sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

HOMILIA PARA O DIA 21 DE FEVEREIRO DE 2021 - 1º DOMINGO DA QUARESMA - ANO B

 

COM JESUS NOS DESERTOS DA VIDA

No Evangelho deste domingo nós lemos: “Jesus foi para o deserto durante quarenta dias, e ali foi tentado por Satanás. Vivia entre os animais selvagens, e os anjos o serviam”. Convenhamos que muitas vezes nós nos encontramos em “desertos da vida” e exatamente nestas situações experimentamos o máximo de nossa fraqueza, ou seja, todas as tentações possíveis e imagináveis, mas são também nestas horas que provamos todas as nossas forças e auxílios inimagináveis. Em outras palavras somos servidos pelos anjos.

A primeira leitura conta a relação de Deus com a humanidade depois do restabelecimento da aliança e da destruição do pecado que corrompia o mundo e todas as pessoas. Deus mostra sua face misericordiosa conversa fraternalmente com as criaturas e confirma sua disposição de acompanhar todos os passos da humanidade renascida pelas águas do dilúvio: “Estabeleço convosco a minha aliança. 'Este é o sinal da aliança que coloco entre mim e vós, e todos os seres vivos que estão convosco, por todas as gerações futuras. Ponho meu arco nas nuvens como sinal de aliança entre mim e a terra. Quando eu reunir as nuvens sobre a terra, aparecerá meu arco nas nuvens. Então eu me lembrarei de minha aliança convosco e com todas as espécies de seres vivos. E não tornará mais a haver dilúvio que faça perecer nas suas águas toda criatura”. O texto é uma palavra de esperança para a humanidade e mostra a bondade e a disposição de Deus que por meio do seu arco abraça e abençoa a humanidade.

Vencendo todas as tentações do deserto Jesus deixa claro que a nova humanidade não nasce das fraquezas e do pecado, pelo contrário, nasce da solidariedade e da comunhão com todos simbolizados nos “anjos que o serviam”. Dirigindo-se aos discípulos fala também a nós: 'O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!”.  Passada a provação do deserto Jesus não teve uma vida fácil e livre de outras tentações e provações. Ao longo de todo o seu ministério ele se viu provocado por muitas outras situações que se assemelham ao deserto no início da missão.  

Com ele podemos aprender que a proximidade do Reino de Deus não é um acontecimento mágico, que se concretiza caindo do céu, nem tampouco marcado pela violência e pela construção de muros, antes pelo acolhimento do evangelho, pelo diálogo fraterno entre aqueles que convivem nos mesmos espaços e que pensam diferente de nós.

A concretização do Reino de Deus pede de cada pessoa um processo diário de conversão, de renuncia aos próprios interesses e a autossuficiência. Modificar nossa mentalidade, nossos valores e atitudes. Em resumo deixar-se ajudar pelos anjos que quase sempre estão próximos de nós nas pessoas com quem convivemos.

A carta de Pedro faz uma releitura do diluvio afirmando: “A arca corresponde o batismo, que hoje é a vossa salvação. Pois o batismo não serve para limpar o corpo da imundície, mas é um pedido a Deus para obter uma boa consciência, em virtude da ressurreição de Jesus Cristo. Ele subiu ao céu e está à direita de Deus, submetendo-se a ele anjos, dominações e potestades”.

Esta leitura recorda que o Batismo é para os cristãos a aceitação da salvação que Cristo veio trazer. Uma vez batizados somos inseridos no dinamismo de uma vida nova que é o germe da humanidade renovada.

Se tem uma conclusão que pode ser útil para todos nesta quaresma consiste em perceber que a salvação trazida por Jesus não exclui ninguém, nem mesmo os pecadores obviamente que também os cristãos são convidados a praticar as mesmas ações de Jesus. Colocar nossa confiança nele e testemunhar com a vida os valores do evangelho.

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