA PARA O DIA 08 DE JUNHO DE 2014

RECEBAM O ESPÍRITO SANTO...

O pouco tempo que nos separa da abertura da copa do mundo e a expectativa em relação ao desempenho da seleção da brasileira na competição, bem como o comportamento dos brasileiros em relação a tudo o que vai acontecer nestes dias é objeto de especulações pelo mundo inteiro.  A chegada das delegações, a recepção às autoridades e torcedores, enfim tudo cria um “que” de mistério uma mistura de medo e de esperança.

Esta sensação pode ser descrita e comparada com o sentimento que se lê em relação aos discípulos e seguidores de Jesus e da sua Palavra depois da sua morte e ressurreição. Acreditando na Palavra do mestre eles tinham certeza que algo de muito bom e extraordinário iria acontecer. Mas ao mesmo tempo estavam tomados de medo e insegurança.

50 dias depois da Páscoa a Igreja convida a fazer memória do Pentecostes. Trata-se de atualizar o dom enviado por Deus que recorda todos os favores e benefícios que o povo de Israel havia experimentado ao longo da história. Nas palavras de Jesus trata-se de reconhecer o advogado, o defensor, o Espírito da Verdade que o Pai envia em seu nome.

No Evangelho Jesus confirma a ação do Espírito Santo na pessoa dos apóstolos e lhes garante eficácia na sua missão. Isto é, pela graça que recebem os apóstolos terão uma tarefa muito especial: “A quem perdoarem os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”. Dito em outras palavras: tudo o que fizerem de bom, justo e agradável, será entendido como obra e graça do Espirito Santo.

E Jesus envia os discípulos com a mesma autoridade que o Pai lhe enviou. Esta situação confirma o que se reza no salmo deste domingo: Bendize, ó minha alma, ao Senhor! Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande! Quão numerosas, ó Senhor, são vossas obras Encheu-se a terra com as vossas criaturas”.

A alegria que tomou conta dos seguidores de Jesus quando se reconheceram cheios do Espírito Santo, pode ser comparada, de modo infinitamente menor, com a conquista do título mundial que de algum modo todo brasileiro sonha alcançar ao final da copa.

Naturalmente que a Palavra de Deus posta para este dia, pede  e favorece muito mais que isso. É de se esperar que os cristãos deste milênio compreendam-se como sinal da presença de Jesus Cristo no mundo. Assim se reza no dia do Batismo: “Você foi ungido para ser no mundo sinal de Jesus Cristo, sacerdote, profeta e pastor, sendo para todos o bom perfume de Jesus”.

sábado, 31 de maio de 2014

HOMILIA PARA O DIA 01 DE JUNHO DE 2014

IDE SEM MEDO JOGAR A FAVOR DA VIDA

Todos os idiomas têm algumas expressões que só tem sentido na sua própria língua, Isso significa, são palavras que não tem tradução e não se encaixam em nenhum outro discurso. Em português uma das palavras que só pode ser bem compreendida é “saudade”. Os brasileiros falam de saudade lembrando alguma pessoa querida que partisse para nunca mais voltar, falam de saudade para se referir a alguém que está longe, falam de saudade para lembrar-se de uma situação vivida em determinado momento da vida, falam de saudade vendo alguma fotografia antiga e assim por diante.

As leituras deste domingo fazem atualizar este sentimento de saudade. No texto dos Atos dos Apóstolos os discípulos ficam olhando para o céu, como que cultivando a saudade de alguém que fisicamente não verão mais. Na carta aos Efésios o autor convida a comunidade para acalmar a saudade das pessoas recordando os ensinamentos que haviam recebido daqueles que lhes anunciaram o evangelho de Jesus Cristo. No texto do Evangelho os discípulos se encontram no monte que Jesus havia indicado. Curtem a saudade dos momentos que tinham estado juntos.

As três leituras  apontam para alternativas que minimizem a saudade e ajudem perceber que cada um pode fazer alguma coisa para que a vida continue fluindo cada vez melhor. Assim no texto da primeira leitura os discípulos veem  e ouvem “dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: 'Homens da Galileia, por que ficais aqui, parados, olhando para o céu? Esse Jesus que vos foi levado para o céu, virá do mesmo modo como o vistes partir para o céu”. Por estas palavras são como que empurrados para o trabalho e para o mundo a fim de contar que a saudade não tem a última palavra.

Na carta aos Efésios, Paulo faz um pedido para que as pessoas percebam o que Deus pode realizar em seu favor: “O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai a quem pertence a glória, vos dê um espírito de sabedoria que vo-lo revele e faça verdadeiramente conhecer. Que ele abra o vosso coração à sua luz”.  E o texto se conclui com uma certeza: “Ele manifestou sua força em Cristo, quando o ressuscitou dos mortos e o fez sentar-se à sua direita nos céus, bem acima de toda a autoridade, poder, potência, soberania ou qualquer título que se possa  mencionar não somente neste mundo, mas ainda no mundo futuro. Sim, ele pôs tudo sob os seus pés e fez dele, que está acima de tudo, a Cabeça da Igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que possui a plenitude universal”.

Já as palavras de Jesus no evangelho empurram os discípulos para a missão lhes assegurando que não terão tempo para cultivar saudade desnecessária: “ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e  ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! Eis que eu estarei convosco todos os dias,
até ao fim do mundo”.

É isto o que o Papa Francisco pede para a Igreja e para cada cristão dos tempos modernos: “Eu quero que a Igreja vá para as ruas, eu quero que nós nos defendamos de toda acomodação, imobilidade”. Em vésperas de Copa do mundo é importante que se tenha claro: A hora é de jogar a favor da vida. Não se pode perder tempo com saudade desnecessária.


Que a oração da Igreja ajude a compreender e a viver a Palavra de Deus sugerida para este domingo.