sexta-feira, 27 de setembro de 2024

HOMILIA PARA O VIGÉSIMO NONO DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B - 29 DE SETEMBRO DE 2024

 

 

ESCUTAR, DIALOGAR, COLABORAR E SOMAR

Bom dia a todos! Neste vigésimo nono domingo do Tempo Comum, somos convidados a refletir sobre o verdadeiro sentido do serviço, da solidariedade e da abertura ao outro. As leituras de hoje nos mostram como a dinâmica do Reino de Deus desafia nossas percepções de poder e grandeza.

Na primeira leitura, do Livro dos Números, vemos Moisés enfrentando um desafio: a tarefa de conduzir o povo de Israel é imensa. Para ajudá-lo, Deus distribui o espírito que estava sobre Moisés entre setenta anciãos. Este gesto nos ensina que a missão é coletiva. Não estamos sozinhos em nossa jornada de fé; somos chamados a trabalhar juntos, a apoiar uns aos outros. A sinodalidade que hoje promovemos na Igreja nos convida a escutar, a dialogar e a colaborar em prol do bem comum.

No Evangelho de Marcos, encontramos os discípulos preocupados com quem realiza milagres em nome de Jesus, mas não está entre eles. A resposta de Jesus é clara: “Não o proíbam, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim.” Aqui, Jesus nos ensina a abrir nossos corações e mentes. O Reino de Deus é maior do que nossas divisões e rótulos. Somos todos chamados a fazer o bem, independentemente de nossas diferenças. O Papa Francisco, em suas recentes visitas à Ásia e a Luxemburgo, enfatizou a importância do diálogo e da inclusão, destacando que a Igreja deve ser um espaço de acolhimento e respeito a todos.

 

Na segunda leitura, Tiago traz uma advertência contundente sobre a injustiça e a opressão. Ele nos lembra que a riqueza acumulada sem consideração pelos pobres clama ao céu. As palavras de Tiago ecoam com a urgência de um chamado à responsabilidade. Não podemos ser indiferentes ao sofrimento dos outros. Nossa fé deve se traduzir em ações concretas que promovam a justiça e a dignidade de cada ser humano.

Em resumo a mensagem da Palavra de Deus nos incentiva a enxergar além das aparências. Nos lembra que muitas vezes temos medo do diferente, do que não conhecemos. Contudo, Jesus nos ensina que o verdadeiro discípulo é aquele que sabe acolher e reconhecer o valor do outro. Isso nos convida a uma prática de sinodalidade que é inclusiva e acolhedora.

 Primeiramente, precisamos cultivar uma atitude de serviço, como Jesus nos ensinou. Servir aos outros não é apenas um ato de bondade, mas uma expressão do nosso amor cristão. Além disso, devemos nos comprometer com a justiça social, denunciando as desigualdades e buscando promover um mundo mais justo e solidário.

Que este domingo nos inspire a ser, em nossas comunidades, verdadeiros instrumentos da paz e do amor de Deus. Aprendendo caminhar juntos, unindo nossos esforços para servir e acolher, reconhecendo a presença de Deus em cada pessoa.

Que o Espírito Santo nos ilumine e nos fortaleça nessa missão. Amém.

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

BEM AVENTURADA VIRGEM MARIA DE MEDJUGORJE RAINHA DA PAZ!

 

BEM AVENTURADA VIRGEM MARIA DE MEDJUGORJE

RAINHA DA PAZ!

Na semana passada o Papa Francisco colocou um ponto final numa questão que afligiu a Igreja Católica e a piedade popular nos últimos 30 anos. As opiniões que tomaram conta das redes sociais e da devoção mariana em relação a BEM AVENTURADA VIRGEM MARIA DE MEDJUGORJE!

Sem entrar na seara das aparições, das mensagens, da idoneidade dos videntes, Francisco agiu mais uma vez com o Coração de Pastor e fez compreender o que disse Jesus: “Pelos frutos conhecereis a árvore”. (Mateus 7, 16 -23).

O documento que aprova o culto e atribui o título de Rainha da Paz declara que o reconhecimento da devoção foi possível graças ao reconhecimento dos frutos positivos da experiência espiritual vivida naquele lugar e enumera os frutos sem dizer qual deles é mais significativo destaca um deles como importante:

- Um milhão de pessoas por ano vão em peregrinação a Medjugorje;

- Conversões e retorno aos sacramentos;

- Casamentos em crise reconstituídos;

- Desde o início, Maria se apresentou como Rainha da Paz!

Em 1981, quando começaram a ser divulgadas as supostas mensagens e aparições, ninguém poderia imaginar que entre 1991 e 2001 aquelas terras seriam o cenário de confrontos sangrentos e resultaram em mais de um milhão de mortos.

A condição de Rainha da Paz é o que mais pesa, também neste momento quando o mundo vive a ameaçado com as mais de 30 guerras em andamento.

Vamos aprender com Maria a partir dessa mensagem: “Não busquem coisas extraordinárias, mas antes leiam o Evangelho, e tudo lhes será claro”.

Então não tenhamos medo de caminhar juntos com a Igreja e com o Papa Francisco e pedir a intercessão da BEM AVENTURADA VIRGEM MARIA DE MEDJUGORJE, RAINHA DA PAZ!

 

 

 

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

HOMILIA PARA O DIA 15 DE SETEMBOR DE 2024 - 24º DOMINGO COMUM - ANO B

 

SEGUINDO JESUS COM FÉ E AÇÃO

 

Meus queridos irmãos e irmãs, hoje a Palavra de Deus nos convida a refletir profundamente sobre o que significa seguir Jesus. Em um mundo onde as palavras às vezes parecem suficientes, somos desafiados a viver uma fé que se manifesta em ações concretas.

No Evangelho de hoje, Jesus pergunta aos seus discípulos: "E vós, quem dizeis que eu sou?" (Marcos 8, 29). Pedro, inspirado, responde: "Tu és o Cristo." Mas, logo em seguida, Jesus deixa claro que ser seu seguidor exige mais do que uma simples confissão de fé. Ele fala sobre o caminho da cruz, sobre negar a si mesmo e tomar a cruz para segui-lo. Esse chamado é exigente e nos lembra que a verdadeira fé deve ser acompanhada por ações concretas que refletem o amor e a justiça de Deus.

São Tiago, em sua carta, reforça essa mensagem dizendo: "De que adianta, irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé pode salvá-lo?" (Tiago 2, 14). Ele nos alerta que a fé sem obras é morta. A fé cristã é ativa, é uma fé que se traduz em gestos de amor, de serviço e de doação.

O profeta Isaías também nos dá um exemplo de coragem e confiança em Deus. Ele fala do servo sofredor, que enfrenta humilhações e desafios, mas não desiste porque confia plenamente no Senhor. "O Senhor Deus é meu auxílio, quem ousaria condenar-me?" (Isaías 50, 9a). Essa confiança em Deus é o que nos sustenta no caminho da fé, mesmo diante das dificuldades.

A mensagem de hoje é clara: seguir Jesus implica uma fé que se traduz em ação. Não basta dizer que acreditamos, precisamos viver essa fé em nosso dia a dia. Que possamos, inspirados por essas leituras, renovar nosso compromisso de seguir Jesus de maneira autêntica, carregando nossa cruz com amor e confiança, e vivendo uma fé que transforma o mundo ao nosso redor. Amém!

 

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Essa homilia destaca a necessidade de uma fé ativa e o compromisso de seguir Jesus, utilizando passagens das leituras do dia e conectando-as à mensagem central do Evangelho.

HOMILIA PARA O DIA 08 DE SETEMBRO DE 2024 - 23º DOMINGO COMUM - ANO B

 

EFATÁ: ABRINDO O CORAÇÃO PARA A AÇÃO TRANSFORMADORA DE DEUS

 

Meus irmãos e irmãs, hoje a Palavra de Deus nos traz uma mensagem cheia de esperança e transformação. O profeta Isaías nos fala de um tempo em que o deserto vai florescer, os cegos vão enxergar, os surdos vão ouvir, e os mudos vão cantar de alegria. É uma promessa de que Deus está agindo no meio de nós, trazendo vida nova onde antes havia apenas sofrimento e dor.

No Evangelho de hoje, vemos essa promessa se cumprindo de maneira concreta. Jesus encontra um homem surdo e com dificuldade de falar. Com um gesto cheio de amor, Ele toca nos ouvidos e na língua do homem e diz: "Efatá!", que quer dizer "Abre-te!" (Marcos 7, 34). Na mesma hora, o homem começa a ouvir e a falar corretamente. Esse milagre de Jesus nos mostra que Deus sempre se preocupa com aqueles que são marginalizados, aqueles que, muitas vezes, são esquecidos pela sociedade.

São Tiago, na sua carta, nos lembra que não podemos fazer diferença entre as pessoas. Na comunidade cristã, não tem lugar para favoritismo. Todos somos iguais aos olhos de Deus, e é nosso dever acolher a todos com amor, sem distinção.


A mensagem de hoje é clara: Deus quer nos abrir os olhos, os ouvidos e o coração. Ele quer nos libertar de tudo o que nos impede de viver plenamente. Assim como Jesus abriu os ouvidos daquele homem, Ele quer abrir nosso coração para que possamos escutar sua voz e falar de seu amor ao mundo. Que possamos ser uma comunidade acolhedora, onde todos têm lugar e são valorizados.

Então, meus irmãos, vamos viver essa Palavra, deixando que Jesus toque nossa vida, para que sejamos instrumentos de sua paz e amor. Amém!

 

HOMILIA PARA O DIA 01 DE SETEMBRO DE 2024 - 22º DOMINGO COMUM - ANO B

 

VIVENDO A PALAVRA DE DEUS:

UMA FÉ ENRAIZADA NO CORAÇÃO

 

Queridos irmãos e irmãs, hoje somos convidados a refletir sobre a importância de viver a Palavra de Deus com sinceridade e integridade. As leituras que ouvimos nos mostram como Deus deseja que sua Lei seja vivida não apenas de forma externa, mas profundamente enraizada em nossos corações.

No livro do Deuteronômio, Moisés exorta o povo de Israel a observar fielmente os mandamentos do Senhor. Ele lembra ao povo que as leis e decretos de Deus não são um fardo, mas um caminho para a vida plena e abençoada. A obediência à Palavra de Deus faz com que o povo de Israel se destaque entre as nações, mostrando a sabedoria e a proximidade de Deus em suas vidas. Moisés nos ensina que o verdadeiro sentido da Lei é guiar o coração do povo para Deus, em uma relação de amor e fidelidade.

No Evangelho de Marcos, Jesus confronta os fariseus e escribas, que criticavam seus discípulos por não seguirem as tradições de purificação. Jesus aproveita esse momento para nos ensinar uma lição fundamental: o que realmente importa não é a observância externa das tradições, mas a pureza interior. Ele nos alerta que o mal não vem de fora, mas do que sai do nosso coração. Orgulho, inveja, maldade e outras atitudes pecaminosas nascem dentro de nós, e é isso que nos afasta de Deus.

Meus irmãos, a mensagem de hoje nos chama a refletir sobre nossa própria prática da fé. Estamos vivendo a Palavra de Deus com sinceridade, permitindo que ela transforme nosso coração, ou estamos apenas cumprindo rituais e tradições externas? Deus deseja que sua Lei esteja viva em nós, que ela guie nossos pensamentos, palavras e ações, levando-nos a uma vida de verdadeira comunhão com Ele.

Que possamos, a partir dessa reflexão, renovar nosso compromisso de viver a fé de maneira autêntica e profunda, permitindo que a Palavra de Deus ilumine e transforme nosso interior. Assim, seremos verdadeiramente testemunhas do amor de Deus no mundo. Amém.

 

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

HOMILIA PARA O DIA 25 DE AGOSTO DE 2024 - 21º DOMINGO COMUM - ANO B

 

ESCOLHER OS VALORES DURADOUROS

“Nós somos a soma das nossas decisões". Esta frase do roteiro de um filme do final dos anos 1980, se presta para ajudar a compreender a Palavra de Deus para esse domingo que nos inspira a compreender que a vida é feita de decisões e que elas serão muito mais significativas quando derem pleno sentido para a nossa existência.
Na primeira leitura Josué reúne a comunidade e lhe apresenta os fatos que aconteceram ao longo da sua jornada. Diante de tudo o que acaba de descrever Josué apresenta a sua escolha: “Se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir: se aos deuses a quem vossos pais serviram na Mesopotâmia, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Quanto a mim e à minha família, nós serviremos ao Senhor". A decisão, neste caso não é difícil. Ao longo da história as pessoas haviam experimentado a ação de Deus em seu favor. Só lhes falta a coragem de tomar uma decisão que não seja modificada ao sabor dos ventos. E finalmente todos respondem: “Longe de nós abandonarmos o Senhor, para servir a deuses estranhos”.

Paulo faz uma comparação entre a escolha por Cristo e as escolhas humanas. Ambas têm consequências que exigem compromisso e determinação. Não se pode hoje fazer uma coisa e amanhã outra. Maridos respeitem suas esposas! Esposas amem os seus maridos. Esta é a relação de Cristo com a Igreja e com o mundo. Toda forma de obediência só tem sentido se tiver referência a Cristo e a sua palavra, tudo o resto é falatório inútil.

E no Evangelho Jesus reforça a compreensão que Josué já havia apresentado na primeira leitura. Uma parte dos que o seguiam não haviam entendido ainda a dinâmica do Reino: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?" Mas Jesus não coloca panos quentes relativizando a sua doutrina: “Isto vos escandaliza? E quando virdes o Filho do Homem subindo para onde estava antes? O Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada. É por isso que vos disse: ninguém pode vir a mim a não ser que lhe seja concedido pelo Pai". E quando alguns resolvem modificar suas decisões, de novo Jesus reafirma: “Vós também vos quereis ir embora?" Diante desta provocação, Pedro toma a palavra para confirmar em nome de todos: “A quem iremos, Senhor?  Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus".

A mensagem da Palavra de Deus deste domingo não é uma simples prova de teimosia e resiliência, mas a convicção de que só caminho do amor, do serviço, da partilha, da entrega, é o único caminho por onde é possível chegar à Vida plena.

Que se realize em nós o que rezamos: “Dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que instabilidade deste mundo fizemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias”.

 

 

quinta-feira, 15 de agosto de 2024

HOMILIA PARA O DIA 18 DE AGOSTO DE 2024 - SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DE MARIA - ANO B

 Maria, Mãe que Acolhe e Sustenta Nossa Jornada

A última imagem que temos de Maria nas Escrituras é aquela em que ela, em profunda comunhão com os apóstolos, persevera na oração. Ali, junto com as mulheres que seguiram Jesus, Maria permanece firme, refletindo a força da fé e o amor de uma mãe.

Após esse momento, a comunidade cristã se forma e começa a contar uma história cheia de mistério e devoção: a "dormição de Maria", um fato que, mais tarde, a Igreja reconheceria como a Assunção de Maria ao céu. Mas como podemos entender esse mistério? Como a Mãe de Jesus já experimenta aquilo que um dia todos provaremos? Podemos imaginar Jesus cuidando de sua mãe como um filho zeloso que, ao acolher sua mãe idosa em sua morada, lhe oferece o melhor lugar, onde ela está protegida e segura. É esse amor filial que celebramos na solenidade da Assunção.

A primeira leitura nos revela o cuidado divino com a mulher vestida de sol: “A mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar.” Assim como Deus protegeu Maria, Ele também nos guarda e nos guia em nossa jornada.

São Paulo nos recorda que Cristo é o primogênito dos ressuscitados: “Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram.” E quem poderia estar mais perto de Cristo do que sua própria Mãe? Maria, que sempre esteve ao lado de Jesus, é a primeira entre os que pertencem a Ele.

Maria, em sua simplicidade e serviço, nos ensina a ternura, a generosidade e o amor. Ela, que foi ao encontro de Isabel, nos mostra o caminho da caridade. Com Maria, aprendemos a rezar com gratidão ao Pai: “A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humildade de sua serva.”

Maria viveu em plena obediência a Deus, e é por essa fidelidade, mais do que pela maternidade física, que ela faz parte da família de Jesus. Como Ele mesmo disse: “Minha mãe e meus irmãos são todos os que fazem a vontade de meu Pai que está nos céus.”

Hoje, rezamos com fé: “Dai-nos viver atentos às coisas do alto, para que, um dia, possamos participar da mesma glória de Maria.”

Que essa mensagem nos inspire a seguir o exemplo de Maria, acolhendo com amor e obediência a vontade de Deus em nossas vidas.

sexta-feira, 9 de agosto de 2024

HOMILIA PARA O DIA 11 DE AGOSTO DE 2024 - 19º DOMINGO COMUM - ANO B

 

Da Rotina Vazia à Vida em Abundância:

O Chamado de Jesus

Nos últimos domingos estamos refletindo textos do Evangelho segundo São João cuja ênfase está na relação entre comida que o organismo necessita para viver bem e a verdadeira comida que é Jesus o Pão da Vida.

Na primeira leitura o profeta Elias experimenta a solidão e o desânimo situações características também para o nosso cotidiano. Não consegue perceber uma luz para os seus problemas e pede a morte. Elias é o modelo da fragilidade humana. Entretanto o que fica claro no texto é que Deus não abandona as pessoas. Deus não retira as dificuldades do caminho, mas Ele sustenta e reanima o profeta para continuar sua missão. Também nós não tenhamos medo Ele está sempre atento quando as nossas forças não correspondem aos desafios que a vida apresenta.

Paulo nos sugere viver de maneira diferente daqueles que não conhecem a Palavra de Deus. Para os filhos de Deus não cabe o azedume, a irritação, a raiva, a maldade, o insulto, e um lista enorme de outros vícios. Quando essas atitudes governam o nosso coração facilmente ferimos as pessoas criando divisão e tristeza. Paulo nos convida a fazer um esforço nos revestindo dos sentimentos de reconciliação, de paz e de unidade.

No Evangelho, Jesus não perde seu tempo discutindo com seus interlocutores sobre sua origem divina, percebendo quanto algumas pessoas estavam longe de Deus, com o coração fechado, presos em suas rotinas religiosas e vazias de sentido ele deixa claro que sua presença é maior que os rituais e tradições. Ele oferece o pão da Vida eterna, o alimento que sacia mais do que o organismo físico. Para reconhecer esse saudável alimento não é preciso mais do que sintonia com o Pai para poder reconhecer o Filho.

Declarando que “Ele é o pão da Vida” fica claro que sua missão é garantir vida em abundância e que por meio dele todos podemos encontrar a vida definitiva. Que nossa oração, transforme nossa existência resiliência, alegria e certeza que podemos continuar caminhando juntos porque estamos na estrada certa.

 

sexta-feira, 2 de agosto de 2024

HOMILIA PARA O DIA 04 DE AGOSTO DE 2024 - 18º DOMINGO COMUM - ANO B

 

EM JESUS RECEBEMOS MAIS DO QUE O PÃO DE CADA DIA!

 

Sem amor ninguém vive Há um ditado que diz Só um grande amor Só um grande amor faz a gente feliz!

Que o corpo humano necessita ser nutrido e ter suas necessidades biológicas satisfeitas ninguém duvida. E um dos sentimentos mais dolorosos é assistir cenas de pessoas passando necessidades básicas e frequentemente procurando comida nos cestos e depósitos de lixo. Mas é certo também que não basta dar de comer e saciar a fome do corpo. Nesse contexto ganha sentido as inúmeras canções folclóricas e populares que também tratam de outras necessidades humanas além do atendimento fisiológico.

É sobre a satisfação de outras necessidades humanas que se desenrola a Palavra de Deus neste domingo. Por traz da fome que o povo experimentava na travessia do deserto existia outra carência que nem sempre sabiam manifestar. Ao reclamar pela falta de comida, sentiam ainda mais a falta da presença de Deus. Para dar conta da longa travessia o povo não reconheceu a mão da Deus que os alimentou e por isso não se sentiu nem satisfeito na sua fome de pão, nem na sua fome de vida!

No Evangelho Jesus toca na questão da insensibilidade dos seus conterrâneos que não tinha percebido a sua verdadeira fome: “Quando o encontraram no outro lado do mar,
perguntaram-lhe: ‘Rabi, quando chegaste aqui?' Jesus respondeu: "Em verdade, em verdade, eu vos digo: estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos. Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará”.  Jesus lhes ajuda a perceber que devem enxergar mais longe do que os olhos veem e o estômago sente. A existência humana ultrapassa a satisfação do estômago, dizer isso não é fazer pouco caso da fome que assola milhões pelo mundo a fora. Comer para atender as necessidades corporais é indiscutível, mas não se pode permanecer apenas nessa dimensão e por isso ele se apresenta como verdadeira comida e bebida:
Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim nunca mais terá fome, e o que crê em mim nunca mais terá sede” (Jo 6,35). Reconhecer que as necessidades humanas são muito maiores que a fome de pão é a lição deixada por Jesus nesse domingo.

E São Paulo na carta aos Efésios confirma que somente compreender que Jesus é o único e verdadeiro pão da vida será a condição para a felicidade completa. Encontrar-se com Ele e aceitar sua Palavra e seu ensinamento exige uma mudança radical no jeito de ver e fazer todas a coisas: “Renunciando à vossa existência passada, despojai-vos do homem velho, que se corrompe sob o efeito das paixões enganadoras, e renovai o vosso espírito e a vossa mentalidade. Revesti o homem novo, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade”.

Também para nós caminhantes no século XXI experimentamos provações e privações, carências e fomes mas temos muitas outras necessidades cuja saciedade não se dará somente com o pão de cada dia, somos desafiados a deixar nossa zona de conforto e reconhecer Deus que nos acompanha com carinho paterno oferecendo-nos um alimento muito mais nutritivo do que o maná do deserto e a satisfação das necessidades corporais. Todos somos convidados a deixar o comodismo e a tranquilidade nas quais facilmente nos instalamos e buscar o verdadeiro alimento que dá a vida duradoura e plena. Lições de amor, partilha, generosidade e serviço são muitas vezes uma refeição mais nutritiva e duradoura e que todos temos para dar e todos precisamos receber.

 

quarta-feira, 24 de julho de 2024

HOMILIA PARA O DIA 28 DE JULHO DE 2024 - 17º DOMINGO COMUM - ANO B

 

LIÇÕES DE GENEROSIDADE

Dentre os provérbios populares bastante conhecidos um deles diz mais ou menos assim: “Pouco com Deus é bastante”. É essa a lição que Palavra de Deus deste domingo nos transmite com clareza. Como já dissemos outras vezes, a linguagem bíblica é simbólica e muitos relatos ensinam mais pela simbologia do que pela narrativa.

Assim na liturgia deste domingo nos deparamos com uma multidão faminta. Neste caso referindo-se a todos os povos e pessoas que ao longo do tempo colocaram suas vidas e necessidades nas mãos de Deus.

No evangelho o menino que tem os cinco pães e os dois peixes representa a simplicidade e pequenez daqueles que se dispõe a repartir da sua pobreza. Cinco pães e dois peixes, somam sete, que significa infinitos, ou seja, garantia que não faltará para ninguém.

Felipe é o tipo da pessoa a quem Jesus provoca para uma solução e que pensa resolver o problema somente sob o ponto de vista econômico e enxerga a situação somente a partir da soma dos números e valores que certamente não será também a resposta para a necessidade que estava sendo apresentada. Por sua vez André é o modelo de pessoa preocupada com os pequenos, com aqueles que teoricamente não são vistos pela sociedade baseada no dinheiro. É ele quem reconhece o menino e sua pequena contribuição.

Diz o evangelho que Jesus sabia qual era a solução para o problema da multidão faminta, a primeira ação que os discípulos são desafiados a fazer é acomodar as pessoas. Isto é, aquietar a multidão que buscava em Jesus uma resposta para todos os seus problemas.

Jesus não se furta em apresentar uma alternativa, primeiro valorizando o pouco que um “menino anônimo” teria para repartir, na sequência agradecendo a Deus pela pequena porção que está sendo colocada à disposição de todos.

No final cinco mil pessoas ficaram saciadas e ainda sobrou doze cestos, isto é, sobrou o suficiente para todos. Esse banquete é a antecipação da nova páscoa. Enquanto no Antigo Testamento a páscoa era apenas a recordação da libertação da escravidão do Egito, a nova Páscoa inaugurada por Jesus será a libertação de todas as prisões.

A lição que se pode tirar da Palavra de Deus se resume em três pontos singelos e muito significativos: Tal como um menino, todos temos alguma coisa para colocar em comum; A solução para o problema da fome e todos os outros problemas da humanidade não virá somente pelo recurso da economia e do dinheiro. Mais do que imitar a preocupação de Felipe, podemos ter a sensibilidade de André e perceber como a solidariedade, a partilha a generosidade e a comunhão são mais eficazes que a contabilidade e o dinheiro.

Por isso rezamos: “Concedei, Senhor, que usemos de tal modo os bens que passam a fim de poder abraçar aqueles que não passam”.

 

 

 

 

quinta-feira, 18 de julho de 2024

HOMILIA PARA O DIA 21 DE JULHO DE 2024 - 16º DOMINGO COMUM - ANO B

 

DEUS QUE OLHA, CUIDA E ACOLHE

A gente costuma dizer que os dedos de uma mão são como filhos e filhas, todos diferentes, mas a quem os pais cuidam com as mesmas preocupações. Como um pai e uma mãe que cuidam dos filhos independente da sua condição assim age Deus em relação às suas criaturas. É isso que ouvimos mais uma vez na liturgia desse domingo. Ao longo da existência todos experimentamos situações de desespero e de dor, mas é exatamente nessa hora que todos ocupam um lugar especial no coração de Deus. 

Na primeira leitura o profeta qualifica as pessoas como um rebanho que é cuidado por Deus. Ele mesmo se encarrega de tirar as ovelhas que haviam sido confiadas a pastores que não as cuidaram, ele mesmo vai tomar conta, na sequencia vai escolher novos pastores e finalmente promete um novo tempo e uma nova condição de vida. O que aconteceu com os conterrâneos do profeta é muito semelhante com o nosso cotidiano que bastante vezes nos damos conta de andar sem rumo, desorientados, traídos, como que abandonados diante da violência, dos fundamentalismos, da miséria, dos conflitos, dos problemas no trabalho e na família, das catástrofes ambientais e tragédias de toda sorte. A palavra do profeta ecoa em nossos ouvidos e no coração, Deus continua cuidando das nossas necessidades: “E eu reunirei o resto de minhas ovelhas de todos os países para onde forem expulsas, e as farei voltar a seus campos, e elas se reproduzirão e multiplicarão. Eis que virão dias, diz o Senhor, em que farei nascer um descendente de Davi; este é o nome com que o chamarão: 'Senhor, nossa Justiça'".

A mesma tonalidade tem as palavras de Paulo na carta aos Efésios. Ele declara que sua missão é anunciar um Deus que se preocupa e cuida de todos, independente da condição de cada pessoa. Deus quer trazer para perto de si todos os que em Jesus Cristo foram feitos irmãos e herdeiros. A vida de Jesus derrubou todas as barreiras que dividiam os povos. Deus age de modo diferente de como normalmente estamos habituados, enquanto nós inventamos alfândegas, fronteiras, barreiras, Deus abre portas, acolhe, protege, reúne e ensina a caminhar juntos. 

No Evangelho a atitude de Jesus não é diferente: “Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor”. A expressão compaixão significa sofrimento com o objetivo de livrar os sofredores. Guardadas as proporções, compaixão é a atitude de uma mãe que é capaz de qualquer sacrifício para diminuir as dores e o sofrimento de um filho. O que Jesus fez é também a tarefa que Ele atribui aos discípulos, e depois os reúne para avaliar a eficácia da missão e o alcance das atividades desenvolvidas: “os apóstolos reuniram-se com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado”. O encontro avaliativo é uma espécie de relatório detalhado do seu trabalho. Jesus os previne contra o perigo do ativismo, mas ao mesmo tempo permite que vejam quanto é volumoso o trabalho e as exigências: “Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo que não tinham tempo nem para comer”.

As ovelhas perdidas do nosso tempo é a multidão de pessoas sem rosto e sem voz deixadas à margem da sociedade e muitas vezes das nossas igrejas que sofrem a discriminação e a exclusão, que carregam culpas por feridas abertas muitas vezes por falta de acolhimento e de perdão. Seguidores de Jesus peçamos a graça e a capacidade de aprender o que significa compaixão e cuidado, ver como Jesus e se compadecer: “para que repletos de fé, esperança e caridade guardemos fielmente os vossos mandamentos”.

quinta-feira, 11 de julho de 2024

HOMILIA PARA O DIA 14 DE JULHO DE 2024 - 15º DOMINGO COMUM - ANO B

 

Anunciar com Liberdade e Rapidez

 

Na vida de hoje, todos nós queremos liberdade e agilidade. Parece que a tecnologia nunca é rápida o suficiente para suprir nossas necessidades de autonomia e velocidade. As leituras deste domingo mostram como Deus age com prontidão e cuidado quando realiza Suas obras em favor do Seu povo.

Nos tempos do profeta Amós, a religião era cheia de festas, sacrifícios e cerimônias esplendorosas. Mas, infelizmente, essas celebrações não refletiam a vida real das pessoas. Muitos rezavam, mas adoravam um deus que não libertava nem cuidava das pessoas. O profeta Amós foi enviado para acabar com essa forma vazia de culto, afirmando que sua missão vinha de Deus: “Não sou profeta nem filho de profeta; sou pastor de gado e cultivo sicômoros. O Senhor chamou-me, quando eu cuidava do rebanho, e me disse: ‘Vai profetizar para Israel, meu povo’”. Amós foi a voz de Deus para denunciar todas as injustiças cometidas pelos falsos profetas e pelos amigos do rei.

São Paulo, na carta aos Efésios, também nos ensina que nossa existência e todas as nossas atividades devem ser para Deus, que nos criou e, em Jesus Cristo, nos fez herdeiros da Sua graça. Devemos ser verdadeiros, fiéis e radicais em nossa fé: “Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele nos abençoou com toda a bênção espiritual, em Cristo. Em Cristo, ele nos escolheu antes da criação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis em seu amor. Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por meio de Jesus Cristo, conforme a sua vontade, para o louvor da sua glória e graça”.

Em Jesus, temos clareza sobre os novos caminhos que Deus quer que sigamos, guiados pelo Espírito Santo. No projeto de Deus, todos têm um papel importante.

Os discípulos enviados por Jesus tinham a missão de caminhar juntos e não perder tempo com coisas de pouca importância. Eles eram chamados a viver de maneira simples, levando apenas o necessário. Doze discípulos foram enviados em duplas, representando todos os que seriam enviados e todas as pessoas que precisavam ouvir a mensagem. Ninguém é excluído da missão: uns têm a tarefa de anunciar e outros, de receber a mensagem. A missão de Jesus é comunitária e visa unir aqueles que estão dispersos.

Assim como os discípulos, também somos chamados a continuar a missão de Jesus. Não basta ter ritos bonitos e cerimônias vistosas se elas não estiverem conectadas com a vida real das pessoas. Precisamos ser livres e agir com humildade, sempre abertos às novidades que a simplicidade pode nos ensinar.

 

quarta-feira, 3 de julho de 2024

HOMILIA PARA O DIA 07 DE JULHO DE 2024 - 14º DOMINGO COMUM - ANO B

 

SANTO DE CASA NÃO FAZ MILAGRE

A Igreja católica sempre valorizou o testemunho de vida das pessoas como sinal de santidade. Sem descuidar das graças alcançadas pela intercessão daqueles que são elevados à glória dos altares, o estilo de vida e os exemplos de vida são cada vez mais valorizados quando se trata de atribuir a alguém o título de Santo. Dentre os próximos santos a serem declarados pelo Papa Francisco, um deles é jovem Carlo Acutis, que soube muito bem utilizar o campo minado da internet para anunciar a boa notícia e tornar conhecida a mensagem de Jesus Cristo. Ele, como uma série de outras pessoas ao longo do tempo são a prova que “santo de casa também faz milagre”.

As três leituras deste 14º domingo do tempo comum mostram a estratégia de Deus para se aproximar de nós e para continuar sua obra de cuidado. Para essa tarefa Deus se serve das pessoas e do testemunho cotidiano, independente das fragilidades de cada uma.

A primeira figura que aparece nos relatos de hoje é o profeta Ezequiel, chamado de “filho do homem” que significa dizer uma pessoa que vive e está no meio de todos com todas as suas virtudes e debilidades, mas que apesar de tudo realiza com maestria a tarefa de anunciar Deus e o seu projeto: “Filho do homem, eu te envio aos israelitas, A estes filhos de cabeça dura e coração de pedra, vou-te enviar, e tu lhes dirás: 'Assim diz o Senhor Deus. Quer te escutem, quer não - pois são um bando de rebeldes - ficarão sabendo que houve entre eles um profeta".

Ser profeta é uma tarefa confiada também a cada batizado que configurados a Cristo é chamado a ser no meio do mundo um sinal de Deus cuja voz deve ecoar mais pelo exemplo do que pelas palavras.

A mesma situação se repete com Paulo, é ele mesmo quem declara: “Irmãos: Para que a extraordinária grandeza das revelações não me ensoberbecesse, foi espetado na minha carne um espinho”. E continua o apóstolo: Basta-te a minha graça. Pois é na fraqueza que a força se manifesta. Por isso, de bom grado, eu me gloriarei das minhas fraquezas, para que a força de Cristo habite em mim”. Em resumo nenhuma fragilidade humana serve para como justificativa para não exercer a tarefa que Deus nos confia.

No Evangelho, desta vez, já não são os fariseus e doutores de lei que duvidam de Jesus, mas seus próprios conterrâneos. Jesus está no seu povoado de origem, todos ali o conhecem, bem como sabem da sua história de vida. Par reforçar a razão de sua incredulidade as pessoas não o chamam nem pelo nome nem pela filiação paterna, antes e referem a Ele com a expressão “não é Ele o filho de Maria”. Apesar desta falta de respeito e consideração Jesus continua a mostrar-lhes como Deus oferece o seu cuidado: “Jesus lhes dizia: "Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares". E ali não pôde fazer milagre algum. Apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos. E admirou-se com a falta de fé deles. Jesus percorria os povoados das redondezas, ensinando”.

Em resumo, acreditar em Deus supõe ter fé e isso significa superar preconceitos, mudar a mentalidade, ver além das aparências enxergar as pessoas como sinais e instrumentos de Deus. Em Jesus Cristo, Deus Pai continua aproximando-se de todos revelando ao mundo o rosto misericordioso do criador. Não tenhamos medo, sejamos também nós anunciadores de Deus e do seu amor generoso amor para com todos. Que se torne realidade em nós o que rezamos na prece inicial da missa: “Pela humilhação do vosso Filho, enchei todas as criaturas de santa alegria”.

 

terça-feira, 25 de junho de 2024

HOMILIA PARA O DIA 30 DE JUNHO DE 2024 - SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO - ANO B

 

ENRAIZADOS NO AMOR DE DEUS

A última oração da missa deste domingo pede que tenhamos a graça de viver “enraizados no amor de Deus”. Essa expressão não necessitada de explicações, mas ela pode ser alargada com diversos outros adjetivos: sustentados, firmados, ancorados, fixados, estruturados, conectados. Pois é este o testemunho que nos dão Pedro e Paulo e mais uma lista infinita de pessoas que viveram a experiência da amizade com Deus e os irmãos ao longo da sua vida terrena.

Na Segunda leitura Paulo descreve o seu sofrimento e a convicção do dever cumprido e da recompensa que receberá por sua fidelidade e coragem. Ao mesmo tempo o Apóstolo tem a convicção que os seus méritos são extensivos a todos os que imitarem seus exemplos: Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. Agora está reservada para mim a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos que esperam com amor a sua manifestação gloriosa”.

Por sua vez o texto dos Atos dos Apóstolos, apresenta as provações iniciais experimentadas pela Igreja nascente e personificada nas pessoas de Pedro e Paulo. Não ter medo das dificuldades que a vida e o contexto em que se vive nos proporciona é uma maneira de experimentar também o amor e o cuidado de Deus: “Agora sei, de fato, que o Senhor enviou o seu anjo para me libertar” Rezemos também nós confiantes que Deus não se cansa de estender sua mão quando as correntes do medo e da intolerância nos aprisionam e dificultam a tarefa de testemunhar o Evangelho. Não tenhamos medo: “De todos os temores nos livrou o Senhor Deus”!

O Evangelho pode ser lido sob dois aspectos. O primeiro é ter a coragem de responder sem rodeios quem é Jesus Cristo para nós. Essa reposta, como disse o Papa João Paulo II, na sua primeira visita ao Brasil em 1980: “A resposta a essa pergunta já mudou a vida de muita gente e pode mudar também a sua! ”. O segundo aspecto é não ter medo: Jesus lhe disse: "Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus".

Neste contexto homens e mulheres viveram a experiência de fidelidade a Jesus Cristo ao longo do tempo. Pedro e Paulo são reconhecidos como colunas que sustentam a Igreja na sua longa e difícil travessia pelas estradas da vida. Os Papas são sinais visíveis da unidade e da comunhão da Igreja. Francisco como um Papa que veio do fim do mundo nos desafia a renovar a Igreja construindo pontes de comunhão e estradas de sinodalidade: “Sonho com uma Igreja missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes da Igreja, os modos de fazer as coisas, os tempos e horários, a linguagem e as estruturas sejam evangelizadoras do mundo de hoje. Que a Igreja seja um lugar onde todos possam estar sentados na Ceia do Cordeiro e viver a comunhão com Ele. Abandonemos as polêmicas para ouvirmos o que o Espírito diz a Igreja, mantenhamos a comunhão”. E noutra declaração “Precisamos construir uma Igreja onde caibam todos”

Ouçamos o que o Espírito diz para a Igreja e aprendamos e rezemos pelo Papa abraçando as inciativas de inclusão já iniciadas por São Paulo: “Fiz-me tudo para com todos a fim de ganhar alguns a qualquer custo” (1Cor 9,22).

 

quarta-feira, 12 de junho de 2024

HOMILIA PARA O DIA 16 DE JUNHO DE 2024 - 11º DOMINGO COMUM - ANO B

 

NO REINO NÃO TEM LUGAR PARA O MEDO

A palavra de Deus deste domingo nos lança o desafio a não ter medo do medo, pelo contrário nos chama a confiar em Deus, mesmo diante das mais absurdas situações sempre há uma esperança, é assim que podemos ver o Reinado de Deus ir pouco a pouco se concretizando.

Para o crescimento do Reino de deus não é necessário grande aparato, ou estardalhaço. Jesus faz duas comparações relativas ao trabalho do agricultor. Mesmo sem ser reconhecido ele joga a semente na terra que por sua vez se encarrega de fazer germinar e crescer a planta e produzir fruto. Tal como o semeador, todo discípulo de Jesus é desafiado a fazer a mesma coisa.

Mesmo quando as contrariedades parecem se avolumar o convite é não se deixar amedrontar, o bem sempre aparece, vai ampliando horizontes e fazendo perceber a presença de Deus trazendo um novo dinamismo como uma dádiva de Deus para a humanidade. Deus atua sempre independente das circunstâncias e nada irá frustrar que o trabalho produza frutos. Não se trata de forçar o tempo e a dinâmica da semente, ambos têm seu próprio desenvolvimento e na hora oportuna será possível ver e colher os resultados.

Seja o anuncio do Reino feito outrora por Jesus e seus discípulos, seja aquele realizado ao longo do tempo por seus seguidores e na atualidade por todos os que se dispõe seguir o ensinamento do mestre, nenhuma fragilidade vai impedir a irresistível força do Reino de Deus. O texto do Evangelho é mais uma vez um desafio de paciência, confiança, coragem. Não tenhamos medo o dinamismo de Deus sempre encontra caminhos para realizar seu projeto de amor e salvação da obra criada.

Esta ideia foi apresentada também pelo profeta Ezequiel na primeira leitura, apesar das voltas que a história deu, aqueles que em Deus confiam não devem desistir, Deus nunca deixou ninguém à margem da história e continua a oferecer um futuro de paz e de justiça. A primeira leitura é também uma mensagem de esperança e só Deus é o Senhor da História.

Por isso nós rezamos no Salmo:

Mesmo no tempo da velhice darão frutos, *
cheios de seiva e de folhas verdejantes;

e dirão: "É justo mesmo o Senhor Deus: *
meu Rochedo, não existe nele o mal!"

 

São Paulo nos garante que toda a nossa vida terrena não é outra coisa senão uma caminhada na sombra das asas de Deus: “Estamos sempre cheios de confiança e bem lembrados de que, enquanto moramos no corpo, somos peregrinos longe do Senhor; pois caminhamos na fé e não na visão clara”. Tal como a semente plantada que a seu tempo produz fruto, um dia todos nos sentaremos à mesa na casa de Deus, essa é a certeza que deve orientar nossa vida.

quinta-feira, 6 de junho de 2024

HOMILIA PARA O DIA 09 DE JUNHO DE 2024 - 10º DOMINGO COMUM - ANO B

 

QUEM É QUEM DIANTE DE DEUS E DO MUNDO

A Palavra de Deus proclamada na liturgia deste domingo tem por objetivo responder duas perguntas. Com quem a pessoa se relaciona e a quem ela obedece. No Evangelho mais uma vez as autoridades dos judeus tentam desmoralizar Jesus, desta vez relacionando a sua pessoa com o príncipe dos demônios. Esta atitude farisaica em nada se diferencia das práticas contemporâneas, quando alguém ou algum grupo que desacreditar uma pessoa procura sempre atacar sua integridade pessoal e moral, silencia as boas obras e fortalece os defeitos.

Os textos do Evangelho de Marcos que estamos ouvindo nos domingos deste ano estão centrados sobre duas ideais fundamentais o Reino e o discipulado. O evangelista deixa claro que as ações de Jesus em nada se comparam com as autoridades mundanas. Pelo contrário, enquanto as autoridades humanas se sustentam sobre a autoridade, o poder e a força, Jesus mostra que sua ação é pautada pelo amor e pela obediência à vontade de Deus. E esse convite ele faz a todos os que aceitam ser seus discípulos e seguidores. Quando lhe dizem: “Sua mãe e seus irmãos estão ali fora e querem lhe ver” ele não os desqualifica como parentes de sangue, mas estende o parentesco para todos os que agem como Ele e como sua mãe: olhando para os que estavam sentados ao seu redor, disse: Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe". Ao contrário de ideias mágicas sobre a religião, Jesus apresenta seu projeto criando laços de amizade e fraternidade, em outras palavras construindo uma verdadeira e única família que é sinal da presença do Reino de Deus no meio de todos.

Quando ele é chamado como Novo Adão fica claro que entre Jesus e a primeira criatura humana existe uma diferença simples, mas fundamental. Adão se fez de surdo e não soube explicar quem ele era e onde estava. Procurou desculpas e subterfúgios atribuindo a Eva o seu pecado e desobediência. Enquanto Jesus se confirma obediente e convida todos a ter as mesmas atitudes.  Em resumo para fazer parte do Reino de Deus somos chamados a permanecer alertas quando se trata das tentações que o mundo oferece.

Tentações que na segunda leitura Paulo chama de tribulações e sofrimentos as quais ofuscam e diminuem o ardor missionário. Paulo, se autodeclarando discípulo de Jesus deixa também claro que a fé na pessoa e ressurreição de Jesus é a condição para superar todas as dificuldades terrenas. Nossa vida precisa ter dois eixos: comunhão com Jesus e com as pessoas é assim que rezamos na oração da missa: “Fazei-nos pensar o que é reto e realizá-lo com vossa ajuda”.

 

 

 

sábado, 1 de junho de 2024

HOMILIA PARA O DIA 02 DE JUNHO DE 2024 - 9º DOMINGO COMUM - ANO B

 

CULTIVAR A SOLIDARIEDADE E A COMUNHÃO

Nesta semana a Igreja no Brasil inteiro celebrou a solenidade de Corpus Christi. Paralelo com a arte e a criatividade na confecção dos tapetes foram inúmeras as iniciativas de solidariedade e de partilha sugeridas para completar a adoração que fazemos a Jesus presente na Eucaristia. Na mesma direção, são inúmeras as iniciativas de diferentes religiões e instituições que promovem campanhas de partilha e corresponsabilidade. A Palavra de Deus nos mostra como esses gestos fazem parte das características e do jeito de ser de Deus!

A primeira leitura destaca a necessidade de um dia dedicado ao Senhor, o qual é também um dia de cuidado para consigo mesmo, com a obra criada e obviamente com todas as pessoas. Ao fazer a recordação da condição em que viveram os antepassados o autor do livro deixa claro que a mão de Deus sempre os acompanhou: “Lembra-te de que foste escravo no Egito e que de lá o Senhor teu Deus te fez sair com mão forte e braço estendido. É por isso que o Senhor teu Deus te mandou guardar o sábado”.

A solidariedade, a partilha e o comprometimento com os sofrimentos das pessoas é o remédio capaz de curar todas as formas de humilhação e exclusão. No Evangelho Jesus desmistifica o rigorismo da lei de Moisés aplicada pelas autoridades do seu tempo e confirma a supremacia da pessoa diante da lei, das necessidades e sofrimentos. Ele justifica a colheita de espigas para matar a fome e cura o homem que estava sendo humilhado pela exclusão mais do que pela doença: “E perguntou-lhes: 'É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?' Mas eles nada disseram. Jesus, então, olhou ao seu redor, cheio de ira e tristeza, porque eram duros de coração; e disse ao homem: 'Estende a mão'. Ele a estendeu e a mão ficou curada”.

Apesar das inúmeras oportunidades de acolhimento, partilha e solidariedade sempre estamos sujeitos a nos fechar em nossas verdades, nossos costumes e sobretudo na mania de perfeição  e sobre isso nos recorda São Paulo: “Somos afligidos de todos os lados, mas não vencidos pela angústia; postos entre os maiores apuros, mas sem perder a esperança; perseguidos, mas não desamparados; derrubados, mas não aniquilados; por toda parte e sempre levamos em nós mesmos os sofrimentos mortais de Jesus, para que também a vida de Jesus seja manifestada em nossos corpos”.

Então, celebremos cada dia como uma boa oportunidade para fazer o bem: adorar a Deus participando das celebrações, descansar e fortalecer os laços de amizade e família. Lembremos que o centro da obra de Deus é o ser humano, criado à Sua imagem e semelhança. Por isso, Jesus disse ao homem da mão seca: “Venha para o meio” (Mc 3,3) e o curou. Jesus está a serviço da vida.


quarta-feira, 22 de maio de 2024

HOMILIA PARA O DIA 26 DE MAIO DE 2024 - DOMINGO DA SANTÍSSIMA TRINDADE - ANO B

 


TRINDADE, COMUNIDADE DE AMOR

A Trindade, perfeita comunidade de amor, serve como modelo para todos os seguidores de Jesus, que são chamados a formar comunidades acolhedoras, onde se vive o amor fraterno e a sinodalidade. A caminhada conjunta do povo de Deus, reflete a unidade e a comunhão da Trindade.

O texto do Deuteronômio apresenta Deus que vai ao encontro das pessoas, falando de uma maneira que elas podem entender, apontando caminhos seguros nos quais Ele mesmo intervém quando aqueles que Ele ama se sentem ameaçados e inseguros nas travessias: “Existe, porventura, algum povo que tenha ouvido a voz de Deus falando-lhe do meio do fogo, ou terá jamais algum Deus vindo escolher para si um povo entre as nações, por meio de provações, de sinais e prodígios, por meio de combates, com mão forte e braço estendido, e por meio de grandes terrores, como tudo o que por ti o Senhor vosso Deus fez. Reconhece, pois, hoje, e grava-o em teu coração, que o Senhor é o Deus lá em cima do céu e cá embaixo na terra, e que não há outro além dele”.

É importante que nos perguntemos sobre nossa relação com Deus. Compreendemos e recorremos a Ele como um Deus amoroso e sensível ao nosso cotidiano e às nossas fraquezas, ou cultivamos a imagem de um Deus intolerante, duro e insensível, sempre disposto a castigar e vingar sem piedade os deslizes humanos? Celebrar a Santíssima Trindade implica um convite para descobrir o verdadeiro rosto de Deus, um Deus que caminha conosco sinodalmente, compartilhando nossa jornada e nos guiando com amor.

São Paulo escreve aos Romanos: “Todos aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. De fato, vós não recebestes um espírito de escravos, para recairdes no medo, mas recebestes um espírito de filhos adotivos, no qual todos nós clamamos: Abá - ó Pai”. Estas palavras confirmam que o Deus em quem acreditamos não é alguém que vê de longe e com indiferença os dramas e sofrimentos humanos, mas acompanha com paixão a caminhada da humanidade.

No Evangelho, Jesus esclarece a vinculação das pessoas com a Santíssima Trindade: “Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo”. Este mandato reflete a essência da sinodalidade, uma Igreja que caminha junto, em comunidade, compartilhando a missão de anunciar o Evangelho.

 

Jesus envia os discípulos, e a nós hoje, com a missão de fazer discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. O batismo, que insere os filhos e filhas de Deus na comunidade cristã, realizado em nome da Trindade santa, recorda a cada cristão que a unidade de amor existente em Deus é um ideal a ser buscado aqui na terra. Essa unidade é vivida na caminhada sinodal, onde todos participam ativamente da missão da Igreja.

Ao celebrarmos a Trindade, celebramos a perfeita comunhão de amor de Deus e nossa própria missão de batizados. Marcados no batismo pelo selo do amor divino, somos chamados a vivenciar em comunidade esse amor, acolhendo todos, especialmente os esquecidos e abandonados.

A sinodalidade nos convida a participar dessa dinâmica divina do amor, onde nossa missão é vivida em comunidade, construindo relações transformadas pelo amor infinito da Trindade. Não há outro caminho para entrar na misteriosa dinâmica do amor de Deus, senão através da nossa caminhada conjunta, onde cada um contribui para a edificação do Corpo de Cristo na unidade e no amor.