terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

HOMILIA PARA O DIA 27 DE FEVEREIRO DE 2022 - 8º DOMINGO COMUM - ANO C

 

NÃO JULGUEM PARA NÃO SEREM JULGADOS

Frequentemente ouvimos a expressão “quem tem telhado de vidro não atira pedra em telhado alheio”. Bastante vezes usamos esse provérbio para dar a entender as nossas próprias fragilidades. A Palavra de Deus para esse domingo nos ajuda exatamente a perceber isso.

A primeira leitura recorda três situações nas quais se pode reconhecer as próprias limitações. Falando da peneira, do forno e do fruto conclui: Não elogies a ninguém, antes de ouvi-lo falar: pois é no falar que o homem se revela”. A intenção do autor é orientar as pessoas e suas atitudes para lhes poupar de aborrecimentos e insucessos.

Na segunda leitura São Paulo continua instruindo a comunidade sobre a ressurreição. Numa leitura superficial parece não ter muita sintonia esse texto com a primeira leitura e o Evangelho, entretanto, Paulo quer deixar claro que a plenitude da vida tem a ver com a coerência com a qual a pessoa anunciou e vivenciou todas as propostas de Jesus ao longo de sua vida. Não sem razão os documentos da Igreja recordam que as tarefas do nosso cotidiano não são em nada menores do que a esperança na vida eterna. Ou seja, não se pode desligar a esperança na vida eterna das nossas atividades cotidianas

No evangelho Jesus faz outras três comparações: Com o cego, o cisco, e a árvore. Nos três casos deixa claro que quem regula a sua vida pelos critérios de Deus dá bons frutos criando oportunidades e levando a todos os que o circundam alegria, fraternidade, união, reconciliação. Quando, porém, uma pessoa tem em seu olho uma trave e por ela julga os demais se compara a alguém cujo coração está cheio de orgulho, autossuficiência e todos os outros vícios que dividem em lugar de fazer crescer. Ou seja, fazem muralhas em lugar de construir pontes.

O evangelho ensina a distinguir o que é belo, bom e justo daquilo que é nocivo. Quando agimos como pessoas iluminadas que nunca erramos e que temos respostas para tudo e para todas as situações, que somos demais exigentes com os demais nos comparamos a pessoas cujo telhado é de vidro e estamos sempre dispostos a atirar pedras em telhado alheio.

O convite do Evangelho desse domingo é para que a pessoa seja seu próprio juiz, daí sim tem sentido o que cantamos no salmo:

O justo crescerá como a palmeira, *
florirá igual ao cedro que há no Líbano;
14na casa do Senhor estão plantados, *
nos átrios de meu Deus florescerão.


15Mesmo no tempo da velhice darão frutos, *
cheios de seiva e de folhas verdejantes;
16e dirão: 'É justo mesmo o Senhor Deus: *
meu Rochedo, não existe nele o mal!'

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

HOMILIA PARA O DIA 20 DE FEVEREIRO DE 2022 - 7º COMUM - ANO C

 

O SENHOR É BONDOSO E COMPASSIVO

Uma das grandes preocupações dos pais diz respeito à maneira como os filhos se relacionam entre si e com seus companheiros de escola, de academia, e de outros ambientes que frequentam. As redes sociais costumam ser também objetos de preocupação por ser um “terreno minado” frequentemente pouco controlado e facilmente fonte de intolerância e desrespeito entre as pessoas.

A Palavra de Deus deste domingo vem na sequência do último domingo e nos convida a substituir a lógica do mundo pela proposta do Reino, isso significa: “Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”. A razão última para os gestos e atitudes de misericórdia nós encontramos a partir da convicção de que Deus é misericordioso e todos somos chamados a ser “misericordiosos como o Pai de Vocês é misericordioso”.  A partir de Deus não é justo que nós façamos outra medida para o perdão, senão a medida da gratuidade.

Na primeira leitura Samuel não tem interesse de contar uma história de vencedores e vencidos, mas ensina duas maneiras de lidar com a vida. Uma delas é considerar que a vida de alguma pessoa é mais importante e mais necessária que a do outro e que a eliminação daquele que a pessoa julga lhe ser um estorvo para os seus projetos é a única e principal preocupação. Nesse caso justifica o uso da força e da violência.

Ao contrário dessa atitude Davi mostra sua compaixão e seu coração que age do jeito de Deus, não simplesmente poupando a vida de Saul, seu perseguidor, mas fazendo perceber como as pessoas podem agir de acordo com o coração de Deus: O Senhor retribuirá a cada um conforme a sua justiça e a sua fidelidade. Pois ele te havia entregue hoje em meu poder, mas eu não quis estender a minha mão contra o ungido do Senhor”.

Na segunda leitura, Paulo continua orientando a comunidade sobre a ressurreição e garante a todos que a possibilidade de uma vida nova que nos foi garantida pela ressurreição de Jesus precisa ter a marca do amor vivido por Jesus. A partir de Jesus todos podemos estar seguros de uma vida plena que não é a simples continuidade entre o corpo terrestre e o corpo ressuscitado, mas se trata da continuação de um estilo de vida que tem como fundamento o jeito de ser do Homem Jesus, isto é, ser para o mundo o rosto misericordioso do Pai.

No Evangelho Jesus deixa mais do que claro que a condição para uma vida plena passa por gestos e atitudes sempre dispostas a perdoar, acolher e dar a mão indistintamente: “Ao contrário, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai sem esperar coisa alguma em troca. Então, a vossa recompensa será grande, e sereis filhos do Altíssimo, porque Deus é bondoso também para com os ingratos e os maus. Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso”.

E não precisamos muito esforço para perceber que agir de modo diferente dessa proposta de Jesus implica caminhar juntos para a ruína. Nos últimos cem anos o mundo viveu a tragédia das duas grandes guerras. Vivemos sob o medo constante de um holocausto nuclear, as ameaças e a falta de diálogo internacional e dentro das nossas comunidades continuam sendo um indicativo que o amor precisa estar antes de todas as demais atitudes.

A mensagem central do Evangelho desse domingo pode ser vista na frase: “O que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles”.

Todos somos desafiados a inverter a lógica do mundo que Jesus já apresentou nas bem-aventuranças do último domingo.

Que a Oração, a Palavra e a Eucaristia nos leve a mergulhar nos horizontes de Deus conforme contamos no salmo.

 

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

HOMILIA PARA O DIA 13 DE FEVEREIRO DE 2022 - 6º COMUM - ANO C

 

FELICIDADE UM PROJETO A SER CONSTRUÍDO TODO DIA

Dentre os desejos mais facilmente expressados e de muitas maneiras, um deles diz respeito a busca pela felicidade. As pessoas costumam investir todas as forças em qualquer proposta que lhes prometa a tal da felicidade. Mas, se tiver que responder em que consiste mesmo e como alcançar essa façanha nem sempre se é capazes de responder com serenidade e simplicidade. As três leituras desse domingo apontam um caminho para todos os que sonham com a plenitude de todas as realizações humanas.

E a primeira coisa que precisa ficar claro para todos é que em se tratando de realização plena a humanidade não pode prescindir de aceitar o protagonismo de Deus nesse projeto.

O profeta Isaias faz uma advertência a todos os que se acham autossuficientes, dispensando a ação de Deus. Em contrapartida valoriza aqueles que a Ele confiam seu caminho: “Maldito o homem que confia no homem e faz consistir sua força na carne humana, enquanto o seu coração se afasta do Senhor; Bendito o homem que confia no Senhor, cuja esperança é o Senhor; é como a árvore plantada junto às águas”. Não se trata de desprezar a comunhão com as pessoas que nos são próximas, mas de reconhecer que: “Feliz é todo aquele que não anda conforme os conselhos dos perversos; mas encontra seu prazer na lei de Deus e a medita, dia e noite, sem cessar”.

A palavra do profeta nos faz perguntar: Em quem e em quais condições nós depositamos nossa segurança e esperança?

São Paulo volta a insistir na única certeza: “E se Cristo não ressuscitou, a vossa fé não tem nenhum valor. Se é para esta vida que pusemos a nossa esperança em Cristo, nós somos - de todos os homens - os mais dignos de compaixão”

Paulo tem a convicção que a humanidade não é um bando de iludidos, que a existência terrena não é um vale de lágrimas sem sentido, mas que – pelo contrário, em Cristo todos caminhamos em direção da plena felicidade.

Lucas narra as bem-aventuranças e as maldições com base em duas realidades humanas. Os pobres são os desprotegidos, os explorados, os sem voz e nem vez, as vítimas da injustiça os privados dos seus direitos. Ele não pede que se conformem com essa situação, antes que coloquem a esperança naquele que pode lhes tirar dessa infâmia: “vosso é o Reino de Deus”.

A felicidade completa consiste em construir a sua vida à luz das propostas de Deus, Jesus sugere a vida na simplicidade, na honestidade, mesmo que isso pareça desgraça aos olhos desse mundo. E conclui o Evangelho com as quatro maldições: “Mas, ai de vós, ricos, porque já tendes vossa consolação”. Ou seja, quem se julga dono de si e de todas as circunstâncias dessa vida, que tem um coração cheio de orgulho não consegue perceber a proposta que Deus lhe apresenta.

A nós cristãos do terceiro milênio a liturgia desse domingo faz alguns questionamentos: Em que medida a proposta de Jesus tem lugar na minha vida? O fato de acreditar na palavra de Jesus me leva a perceber como a minha vida tem outra direção além das passageiras benesses desse mundo? Temos coragem de testemunhar o Evangelho no meio desse mundo “dividido em continua discórdia”?



quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

HOMILIA PARA O DIA 06 DE FEVEREIRO DE 2022 - 5º COMUM - ANO B

 

NA BARCA COM JESUS!

Sobre barcos, pesca, redes e outras tantas situações relativas ao mar e aos seus perigos e facilidades qualquer cidadão de Itajaí é capaz de falar horas, contando inúmeras situações do seu cotidiano. No Evangelho deste domingo Lucas conta um dos episódios da vida de Jesus e dos seus discípulos que aconteceu dentro do mar. O objetivo, entretanto, não é propriamente contar um fato nem tampouco um milagre extraordinário, mas antes deixar claro que todos somos convidados e desafiados e entrar no barco com Jesus.

Isaias conta como se deu o chamado para ser profeta de uma maneira simples e com sinais do cotidiano. A missão de Isaias enfatiza três pontos: Todos são chamados por obra de Deus que é três vezes Santo; como o profeta de outrora todos precisamos ter consciência dos nossos limites e fragilidades; e finalmente compreender que se Deus nos chama ele também nos dá condições para o exercício da missão.

Em mais uma pesca milagrosa o que está em jogo não é a quantidade de peixes nem tão pouco a forma como acontece o fato extraordinário. Antes que tudo isso se realize está no barco um grupo de seguidores de Jesus que aceitam a Sua Palavra e que o reconhecem como Senhor! O sucesso da empreitada não é resultado das próprias forças, nem muito menos da astúcia dos discípulos, mas tem seu cerne no ato de escutar a Palavra e colocá-la em prática.

O que caracteriza a missão é a Palavra amorosa de Jesus e a resposta também amorosa dos discípulos: “De agora em diante vocês serão pescadores de homens... eles deixaram as redes e o barco e seguiram a Jesus”.

Como para os discípulos de outrora, também aos discípulos de agora a missão será exitosa à medida que for sustentada no Evangelho e no testemunho daqueles que já fizeram a experiência de acordo com a narração de Paulo na segunda leitura.

Paulo não conta uma notícia sobre a ressurreição, antes faz uma afirmação: Todos ressuscitaremos porque Cristo ressuscitou. E confirma a sua convicção apresentando diversas situações nas quais as pessoas puderam ver o ressuscitado. Ele cita seis manifestações dessa verdade: Cristo aparece a Pedro, aos Doze, a mais de quinhentos irmãos, a Tiago, aos outros apóstolos e, finalmente, ao próprio Paulo.

O que aconteceu a estes medrosos e frágeis discípulos é o mesmo que aconteceu com Isaias. O Senhor tocou nos seus lábios e todos se tornaram valentes anunciadores daquilo que tinham visto e experimentado.

Ser cristão é estar no mesmo barco com Jesus e ali escutar sua Palavra  e cumprir suas indicações. Isso implica reconhecer que Jesus é o Senhor e que continua nos propor a mesma tarefa dos discípulos: entrar mar adentro e tirar as pessoas das águas perigosas e profundas que os mares da vida continuam impondo ao longo da vida. E tudo isso precisa ser feito com a medida da generosidade e da doação total!

 

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

HOMILIA PARA O DIA 30 DE JANEIRO DE 2022 - 4º COMUM - ANO C

                                        PROFETAS NO AMOR E NA DOR!

Dentre as qualidades que chamam a atenção em uma pessoa é sua coerência e coragem diante dos problemas e dificuldades que a vida lhe apresenta. Uma pessoa decidida costuma angariar bons amigos e ao mesmo tempo bons adversários. É sobre coerência, cooperação e incompreensão que tratam as leituras da Palavra de Deus deste domingo!

Os verdadeiros profetas de todos os tempos são pessoas de coerência e de coragem e por causa dessa firmeza, também na atualidade encontram e encontraram resistências e incompreensões. Sua mensagem quase sempre incomoda aqueles que se consideram melhores e mais merecedores do cuidado e das vantagens que a vida pode lhes oferecer.

Como os profetas de outrora, também os batizados de hoje foram ungidos e enviados a praticar a coerência e com determinação colaborar na construção de uma sociedade justa, fraterna e solidária.

O profeta Jeremias, viveu em uma época muito conturbada do ponto de vista social, econômico, político e religioso. Ele se reconhece chamado e enviado ao mesmo tempo se sente amparado por Deus quando encontra inúmeras e dificuldades e resistências: “Vamos, põe a roupa e o cinto, levanta-te e comunica-lhes tudo que eu te mandar dizer: não tenhas medo, eles farão guerra contra ti, mas não prevalecerão, porque eu estou contigo para defender-te”

Numa leitura simplista pode parecer que a carta de Paulo nada tem a ver com profecia e missão. Parece um misto de palavras adocicadas no chamado Hino ao Amor. Não se pode ler o texto pensando em si mesmo e nas vantagens e no egoísmo de uma forma de amar que pensa e procura o bem próprio. O profeta, pelo contrário, é convidado a praticar o amor gratuito que não pensa em si mesmo, mas se preocupa e cuida daqueles que sofrem e estão desamparados.

O amor sugerido por Paulo é o que dá origem a Igreja e que ao mesmo tempo questiona a nossa prática eclesial muitas vezes palco de lutas, interesses, ciúmes, rivalidades e competições.

No Evangelho, mais uma vez Jesus foge da condição de milagreiro e realizador de espetáculo. Desprezado pelos seus conterrâneos anuncia a boa notícia a todos os que se colocam abertos e disponíveis. Compara-se aos profetas Elias e Elizeu: “De fato, eu vos digo: no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e seis meses e houve grande fome em toda a região, havia muitas viúvas em Israel. No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva que vivia em Sarepta, na Sidônia. E no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel. Contudo, nenhum deles foi curado, mas sim Naamã, o sírio”.

Mostrando o caminho de Jesus, Lucas delineia o caminho da Igreja. Para dar testemunho e continuidade da missão de Jesus a Igreja e os cristãos devem ter a mesma compreensão e compromisso, isto é, não se conformar com o evangelho dentro das quatro paredes do templo e que seja ouvido por aqueles que já o conhecem. Como os profetas de outrora o convite é ir aos que estão excluídos e marginalizados a exemplo dos profetas do Antigo Testamento. Não ter medo de fazer como Jesus: “Quando ouviram estas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos. Levantaram-se e o expulsaram da cidade. Levaram-no até ao alto do monte sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de lançá-lo no precipício. Jesus, porém, passando pelo meio deles,
continuou o seu caminho” .

Este episódio de Jesus é uma antecipação das Palavras de Francisco: “… Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas. Não quero uma Igreja preocupada com ser o centro, e que acaba presa num emaranhado de obsessões e procedimentos. Se alguma coisa nos deve inquietar e preocupar a nossa consciência é que haja tantos irmãos nossos que vivem sem a força, a luz e a consolação da amizade com Jesus Cristo, sem uma comunidade de fé que os acolha, sem um horizonte de sentido e de vida. Mais do que o temor de falhar, espero que nos mova o medo de nos encerrarmos nas estruturas que nos dão uma falsa proteção, nas normas que nos transformam em juízes implacáveis, nos hábitos em que nos sentimos tranquilos, enquanto lá fora há uma multidão faminta e Jesus repete-nos sem cessar: ‘Dai-lhes vós mesmos de comer’ (Mc 6, 37)” (EG 49).

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

HOMILIA PARA O DIA 23 DE JANEIRO DE 2022 - 3º COMUM - ANO C

 

A PALAVRA DE DEUS É PERFEITA

Entre os cristãos das diversas denominações religiosas uma prática muito usual é exibir uma bíblia na mesa do escritório, no painel do carro, na estante de casa e alguns casos até levar consigo o livro como se por si mesmo fosse uma proteção contra todo e qualquer perigo.

A Palavra de Deus que ouvimos na celebração deste domingo mostra a verdadeira importância que a Palavra tem para a nossa vida à medida que ela for compreendida e colocada em prática.

O profeta Neemias mostra como a Palavra sendo colocada no lugar que deve estar na vida das pessoas se torna geradora de alegria e de festa. Para ajudar a perceber a importância da Palavra o profeta apresenta quatro situações indispensáveis: A convocação da comunidade; um ambiente preparado de modo adequado; um rito para proclamar a Palavra e uma resposta do povo: “O sacerdote Esdras apresentou a Lei diante da assembleia de homens, de mulheres e de todos os que eram capazes de compreender. Estando num lugar mais alto, ele abriu o livro à vista de todo o povo. E, quando o abriu, todo o povo ficou de pé. E leram clara e distintamente o livro da Lei de Deus e explicaram seu sentido, de maneira que se pudesse compreender a leitura. E Neemias disse-lhes: 'Ide para vossas casas e comei carnes gordas, tomai bebidas doces e reparti com aqueles que nada prepararam, pois, este dia é santo para o nosso Senhor. Não fiqueis tristes, porque a alegria do Senhor será a vossa força”.

Na carta aos Coríntios Paulo apresenta uma comunidade alimentada pela Palavra de Deus e comparando-a com o corpo afirma que todos são irmãos e que nenhum membro é mais importante ou necessário que o outro. Paulo está preocupado com a luta pelo poder por parte de alguns e desprezo dos demais. Paulo deixa claro que na Igreja todos devem manifestar o Cristo inteiro como no corpo cada membro não tem importância sozinho; Como o corpo é um, embora tenha muitos membros, e como todos os membros do corpo, embora sejam muitos, formam um só corpo, assim também acontece com Cristo. De fato, todos nós, judeus ou gregos, escravos ou livres, fomos batizados num único Espírito, para formarmos um único corpo, e todos nós bebemos de um único Espírito. Com efeito, o corpo não é feito de um membro apenas, mas de muitos membros”.

No Evangelho Lucas apresenta Cristo a Palavra que se fez carne e que nesta condição foi enviado para devolver a esperança às vítimas do sofrimento e da miséria e da exclusão: Jesus voltou para a Galileia, E veio à cidade de Nazaré, entrou na sinagoga no sábado, e levantou-se para fazer a leitura. Achou a passagem em que está escrito: O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa Nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor”.  

O texto que Jesus escolheu atualiza o que havia dito o profeta e aplica-se a Ele mesmo. Passados dois mil anos, os cristãos se consideram continuadores da missão de Jesus, o momento é de se perguntar se a oração que fazemos no Salmo se torna verdade em nossa vida:

A lei do Senhor Deus é perfeita, conforto para a alma! O testemunho do Senhor é fiel, sabedoria dos humildes. 
Os preceitos do Senhor são precisos, alegria ao coração. O mandamento do Senhor é brilhante, para os olhos é uma luz.

 

HOMILIA PARA O DIA 16 DE JANEIRO DE 2022 - 2º COMUM - ANO C

 

CANTAI AO SENHOR DEUS, Ó TERRA INTEIRA!

As relações matrimoniais são sempre exigentes e desafiadoras. Ter a coragem de recomeçar passando uma borracha nos erros cometidos no dia anterior é a garantia da durabilidade do casamento e a possibilidade de dar novo sabor e alento que garantam a retomada do primeiro amor.

As leituras deste domingo tratam da relação de Deus com o seu povo usando a clássica imagem do casamento e da esposa para a relação do povo de Israel e sua aliança com o Deus da vida. O que aparece como fundamental é o infinito amor de Deus que perdoa sempre as infidelidades do povo que nem sempre é capaz de corresponder.

O profeta Isaias começa a primeira leitura com as palavras: “Por amor de Sião não me calarei, por amor de Jerusalém não descansarei, enquanto não surgir nela, como um luzeiro, a justiça e não se acender nela, como uma tocha, a salvação”.  Em resumo o amor de Deus pela humanidade é maior e perdoa sempre independente das falhas e pecados da outra parte.

Na Carta aos Coríntios Paulo deixa claro que: Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito. Há diversidade de ministérios, mas um mesmo é o Senhor. Há diferentes atividades, mas um mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum”. E que, portanto, não faz sentido discutir se alguém ou algum carisma é mais importante, nem tampouco que algumas pessoas se considerem iluminadas e mais necessárias seja na vida da comunidade seja no contexto da família. Todos os dons e carismas são frutos da bondade de Deus e tem por objetivo a comunhão entre todos.

O Evangelho apresenta a renovação da aliança de Deus no contexto de uma festa de casamento. A missão de Jesus é renovar a aliança entre Deus e a humanidade devolvendo o vinho da alegria, do perdão da compreensão e da misericórdia. Sem perdão, e sem dar ouvidos à Palavra de Deus a festa pode terminar a qualquer momento. Como outrora ressoa em nossos ouvidos: Sua mãe disse aos que estavam servindo: 'Fazei o que ele vos disser”. A garantia da durabilidade das relações de amor e fraternidade encontra na sensibilidade de Maria a capacidade de perceber as fragilidades do casamento.

Peçamos a graça de não fechar os ouvidos à Palavra e ao projeto de aliança que Deus estabelece conosco e não nos cansemos de repetir:

Cantai ao Senhor Deus um canto novo, manifestai os seus prodígios entre os povos!



 

 

 

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

HOMILIA PARA O DIA 09 DE JANEIRO DE 2022 - BATISMO DO SENHOR - ANO C

 

IGUAIS EM JESUS CRISTO

Sentir-se apoiado, cuidado e protegido é um sentimento humano que todas as pessoas fazem questão de ter. Mesmo que muitas vezes esse apoio não seja explícito, mas a sensação de segurança é sempre muito significativa e mais cedo ou mais tarde acaba por ser reconhecida.

A Palavra de Deus deste domingo coloca a nossa fragilidade e finitude sendo partilhada, protegida e cuidada por alguém que sendo da nossa natureza é também o Filho amado e enviado para nos garantir chegar à vida plena.

Na primeira leitura o profeta apresenta a figura de um Servo que tem uma missão muito especial: “Assim fala o Senhor: Eis o meu servo, eis o meu eleito ele promoverá o julgamento das nações. Ele não clama nem levanta a voz, nem se faz ouvir pelas ruas. Não quebra uma cana rachada nem apaga um pavio que ainda fumega; mas promoverá o julgamento para obter a verdade”. Na condição de escolhido de Deus ele não se impõe pela força e prepotência, mas exerce sua missão na humildade e simplicidade.

Os primeiros cristãos identificaram na pessoa de Jesus o servo que tinha sido prometido por Isaias. Jesus Cristo, escolhido e enviado por Deus tem a missão universal de fazer a salvação de Deus chegar a todos os povos: Pedro tomou a palavra e disse: 'De fato, estou compreendendo que Deus não faz distinção entre as pessoas. Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença”.

Diante desta declaração de Pedro, implica que cada um de nós se pergunte sobre seus hábitos e costumes. Em que medida aceitamos todas as pessoas da mesma forma reconhecendo a sua dignidade e igualdade fundamental?

Dirimindo as dúvidas que pairavam sobre sua condição de messias, no Evangelho, João Batista mostra quem é o verdadeiro eleito de Deus, batizando-o apenas para cumprir um preceito legal João deixa claro que: “Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu. Eu não sou digno de desamarrar a correia de suas sandálias. Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo”.

Esse que foi declarado por uma voz descida do céu como o Filho amado do Pai caminhou ao lado das pessoas em todas as provações e dificuldades por sua fidelidade a missão reconciliou a todos com o Pai.

A missão de Jesus é fazer surgir uma humanidade nova animada e marcada pelo Espírito de Deus. Ele realiza a sua tarefa nas mesmas condições que o Servo descrito pelo profeta.

Na condição de batizados também nós somos convidados a seguir as pegadas de Jesus em tudo o que se refere a promoção da vida e da liberdade de todos sem distinção de ninguém.

HOMILIA PARA O DIA 02 DE JANEIRO DE 2022 - MANIFESTAÇÃO DO SENHOR - ANO C

 

NOS SEUS DIAS A JUSTIÇA FLORIRÁ

Utilizar a imagem da luz para afirmar que se chegou a alguma conclusão satisfatória diante de um problema ou de alguma situação ou necessidade embaraçosa faz parte da linguagem comum do nosso cotidiano. A mesma comparação já foi utilizada por diferentes povos e culturas ao longo da história. A liturgia do tempo do Natal é repleta deste sinal para apresentar a presença de Deus na história.

Na primeira leitura o profeta anuncia: “Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor. Eis que está a terra envolvida em trevas, e nuvens escuras cobrem os povos; mas sobre ti apareceu o Senhor, e sua glória já se manifesta sobre ti”. Nosso olhar costuma se voltar ainda que involuntariamente para os pontos que aparecem iluminados. No caso do anuncio feito pelo profeta todos os povos que esperam a manifestação de Deus se voltam para Jerusalém, pra onde os refugiados caminham, retornando do exílio. O profeta afirma que a luz de Jerusalém atraíra para si todos os povos do mundo inteiro.

Escrevendo aos Efésios Paulo lhes garante que tudo o que estava obscuro, foi iluminado pela pessoa de Jesus. No Filho humano do Pai a salvação de Deus se estende a todos os povos. Ora, também nós destinatários dessa palavra temos a responsabilidade de mostrar a luz de Deus para todos independente do lugar, da raça, da cor, da religião. Todos “são admitidos à mesma herança, são membros do corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho”.

No Evangelho Mateus nos dá uma catequese sobre a pessoa e a missão de Jesus para toda a humanidade. Três sinais merecem a atenção na narrativa: O local onde nasceu Jesus – Belém na Judéia, Estrela que brilha para o mundo; os Magos que se desinstalam para encontrar o prometido.

Enquanto os conterrâneos o rejeitam e na pessoa de Herodes procuram para mata-lo, os estrangeiros estão atentos aos sinais que concretizam as palavras dos profetas e o reconhecem como a nova Estrela que brilha para o mundo.

A manifestação do Senhor nos desafia a responder de que lado estamos quando se trata de reconhecer Jesus. Percebemos os sinais luminosos de Deus ou eles nos incomodam e preferimos a escuridão das nossas trevas tentando eliminar a luz da Deus. Somos capazes de nos desinstalar para ir ao encontro do Messias ou preferimos nos manter na vida cômoda e segura das nossas verdades.

Cristãos do século XXI temos a coragem de caminhar juntos como Igreja em saída e que anda por outras estradas, se preciso for para garantir que a Luz de Jesus alcance todos os povos.

Rezemos com o salmista:

Nos seus dias a justiça florirá*
e grande paz, até que a lua perca o brilho!
8De mar a mar estenderá o seu domínio,*
e desde o rio até os confins de toda a terra!

HOMILIA PARA O DIA 01 DE JANEIRO DE 2022 - SANTA MÃE DE DEUS - DIA MUNDIAL DA PAZ - ANO C

 DEUS NOS DÊ A SUA GRAÇA E A SUA BÊNÇÃO

A parte das comemorações relativas à virada do ano, o primeiro dia novo ano civil marca o início de uma nova etapa na vida de todos. A liturgia da Igreja e a Palavra de Deus previstas para essa ocasião nos trazem presentes a figura materna de Maria, como Mãe de Deus e Mãe da humanidade e à sombra de Maria o anseio que pulsa no coração de todos celebrado, por convocação do Santo Papa Paulo VI, como o Dia Mundial da Paz.

Guiados pela figura materna, nos propomos neste primeiro dia do ano a caminhar juntos e trabalhar de mãos dadas pela construção da paz e que da parte de Deus não nos abandona, antes nos cumula com a bênção dada aos filhos e filhas e que se revela na figura humana de Jesus Cristo rosto humano do Pai.

As três invocações do nome de Deus na primeira leitura com as três bênçãos descritas na sequência indicam a presença d’Ele ao longo dos nossos dias: “O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz”!

Na carta aos Gálatas Paulo deixa absolutamente claro como a vinda de Jesus Cristo ao mundo teve um objetivo muito claro: Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei, a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva. Em Jesus Cristo todos fomos elevados à condição de Filhos e guiados por Ele somos todos responsáveis pela mesma missão, isto é, garantir a liberdade e a condição de todos.

A narrativa do encontro apressado dos pastores para conferir a Boa Notícia que lhes tinha sido anunciado é também para nós um convite a alegria pela certeza que Deus cuida de nós. Na figura de Maria que “guardava todos estes fatos e meditava sobre eles em seu coração” podemos reconhecer o rosto materno de Deus nas agruras da história. Maria nos ensina a compreender e ler os acontecimentos da vida a partir da presença de Deus que nos impulsiona a missão a exemplo dos pastores que voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo que tinham visto e ouvido”.

Uma atitude será repetir o que rezamos no salmo:

Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção.
2Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção,*
e sua face resplandeça sobre nós!
3Que na terra se conheça o seu caminho*
e a sua salvação por entre os povos.R.

5Exulte de alegria a terra inteira,*
pois julgais o universo com justiça;
os povos governais com retidóo,*
e guiais, em toda a terra, as nações.R.

6Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor,*
que todas as nações vos glorifiquem!
8Que o Senhor e nosso Deus nos abençoe,*
e o respeitem os confins de toda a terra!


HOMILIA PARA A MISSA DA NOITE DO NATAL - 25/12/2021 - ANO C

 REJUBILE O CÉU E EXULTE A TERRA (25/12)

É da natureza humana alegrar-se com as pequenas realizações, mesmo quando acontecem no contexto de provações e dificuldades. Esse é o espírito do Natal que celebramos a cada ano.

As leituras desta liturgia confirmam a alegria que foi sendo construída no tempo do advento e que concretizou o sonho de gerações quando se deu o fato histórico do nascimento do menino Jesus.  A expressão mais robusta para esta liturgia se resume na frase: “o povo que andava nas trevas viu uma grande luz”.

O profeta anuncia e reanima o povo num tempo de muitas privações e dificuldades e lhes garante que o dia de Deus se concretizará na figura indefesa de uma criança cujo nome reúne todas as qualidades do criador: “Conselheiro admirável, Deus forte, príncipe da paz, Pai eterno”. Humano, como todos os demais, esse Deus residirá no meio do seu povo e será a garantia de felicidade para sempre: Grande será o seu reino e a paz não há de ter fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reinado, que ele irá consolidar e confirmar em justiça e santidade, a partir de agora e para todo o sempre”.

Os cristãos destinatários da segunda leitura já não estavam tão preocupados com o dia da vinda do Senhor, mas com a certeza da sua presença na história. Também nós, somos convidados a perceber Deus que caminha conosco, e para experimentar isso, é necessário renunciar os valores deste mundo que estejam em contradição com a proposta daquele que nasceu em Belém: “A graça de Deus se manifestou Ela nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões mundanas e a viver neste mundo com equilíbrio, justiça e piedade aguardando a feliz esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo”.

A narrativa detalhada que Lucas faz no Evangelho relatando os fatos históricos que envolveram o nascimento do menino mostra a concretização das promessas dos profetas. Na fragilidade do menino de Belém Deus vem ao encontro de todos e a prova mais evidente disso é o lugar e para quem a boa notícia foi anunciada: “Naquela região havia pastores que passavam a noite nos campos, tomando conta do seu rebanho. Um anjo do Senhor apareceu aos pastores, a glória do Senhor os envolveu em luz, e eles ficaram com muito medo. O anjo, porém, disse aos pastores: 'Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor”.

Notemos o jeito de Deus ele não se serve da força e do poder para intervir na história, mas marca sua presença na figura de um menino e de um pobre casal que representa a continuidade histórica de um povo. De José, diz o Papa Francisco: “Devemos aprender o mesmo cuidado e responsabilidade: amar o menino e sua mãe; amar os sacramentos e a caridade; amar a Igreja e os pobres. Cada uma dessas realidades é sempre o Menino Deus e a Mãe de Deus a quem amamos”. 


HOMILIA PARA O DIA 19 DE DEZEMBRO DE 2021 - 4º DO ADVENTO - ANO C

 VINDE LOGO NOS TRAZER A SALVAÇÃO

A repetição anual das celebrações de advento e natal deixam muito claro que não se trata de comemorar o aniversário de Jesus. Pelo contrário trata-se de atualizar a memória da missão de Jesus no mundo ao mesmo tempo que ficamos na expectativa da sua vinda gloriosa no final dos tempos. 

O profeta Miquéias ao anunciar a sorte do pequeno vilarejo de Belém já faz anunciando a missão daquele que modificará a realidade não apenas daquela porção da população, mas de todo o Israel: “Tu, Belém de Éfrata, pequenina entre os mil povoados de Judá, de ti há de sair aquele que dominará em Israel; sua origem vem de tempos remotos, desde os dias da eternidade”.

O profeta garante novos tempos, porque aquele que vai nascer já traz no seu nome o maior desejo da humanidade: “E com a majestade do nome do Senhor seu Deus; os homens viverão em paz, pois ele agora estenderá o poder até aos confins da terra, e ele mesmo será a Paz”.

Nenhuma fraqueza humana impedirá que a presença de Deus na história humana continue apontando para a possibilidade de construir caminhos de felicidade e vida mais plena. Isso é Natal!

A carta aos Hebreus deixa claro que “Ao entrar no mundo, Cristo afirma: Eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade. É graças a esta vontade que somos santificados  pela oferenda do corpo de Jesus Cristo, realizada uma vez por todas”. A leitura é um convite a todos os que celebram o natal para que sejam abertos e disponíveis colaborando com Cristo na realização da vontade de Deus, não com sacrifícios e oferendas, mas na obediência e disponibilidade de quem está de acordo em doar a própria vida para que a palavra do profeta e o sonho de todos se realize em lugar das vontades e vantagens pessoais e individuais.  

A atitude de Maria descrita no Evangelho: “Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judéia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel”. É um convite para cada pessoa que se reconhece portador de Jesus Cristo e da sua mensagem. Isso é, não ter medo de ir ao encontro daqueles que necessitam, ainda que para isso seja necessário coragem e determinação as vezes maiores que as próprias forças. 

No encontro das duas mães o que se destaca é presença de Jesus o salvador: “Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?”, e nele todos os que ouvem a sua palavra e a colocam em prática se tornam benditos e podem cantar todas as maravilhas de Deus: “Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido, o que o Senhor lhe prometeu”.  

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

HOMILIA PARA O DIA 12 DE DEZEMBRO DE 2021 - 3º DO ADVENTO - ANO C

 

ALEGRAR-SE SEMPRE NO SENHOR

A dinâmica do ano que começa e termina é uma oportunidade ímpar para renovar e fazer  brilhar a esperança devolvendo a alegria. E mesmo quando as circunstâncias da vida nem sempre são favoráveis, a renovação do calendário cria uma expectativa que permite recomeçar apesar das contrariedades. É sobre alegria que tratam as leituras desse domingo, e não se trata de situação passageira ou cronológica. Trata-se da alegria da qual fala o Papa Francisco: “A alegria do Evangelho é tão extraordinária que ninguém nos poderá tirar porque a alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus”.

O natal é a oportunidade de se reencontrar com Jesus cuja promessa foi alimentada pelos profetas e se estende até aos nossos dias. Na mesma proporção daqueles que foram ao encontro de João Batista, também perguntamos: “E nós o que devemos fazer?”. É hora deve questionar nossos limites e nos desafiar para uma verdadeira transformação de vida.

O profeta Sofonias dá uma orientação muito precisa: “Não temas, Sião,
não te deixes levar pelo desânimo! O Senhor, teu Deus, está no meio de ti, o valente guerreiro que te salva; ele exultará de alegria por ti, movido por amor”. Em resumo, Deus está e caminha conosco apesar de todas as fragilidades da vida! Nunca é demais recordar o que renova o mundo não é o medo, mas o amor e Deus com seu amor nunca desiste de vir ao nosso encontro!

Na mesma dinâmica São Paulo começa a segunda leitura: “Alegrai-vos sempre no Senhor; eu repito, alegrai-vos. Que a vossa bondade seja conhecida de todos os homens!”. Não se trata de uma alegria qualquer resultado dos êxitos conquistados ao longo do ano, mas resultado da presença do Senhor Jesus em nossas vidas. Obviamente que isso implica em perceber as manifestações da presença de Deus em nossa relação de acolhida e de caminhar juntos com todas as pessoas. Isso significa Sinodalidade!

No Evangelho, Lucas coloca na boca de todas as categorias de pessoas a mesma pergunta: “Mestre, que devemos fazer?”. Para garantir a alegria do encontro com o Senhor que está chegando João usa o apelo para a conversão dando-lhes pistas muito precisas, quase como uma receita para a felicidade. Começa dando uma lição de partilha: “Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo! Não cobreis mais do que foi estabelecido. Não tomeis à força dinheiro de ninguém, nem façais falsas acusações”. Em palavras do cotidiano se pode dizer que o encontro com o Senhor implica em não se conformar com a acumulação de bens nas mãos de poucos enquanto grandes multidões passam fome, nada de roubo, de exploração, de corrupção, de violência.

Em resumo, fomos batizados no Espírito que nos foi dado por Jesus, temos o dever de viver de acordo com a graça que recebemos naquele dia.

Por isso não nos cansamos de cantar: “Exultai cantando alegres, habitantes de Sião porque é grande em vosso meio o Deus Santo de Israel”.

Toda a Igreja vai ter que  descer na Olaria de Deus!

 

 

 

 

ALEGRAR SEMPRE NO SENHOR

Trata-se da alegria da qual fala o Papa Francisco: “A alegria do Evangelho é tão extraordinária que ninguém nos poderá tirar porque a alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus”.

No Evangelho, Lucas coloca na boca de todas as categorias de pessoas a mesma pergunta: “Mestre, que devemos fazer?”. Para garantir a alegria do encontro com o Senhor que está chegando João usa o apelo para a conversão dando-lhes pistas muito precisas, quase como uma receita para a felicidade. Começa dando uma lição de partilha: “Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo! Não cobreis mais do que foi estabelecido. Não tomeis à força dinheiro de ninguém, nem façais falsas acusações”. Em palavras do cotidiano se pode dizer que o encontro com o Senhor implica em não se conformar com a acumulação de bens nas mãos de poucos enquanto grandes multidões passam fome, nada de roubo, de exploração, de corrupção, de violência.

Em resumo, fomos batizados no Espírito que nos foi dado por Jesus, temos o dever de viver de acordo com a graça que recebemos naquele dia.

Por isso não nos cansamos de cantar: “Exultai cantando alegres, habitantes de Sião porque é grande em vosso meio o Deus Santo de Israel”.