O CRISTO DE DEUS
O Papa Francisco na noite que
foi escolhido Bispo de Roma, inclinou-se diante da multidão reunida na praça
São Pedro e pediu que rezassem por Ele. Frequentemente termina seus discursos
repetindo sempre: “Rezem por mim! ”.
Também nós, muitas vezes até de
modo mecânico dizemos: “Reze por mim! ”, ou “vou rezar por você”, “Conte com
minha prece” e assim por diante.
Essa prática, não resta dúvida
que se fundamenta na vida e na pessoa do próprio Jesus. No Evangelho de Hoje,
mais uma vez, Lucas coloca Jesus em oração antes de clarear para os seus
discípulos a sua verdadeira identidade e as implicações dessa sua condição.
Pedro respondeu em nome de
todos e assumiu para toda a comunidade dos discípulos as implicações da
resposta que significou segui-lo até a entrega da própria vida. Obviamente que
também para nós reconhecer Jesus como nosso Salvador impacta de modo
determinante a nossa vida, que pode ser expresso nas palavras: “Carregar a cruz
de cada dia”.
Jesus faz, entre os doze, uma
espécie de pesquisa de opinião com o objetivo de ajudar os discípulos
entenderem, de maneira madura, a sua identidade e missão que consistia em
restabelecer a esperança alimentada por gerações entre o povo de Israel. Essa tarefa
Jesus não vai realizar ao modo dos poderosos do seu tempo, pelo contrário, sua
arma e trono é a cruz e sua estratégia é a renúncia de si mesmo e de todas as
honrarias e prestígios.
Em nossas comunidades proclamamos com convicção
que aceitamos Jesus como nosso salvador, mas muitas vezes perdemos tempos e
gastamos energias em disputas por prestigio, honras, postos elevados, títulos,
coordenações. Facilmente deixamos de lado a dimensão do serviço proposta por
Jesus e usamos as tarefas e funções para autopromoção criando conflitos,
rivalidades e mal-estar. A primeira leitura fala de um profeta anônimo: “Ao que eles
feriram de morte, hão de chorá-lo, como se chora a perda de um filho único, e
hão de sentir por ele a dor que se sente pela morte de um primogênito. Naquele
dia, haverá um grande pranto em Jerusalém” com o qual os primeiros cristãos identificaram como sendo a pessoa de
Jesus cuja fidelidade à missão recebida do Pai o levou até o sacrifício da
própria vida.
São Paulo escreve aos Gálatas afirmando a nova condição de batizados: “O que vale não é
mais ser judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem
mulher, pois todos vós sois um só, em Jesus Cristo”.
Nós nos declaramos fiéis e comprometidos com Jesus e
sua causa, aceitamos o batismo e os demais sacramentos da Igreja, frequentamos
as celebrações e praticamos diversas formas de piedade popular, fazemos
romarias, jejuns e longas orações, mas nem sempre temos a coragem de “carregar a cruz de cada dia”.
Na condição de novas criaturas somos livres e
identificados com Cristo e temos as mesmas responsabilidades que se expressam
nas palavras “sinal de Jesus Cristo,
Sacerdote, Profeta e Pastor”. Em outras palavras ser no meio do mundo o “bom
perfume de Jesus”.
Peçamos a graça de compreender
que a Palavra de Deus deste domingo nos convida a fazer uma correção no modo
como entendemos os serviços e ministérios na Igreja e nas comunidades. Que
verdadeiramente a palavra “servir” que usamos para nossas atividades sejam no
sentido de “tomar a cruz de cada dia e
caminhar atrás de Jesus”.