sábado, 17 de outubro de 2009

ETICA E MORAL IV

III - A CONSCIÊNCIA CRÍTICA NAS PESSOAS
E NAS RELAÇÕES

O ser humano é um ser social. Ele produz a sociedade e nela se situa de forma crítica. Estabelece em relação a ela um processo de legitimação e de controle que é ao mesmo tempo uma terapia que pode ser melhor explicada nos seguintes tópicos.

1 – Necessidade de consciência crítica
Consciência é a presença que a pessoa tem de si mesma e das realidades que a rodeiam. Em outras palavras conhece seu texto e seu contexto. Em se tratando de ética consciência pode ser definida como capacidade de discernir entre o bem e o mal. No decorrer dos seus dias a pessoa vai formando critérios que fundamentam suas decisões éticas.
Consciência psicológica e consciência ética se completam, quanto mais a pessoa tem noção de si e das suas realidades, mais adequados serão seus juízo crítico e sua realização pessoal. Tratar da consciência crítica significa estabelecer um dinamismo constante que pode ser interpretado como peneira, purificação, limpeza. A consciência crítica não é uma estrutura abstrata, nem uma entidade teórica, mas consiste numa prática.
Cada pessoa está imersa em mecanismos que sustenta na sua base social o modo de pensar, valorizar e agir de grupos humanos. Por conta disto a pessoa pode ser levada a agir como ‘massa’. Esta é mais uma razão para estar atenta reflexivamente ao meio em que vive.
Vivemos num círculo ideológico que racionaliza e operacionaliza objetivos parciais, reduzindo, setorizando, discriminando e distorcendo a realidade; criam-se palavras-chaves, em nome das quais tudo encontra justificativa.
A consciência crítica visa quebrar estas ambiguidades a fim de cada pessoa se perceba como construtora de sua sociedade e não simples tarefeira.

2 – Condições para a consciência crítica se desenvolver

a) Abertura intelectual - que é também a capacidade de questionar se a prática não está defasada em relação à teoria. A abertura intelectual é favorecida pela experiência com o diferente, a mesma prática muitas vezes dá sensação de segurança e de ordem. É muito importante que um indivíduo tenha contato com outro de modo a conhecer formas diversas de viver a mesma realidade. Esta atitude levará necessariamente a adquirir uma nova compreensão de si mesmo.
A abertura propicia reconhecer que as verdades sofrem contínuas releituras e reinterpretações. É mais do que compreensível que como a realidade exige o sentido cumulativo em que as verdades são superadas sempre surgindo algo de novo junto com aquilo que permanece de velho. (O Reino de Deus é como um pai que tira do seu tesouro coisas novas e velhas).

b) Segurança afetiva – Cada indivíduo vai construindo sua auto-segurança assimilando dentro de si mesmo novidades e diferenças. A afetividade, de certo modo, impede a abertura da inteligência para a crítica da realidade; é o caso de pessoas que afirmam ‘já faz trinta anos que trabalhamos assim na empresa, para que mudar?”ou “em time que está ganhando não se mexe”. Aqui a lógica do convencimento esbarra contra a lógica do sentimento: por isso as pessoas que propõem mudanças devem ser percebidas como alguém que quer o bem dos outros e que suas propostas são um enriquecimento de segurança e não uma ameaça à mesma. Isto, por exemplo, pode se verificar quando é necessário transferir alguém de setor ou de função – flexibilidade.
c) Saber lidar com o imprevisto - A consciência crítica, pode nos colocar em situações que exijam ações bem diferentes para o bem do ser humano, o chamado ‘próximo’. Caso típico é a parábola do bom Samaritano. – emergência. Ora, quantas vezes não acontecem imprevistos de muito menor monta que, porém, não são levados em conta, colocando em perigo saúde, relacionamento e outros valores humanos? Por exemplo, uma pessoa sofre um ‘mal estar súbito’. Problema dela, não posso deixar o que estou fazendo. Alguém chegou atrasado para a missa – nem me interessa o problema não é meu. A vivência ética deve colocar o ser humano com sua real necessidade acima de tudo.

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