O SENHOR É FIEL PARA SEMPRE
No
vocabulário regional do sul do Brasil, se usa a expressão: “Radio Peão” para
designar notícias, comentários, conversas que passam de boca em boca e muitas
vezes tem um fundo de verdade. Outras vezes se faz referência ao estilo de
pessoas que costumam passar informações mirabolantes e deles se diz: “Fulano
aumenta, mas não inventa”. Pois a Palavra de Deus deste domingo tem por
objetivo clarear e confirmar os fatos que circulavam na região a respeito do
Messias e sobre os quais as pessoas não tinham convicção.
A
expectativa da intervenção de Deus na história gerou nas comunidades um clima
que o profeta trata de confirmar dizendo: “Alegre-se a
terra que era deserta e intransitável, exulte a solidão e floresça como um
lírio. Germine e exulte de alegria e louvores”. Dito de outra forma: O que se houve por aí não é conversa fiada, pelo
contrário, a chegada de Deus dará uma vida nova ao povo e o fará caminhar para
o tempo e a terra da liberdade.
A primeira leitura é uma proclamação de esperança e
para aqueles que acreditam a presença de Deus será uma oportunidade de grandes
realizações. Deus nunca abandona a sua criatura, basta que as pessoas caminhem
na esperança e tenham coragem de enfrentar as adversidades da história: “Fortalecei as mãos enfraquecidas e firmai os
joelhos debilitados. Dizei às pessoas deprimidas: "Criai ânimo, não
tenhais medo”!
Na mesma direção estão as palavras de Tiago na
segunda leitura. O texto é um convite a não se deixar dominar pelo medo, pela
angústia e o desespero. Antes trata-se de aguardar com confiança e esperança a
vinda do Senhor: “Ficai firmes até à
vinda do Senhor. Vede o agricultor: ele espera o precioso fruto da terra e fica
firme até cair a chuva do outono ou da primavera. Também vós, ficai firmes e
fortalecei vossos corações, tomai
por modelo de sofrimento e firmeza os profetas, que falaram em nome do
Senhor”.
Por causa da sua coragem e determinação João Batista
foi perseguido e preso. Lá ouve a “rádio peão” e as conversas das pessoas que “aumentam,
mas não inventam” relatando sobre os extraordinários feitos de uma pessoa que
eles julgam ser o Messias. João se serve dos seus discípulos para esclarecer as
dúvidas que pairavam no ar: “João estava
na prisão. Quando ouviu falar das obras de Cristo, enviou-lhe alguns
discípulos, para lhe perguntarem: És tu, aquele que há de vir? ”
Jesus, como era do seu costume, não faz discurso
para responder as indagações. Contra fatos não existem argumentos: “Ide contar a João o que estais ouvindo e
vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são
curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados. Feliz
aquele que não se escandaliza por causa de mim!"
Em resumo a presença de Jesus no meio do povo
confirma o que havia sido anunciado pelos profetas e por João Batista e esta
realidade identifica a ação de Jesus coma realização do Reino de Deus.
Também os cristãos contemporâneos são
convidados a fazer reconhecer a presença de Jesus no meio do mundo. Cada pessoa
e a Igreja inteira é convidada a caminhar junto não apenas por meio do culto,
das orações e das doutrinas. Todos indistintamente somos convidados a cuidar das
feridas que o mundo provoca de tal maneira que todos possam perceber em nossa
prática cotidiana a presença de Deus que age conforme rezamos no salmo:
O Senhor é fiel para
sempre, *
faz justiça aos que são oprimidos;
ele dá alimento aos famintos, *
é o Senhor quem liberta os cativos.