terça-feira, 24 de maio de 2022

HOMILIA PARA O DIA 29 DE MAIO DE 2022 - ASCENSÃO DO SENHOR - ANO C

 

ESCUTAR COM O CORAÇÃO

Um dos hábitos mais bonitos na relação familiar é o contato de mãe e filho, o qual frequentemente se qualifica por falar e ouvir com o coração. Obviamente que o coração não tem nenhuma dessas funções, mas a expressão é mais do que clara para manifestar a disposição dos pares no que se refere a realização dos desejos, sentimentos e determinações.

Na carta Alegria do Amor, o Papa Francisco escreveu: “quem ouvimos, àquilo que ouvimos e ao modo como ouvimos é que podemos crescer na arte de comunicar, cujo cerne não é uma teoria nem uma técnica, mas a capacidade do coração que torna possível a proximidade”

Celebrar a Ascenção de Jesus implica escutar com o coração a totalidade dos seus ensinamentos e compreender como o percurso da sua vida feito em sintonia com o Pai lhe garante a plenitude da comunhão com aquele que lhe enviou. Na mesma proporção esta celebração é um convite a cada cristão em particular a ter ao longo dos seus dias as mesmas atitudes de Jesus.

A Palavra de Deus deste domingo é uma interpelação dirigida aos discípulos e às primeiras comunidades cristãs sobre a maneira e a intensidade como ouviram as palavras e orientações de Jesus e dos apóstolos seus seguidores, como descreve as últimas palavras do texto: Homens da Galileia, por que ficais aqui, parados, olhando para o céu? Esse Jesus que vos foi levado para o céu, virá do mesmo modo como o vistes partir para o céu”.

Na carta aos Efésios, que Paulo escreveu quando estava na prisão, ele dá uma palavra de esperança para os destinatários: “o Pai a quem pertence a glória, vos dê um espírito de sabedoria que vo-lo revele e faça verdadeiramente conhecer.
Que ele abra o vosso coração à sua luz, para que saibais qual a esperança que o seu chamamento vos dá, qual a riqueza da glória”.

E conclui com uma exortação pedindo que todos tenham clareza sobre a missão que lhes foi confiada e que consiste em viver como irmãos e membros de um mesmo e único corpo: Sim, ele pôs tudo sob os seus pés e fez dele, que está acima de tudo, a Cabeça da Igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que possui a plenitude universal”.

O Evangelho deixa evidente que os discípulos são, a partir de agora, convidados a escutar com o coração. Tudo o que Jesus tinha lhes transmitido quando ainda estava com eles, se traduz agora em alegria, testemunho e compromisso. Então Jesus lhes disse: “Vós sereis testemunhas de tudo isso. Eu enviarei sobre vós aquele que meu Pai prometeu” E na sequência: “Levou-os para fora, até perto de Betânia Ali ergueu as mãos e abençoou-os. Enquanto os abençoava, afastou-se deles e foi levado para o céu. Eles o adoraram. Em seguida voltaram para Jerusalém, com grande alegria”.

A convocação que Jesus faz aos discípulos sugere a nossa responsabilidade de continuadores da missão para tornar realidade a nova terra onde se concretize todos os projetos iniciados por Jesus.

Nesse sentido valem para nós as palavras de Santo Agostinho: “Não tenham o coração nos ouvidos, mas ouvidos no coração” e peçamos a capacidade que ensinava Francisco de Assis: “inclinar o ouvido do coração”.

A Igreja existe para evangelizar, e essa tarefa implica comunicar, tarefa que também exige escutar. Escutar é o que o Papa Francisco está sugerindo com o processo de preparação para o Sínodo sobre Sinodalidade.

Todos somos convidados a compreender a mensagem do Evangelho pela partilha, comunhão, e pela escuta uns dos outros e todos juntos escutando o Espírito Santo de tal modo que possamos tornar fecundo todo o trabalho de evangelização no mundo contemporâneo.

Que se concretize em cada pessoa e cada comunidade o que lemos na segunda leitura: “O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai a quem pertence a glória, vos dê um espírito de sabedoria que vo-lo revele e faça verdadeiramente conhecer a plenitude daquele que possui a plenitude universal”.

quarta-feira, 18 de maio de 2022

HOMILIA PARA O DIA 22 DE MAIO DE 2022 - 6º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO C

 

DAI-NOS, SENHOR A PAZ!

Todos temos alguma experiência de despedida, ou de palavras que marcaram as nossas relações de amizade. Diferente das conversas nas redes sociais que erroneamente se chamam amizade, as relações humanas com significado são marcadas por momentos de compromisso e oportunidade de continuidade.

O Evangelho de hoje é a continuação do último domingo, estamos no contexto da ceia de despedida e Jesus apresenta o estatuto da nova comunidade cujo fundamento é o Amor. Nessa condição Jesus confirma sua presença na caminhada futura dos discípulos, Ele garante que se manterá em comunhão e reafirma sua presença por meio do advogado que é o Espírito Santo!

O Advogado que o Pai vai mandar será uma presença dinâmica, que continua a fazer memória e a ler as propostas para os novos desafios que irão se apresentar ao longo do caminho. O texto se conclui com uma promessa que não se caracteriza por uma despedida de pouca importância, pelo contrário trata-se de uma palavra que pretende lhes garantir serenidade e segurança: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. Ouvistes que eu vos disse: Vou, mas voltarei a vós”.

A comunhão com o Pai e com Jesus não acontece por um conjunto de ritos, de fórmulas, de normas, de regras e leis, mas por um caminho de entrega e doação, para comungar com Jesus e com o Pai a pessoa precisa deixar o seu egoísmo e fazer da sua vida um dom aos demais.

 A saudação de Jesus nos pede um olhar sereno e uma ação em favor da paz, um olhar que não se deixa amedrontar, mas que se abra para que Deus habite em todos os lugares. O Advogado será nosso auxílio quando se trata de viver como Ele viveu!

A primeira leitura é um retrato do que são as nossas comunidades e da vida da Igreja em todos os tempos. Em todas as circunstâncias e todos os tempos os desafios das comunidades e das pessoas são incontáveis, mas animados e guiados pelo Espírito desde muito cedo os cristãos aprenderam a discernir o que é importante e necessário, daquilo que é acessório e secundário.

Depois de longas considerações em modo sinodal os discípulos concluem: “Porque decidimos, o Espírito Santo e nós, não vos impor nenhum fardo, além destas coisas indispensáveis”

A decisão da comunidade dos apóstolos precisa iluminar a Igreja contemporânea no que se refere a ritos, práticas e costumes que se tornaram obsoletos a fim de facilitar que Cristo continue sendo conhecido no mundo sem que fiquemos presos a esquemas e modos de pensar que não fazem sintonia com a realidade do mundo que nos rodeia. O que é essencial é Cristo e sua proposta, deixemos o Espírito falar em nós e na Igreja.

 A segunda leitura apresenta a meta final da Igreja e dos cristãos, citando sempre o número doze e seus múltiplos o autor quer deixar claro que todos, sustentados no testemunho de todos os apóstolos e por toda a primeira comunidade será de comunhão plena e felicidade total. Nesta nova cidade que vamos construindo guiados pelo advogado do Pai todos terão lugar. Na nova cidade as mediações humanas não são importantes, porque: “A cidade não precisa de sol, nem de lua que a iluminem, pois, a glória de Deus é a sua luz e a sua lâmpada é o Cordeiro”.

É nesta convicção que nós cantamos com o salmista:

Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, que todas as nações vos glorifiquem!

 

terça-feira, 10 de maio de 2022

HOMILIA PARA O DIA 15 DE MAIO DE 2022 - 5º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO C

 

AMAR COMO JESUS AMOU…

As palavras amar e amor são abundantemente cantadas e decantadas para infinitas ocasiões. Um dos provérbios utilizados diz assim: “Amor é como imposto de renda, tem que declarar”. O Evangelho desse domingo pode ser entendido como o testamento de amor que Jesus declara para a sua comunidade.

Prevendo o final de sua convivência terrena com os discípulos Jesus pede uma contrapartida aos seus discípulos: “Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele. Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros”.

Com esta declaração Jesus resume toda a sua vida e todo o seu ensinamento, que não é justificado por palavras, regras e normas. Jesus revela seu amor sustentado em atos e fatos. O evangelho se inicia com a confirmação da traição que Ele seria vítima, tanto por parte de Judas, como pela negação de Pedro. Jesus está num momento decisivo da sua vida e não há tempo para “conversa fiada” é hora de agir com determinação e ousadia.

Na sequência Jesus confirma tudo o que ele fez a partir do que se pode chamar de “amor exigente”.  Essa forma de amar passa por gestos concretos que culminaram no ato de lavar os pés dos seus amigos, e na entrega de si mesmo como alimento que garante a vida definitiva.

Os discípulos de Jesus não são divulgadores de doutrinas, ideologias e regras, nem tampouco cumpridores de ritos, mas são pessoas decididas a partilhar e praticar a solidariedade e a comunhão, por essa ação: “Todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros.'

Também nós podemos nos perguntar sobre a centralidade da nossa vivência cristã. A nossa religião, a nossa Igreja, a nossa comunidade manifesta o amor por gestos e atitudes ou queremos nos impor pela força das leis, dos ritos, das normas, das regras e da autoridade.

Hoje, mais do que em outros tempos necessitamos da coragem e determinação de Jesus, diante de tanto discurso de ódio peçamos que Deus nos fortaleça e nos encoraje a não desanimar quando se trata de agir para que este mundo seja mais de acordo com a vontade de Deus.

 

terça-feira, 3 de maio de 2022

HOMILIA PARA O DIA 08 DE MAIO DE 2022 - 4º DOMINGO DA PÁSCOA - O BOM PASTOR - ANO C

 

SOMOS O SEU POVO E SEU REBANHO

Dentre os inúmeros ditados para falar sobre a relação entre mãe e filho, um deles diz assim: “Por um filho, a mãe chora, ri e move o mundo”. Nesta relação de amor incondicional estão três verbos: Escutar, conhecer e seguir!

Pois essa relação entre mãe e filho, é a lição que se pode tirar da Palavra de Deus nesse domingo. Jesus, enviado por Deus Pai, no cotidiano da sua existência terrena cultivou em relação às pessoas do seu tempo todos os sentimentos que uma mãe tem com seus filhos.

Jesus, também estabeleceu uma relação de cuidado com todas as pessoas como uma mãe com seus filhos. A intensidade dessa relação também pode ser definida nas três atitudes: Escutar, conhecer e seguir!

A comparação que Jesus faz com as ovelhas pode ser também entendida como a figura de um líder. O bom pastor, o verdadeiro líder, a boa mãe, o bom pai, não impõe, não manipula, mas se faz amar e respeitar pelo reconhecimento das suas ações: “As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu dou-lhes a vida eterna. Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai”.

A ideia central do Evangelho sugere a compreensão de equipe, grupo, comunidade, somatório, partilha. Um rebanho não é feito de ovelhas isoladas, perdidas, desgarradas, excluídas. Na relação de liderança e paternidade não há lugar para distinção de pessoas, preferências e de privilégios. A todos é dirigido o mesmo convite e lhes são dadas as mesmas oportunidades. A única exigência se resume nas três palavras: Escutar, conhecer e seguir!

Na condição de seguidores de Jesus todos temos os mesmos desafios e responsabilidades que consistem em suprimir do nosso convívio a intolerância, a arrogância, o ódio, a discriminação, a exclusão e no seu lugar construir pontes que garantam a comunhão e a acolhida de todos.

A primeira leitura relata as primeiras atividades dos apóstolos para tornar conhecida a proposta de Jesus, conforme ouvimos no Evangelho. Entretanto, entre as pessoas, cuja comparação pode ser feita com o rebanho, existia “ovelhas”, “líderes”, “coordenadores” autossuficientes, instalados nas suas certezas, não abertos a novidade ao acolhimento. No outro lado da moeda estão aqueles que, embora, sendo frágeis e imperfeitos estão dispostos a escutar, conhecer e seguir!

Quando os apóstolos se apresentaram a esses últimos: “Os pagãos ficaram muito contentes, quando ouviram isso, e glorificavam a palavra do Senhor. Todos os que eram destinados à vida eterna, abraçaram a fé”.

De um lado estão aqueles que se acham melhores, mais merecedores e que imaginavam Deus como uma propriedade privada. Instalados no seu orgulho, nas suas leis bem definidas e que receberam dos apóstolos a repreensão: “Ao verem aquela multidão, os judeus ficaram cheios de inveja e, com blasfêmias, opunham-se ao que Paulo dizia. Então, com muita coragem, Paulo e Barnabé declararam: 'Era preciso anunciar a palavra de Deus primeiro a vós. Mas, como a rejeitais e vos considerais indignos da vida eterna, sabei que vamos dirigir-nos aos pagãos”.

Os judeus representam aqueles cristãos que se acomodam ao uma religião feita de hábitos, devoções, ritos, fórmulas, normas, e que muitas vezes não está aberta a acolher com simplicidade, alegria e entusiasmo. Nos esquecemos que o Evangelho é uma palavra de acolhida e de alegria destinado a todos como descreve a segunda leitura: “Eu, João, vi uma multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas, e que ninguém podia contar. Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro; trajavam vestes brancas e traziam palmas na mão. Então um dos anciãos me disse: 'Esses são os que vieram da grande tribulação’. Lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro”.

Também nós fazemos experiência de alegria, de esperança, de comunhão, de entreajuda, mas também de incompreensão, medo, sofrimento, desespero pessimismo. O texto do apocalipse nos traz uma mensagem de esperança cujo autor é Deus que tem por suas criaturas o mesmo cuidado que as mães têm com seus filhos. O nosso Deus age como se fosse uma mãe: “Por um filho, chora, ri e move o mundo”

Por isso nós rezamos com firmeza:

O Senhor, só ele é Deus,
somos o seu povo e seu rebanho.

Sim, é bom o Senhor e nosso Deus,
sua bondade perdura para sempre,
seu amor é fiel eternamente!

terça-feira, 26 de abril de 2022

HOMILIA PARA O DIA 01 DE MAIO DE 2022 - 3º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO C

 

SENHOR, TU SABES TUDO...

É muito ouvida na atualidade uma canção de pagode em que uma das frases diz o seguinte: “nada foi sorte sempre foi Deus” e cuja letra diz ainda: “Nessa guerra constante, ser perseverante é fundamental, para manter sempre acesa no peito a certeza que o bem vence o mal”.

Uma semana depois da morte de Jesus, os discípulos ainda não tinham entendido tudo o que estava acontecendo, mas se mostravam perseverantes na certeza que o bem vence o mal. Também nós podemos aprender com a comunidade dos discípulos a manter acesa no peito a chama que garante a presença de Deus em nossos desacertos.

A narrativa do fracasso de uma noite inteira de trabalho com o desfecho do amanhecer é cheia de simbologia. A noite representa a ausência de Jesus na vida deles e o amanhecer coincide com o reconhecimento do ressuscitado. Isso pode ser aplicado para todas as nossas fracassadas ações realizadas nas noites da ausência de Deus e na convicção de que ao amanhecer Deus está ao nosso lado renovando as esperanças e nos fazendo superar todas as expectativas quando nossos esforços parecem em vão.

No caso da pesca fracassada o evangelho conta a desolação de sete discípulos de Jesus. Notemos que sete, na Sagrada Escritura e na tradição da Igreja, sempre significou a totalidade. As mesmas coisas dizem os estudiosos do mundo da Bíblia para quem o número 153 representava a totalidade das espécies de peixes que existiam no mar da Galileia. Em outras palavras a totalidade das pessoas, alguma vez na vida já tiveram experiências desoladoras e experimentaram noites de escuridão, nas quais estavam longe de Deus!

A pesca fracassada dos sete discípulos, que representam a comunidade dos primeiros seguidores, mostra como é infrutífera e sem sentido a missão sem a presença de Jesus e sem a obediência à sua Palavra. De fato, tudo muda quando Jesus lhes aparece e eles lhe obedecem: ninguém fica de fora. Os discípulos tinham sido chamados por Ele para ser pescadores de gentes e fiéis ao seu ensinamento recolhem dos perigos do mar todas as pessoas simbolizadas na totalidade das espécies de peixe. Reconhecendo a voz de Jesus a missão alcança a todos e nada poderá rompê-la.

 Para confirmar sua presença de amor e de serviço, mais uma vez Jesus reparte com eles pão e peixe e para confirmar o que espera dos seus seguidores confirma a missão de Pedro: “Simão filho de Jonas, Você me ama mais do que os outros? ” É como se Jesus dissesse você é capaz de dar sua vida pelos amigos!

Peçamos também para nós, em tempo de sínodo sobre a sinodalidade, a capacidade de amar mais e reconhecer Jesus que nos ajuda a acolher todos e puxar para fora dos perigos e frustrações da vida todas as pessoas, porque:


Quando o dia mal chegar
Não vai desanimar e nem esmorecer
O choro dura uma noite
Mas a alegria vem no amanhecer

Bote um sorriso no rosto
Que a tua vitória já 'tá pra chegar
Papai do céu abre a porta
E homem nenhum é capaz de fechar

Quando a bênção chegar
Nunca foi sorte, sempre foi Deus
Quando o Sol clarear
Nunca foi sorte, sempre foi Deus!


 

sexta-feira, 22 de abril de 2022

HOMILIA PARA O DIA 24 DE ABRIL DE 2022 - 2º DA PÁSCOA - ANO C

 

ETERNA É A SUA MISERICÓRDIA

Não é raro que a nossa vida seja marcada por dias de penumbra como se fosse o cair da tarde que nos obriga a silenciar e nos recolher na segurança das nossas incertezas. Pois este era o sentimento que rondava a vida dos discípulos nos dias subsequentes à morte de Jesus. O Evangelho de hoje começa de novo com a expressão: “Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam”. A ausência de Jesus entre eles parecia indicar que tudo havia terminado no trágico desfecho da cruz, o medo e o desânimo preenchiam toda a vida dos discípulos.

Porém a verdade ainda não tinha aparecido. O fato de estar com as portas fechadas não impediu que o encontro vivo com Jesus vivo se realizasse de maneira plena: “Jesus entrou e pondo-se no meio deles,
disse: 'A paz esteja convosco'.
E depois de ter dito isto, soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo”.
E lhes envia com uma tarefa que consiste em continuar a missão que haviam iniciado juntos, ou seja, cada discípulo foi enviado a ser portador da mesma paz que recebeu.

Diante dos medos e incertezas que a vida oferece Jesus se apresenta como o sinal de comunhão e o centro onde eles podem se fortalecer no cotidiano da missão.

Longe e desconectados de Jesus somos ramos secos e uma sociedade estéril, fechada e medrosa incapaz de garantir a plenitude da vida sempre querida por Deus!

A leitura do Apocalipse começa com uma afirmação da vida real: Eu, João, vosso irmão e companheiro na tribulação, e também no reino e na perseverança em Jesus” esta frase deixa mais do que claro que a centralidade da vida de uma comunidade é a pessoa de Jesus e que perseverar na sua presença é maneira mais segura para não cair no desanimo e não se deixar engolir pelas provações da vida.

Quando o discípulo percebeu suas forças se esvaírem ouviu a Palavra que lhe deu forças: “Ele colocou sobre mim sua mão direita e disse:
'Não tenhas medo. Eu sou o Primeiro e o Último, aquele que vive.
Estive morto, mas agora estou vivo para sempre. Eu tenho a chave da morte e da região dos mortos”
. Ele é o princípio e o fim de todas as coisas!

 O texto dos Atos dos Apóstolos aponta como a capacidade de caminhar juntos faz da comunidade dos apóstolos o modelo para a Igreja em todos os tempos: “Muitos sinais e maravilhas eram realizados entre o povo pelas mãos dos apóstolos. Crescia sempre mais o número dos que aderiam ao Senhor pela fé; era uma multidão de homens e mulheres”. Em resumo nada é impossível para quem para quem se coloca à sombra de Cristo.

Realizar milagres, não significa sinais extraordinários mas imitar os apóstolos com gestos de acolhida, amor, partilha, solidariedade e paz. Estes são também os verdadeiros milagres que a comunidade cristã pode continuar realizando e dessa maneira dar testemunho da ressurreição de Jesus como diz em outro texto dos Atos dos apóstolos: “Vejam como eles se amam”.

A mensagem central da liturgia desse domingo pode ser resumida na expressão: “não ter medo”! Apesar das situações de insegurança, fome, desemprego, sofrimento, dor e até a própria morte, quando nossos dias terminam como a penumbra da noite que vem chegando, se tivermos como referência para nossas ações a pessoa de Jesus ele será coragem, força e alegria no cotidiano.

Então sim, podemos rezar:

A pedra que os pedreiros rejeitaram,
tornou-se agora a pedra angular.
Pelo Senhor é que foi feito tudo isso:
Que maravilhas ele fez a nossos olhos!
Este é o dia que o Senhor fez para nós,
alegremo-nos e nele exultemos!

quarta-feira, 13 de abril de 2022

HOMILIA PARA O DIA 17 DE ABRIL DE 2022 - 1º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO C

 

RESSUSCITADOS COM CRISTO

É da natureza humana não se conformar com situações de perca, de sofrimento e de dor. E quando isso nos acontece buscamos de toda forma maneiras para aliviar o sofrimento que tais fatos nos provocam. O domingo da ressurreição foi, desde o princípio, para os seguidores de Jesus o ponto fundamental para soltar o grito de alegria que estava preso ao sofrimento da cruz.

O texto dos Atos dos Apóstolos tem por objetivo confirmar que todo aquele que como Jesus “passou pelo mundo fazendo o bem” poderá também com Cristo ressuscitar para a vida e receber o prêmio por tudo aquilo que realizou: “Pedro tomou a palavra e disse: Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judéia, a começar pela Galileia. E nós somos testemunhas de tudo o que Jesus fez. Todo aquele que crê em Jesus recebe, em seu nome, o perdão dos pecados”. A ressureição de Jesus é apresentada como a culminância de tudo o que Ele fez e ensinou. Isso significa que sempre que alguém se identifica com Jesus esforçando-se por vencer o egoísmo, a mentira, a injustiça e faz triunfar o amor, também esse ressuscita todos os dias.

Aos colossenses Paulo recorda que uma vez batizados todos são convidados a caminhar por novos caminhos sendo coerente com todas as exigências desse estilo de vida: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, 2onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres”.

O Evangelho começa com uma indicação de tempo: “No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, ” não se trata de um tempo cronológico, mas do início de um novo ciclo que precisa ser entendido como o tempo da Nova Criação, da páscoa definitiva, da gente nova.

Para fazer parte dessa nova criação é preciso a determinação de Maria Madalena o do outro discípulo, isso é, estar pronto a ir de madrugada e correndo ao encontro da nova realidade que se apresenta pela força do Cristo Ressuscitado.

Com frequência também para nós se apresentam noites escuras, para as quais somente a fé no Cristo ressuscitado e a coragem dos primeiros discípulos pode nos fazer encontrar Jesus não na escuridão do túmulo, nem tampouco enfaixado e imobilizado pelo poder da morte. Somos convidados a tornar nossa fé sólida e madura e andar por toda para fazendo o bem!

HOMILIA PARA O DIA 16 DE ABRIL DE 2022 - VIGÍLIA DE PÁSCOA - ANO C

 

PORQUE ELE VIVE, EU POSSO CRER NO AMANHÃ

 

O mundo cristão se reúne festivamente nesta noite santa e revive a alegre esperança da mais extraordinária passagem que a espécie humana anseia: Vencer a morte a dor, a tristeza e exultar com a vitória da vida. A ressurreição de Jesus é a maravilha definitiva que Deus Pai realizou como prova do seu amor pela humanidade.

A atitude das mulheres indo bem de madrugada ao túmulo de Jesus tem por objetivo render homenagem aquele seu amigo fiel e bom que depois de fazer tanto bem havia sido eliminado do seu convívio.

Como prêmio por sua fidelidade foram as primeiras a receber a alegre notícia e confirmação “Não procurem entre os mortos aquele que está vivo! ”

Com tão extraordinária notícia não tiveram dificuldade de lembrar das palavras do Mestre e compreenderam que algo novo estava acontecendo.

O anúncio que as mulheres deram aos discípulos é a ponte entre o fato que estavam vivenciando e a fé que alimenta a Igreja em todos os tempos.

Vinte séculos depois o anúncio feito às mulheres ecoa nas palavras do Papa Francisco:  “A ressurreição de Cristo é o acontecimento mais fascinante da história humana, que atesta a vitória do amor de Deus sobre o pecado e a morte e doa à nossa esperança de vida um fundamento sólido como a rocha”.

 

Por isso podemos rezar sem medo:

A mão direita do Senhor fez maravilhas,
a mão direita do Senhor me levantou,
a mão direita do Senhor fez maravilhas!'

HOMILIA PARA O DIA 15 DE ABRIL DE 2022 - SEXA FEIRA DA PAIXÃO - ANO C

 

DEUS VEIO AO NOSSO ENCONTRO

Por medo, para não se envolver em problemas que não são nossos, por simples curiosidade facilmente ficamos olhando a distância os inúmeros problemas pelos quais passam muitas pessoas na sociedade contemporânea. A narrativa da Paixão termina dizendo que José de Arimatéia, por medo, foi às escondidas tirar o corpo de Jesus da Cruz, outra versão da paixão fala de uma multidão que ficou a distância observando tudo o que estava acontecendo. Segundo o Papa Francisco um dos graves pecados da atualidade é a indiferença, ou seja, sacudimos os ombros e fazemos de conta que o problema não é nosso ou temos medo de nos expor diante dos sofrimentos de tantos que gritam por socorro em nossa sociedade.

Morrendo na cruz Jesus se mostrou Solidário com os pobres e sofredores. Ele assumiu a cruz por fidelidade à missão que o Pai lhe confiou. Fazendo memória do gesto de Jesus somos convidados a seguir seus passos e fazer comunhão com tantas pessoas vítimas da pandemia e que não tiveram acesso à medicina e outros recursos de tratamento, aos desempregados, aos jovens fora da escola, tantos excluídos, desprezados e marginalizados de muitas maneiras até por nós cristãos de missa dominical.

Muitas vezes nos tornamos cúmplices da violência contra os justos, são tantos os que precisam ser amados, acolhidos, respeitados. Não são poucas as pessoas acusadas injustamente pelo simples fato de se fazer próximo daqueles que a sociedade discrimina e condena.

A sociedade tem medo de mostrar o Cristo Crucificado porque não quer se comprometer com a forma como Jesus amou a humanidade. Celebrar a paixão do Senhor é um convite a fazer como Ele fez. Olhar para a cruz implica oferecer nosso tempo, nossa inteligência, nossos esforços para o bem de todos.

A sexta feira da paixão nos deixa claro que Jesus é o rosto de Deus Pai que veio para mostrar a sua misericórdia que fica absolutamente clara nas palavras d’Ele mesmo: “Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem”!

segunda-feira, 11 de abril de 2022

HOMILIA PARA O DIA 14 DE ABRIL DE 2022 - QUINTA FEIRA SANTA - ANO C

 

FAÇAM TUDO ISSO EM MINHA MEMÓRIA

 

Recordar fatos, ensinamentos, memórias, é uma coisa realmente bonita. Conhecer a biografia de grandes personagens da história e até de pessoas que tiveram apenas alguma pequena importância para uma pequena parcela da humanidade é uma coisa de grande valor. Como por exemplo conhecer a história de vida de Nelson Mandela, líder negro sul-africano e uma infinidade de outras pessoas que deixaram marcas de suas vidas na sociedade ou em pequenos grupos.

A pessoa de Jesus Cristo, independente de acreditar na sua natureza divina, merece ser recordada como ele é de fato reconhecido: um grande líder que mudou a história do mundo.

Para os cristãos o gesto revolucionário de Jesus que não pode ser esquecido é o relato do lava-pés. Na condição de Mestre ele mostrou uma nova forma de relacionamento entre as pessoas. O que conta é a disponibilidade para o serviço, não importa a função, mas a preocupação e o cuidado com bem-estar de todos.

Lavando os pés dos discípulos no contexto de uma ceia faz os cristãos lembrar que a missa é oportunidade imperdível para aprender a servir!

Quando no relato da instituição da Eucaristia o padre reza: “Façam tudo isso em minha memória”, não significa apenas a repetição das palavras de Jesus sobre as formas do pão do e do vinho, mas significa também que todos precisam repetir o gesto de Jesus lavando os pés uns dos outros.

sábado, 9 de abril de 2022

HOMILIA PARA O DIA 10 DE ABRIL DE 2022 - DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR - ANO C

 

BENDITO O QUE VEM EM NOME DO SENHOR

Se tem uma atitude apreciada por todos é a simplicidade no falar e no agir. Quando alguém se coloca com ar de superioridade sobre outra pessoa ou grupo em geral gera desconfiança e medo. Aquele que se apresenta como sendo mais perfeito ou merecedor de gestos de reverência é normalmente servido por medo e não por admiração. Na história bíblica não foram poucos os personagens que agiram dessa maneira. Mas também na história bíblica não foram poucos os personagens que misturaram a sua vida com a vida do povo e esses são lembrados com admiração e respeito.

Jesus, é uma das pessoas que se deu a conhecer não como Chefe e Senhor, mas como cumpridor das profecias antigas como se lê na primeira leitura: “O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás. Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas”. Ninguém antes dele foi reconhecido como Rei aparecendo montado num jumentinho. O que Jesus faz é uma denúncia a toda forma de discriminação, de dominação e de violência. Com seu gesto deixa claro que nele se cumpre a profecia e que sua missão é proclamar a construção de um Reino de paz, de fraternidade e de justiça, acolhimento e inclusão.

São Paulo escreve aos filipenses mostrando quem é o Cristo e como Ele se comportou para deixar claro aos que se declaram cristãos como estes também devem pautar a sua vida: “Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens”. Tal como o Cristo os seus seguidores serão um dia glorificados depois de todas as provações desta vida tanto quanto forem capazes de se fazer igual a todos em tudo.

A morte de Jesus não é outra coisa senão a culminância do seu estilo de vida. Para ser fiel à missão que havia recebido do seu Pai Ele não recuou quando se tratava de enfrentar os privilégios de alguns para se aproximar dos pobres, daqueles cujos corações estavam feridos, daquela pessoa cuja liberdade tinha sido cerceada. Seu amor nunca permitiu a exclusão de quem quer fosse, nem mesmo os pecadores. No plano de Deus os mais sofridos são também os preferidos. Sem excluir ninguém desafiou a todos ter um coração aberto e acolhedor, avisou aqueles que se instalavam no orgulho, na prepotência e no egoísmo que tais comportamentos os levariam a própria condenação.

Na cruz, finalmente Ele é reconhecido como o Homem Novo. Na hora derradeira proclama sua absoluta fidelidade àquele lhe enviou: 'Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito.' Dizendo isso, expirou”. Diante dos fatos todos tem uma atitude de aceitação e por isso foi reconhecido até por seus algozes: O oficial do exército romano viu o que acontecera e glorificou a Deus dizendo: 'De fato! Este homem era justo!' E as multidões, que tinham acorrido para assistir, viram o que havia acontecido, e voltaram para casa, batendo no peito. Todos os conhecidos de Jesus, bem como as mulheres que o acompanhavam desde a Galileia, ficaram à distância, olhando essas coisas”.

Em síntese a cruz de Jesus revela o dinamismo do mundo novo que o Filho de Deus veio inaugurar e que todos somos convidados a acompanhar e reconhecer como as multidões que assistiram a trágico desfecho daquela injusta condenação proclamando com a vida: Na verdade esse homem era o Filho de Deus!


terça-feira, 29 de março de 2022

HOMILIA PARA O DIA 03 DE ABRIL DE 2022 - 5º DOMINGO DA QUARESMA - ANO C

 MUDAI A NOSSA SORTE, Ó SENHOR!

A expressão: “fulano está sempre com quatro pedras na mão” é usada para qualificar alguém que sempre tem um julgamento pronto e uma condenação a fazer de tudo e de todos aqueles com quem tem alguma discordância ou desafeto.

A liturgia de hoje faz um convite para cada pessoa em particular e também a todos indistintamente a perceber que ninguém está livre dos pecados e fragilidades e que todos temos necessidade de conversão e de perdão. A palavra de Deus realça o seu amor que nos desafia a ultrapassar toda forma de escravidão com foco na vida nova e num outro estilo de viver.

O profeta faz um apelo à comunidade de Israel, no sentido de esquecer o passado, não porque não seja importante, mas para que não fiquemos presos a um saudosismo que oprime, faz sofrer e produz a morte: Não relembreis coisas passadas, não olheis para fatos antigos. Eis que eu farei coisas novas, e que já estão surgindo: acaso não as reconheceis? Pois abrirei uma estrada no deserto e farei correr rios na terra seca”. Olhar para frente e reconhecer que a mão de Deus que agiu no passado continua acompanhando com carinho e cuidado toda a caminhada do povo em todos os tempos.

Na segunda leitura São Paulo reforça a mesma perspectiva:
Na verdade, considero tudo como perda diante da vantagem suprema
que consiste em conhecer a Cristo Jesus, meu Senhor. Por causa dele eu perdi tudo. Considero tudo como lixo, para ganhar Cristo e ser encontrado unido a ele, não com minha justiça provindo da Lei, mas com a justiça por meio da fé em Cristo, a justiça que vem de Deus, na base da fé
”. As palavras do apóstolo são um convite a reconhecer na pessoa de Jesus a extraordinária presença de Deus na vida de todos em todos os tempos. Quem encontra e reconhece o Cristo está apto para entrar na vida nova: “Não que já tenha recebido tudo isso, ou que já seja perfeito. Mas corro para alcançá-lo, visto que já fui alcançado por Cristo Jesus”.

O Evangelho é mais uma das provas de fogo que os fariseus fazem questão de colocar para Jesus. Em outras palavras eles colocam Jesus entre a lei e a misericórdia. Com a serenidade e sabedoria que lhe eram particulares Jesus não faz nem defesa, nem acusação. Antes, na perspectiva de Deus, mostra que para a dignidade do pecador nem a intolerância, nem o castigo se apresentam como solução, pelo contrário só o amor e a misericórdia são fontes de vida que permitem o surgimento de uma pessoa nova e transformada: “Como persistissem em interrogá-lo, Jesus ergueu-se e disse: 'Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra.' E tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão. Em seguida “Jesus se levantou e disse: 'Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?' Ela respondeu: 'Ninguém, Senhor.' Então Jesus lhe disse: 'Eu também não te condeno.
Podes ir, e de agora em diante não peques mais”.

A lógica de Deus não é a lógica da morte, Jesus faz perceber que todos necessitam do perdão de Deus e que todos precisam de conversão. A vida cristã é uma caminhada rumo à páscoa, como os fariseus de outros tempos também nós somos convidados a deixar para trás as coisas e hábitos antigos abrindo-se à novidade do Evangelho.

A quaresma sempre nos desinstala convidando-nos a olhar para o futuro na perspectiva da construção de pessoas novas e de novas relações onde estar com quatro pedras na mão não é a atitude adequada, mas é preciso fundamentar nossa vida em Cristo e na sua Palavra certos de que:

Chorando de tristeza sairão,
espalhando suas sementes;
cantando de alegria voltarão,
carregando os seus feixes!

Porque:

Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!