segunda-feira, 12 de outubro de 2009

EUCARISTIA III


VOLTANDO ÀS ORIGENS


Com a doutrina pós conciliar a Eucaristia recupera a sua dimensão original e Bento XVI afirma que “De fato, na Eucaristia, o Filho de Deus vem ao nosso encontro e deseja unir-se conosco; a adoração eucarística é apenas um prolongamento visível da celebração eucarística, a qual, em si mesmo, é o maior ato de adoração: receber a Eucaristia significa colocar-se em atitude de adoração daquele que comungamos. Precisamente assim é que nos tornamos um só com ele e, de algum modo, saboreamos antecipadamente a beleza da liturgia celeste”. (Cf. Sacramentum caritatis 66).


É sob esta ótica que a doutrina atual da Igreja e as orientações litúrgicas nos apresentam a celebração da Solenidade do Corpo de Cristo. “O ato de adoração fora da missa prolonga e intensifica aquilo que se fez na própria celebração litúrgica” (Cf. Sacrametum caritatis 67). Deste modo na liturgia desta solenidade está prescrita a procissão dos fiéis que seguem e adoram Cristo presente na forma de pão. A solene procissão que percorre ruas e estradas, decoradas com esmero pelos fiéis, é símbolo da Igreja peregrina, os que dela participam não estão somente juntos fisicamente, mas expressam também sua fé em Cristo que abriu o caminho para o Pai.


Em relação à decoração das ruas por onde vai passar o Santíssimo Sacramento cabe a observação de São João Crisóstomo, bispo e doutor da Igreja: “Queres honrar o Corpo de Cristo? Não permitas que seja desprezado nos seus membros, Isto é, nos pobres que não tem o que vestir, nem o honres no templo com vestes de seda, enquanto lá fora o abandonas ao frio e à nudez. Aquele que disse Isto é meu Corpo, também afirmou: Vistes-me com fome e não me destes de comer, e ainda: De que serviria, afinal, adornar a mesa de Cristo com vasos de ouro, se ele morre de fome na pessoa dos pobres? Primeiro dá de comer a quem tem fome, e depois ornamenta a sua mesa com o que sobra” (Homilias sobre o evangelho de Mateus). Esta exortação é retomada por Bento XVI com as seguintes palavras: “A espiritualidade eucarística não é apenas participação na Missa e devoção ao Santíssimo Sacramento; mas abraça a vida inteira... habilita-nos e impele-nos a um compromisso corajoso às estruturas deste mundo para lhes conferir aquela novidade de relações que tem sua fonte inexaurível no dom de Deus. O pedido que repetimos – o pão nosso de cada dia – obriga-nos a fazer todo o possível - em colaboração com todos – para que cesse ou pelo menos diminua o escândalo da fome e da subnutrição que padecem muitos milhões de pessoas...” (Cf. Sacrametum caritatis 77 e 91).

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