O
SENHOR OLHA COM MISERICÓRDIA ÀQUELES QUE O RESPEITAM
O
estudante de uma escola de Itajaí, que aos 13 anos conquistou o primeiro lugar
num desafio nacional de Programação e Robótica, chama a atenção de todos pela
sua inteligência e domínio no uso das tecnologias. Porém, parece muito mais
sugestivo compreender a motivação que levou o garoto a desenvolver “bengalas
com sensor para cegos.” O menino teve a
inspiração na necessidade de outra criança, sobre quem declara: “Ela
tem 12 anos e não consegue enxergar nada, aí eu fiz esse projeto para tentar
ajuda-la como exemplo em ajudar o próximo” e contínua: “Eu gostaria de fazer ela voltar a enxergar,
que eu vejo que um deficiente visual só imagina, a mãe, o pai e as outras
pessoas, só que eu sei isso não dá”. Ninguém dúvida que o exemplo deste aluno
tem tudo a ver com a mensagem das leituras deste final de semana.
A
Palavra de Deus que se ouve na liturgia deste domingo é um convite ao serviço:
o verdadeiro discípulo não vive de braços cruzados, levando a vida cômoda. Pelo
contrário está sempre atento e disponível para acolher o Senhor escutando seus
apelos nas necessidades das outras pessoas. O texto da Sabedoria recorda como o
povo de Israel percebeu o dia da vitória de Deus dando atenção aquilo que
garante a vida e a felicidade, ao contrário de outros povos foram capazes de discernir entre o que dura
apenas algum tempo e os valores perenes. Como se lê na primeira leitura de
hoje: “A
noite da libertação foi esperada por teu povo, como salvação para os justos, os piedosos filhos dos
bons fizeram este pacto divino: que os santos
participariam solidariamente enquanto entoavam antecipadamente os
cânticos de seus pais”.
A carta aos Hebreus
mostra uma relação de pessoas que servem de testemunho para todos por que foram
capazes de fazer sintonia entre a fé e a vida: “A fé é
um modo de já possuir o que ainda se espera, a
convicção acerca de realidades que não se veem. Foi a fé
que valeu aos antepassados um bom testemunho. Foi pela fé que Abraão obedeceu à
ordem de partir. Foi pela fé que ele residiu na terra prometida. Foi
pela fé também que Sara, embora estéril e já de
idade avançada, se tornou capaz de ter filhos. Foi pela fé que de um só homem nasceu
a multidão 'comparável às estrelas do céu e inumerável como a areia das praias
do mar”.
O Evangelho relata a
atitude de Deus na relação com o seu povo: “Não tenham medo,
pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar- lhes o Reino”. Ao mesmo tempo recomenda
algumas atitudes que sejam correspondentes ao cuidado recebido do Pai: “Vendam
seus bens e deem esmola. Façam bolsas que não
se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a
traça corrói. Porque onde está o seu tesouro, aí
estará também o seu coração”.
O discípulo que respeita
o seu Senhor não espera que as coisas aconteçam sem que tenha sua participação
decidida e firme na solução dos problemas e dificuldades que aparecem
cotidianamente: “Fiquem preparados! Porque o Filho do
Homem vai chegar. Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor vai
colocar à frente do pessoal de sua casa para dar comida a todos na hora certa? Feliz
o empregado que o patrão, ao chegar, encontrar agindo
assim! Em verdade eu lhes digo: o senhor lhe confiará a administração
de todos os seus bens”.
Ser cristão não é uma
condição para viver de acordo com as conveniências, pelo contrário é um
compromisso a tempo pleno que precisa ser manifestado em todas as atitudes e em
todos os pensamentos. Desta certeza merece ser recordada a atitude do garoto
que usou suas habilidades para diminuir o sofrimento de outra pessoa.
Podemos nos perguntar com
seriedade: Nossas ações diárias mostram nossa fisionomia de cristãos comprometidos
com a causa que acreditamos? Estamos abertos para acolher os apelos que Deus
nos faz nas necessidades dos irmãos. Escutamos os sinais do mundo por meio dos
quais Deus nos apresenta suas propostas.
No contexto do mês
vocacional entendemos que o Batismo nos faz missionários e enviados também como
pais dentro das nossas casas e comunidades. Já nos demos conta da dupla verdade
de ser pai. Percebemos que existe um pai fora e um pai dentro de cada um de
nós?
Na condição de pais todos
recebemos um serviço e uma autoridade. Exercemos essa tarefa com humildade e
simplicidade. Estamos atentos às necessidades, sobretudo dos pobres, pequenos e
mais vulneráveis, ou nos instalamos no egoísmo e no comodismo e deixamos que as
coisas se arrastem, sem entusiasmo, sem vida e sem esperança.
Que a oração de todos, a
Palavra e a Eucaristia sirvam de remédio para nossas debilidades e de força
para nossas fraquezas.
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