sexta-feira, 24 de junho de 2022

HOMILIA PARA O DIA 26 DE JUNHO DE 2022 - 13º COMUM - ANO C

 

DISPONIBILIDADE PARA CAMINHAR COM JESUS

Se tem uma coisa importante na vida de uma pessoa é se sentir valorizada e útil dentro das suas habilidades e competências. A Palavra de Deus nesse domingo apresenta mais uma vez o convite feito ao longo da história para as pessoas participarem do projeto de construção do Reino e de inclusão das pessoas.

Na primeira leitura o convite é dirigido a um trabalhador do campo de nome Eliseu, ele entendeu o chamado e teve coragem de romper com um estilo de vida e abraçar de modo radical a tarefa para a qual estava sendo convidado.

Na pessoa de Eliseu podemos perceber como o profeta não é alguém que caiu do céu e invade o cotidiano das pessoas, nem tampouco que o profeta seja um sujeito que não tenha habilidade para outras funções e responsabilidades, mas que Deus sempre chamou colaboradores falando-lhes a partir do cotidiano do seu trabalho. Sem fazer imposição, nem dar espetáculo Deus age no mundo por meio das ações das pessoas que aceitam o convite.

Ontem como hoje, Deus continua chamando a cada um de nós, respeitando o nosso cotidiano, mas nos desafiando a responder com determinação e ousadia.

O Evangelho é um mosaico de convites para mostrar que todos podem participar da missão de Jesus, para isso basta determinação para aceitar o convite.

O primeiro convite Jesus dirige a uma pessoa deixando claro que a missão não lhe garante estabilidade, pelo contrário quem aceita a missão precisa compreender a disposição de viver como Ele.

O segundo convidado estabelece um tempo que ele determina como a morte do pai, não significa que o pai estivesse morto, mas que ele queria acompanhar os pais até o fim da vida, Jesus não desvaloriza nem despreza a dignidade das famílias e a realidade da morte, mas deixa claro que o Reino é prioridade!

A terceira pessoa convidada pede um prazo para tomar a decisão, Jesus, porém reafirma que seu projeto pede coragem, determinação e firmeza de olhar para frente, não ficar preso ao passado, ou seja o Reino de Deus exige dedicação!

Diante destas três condições podemos nos perguntar quais são os argumentos que usamos para justificar nossa insegurança quando se trata de responder ao convite que Deus nos faz para usar nossas competências e habilidades para projetos maiores do que o pequeno horizonte que nossos olhos alcançam.

Paulo recorda aos Gálatas e também a cada um de nós o que significa ser livre e deixa claro que liberdade não é sinônimo de viver estritamente preocupado com as nossas próprias vontades, mas que a verdadeira liberdade consiste num caminho de resposta ao chamado cotidiano que Deus continua nos dirigindo diante das exigências contemporâneas, trata-se de identificar a nossa vida com a vida de Jesus.

Ao contrário de viver nos pequenos limites da nossa autossuficiência, somos desafiados a superar tudo o que nos escraviza abrindo-nos para o serviço generoso em favor das pessoas e do mundo.

Somos desafiados e perceber que na atualidade, facilmente temos uma perspectiva egoísta do significado da palavra liberdade e vivemos como se tudo fosse voltado para nosso próprio interesse e necessidade, no entanto a verdadeira liberdade está sempre na perspectiva do outro e do bem coletivo no cuidado com tudo e todas as cosias.

Peçamos a graça de tornar realidade em nossa vida o que rezamos no salmo: “ Eu bendigo o Senhor, que me aconselha,/ e até de noite me adverte o coração./ Tenho sempre o Senhor ante meus olhos,/ pois se o tenho a meu lado não vacilo”.

sexta-feira, 10 de junho de 2022

HOMILIA PARA O DIA 19 DE JUNHO DE 2022 - 12º DOMINGO COMUM - ANO C

 

O CRISTO DE DEUS

 

O Papa Francisco na noite que foi escolhido Bispo de Roma, inclinou-se diante da multidão reunida na praça São Pedro e pediu que rezassem por Ele. Frequentemente termina seus discursos repetindo sempre: “Rezem por mim! ”.

Também nós, muitas vezes até de modo mecânico dizemos: “Reze por mim! ”, ou “vou rezar por você”, “Conte com minha prece” e assim por diante.

Essa prática, não resta dúvida que se fundamenta na vida e na pessoa do próprio Jesus. No Evangelho de Hoje, mais uma vez, Lucas coloca Jesus em oração antes de clarear para os seus discípulos a sua verdadeira identidade e as implicações dessa sua condição.

Pedro respondeu em nome de todos e assumiu para toda a comunidade dos discípulos as implicações da resposta que significou segui-lo até a entrega da própria vida. Obviamente que também para nós reconhecer Jesus como nosso Salvador impacta de modo determinante a nossa vida, que pode ser expresso nas palavras: “Carregar a cruz de cada dia”.

Jesus faz, entre os doze, uma espécie de pesquisa de opinião com o objetivo de ajudar os discípulos entenderem, de maneira madura, a sua identidade e missão que consistia em restabelecer a esperança alimentada por gerações entre o povo de Israel. Essa tarefa Jesus não vai realizar ao modo dos poderosos do seu tempo, pelo contrário, sua arma e trono é a cruz e sua estratégia é a renúncia de si mesmo e de todas as honrarias e prestígios.

Em nossas comunidades proclamamos com convicção que aceitamos Jesus como nosso salvador, mas muitas vezes perdemos tempos e gastamos energias em disputas por prestigio, honras, postos elevados, títulos, coordenações. Facilmente deixamos de lado a dimensão do serviço proposta por Jesus e usamos as tarefas e funções para autopromoção criando conflitos, rivalidades e mal-estar. A primeira leitura fala de um profeta anônimo: “Ao que eles feriram de morte, hão de chorá-lo, como se chora a perda de um filho único, e hão de sentir por ele a dor que se sente pela morte de um primogênito. Naquele dia, haverá um grande pranto em Jerusalém” com o qual os primeiros cristãos identificaram como sendo a pessoa de Jesus cuja fidelidade à missão recebida do Pai o levou até o sacrifício da própria vida.

São Paulo escreve aos Gálatas afirmando a nova condição de batizados: “O que vale não é mais ser judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um só, em Jesus Cristo”.

Nós nos declaramos fiéis e comprometidos com Jesus e sua causa, aceitamos o batismo e os demais sacramentos da Igreja, frequentamos as celebrações e praticamos diversas formas de piedade popular, fazemos romarias, jejuns e longas orações, mas nem sempre temos a coragem de “carregar a cruz de cada dia”.

Na condição de novas criaturas somos livres e identificados com Cristo e temos as mesmas responsabilidades que se expressam nas palavras “sinal de Jesus Cristo, Sacerdote, Profeta e Pastor”. Em outras palavras ser no meio do mundo o “bom perfume de Jesus”.

Peçamos a graça de compreender que a Palavra de Deus deste domingo nos convida a fazer uma correção no modo como entendemos os serviços e ministérios na Igreja e nas comunidades. Que verdadeiramente a palavra “servir” que usamos para nossas atividades sejam no sentido de “tomar a cruz de cada dia e caminhar atrás de Jesus”.

quarta-feira, 8 de junho de 2022

HOMILIA PARA O DIA 12 DE JUNHO DE 2022 - SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE - ANO C

 

DEUS VERDADEIRO DE DEUS VERDADEIRO

Ninguém duvida do Mistério da Santíssima Trindade, mas celebrar a Solenidade de hoje não tem o objetivo de pensar sobre um mistério insondável, mas de contemplar o extraordinário amor de Deus pela humanidade. A melhor definição para o mistério que celebramos foi dada pelo evangelista João: “Deus é amor”.

Por conta dessa verdade a humanidade inteira é convidada a viver e aperfeiçoar sempre o que chamamos simploriamente de “amor exigente”. E não basta transformar essa palavra num slogan a ser repetido, mas encarnar nas ações e na vida toda, a não se conformar nem tampouco concordar com uma sociedade que diz que ama, enquanto mantém e alimenta sistemas sociais, econômicos, políticos e religiosos que excluem, marginalizam e empobrecem centenas de milhares de pessoas.

A solenidade de hoje é um convite para contemplar Deus que é amor, que é família, que é comunidade, que é criador e comunhão. Esta compreensão já aparece na primeira leitura em cuja bondade está inserida toda a obra criada.

Os primeiros estudiosos do Novo Testamento afirmam que a sabedoria relatada na primeira leitura é o próprio Jesus a quem Paulo chama de Sabedoria de Deus cuja origem está antes de todas as demais criaturas. Já nos primeiros três séculos os padres da Igreja afirmaram que também o Espírito Santo existia antes de todas as outras coisas e enviando-o ao mundo fez revelar toda a Sabedoria do Pai e do Filho que ainda não tinha sido compreendido, nem mesmo pelos discípulos que haviam convivido com o Filho.

Esta leitura nos faz pensar num Deus que é Pai providente e cuidadoso a quem as pessoas podem contemplar à medida que descobrirem sua presença na beleza e na harmonia de toda a obra criada.

São Paulo aos romanos, na segunda leitura, afirma que o amor de Deus é que perdoa e nos justifica para a vida plena, por meio de três atitudes, as quais todos somos convidados a continuar construindo no cotidiano da história.

Em primeiro lugar somos convidados a uma relação positiva com Deus que se constrói pela promoção da paz; em segundo lugar ter presente a esperança que nos permite superar toda a dureza da caminhada. Essa esperança não é a mesma coisa que um otimismo fácil e irresponsável, mas de uma esperança de que está a caminho e que dá sempre novo sentido para a vida: em terceiro, e não menos importante, o amor às pessoas. Ser cristão implica na capacidade de amar como Deus amou, isto é, capaz de dar a vida para dignificar a vida.

Na mesma dimensão estão as palavras de Jesus no Evangelho como um convite para a meta final que implica na participação plena e na comunhão perfeita com o Deus/amor; Deus/família; Deus/comunidade! Quem nos conduzirá para a comunhão plena é o Espírito da sabedoria. E o Espírito Santo fará a comunidade sentir a presença consoladora do Senhor. O Espírito da Sabedoria que existia antes de todos os tempos preencherá de coragem todos os corações e não permitirá que se sintam decepcionados aqueles que se deixam guiar pela comunhão da Trindade. 


quinta-feira, 2 de junho de 2022

HOMILIA PARA O DIA 06 DE JUNHO DE 2022 - DOMINGO DE PENTECOSTES - ANO C

                                                VINDE PAI DOS POBRES

O Espírito é luz que ilumina,

Convoca e envia a Igreja em missão,

Renova a esperança e anuncia

O dia da festa da libertação.

Creio no Espírito Santo que renova o homem com a liturgia,

Creio no Espírito Santo que mata a fome na Eucaristia.

Que a comunidade dos discípulos de Jesus era entusiasta no que se referia a aceitar as propostas e seguir Jesus e sua doutrina ninguém dúvida. Mas ao mesmo tempo era medrosa e insegura quando se sentia longe dele e sem compreender o que estava acontecendo sobre tudo depois da sua morte e ressurreição.

Neste domingo de Pentecostes a Palavra de Deus mostra mais uma vez como os discípulos se renovam e se reanimam com as palavras e com a missão que o mestre lhes confia: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio". E depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: "Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos".

Como outrora também os cristãos contemporâneos vivemos num ambiente conturbado, violento, arrogante e todos temos a missão de proclamar e construir a paz. Precisamos de gente capaz de promover a alegria, o dinamismo, a paz, o perdão, que sejam semeadores de esperança diante dos desafios do mundo atual.

Os cantos e preces que elevamos ao Espírito Santo nos mostram como Ele é força criadora e renovadora de tudo e de todas as coisas. O Espírito é o próprio Deus em comunicação com a humanidade. Sem ele a Igreja não teria razão de existir: Sem o Espírito Santo: Deus está longe, Cristo permanece no passado, o Evangelho é letra morta, a Igreja é uma simples organização, a autoridade é uma dominação, a missão é propaganda, o culto é uma velharia e o agir cristão uma obra de escravos. Mas, no Espírito Santo: o cosmos é enobrecido o Cristo ressuscitado torna-se presente, o Evangelho se faz vida, a Igreja realiza a comunhão a autoridade se transforma em serviço, a missão é um Pentecostes, a liturgia é memorial, o agir humano é divinizado”.

O que aconteceu com os discípulos se repetiu nas primeiras comunidades cristãs, conforme narra a primeira leitura. Ali, povos de todas as raças e nações falam e ouvem as maravilhas de Deus: “Quando chegou o dia de Pentecostes, os discípulos estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um barulho como se fosse uma forte ventania, que encheu a casa onde eles se encontravam. Então apareceram línguas como de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava. Nós que somos partos, medos e elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egito e da parte da Líbia, próxima de Cirene, também romanos que aqui residem; judeus e prosélitos, cretenses e árabes, todos nós os escutamos anunciarem as maravilhas de Deus na nossa própria língua!"

Falar outras línguas é a possibilidade de superar o fechamento, o egoísmo, a divisão, o racismo, a marginalização, em resumo é o jeito de incluir e de caminhar juntos. O Espírito modifica todas as relações humanas.

A comunidade de corinto, para quem Paulo escreve a carta que lemos hoje, era uma comunidade viva e fervorosa, mas ao mesmo tempo não servia de exemplo quando se tratava de viver a fraternidade e o perdão. Por pouco ou nada armavam contenda e rivalidades que perturbavam a comunhão sendo assim um contratestemunho. Por isso Paulo compara a comunidade a um corpo: “Há diferentes atividades, mas um mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum. Como o corpo é um, embora tenha muitos membros, e como todos os membros do corpo, embora sejam muitos, formam um só corpo, assim também acontece com Cristo”.

A liturgia de hoje nos faz um apelo para aguçar nossa consciência: Como os discípulos de Jesus, a comunidade dos apóstolos e as primeiras comunidades cristãos todos temos a tarefa de contribuir para eliminar do nosso convívio os conceitos e ideias de que existem cristãos e funções mais ou menos importantes, mais ou menos necessárias, antes que todos fazemos parte do único e mesmo corpo de Cristo guiado pelo Espírito Santo.

terça-feira, 24 de maio de 2022

HOMILIA PARA O DIA 29 DE MAIO DE 2022 - ASCENSÃO DO SENHOR - ANO C

 

ESCUTAR COM O CORAÇÃO

Um dos hábitos mais bonitos na relação familiar é o contato de mãe e filho, o qual frequentemente se qualifica por falar e ouvir com o coração. Obviamente que o coração não tem nenhuma dessas funções, mas a expressão é mais do que clara para manifestar a disposição dos pares no que se refere a realização dos desejos, sentimentos e determinações.

Na carta Alegria do Amor, o Papa Francisco escreveu: “quem ouvimos, àquilo que ouvimos e ao modo como ouvimos é que podemos crescer na arte de comunicar, cujo cerne não é uma teoria nem uma técnica, mas a capacidade do coração que torna possível a proximidade”

Celebrar a Ascenção de Jesus implica escutar com o coração a totalidade dos seus ensinamentos e compreender como o percurso da sua vida feito em sintonia com o Pai lhe garante a plenitude da comunhão com aquele que lhe enviou. Na mesma proporção esta celebração é um convite a cada cristão em particular a ter ao longo dos seus dias as mesmas atitudes de Jesus.

A Palavra de Deus deste domingo é uma interpelação dirigida aos discípulos e às primeiras comunidades cristãs sobre a maneira e a intensidade como ouviram as palavras e orientações de Jesus e dos apóstolos seus seguidores, como descreve as últimas palavras do texto: Homens da Galileia, por que ficais aqui, parados, olhando para o céu? Esse Jesus que vos foi levado para o céu, virá do mesmo modo como o vistes partir para o céu”.

Na carta aos Efésios, que Paulo escreveu quando estava na prisão, ele dá uma palavra de esperança para os destinatários: “o Pai a quem pertence a glória, vos dê um espírito de sabedoria que vo-lo revele e faça verdadeiramente conhecer.
Que ele abra o vosso coração à sua luz, para que saibais qual a esperança que o seu chamamento vos dá, qual a riqueza da glória”.

E conclui com uma exortação pedindo que todos tenham clareza sobre a missão que lhes foi confiada e que consiste em viver como irmãos e membros de um mesmo e único corpo: Sim, ele pôs tudo sob os seus pés e fez dele, que está acima de tudo, a Cabeça da Igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que possui a plenitude universal”.

O Evangelho deixa evidente que os discípulos são, a partir de agora, convidados a escutar com o coração. Tudo o que Jesus tinha lhes transmitido quando ainda estava com eles, se traduz agora em alegria, testemunho e compromisso. Então Jesus lhes disse: “Vós sereis testemunhas de tudo isso. Eu enviarei sobre vós aquele que meu Pai prometeu” E na sequência: “Levou-os para fora, até perto de Betânia Ali ergueu as mãos e abençoou-os. Enquanto os abençoava, afastou-se deles e foi levado para o céu. Eles o adoraram. Em seguida voltaram para Jerusalém, com grande alegria”.

A convocação que Jesus faz aos discípulos sugere a nossa responsabilidade de continuadores da missão para tornar realidade a nova terra onde se concretize todos os projetos iniciados por Jesus.

Nesse sentido valem para nós as palavras de Santo Agostinho: “Não tenham o coração nos ouvidos, mas ouvidos no coração” e peçamos a capacidade que ensinava Francisco de Assis: “inclinar o ouvido do coração”.

A Igreja existe para evangelizar, e essa tarefa implica comunicar, tarefa que também exige escutar. Escutar é o que o Papa Francisco está sugerindo com o processo de preparação para o Sínodo sobre Sinodalidade.

Todos somos convidados a compreender a mensagem do Evangelho pela partilha, comunhão, e pela escuta uns dos outros e todos juntos escutando o Espírito Santo de tal modo que possamos tornar fecundo todo o trabalho de evangelização no mundo contemporâneo.

Que se concretize em cada pessoa e cada comunidade o que lemos na segunda leitura: “O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai a quem pertence a glória, vos dê um espírito de sabedoria que vo-lo revele e faça verdadeiramente conhecer a plenitude daquele que possui a plenitude universal”.

quarta-feira, 18 de maio de 2022

HOMILIA PARA O DIA 22 DE MAIO DE 2022 - 6º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO C

 

DAI-NOS, SENHOR A PAZ!

Todos temos alguma experiência de despedida, ou de palavras que marcaram as nossas relações de amizade. Diferente das conversas nas redes sociais que erroneamente se chamam amizade, as relações humanas com significado são marcadas por momentos de compromisso e oportunidade de continuidade.

O Evangelho de hoje é a continuação do último domingo, estamos no contexto da ceia de despedida e Jesus apresenta o estatuto da nova comunidade cujo fundamento é o Amor. Nessa condição Jesus confirma sua presença na caminhada futura dos discípulos, Ele garante que se manterá em comunhão e reafirma sua presença por meio do advogado que é o Espírito Santo!

O Advogado que o Pai vai mandar será uma presença dinâmica, que continua a fazer memória e a ler as propostas para os novos desafios que irão se apresentar ao longo do caminho. O texto se conclui com uma promessa que não se caracteriza por uma despedida de pouca importância, pelo contrário trata-se de uma palavra que pretende lhes garantir serenidade e segurança: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. Ouvistes que eu vos disse: Vou, mas voltarei a vós”.

A comunhão com o Pai e com Jesus não acontece por um conjunto de ritos, de fórmulas, de normas, de regras e leis, mas por um caminho de entrega e doação, para comungar com Jesus e com o Pai a pessoa precisa deixar o seu egoísmo e fazer da sua vida um dom aos demais.

 A saudação de Jesus nos pede um olhar sereno e uma ação em favor da paz, um olhar que não se deixa amedrontar, mas que se abra para que Deus habite em todos os lugares. O Advogado será nosso auxílio quando se trata de viver como Ele viveu!

A primeira leitura é um retrato do que são as nossas comunidades e da vida da Igreja em todos os tempos. Em todas as circunstâncias e todos os tempos os desafios das comunidades e das pessoas são incontáveis, mas animados e guiados pelo Espírito desde muito cedo os cristãos aprenderam a discernir o que é importante e necessário, daquilo que é acessório e secundário.

Depois de longas considerações em modo sinodal os discípulos concluem: “Porque decidimos, o Espírito Santo e nós, não vos impor nenhum fardo, além destas coisas indispensáveis”

A decisão da comunidade dos apóstolos precisa iluminar a Igreja contemporânea no que se refere a ritos, práticas e costumes que se tornaram obsoletos a fim de facilitar que Cristo continue sendo conhecido no mundo sem que fiquemos presos a esquemas e modos de pensar que não fazem sintonia com a realidade do mundo que nos rodeia. O que é essencial é Cristo e sua proposta, deixemos o Espírito falar em nós e na Igreja.

 A segunda leitura apresenta a meta final da Igreja e dos cristãos, citando sempre o número doze e seus múltiplos o autor quer deixar claro que todos, sustentados no testemunho de todos os apóstolos e por toda a primeira comunidade será de comunhão plena e felicidade total. Nesta nova cidade que vamos construindo guiados pelo advogado do Pai todos terão lugar. Na nova cidade as mediações humanas não são importantes, porque: “A cidade não precisa de sol, nem de lua que a iluminem, pois, a glória de Deus é a sua luz e a sua lâmpada é o Cordeiro”.

É nesta convicção que nós cantamos com o salmista:

Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, que todas as nações vos glorifiquem!

 

terça-feira, 10 de maio de 2022

HOMILIA PARA O DIA 15 DE MAIO DE 2022 - 5º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO C

 

AMAR COMO JESUS AMOU…

As palavras amar e amor são abundantemente cantadas e decantadas para infinitas ocasiões. Um dos provérbios utilizados diz assim: “Amor é como imposto de renda, tem que declarar”. O Evangelho desse domingo pode ser entendido como o testamento de amor que Jesus declara para a sua comunidade.

Prevendo o final de sua convivência terrena com os discípulos Jesus pede uma contrapartida aos seus discípulos: “Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele. Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros”.

Com esta declaração Jesus resume toda a sua vida e todo o seu ensinamento, que não é justificado por palavras, regras e normas. Jesus revela seu amor sustentado em atos e fatos. O evangelho se inicia com a confirmação da traição que Ele seria vítima, tanto por parte de Judas, como pela negação de Pedro. Jesus está num momento decisivo da sua vida e não há tempo para “conversa fiada” é hora de agir com determinação e ousadia.

Na sequência Jesus confirma tudo o que ele fez a partir do que se pode chamar de “amor exigente”.  Essa forma de amar passa por gestos concretos que culminaram no ato de lavar os pés dos seus amigos, e na entrega de si mesmo como alimento que garante a vida definitiva.

Os discípulos de Jesus não são divulgadores de doutrinas, ideologias e regras, nem tampouco cumpridores de ritos, mas são pessoas decididas a partilhar e praticar a solidariedade e a comunhão, por essa ação: “Todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros.'

Também nós podemos nos perguntar sobre a centralidade da nossa vivência cristã. A nossa religião, a nossa Igreja, a nossa comunidade manifesta o amor por gestos e atitudes ou queremos nos impor pela força das leis, dos ritos, das normas, das regras e da autoridade.

Hoje, mais do que em outros tempos necessitamos da coragem e determinação de Jesus, diante de tanto discurso de ódio peçamos que Deus nos fortaleça e nos encoraje a não desanimar quando se trata de agir para que este mundo seja mais de acordo com a vontade de Deus.

 

terça-feira, 3 de maio de 2022

HOMILIA PARA O DIA 08 DE MAIO DE 2022 - 4º DOMINGO DA PÁSCOA - O BOM PASTOR - ANO C

 

SOMOS O SEU POVO E SEU REBANHO

Dentre os inúmeros ditados para falar sobre a relação entre mãe e filho, um deles diz assim: “Por um filho, a mãe chora, ri e move o mundo”. Nesta relação de amor incondicional estão três verbos: Escutar, conhecer e seguir!

Pois essa relação entre mãe e filho, é a lição que se pode tirar da Palavra de Deus nesse domingo. Jesus, enviado por Deus Pai, no cotidiano da sua existência terrena cultivou em relação às pessoas do seu tempo todos os sentimentos que uma mãe tem com seus filhos.

Jesus, também estabeleceu uma relação de cuidado com todas as pessoas como uma mãe com seus filhos. A intensidade dessa relação também pode ser definida nas três atitudes: Escutar, conhecer e seguir!

A comparação que Jesus faz com as ovelhas pode ser também entendida como a figura de um líder. O bom pastor, o verdadeiro líder, a boa mãe, o bom pai, não impõe, não manipula, mas se faz amar e respeitar pelo reconhecimento das suas ações: “As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu dou-lhes a vida eterna. Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai”.

A ideia central do Evangelho sugere a compreensão de equipe, grupo, comunidade, somatório, partilha. Um rebanho não é feito de ovelhas isoladas, perdidas, desgarradas, excluídas. Na relação de liderança e paternidade não há lugar para distinção de pessoas, preferências e de privilégios. A todos é dirigido o mesmo convite e lhes são dadas as mesmas oportunidades. A única exigência se resume nas três palavras: Escutar, conhecer e seguir!

Na condição de seguidores de Jesus todos temos os mesmos desafios e responsabilidades que consistem em suprimir do nosso convívio a intolerância, a arrogância, o ódio, a discriminação, a exclusão e no seu lugar construir pontes que garantam a comunhão e a acolhida de todos.

A primeira leitura relata as primeiras atividades dos apóstolos para tornar conhecida a proposta de Jesus, conforme ouvimos no Evangelho. Entretanto, entre as pessoas, cuja comparação pode ser feita com o rebanho, existia “ovelhas”, “líderes”, “coordenadores” autossuficientes, instalados nas suas certezas, não abertos a novidade ao acolhimento. No outro lado da moeda estão aqueles que, embora, sendo frágeis e imperfeitos estão dispostos a escutar, conhecer e seguir!

Quando os apóstolos se apresentaram a esses últimos: “Os pagãos ficaram muito contentes, quando ouviram isso, e glorificavam a palavra do Senhor. Todos os que eram destinados à vida eterna, abraçaram a fé”.

De um lado estão aqueles que se acham melhores, mais merecedores e que imaginavam Deus como uma propriedade privada. Instalados no seu orgulho, nas suas leis bem definidas e que receberam dos apóstolos a repreensão: “Ao verem aquela multidão, os judeus ficaram cheios de inveja e, com blasfêmias, opunham-se ao que Paulo dizia. Então, com muita coragem, Paulo e Barnabé declararam: 'Era preciso anunciar a palavra de Deus primeiro a vós. Mas, como a rejeitais e vos considerais indignos da vida eterna, sabei que vamos dirigir-nos aos pagãos”.

Os judeus representam aqueles cristãos que se acomodam ao uma religião feita de hábitos, devoções, ritos, fórmulas, normas, e que muitas vezes não está aberta a acolher com simplicidade, alegria e entusiasmo. Nos esquecemos que o Evangelho é uma palavra de acolhida e de alegria destinado a todos como descreve a segunda leitura: “Eu, João, vi uma multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas, e que ninguém podia contar. Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro; trajavam vestes brancas e traziam palmas na mão. Então um dos anciãos me disse: 'Esses são os que vieram da grande tribulação’. Lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro”.

Também nós fazemos experiência de alegria, de esperança, de comunhão, de entreajuda, mas também de incompreensão, medo, sofrimento, desespero pessimismo. O texto do apocalipse nos traz uma mensagem de esperança cujo autor é Deus que tem por suas criaturas o mesmo cuidado que as mães têm com seus filhos. O nosso Deus age como se fosse uma mãe: “Por um filho, chora, ri e move o mundo”

Por isso nós rezamos com firmeza:

O Senhor, só ele é Deus,
somos o seu povo e seu rebanho.

Sim, é bom o Senhor e nosso Deus,
sua bondade perdura para sempre,
seu amor é fiel eternamente!

terça-feira, 26 de abril de 2022

HOMILIA PARA O DIA 01 DE MAIO DE 2022 - 3º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO C

 

SENHOR, TU SABES TUDO...

É muito ouvida na atualidade uma canção de pagode em que uma das frases diz o seguinte: “nada foi sorte sempre foi Deus” e cuja letra diz ainda: “Nessa guerra constante, ser perseverante é fundamental, para manter sempre acesa no peito a certeza que o bem vence o mal”.

Uma semana depois da morte de Jesus, os discípulos ainda não tinham entendido tudo o que estava acontecendo, mas se mostravam perseverantes na certeza que o bem vence o mal. Também nós podemos aprender com a comunidade dos discípulos a manter acesa no peito a chama que garante a presença de Deus em nossos desacertos.

A narrativa do fracasso de uma noite inteira de trabalho com o desfecho do amanhecer é cheia de simbologia. A noite representa a ausência de Jesus na vida deles e o amanhecer coincide com o reconhecimento do ressuscitado. Isso pode ser aplicado para todas as nossas fracassadas ações realizadas nas noites da ausência de Deus e na convicção de que ao amanhecer Deus está ao nosso lado renovando as esperanças e nos fazendo superar todas as expectativas quando nossos esforços parecem em vão.

No caso da pesca fracassada o evangelho conta a desolação de sete discípulos de Jesus. Notemos que sete, na Sagrada Escritura e na tradição da Igreja, sempre significou a totalidade. As mesmas coisas dizem os estudiosos do mundo da Bíblia para quem o número 153 representava a totalidade das espécies de peixes que existiam no mar da Galileia. Em outras palavras a totalidade das pessoas, alguma vez na vida já tiveram experiências desoladoras e experimentaram noites de escuridão, nas quais estavam longe de Deus!

A pesca fracassada dos sete discípulos, que representam a comunidade dos primeiros seguidores, mostra como é infrutífera e sem sentido a missão sem a presença de Jesus e sem a obediência à sua Palavra. De fato, tudo muda quando Jesus lhes aparece e eles lhe obedecem: ninguém fica de fora. Os discípulos tinham sido chamados por Ele para ser pescadores de gentes e fiéis ao seu ensinamento recolhem dos perigos do mar todas as pessoas simbolizadas na totalidade das espécies de peixe. Reconhecendo a voz de Jesus a missão alcança a todos e nada poderá rompê-la.

 Para confirmar sua presença de amor e de serviço, mais uma vez Jesus reparte com eles pão e peixe e para confirmar o que espera dos seus seguidores confirma a missão de Pedro: “Simão filho de Jonas, Você me ama mais do que os outros? ” É como se Jesus dissesse você é capaz de dar sua vida pelos amigos!

Peçamos também para nós, em tempo de sínodo sobre a sinodalidade, a capacidade de amar mais e reconhecer Jesus que nos ajuda a acolher todos e puxar para fora dos perigos e frustrações da vida todas as pessoas, porque:


Quando o dia mal chegar
Não vai desanimar e nem esmorecer
O choro dura uma noite
Mas a alegria vem no amanhecer

Bote um sorriso no rosto
Que a tua vitória já 'tá pra chegar
Papai do céu abre a porta
E homem nenhum é capaz de fechar

Quando a bênção chegar
Nunca foi sorte, sempre foi Deus
Quando o Sol clarear
Nunca foi sorte, sempre foi Deus!


 

sexta-feira, 22 de abril de 2022

HOMILIA PARA O DIA 24 DE ABRIL DE 2022 - 2º DA PÁSCOA - ANO C

 

ETERNA É A SUA MISERICÓRDIA

Não é raro que a nossa vida seja marcada por dias de penumbra como se fosse o cair da tarde que nos obriga a silenciar e nos recolher na segurança das nossas incertezas. Pois este era o sentimento que rondava a vida dos discípulos nos dias subsequentes à morte de Jesus. O Evangelho de hoje começa de novo com a expressão: “Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam”. A ausência de Jesus entre eles parecia indicar que tudo havia terminado no trágico desfecho da cruz, o medo e o desânimo preenchiam toda a vida dos discípulos.

Porém a verdade ainda não tinha aparecido. O fato de estar com as portas fechadas não impediu que o encontro vivo com Jesus vivo se realizasse de maneira plena: “Jesus entrou e pondo-se no meio deles,
disse: 'A paz esteja convosco'.
E depois de ter dito isto, soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo”.
E lhes envia com uma tarefa que consiste em continuar a missão que haviam iniciado juntos, ou seja, cada discípulo foi enviado a ser portador da mesma paz que recebeu.

Diante dos medos e incertezas que a vida oferece Jesus se apresenta como o sinal de comunhão e o centro onde eles podem se fortalecer no cotidiano da missão.

Longe e desconectados de Jesus somos ramos secos e uma sociedade estéril, fechada e medrosa incapaz de garantir a plenitude da vida sempre querida por Deus!

A leitura do Apocalipse começa com uma afirmação da vida real: Eu, João, vosso irmão e companheiro na tribulação, e também no reino e na perseverança em Jesus” esta frase deixa mais do que claro que a centralidade da vida de uma comunidade é a pessoa de Jesus e que perseverar na sua presença é maneira mais segura para não cair no desanimo e não se deixar engolir pelas provações da vida.

Quando o discípulo percebeu suas forças se esvaírem ouviu a Palavra que lhe deu forças: “Ele colocou sobre mim sua mão direita e disse:
'Não tenhas medo. Eu sou o Primeiro e o Último, aquele que vive.
Estive morto, mas agora estou vivo para sempre. Eu tenho a chave da morte e da região dos mortos”
. Ele é o princípio e o fim de todas as coisas!

 O texto dos Atos dos Apóstolos aponta como a capacidade de caminhar juntos faz da comunidade dos apóstolos o modelo para a Igreja em todos os tempos: “Muitos sinais e maravilhas eram realizados entre o povo pelas mãos dos apóstolos. Crescia sempre mais o número dos que aderiam ao Senhor pela fé; era uma multidão de homens e mulheres”. Em resumo nada é impossível para quem para quem se coloca à sombra de Cristo.

Realizar milagres, não significa sinais extraordinários mas imitar os apóstolos com gestos de acolhida, amor, partilha, solidariedade e paz. Estes são também os verdadeiros milagres que a comunidade cristã pode continuar realizando e dessa maneira dar testemunho da ressurreição de Jesus como diz em outro texto dos Atos dos apóstolos: “Vejam como eles se amam”.

A mensagem central da liturgia desse domingo pode ser resumida na expressão: “não ter medo”! Apesar das situações de insegurança, fome, desemprego, sofrimento, dor e até a própria morte, quando nossos dias terminam como a penumbra da noite que vem chegando, se tivermos como referência para nossas ações a pessoa de Jesus ele será coragem, força e alegria no cotidiano.

Então sim, podemos rezar:

A pedra que os pedreiros rejeitaram,
tornou-se agora a pedra angular.
Pelo Senhor é que foi feito tudo isso:
Que maravilhas ele fez a nossos olhos!
Este é o dia que o Senhor fez para nós,
alegremo-nos e nele exultemos!

quarta-feira, 13 de abril de 2022

HOMILIA PARA O DIA 17 DE ABRIL DE 2022 - 1º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO C

 

RESSUSCITADOS COM CRISTO

É da natureza humana não se conformar com situações de perca, de sofrimento e de dor. E quando isso nos acontece buscamos de toda forma maneiras para aliviar o sofrimento que tais fatos nos provocam. O domingo da ressurreição foi, desde o princípio, para os seguidores de Jesus o ponto fundamental para soltar o grito de alegria que estava preso ao sofrimento da cruz.

O texto dos Atos dos Apóstolos tem por objetivo confirmar que todo aquele que como Jesus “passou pelo mundo fazendo o bem” poderá também com Cristo ressuscitar para a vida e receber o prêmio por tudo aquilo que realizou: “Pedro tomou a palavra e disse: Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judéia, a começar pela Galileia. E nós somos testemunhas de tudo o que Jesus fez. Todo aquele que crê em Jesus recebe, em seu nome, o perdão dos pecados”. A ressureição de Jesus é apresentada como a culminância de tudo o que Ele fez e ensinou. Isso significa que sempre que alguém se identifica com Jesus esforçando-se por vencer o egoísmo, a mentira, a injustiça e faz triunfar o amor, também esse ressuscita todos os dias.

Aos colossenses Paulo recorda que uma vez batizados todos são convidados a caminhar por novos caminhos sendo coerente com todas as exigências desse estilo de vida: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, 2onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres”.

O Evangelho começa com uma indicação de tempo: “No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, ” não se trata de um tempo cronológico, mas do início de um novo ciclo que precisa ser entendido como o tempo da Nova Criação, da páscoa definitiva, da gente nova.

Para fazer parte dessa nova criação é preciso a determinação de Maria Madalena o do outro discípulo, isso é, estar pronto a ir de madrugada e correndo ao encontro da nova realidade que se apresenta pela força do Cristo Ressuscitado.

Com frequência também para nós se apresentam noites escuras, para as quais somente a fé no Cristo ressuscitado e a coragem dos primeiros discípulos pode nos fazer encontrar Jesus não na escuridão do túmulo, nem tampouco enfaixado e imobilizado pelo poder da morte. Somos convidados a tornar nossa fé sólida e madura e andar por toda para fazendo o bem!