FELIZ QUEM É CARIDOSO E PRESTATIVO
Há pouco mais de duas dezenas de
anos se multiplicaram nas gôndolas dos supermercados a variedade e composição
para enriquecer a aparência do sal, mas no final das contas o que conta mesmo é
que o sal, por si mesmo, é o elemento mais importante para dar sabor e para
conservar os alimentos.
Na mesma proporção se multiplicaram
as luminárias e os elementos que compõe as lâmpadas para distintos ambientes.
Recentemente nota-se grande investimento nas chamadas energias limpas. Também,
como o sal, o que conta é que a lâmpada clareie. A luz só faz sentido quando
ilumina!
O Evangelho deste domingo usa as comparações
da luz e do sal e está na sequência das Bem-aventuranças, isso significa que a
felicidade consiste em não viver somente para si e em função de si. A
felicidade consiste em ser Sal e Luz, ou seja, dando sabor e colaborando para
que as pessoas caminhem seguros por estradas de fraternidade, de comunhão, de
construção da paz,
O desafio de ser sal e luz é uma
proposta que Jesus fez aos seguidores de outrora e que continua sendo colocada
para cada um de nós. Se somos de fato cristãos não temos o direito de nos acomodar
na indiferença e na facilidade do cotidiano, nem tampouco nas práticas de
piedade que não se comprometem com o mundo e com as relações de fraternidade.
Ser sal e luz implica compreender
o pedido do Papa na Carta Fratelli Tutti: não se fazer de descomprometido
diante da dor e das feridas do cotidiano. Afinal somos todos irmãos e,
portanto, responsáveis para garantir a conservação e o cuidado da vida em todas
as suas formas e em todos os tempos de modo que todos vivam em segurança e bem
guiados todos os dias.
E como fazer isso se não com
gestos concretos como nos pede o profeta na primeira leitura: “Reparte o
pão com o faminto, acolhe em casa os pobres e peregrinos. Quando encontrares um
nu, cobre-o, e não desprezes a tua carne. Então, brilhará tua luz como a aurora
e tua saúde há de recuperar-se mais depressa; à frente caminhará tua justiça e
a glória do Senhor te seguirá”.
E para fazer essas atitudes não são necessárias a
eloquência e a presença dos holofotes São Paulo deu aos coríntios uma lição que
serve para todos: “Irmãos,
quando fui à vossa cidade anunciar-vos o mistério de Deus,
não recorri a uma linguagem elevada ou ao prestígio da sabedoria humana. Pois, entre vós, não
julguei saber coisa alguma, a não ser Jesus Cristo, e este,
crucificado”.
A verdadeira religião, a que se faz sal e luz não é uma
religião de ritos e práticas vazias de compromisso, antes é uma religião que
ilumina para uma nova terra mais cheia de paz, de esperança e de solidariedade.
Deixemo-nos conduzir pela oração do salmista:
Uma
luz brilha nas trevas para o justo,
permanece para sempre o bem que fez.