AMAR NÃO COM PALAVRAS, MAS EM AÇÕES E
EM VERDADE
As
notícias sobre a queda de um edifício ocupado irregularmente em São Paulo,
trouxe à baila uma enorme e antiga discussão sobre o direito à moradia e a
dignidade das pessoas. Esta semana todos os meios de comunicação dedicaram
horas de reportagens tratando sobre uma infinidade de questões relacionadas ao
fato. Quase não se viu uma opinião que tocasse no cerne do problema. As
palavras do Cardeal de São Paulo não encontraram eco na grande imprensa. Dom
Odilo colocou as igrejas a disposição para acolhimento dos vitimados pela
tragédia, fez mediação com as autoridades, mas tudo isso não passa de medidas
paliativas em relação ao grande problema que o mesmo arcebispo apontou: “Não temos um
déficit habitacional… o que nós temos é uma distribuição inadequada das
habitações… falta uma política habitacional adequada para as necessidades da
população”. Em outras palavras
enquanto não se resolver isso vão continuar se repetindo tragédias deixando as
pessoas e a sociedade sempre mais vulnerável.
Tratar destas questões com seriedade é uma forma de viver o
Evangelho que recomenda não apenas discursos bonitos, mas ações e verdade: “Se guardardes os meus
mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu
Pai e permaneço no seu amor. Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi
e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça”.
Amar as pessoas como
Jesus pede no Evangelho, exige ter a coragem e o discernimento de não fazer
pré-julgamentos das pessoas tratando-as como merecedoras disso ou daquilo.
Pedro, inspirado pelo Espírito Santo declarou: “Podemos, por acaso, negar a água do batismo a
estas pessoas que receberam, como nós, o Espírito Santo? E
mandou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo”.
Amar as pessoas significa
compreender que “Deus enviou o seu Filho único ao mundo, para que tenhamos
vida por meio dele” e não para julgar o mundo e os outros segundo nossos
critérios.
Peçamos que a Eucaristia
nos fortaleça e nos coloque no caminho dos pobres e desvalidos, daqueles que
muitas vezes são excluídos das políticas de igualdade e inclusão e que
invariavelmente são vítimas do descaso e do desrespeito daqueles que se dizem
responsáveis e que governam e apenas se lembram de ver os desvalidos quando a
desgraça já lhes bateu a porta.
Que os cristãos sejam
fortalecidos pelo profetismo de Jesus e tenham a coragem de encarar as
realidades que contradizem o Reino de Deus.